Deixou a Biotecnologia Alimentar e criou um grupo de espaços de Brunch de sucesso no Minho para ‘sentir com o coração’

Dizem que as mulheres do Minho têm uma força indescritível no olhar e Catarina Soares não podia ser maior exemplo disso. Da Biotecnologia Alimentar a um percurso de sucesso enquanto empreendedora, aprendeu cedo os valores do trabalho, da entrega, da empatia e da resiliência que constroem os grandes líderes. Hoje, à frente de um grupo que emprega pessoas de todo o mundo, tornou-se uma ‘vendedora de sonhos’ que nos ensina que o lado mais bonito da vida é precisamente tudo aquilo que se sente, mas que não se vê. O seu Grupo MiniMeu, e os conceitos de brunch que se tornaram um hino ao empoderamento feminino, revelam-nos que o caminho é no sentido certo, mas ainda agora começou…

As ‘Marias’ do coração de Catarina
Trocou o laboratório de química pelas relações humanas e não se arrepende disso. “Recordo-me que comecei a trabalhar muito cedo, em part-time, e todo esse percurso contribuiu para a pessoa que sou hoje. Sempre valorizei esta vontade de oferecer o meu melhor ao outro e foi assim que, em 2017, nasceu naturalmente o primeiro espaço de brunch, o Cantinho MiniMeu, em Arcos de Valdevez, a minha terra natal.”, conta.
Seguiu-se a Mereceria Pureza que recria esse mundo encantado da venda da aldeia. “Recordo-me da venda da minha avó, onde tudo existia com um sentido. As prateleiras, cuidadosamente alinhadas, exibiam um tesouro de produtos que contavam histórias – do azeite artesanal vindo da aldeia ao mel recolhido das colmeias locais. Cada produto tinha um toque humano, uma dedicação invisível que o tornava único. A Pureza é feita dessas memórias, um lugar de conversas simples, de partilhas genuínas. “, revela.
A Maria Rosa, em Ponte de Lima, inserida num edifício histórico de uma das vilas mais bonitas de Portugal, nasceu espontânea, como uma paixão, em 2020, em plena pandemia. “Situado estrategicamente numa das rotas mais encantadoras para Compostela, este espaço respira histórias. Aqui, peregrinos de todas as partes do mundo fazem uma pausa merecida, com mochilas pousadas ao lado das mesas e olhares que se cruzam num entendimento universal de jornada e superação.”, partilha.

A aposta em Braga
Braga palpitava-lhe no coração como uma promessa de boas aventuras e por isso, em 2022, já com uma maturidade no mundo dos negócios e um percurso consolidado, Catarina seguiu a sua intuição e instalou o seu Maria Luísa Brunch num local pelo qual a cidade suspirava, um pedaço de céu cor-de-rosa que depressa se encheu de vozes e desse burburinho bom de quem faz de um espaço seu a qualquer hora do dia. “A verdade é que já há quem não viva sem as nossas Tostas brioche com Biscoff e a nossa famosa Croque Monsieur!”, brinca.
Pelo percurso, os contratempos de quem nunca teve receio de dar um passo atrás para, logo de seguida, dar dois em frente. “O caminho de uma empresária é sinuoso e feito de decisões estratégicas. E é preciso ter a coragem de retroceder quando percebemos que um projeto não está a resultar, como foram o caso do Ó Maria, em Ponte da Barca, e a mercearia Pureza, em Braga, que não nasceram no tempo certo.”, confessa.
Um ano mais tarde, depois do sucesso do Maria Luísa, nasce o rebelde Maria Miguel, de frente para o bonito Largo do Paço, em Braga, um boémio que tanto nos serve brunch, como umas tapas e um cocktail ao final do dia. “O Maria Miguel é de todos. De quem visita a cidade e quer uma experiência que fique na memória, aos bracarenses que fazem dele o lugar de todos os momentos, com cookies e bolos caseiros e um almoço que nos aconchega a alma.”, sublinha.

Ser empresária
Quando lhe perguntamos qual é o maior desafio de ser empresária, Catarina sorri e diz que é a responsabilidade de nunca desiludir ninguém, seja um elemento da sua equipa, ou o cliente do lado de lá do balcão. “Tem sido um percurso incrível de crescimento enquanto pessoa e profissional. Tive também a sorte de me cruzar com pessoas maravilhosas a quem dou total liberdade. Quem me acompanha merece esse voto de responsabilidade, essa oportunidade de crescer comigo. Hoje, mais no backoffice, com a Chefe Ana Guimarães a assinar a criatividade das ementas, sei que tenho as pessoas certas ao meu lado. Ninguém cresce sozinho. Atualmente trabalho com pessoas de diferentes países e culturas a quem ensino muito daquilo que sei, mas que também me acrescentam muito. Um empresário deve ter essa capacidade de ter a mente aberta a novas ideias. É isso que nos leva ao crescimento.”, diz.

O futuro
Atenta ao que se passa no mundo, Catarina é uma ‘desassossegada’ no bom sentido da palavra. Investiga, pesquisa, testa e avança, no sentido de oferecer o melhor a quem se cruza com qualquer um dos seus espaços. Mas, mais importante do que tudo isso, é a tal coisa que não se vê, mas que se sente, a experiência que se vive nestes lugares que são fruto de alguém que sabe que, no final, o mais importante é tudo aquilo que levamos connosco depois de visitar uma das suas ‘Marias’ e os seus irmãos Cantinho e Pureza.
Com um espírito acolhedor, típico do Minho, Catarina construiu não apenas um negócio, mas uma comunidade, onde as pessoas se sentem vistas, valorizadas e conectadas. Hoje, a sua história é inspiração.
“Depois de todos estes anos nunca deixei de ouvir as pessoas. Ouvir é mais do que captar palavras; é compreender intenções, perceber perspetivas e valorizar quem fala. Um lugar pode ser um abraço invisível, onde o conforto do ambiente nos aquece o espírito, pode ser uma inspiração. E o mais extraordinário é que cada pessoa sente um lugar de forma única. No fundo, acredito que os lugares têm coração. É essa beleza intrínseca que pretendo que cada um dos meus espaços consiga transmitir a todos.”, conclui.

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