ESPECIAL MULHER/Restaurantes Duas gerações de causas no feminino By Revista Spot | Março 13, 2024 Março 13, 2024 Share Tweet Share Pin Email Deolinda e Branca Pimenta são duas gerações de mulheres e, cada uma na sua época, deixou um legado precioso para as gerações futuras. Pioneira na sua comunidade, Deolinda desafiou convenções sociais, lutando pelo direito à Educação e à igualdade de oportunidades. Um exemplo de coragem e determinação, que inspirou a filha, Branca Pimenta, a fazer a diferença ao longo do seu percurso pessoal e profissional, desafiando estereótipos e inspirando pessoas à sua volta, por uma sociedade mais justa e inclusiva. O percurso inspirador de Deolinda Pimenta Esta não é apenas a história de uma vida dedicada à Política e ao Ensino. É, acima de tudo, o percurso inspirador de uma mulher interventiva, cujo percurso é um testemunho vivo de determinação, compaixão e incansável busca por justiça e igualdade de oportunidades. Desde os seus dias de juventude, em Mós, uma pequena aldeia a quatro quilómetros de Vila Verde, Deolinda sempre se mostrou curiosa e determinada. Questionava o que não entendia, desafiando as normas que lhe pareciam injustas desde cedo. Enquanto aluna, destacou-se, não só pela sua inteligência, mas principalmente pelo compromisso em fazer a diferença. Apaixonou-se pelas Letras, pelo Desporto e pelo Teatro, mas, sobretudo, pelas pessoas. “Não me contentava. No 25 de Abril, eu estava no Magistério e havia palavras que não conhecia. Escrevia na mão e ia procurar num dicionário velhinho do meu tio Padre Alfredo. Ia ver o que era Fascismo e outras palavras que não sabia. Passar por essas transformações todas ajudou-me a ter um espírito lutador.”, recorda. Como estudante, professora, ou mesmo mais tarde, na Política, Deolinda sempre procurou mais do que o simples cumprimento das obrigações. Lutou contra a abstenção escolar, recorrendo, muitas vezes, aos seus próprios meios para reter as crianças na escola. Conheceu-lhes os nomes, a essência e o percurso de vida. E ensinou todas essas crianças, agora adultas, a verem o mundo para lá do currículo, transmitindo-lhes valores essenciais de solidariedade, dedicação e empenho. “Sempre achei que era preciso uma escola para filhos e uma escola para pais. Era urgente uma mudança profunda de mentalidades. Quando, pela primeira vez, disse aos pais que os filhos iriam um dia para a Universidade, eles reagiram mal. Em meios rurais era habitual as crianças terminarem cedo os estudos para ajudarem os pais. Mas, a verdade, é que muitos dos meus alunos acabaram por tirar um curso superior e desenharam o seu próprio percurso de vida. O direito à escolha é fundamental. Recordo-me de uma freguesia em que trabalhei, onde não havia sequer uma fotocopiadora. As pessoas tinham de fazer quilómetros para ter acesso a uma. Lembro-me que, nesse ano, andamos a cantar os reis à chuva, de galochas, para comprar a fotocopiadora. Com a ajuda da Câmara, tivemos a fotocopiadora, porque não tínhamos juntado o dinheiro suficiente. Mas era preciso lutar pelas coisas, pelos direitos das pessoas. A literacia era necessária em quase todas as áreas. Lembro-me de ir à rádio alertar para a falta de condições na escola, para que a minha voz, a nossa voz, fosse ouvida. Em Barcelos, criei uma cantina dentro de uma sala de aula, uma história que chegou a percorrer a região. E os alunos, e os seus pais, retribuíam com gestos de carinho, que guardo no coração até hoje.”, conta. Nunca se contentou com o comum e nunca teve receio de arriscar em novos caminhos. Depois do Magistério, licenciou-se já com filhos e um percurso de vida feito e, anos mais tarde, voltou a entrar na Universidade para uma Pós-Graduação em Educação para a Comunicação Social. Apoiou o marido, Abel Nogueira Pimenta, durante todo o seu percurso de referência na área da pastelaria, entre o continente e a Madeira, e, mesmo sem conhecer o setor, mergulhou com paixão no mundo dos eventos, enquanto o nome Luena ganhava forma. Socialista de coração assumida, sempre se comprometeu com os ideais de justiça social e igualdade. Mas a sua dedicação nunca se limitou às palavras. Deolinda agiu e trabalhou incansavelmente para melhorar as condições de vida das pessoas à sua volta. Fosse defendendo os interesses do povo, na Assembleia Municipal, ou liderando iniciativas para melhorar as condições nas escolas, esteve sempre na linha de frente da mudança. Mãe, mulher, profissional e uma inspiração para outras tantas mulheres, é uma das sócias fundadoras da Academia de Música de Vila Verde e desempenha um papel importante na Casa do Povo do Pico de Regalados. A sua presença e influência positiva são sentidas em toda a comunidade, onde é respeitada e admirada pela sua dedicação incansável ao bem-estar dos outros, valores que procurou incutir aos seus filhos. Uma segunda geração de mulheres inspiradoras Filha de Deolinda, e educada numa interessante mistura de influências, com o pai na área do Turismo e a mãe entre a Educação e a Política, Branca Pimenta trilhou um caminho singular, marcado pela ousadia e determinação desde tenra idade. Crescer sob o olhar atento de pais envolvidos em diferentes áreas foi um desafio que moldou a sua personalidade irreverente desde a infância. Sempre foi uma alma livre e cedo se destacou nos eventos organizados sob a marca Luena, ao lado da família. Com uma personalidade vincada, de quem sabe aquilo que quer, contrariou as expectativas maternas, optando pelo curso de Turismo, no Politécnico de Viana do Castelo, que desencadeou um percurso de paixão e descobertas que a levaram a ingressar na ATAHCA – Associação de Desenvolvimento das Terras Altas do Homem, Cávado e Ave, em 1996, onde, mais do que um emprego, encontrou uma paixão. Na ATACA, os projetos não se limitavam a quatro paredes, mas estendiam-se por aldeias e recantos rurais, alimentando a sua sede por experiências e desafios. “Lembro-me de percorrer a Galiza, rumo a aventuras desconhecidas à descoberta das histórias e pessoas do mundo rural.”, conta. Outro dos seus projetos após o curso foi a criação de um restaurante e de um hotel, que nasceram no edifício da Luena, aos quais ainda hoje dedica a sua atividade. Em 2005, embarcou numa nova aventura ao abrir a creche Academia Pimentinha Branca, deixando a sua marca na comunidade, num projeto que continua a impactar vidas até os dias de hoje. Anos mais tarde, já com três filhos, o seu percurso internacional na área da formação juvenil, no Instituto do Desporto e Juventude, embora desafiante, foi marcado por conquistas e reconhecimento, onde a sua voz era respeitada e as suas opiniões valorizadas um pouco por toda a Europa. Mesmo no meio de culturas diversas, Branca encontrou respeito e admiração, desafiando estereótipos e inspirando pessoas à sua volta. “Recordo com carinho cada projeto e evento, cada viagem e cada pessoa inspiradora com quem me cruzei.”, revela. O seu regresso à hotelaria e à restauração é uma celebração das suas raízes e paixões. Da pequena pastelaria de todos os sonhos, que ao longo de 51 anos contribuiu de forma ativa para o desenvolvimento do turismo, ao hotel que se transformou num importante elo de ligação às centenas de eventos na região e a todos os turistas que visitam Vila Verde, o negócio foi crescendo, ao longo de um edifício, agora propriedade da família, com o restaurante Vila Luena, no primeiro andar, que se tornou sala de visitas de todas as pessoas que acompanharam o percurso da família Pimenta. “É incrível a quantidade de eventos temáticos que vamos desenvolvendo, com a participação de pessoas vindas de todos os pontos da Europa, em particular do país vizinho. Tem sido um percurso completamente disruptivo, aliar a restauração ao universo das relações públicas e dos eventos, que sempre me fascinou. Ainda recentemente realizamos um evento disruptivo chamado Gastro-Sexologia, uma combinação da Psicologia com a Sexologia e a Gastronomia. Acredito que a nossa missão só faz sentido quando temos a capacidade de tocar vidas à nossa volta e contribuir para o desenvolvimento da comunidade.”, revela. A história promete continuar, deixando um legado de coragem e determinação para as gerações futuras. Morada: Praça da República, Nº 67 4730-732 Vila Verde Telefone: 253 311 432 Facebook: Vila Luena Instagram: @vilaluena @vilaluenarestaurante vilaluena.com “A fisioterapia é a ponte entre o corpo e a mente” “As mudanças hormonais durante a gravidez podem aumentar o risco de problemas dentários”
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