SAÚDE “O Yoga permite-nos encontrar a nossa verdade” By Revista Spot | Fevereiro 11, 2025 Fevereiro 11, 2025 Share Tweet Share Pin Email Ao longe, a cidade espreita-nos com as suas certezas, mas ali, junto de nós, quem reina é a natureza serena, sincronizada com a nossa respiração. O tempo ganha um novo significado naquele lugar longe de tudo o que é acessório. Somos nós e a nossa essência. Nós e o amor pela vida. Liberdade é a palavra de ordem, em sessões de Yoga que são, acima de tudo, um exercício de autoconhecimento e viagem interior. O Yoga como caminho para a consciência plena “A natureza é um reflexo de quem somos, e, por vezes, precisamos de voltar a ela para nos reencontrarmos”, afirma Joana Rainha, a mentora que nos orienta nesta jornada de autoconhecimento e transformação através do Yoga. As suas aulas são, verdadeiramente, uma odisseia existencial, onde a conexão entre corpo, mente e espírito não só se torna possível, como essencial. Joana ensina-nos que o Yoga é um caminho para a consciência plena, uma via de transformação que nos permite abraçar o momento presente com toda a sua intensidade. “Tudo é impermanente. Nada é fixo ou sólido. Quando procuramos controlar a vida, estamos, na verdade, à procura de uma segurança ilusória”, reflete Joana sobre a transitoriedade da vida e a inevitabilidade da mudança. “No Yoga, aprendemos a fluir com a vida, aceitando a impermanência como parte do nosso ciclo natural. A verdadeira liberdade não reside em tentar controlar as forças à nossa volta, mas em aprender a fluir com elas.” O Yoga ensina-nos a aceitar a mudança como parte do nosso ciclo natural e a encontrar equilíbrio nas imperfeições da nossa existência. Neste caminho de autoconhecimento, o corpo torna-se o templo onde habitam as emoções e a mente, e onde a serenidade se constrói a cada respiração, a cada movimento. É uma prática de rendição à vida tal como ela é, sem pressas, nem julgamentos, mas com um profundo sentido de gratidão por cada momento que se desenrola diante de nós. “A vida, como o Yoga, é um fluxo constante, uma dança entre a presença e a transformação”, explica Joana. O Yoga surge como um lembrete de que, em vez de resistirmos à mudança, devemos abraçá-la, entendendo-a como parte essencial da nossa caminhada. Respiração consciente: A chave para o equilíbrio interior Nas aulas de Joana, o silêncio não é apenas a ausência de som, mas a presença de algo mais profundo: a escuta interior. “Se o corpo estiver bloqueado, como podemos respirar plenamente?”, questiona. Para Joana Rainha, a respiração é a ponte entre o nosso ser interior e o mundo exterior, sendo essencial para libertar as tensões acumuladas ao longo da vida. “Quando respiramos conscientemente, não estamos apenas a absorver oxigénio; estamos a permitir que a nossa energia vital flua, desbloqueando emoções guardadas e promovendo a cura interior”, explica. Cada movimento e respiração tornam-se atos de rendição. “O corpo fala connosco o tempo todo. A respiração consciente é fundamental para desbloquear as memórias e tensões emocionais que o corpo acumula ao longo da vida. As chamadas ‘couraças musculares’, essas tensões profundas que residem nos nossos músculos, são reflexos dos traumas e medos não resolvidos, marcas invisíveis que carregamos de forma silenciosa e, muitas vezes, inconsciente”, afirma. Cada tensão e desconforto são uma mensagem que o corpo nos envia: uma oportunidade para restaurarmos o equilíbrio e resgatarmos a harmonia entre corpo e mente. A cada respiração, a cada movimento, o corpo revela a sua sabedoria ancestral, e nós aprendemos a ouvi-lo com respeito, aceitação e amor. A terapia da escuta atenta Através dos movimentos, respiração e meditação, aprendemos a ouvir o nosso corpo – uma linguagem silenciosa, repleta de emoções, memórias e histórias não ditas. Joana ensina-nos a prestar atenção aos sinais. Muitas vezes, somos confrontados com emoções que o corpo manifesta, como dor ou desconforto. No entanto, Joana alerta que, ao ignorarmos ou negarmos esses sentimentos, estamos apenas a permitir que eles se acumulem e nos dominem. “Quando não reconhecemos as emoções, deixamo-las assumir o controlo. Em vez de afastarmos sentimentos como raiva ou tristeza, devemos observá-los e senti-los com compaixão, pois só assim podemos transformá-los. A raiva é uma emoção humana. Negá-la não nos cura. O que nos cura é a capacidade de a reconhecer e de a transformar”, explica. Quando conseguimos estar conscientes das nossas emoções, temos a capacidade de escolher como reagir a elas, de forma equilibrada e serena. A prática de Yoga é, por isso, um treino diário de presença e aceitação, onde aprendemos a não nos identificarmos com os nossos estados emocionais. Em vez de dizermos ‘sou triste’ ou ‘sou ansioso’, Joana ensina-nos a perceber que essas são experiências transitórias, e não a nossa identidade permanente. Esse tipo de pensamento limita o nosso potencial de cura e impede-nos de viver de forma plena. A consciência plena não se aplica apenas ao Yoga. Ela pode ser estendida a todas as áreas da nossa vida, desde a alimentação (“mindful eating”) até à forma como trabalhamos e convivemos com os outros. A verdadeira cura: Um caminho integral “Os sintomas de desequilíbrio emocional aparecem frequentemente antes da manifestação de doenças físicas. Sentimentos de cansaço extremo, desconexão ou insatisfação podem ser sinais de que algo não está bem. Muitas vezes, só conseguimos perceber esses sinais quando paramos para refletir, e é nesse momento que a mente e o corpo nos alertam para o caos interior. Esse desconforto pode manifestar-se fisicamente, como uma dor ou uma doença, que, muitas vezes, está a tentar comunicar algo mais profundo. O corpo não mente. Ele é um reflexo da nossa saúde emocional e espiritual, e muitas vezes a doença é um grito da alma, a pedir atenção para algo que foi negligenciado”, reflete Joana. A verdadeira cura não está em remediar os sintomas, mas em ir à raiz do problema. Remediar é apenas tapar a ferida; curar é transformá-la de dentro para fora. A verdadeira abordagem da cura, como defendia Hipócrates, é entender a pessoa de forma integral, ajudando-a a encontrar as ferramentas necessárias para a sua própria recuperação. A espiritualidade no dia-a-dia: Viver com autenticidade “A espiritualidade não é algo distante ou abstrato. Ela está em cada momento da nossa vida, em cada ação que fazemos com consciência”, afirma Joana. A prática do Yoga convida-nos a viver com autenticidade, a relacionarmo-nos com os outros e com a natureza de uma maneira mais profunda e verdadeira. O Yoga é um caminho de transformação constante. Esta transformação interior, segundo Joana, é um processo contínuo. “Ao ser incorporada no quotidiano, a prática do Yoga torna-se uma ferramenta poderosa de transformação, pois ensina-nos a estar presentes e a viver de forma mais consciente, a lidar com as adversidades da vida com maior serenidade, e a cultivar uma paz interior que não depende das circunstâncias externas. O corpo torna-se o espelho da nossa alma, e, ao cuidarmos de nós de forma integral, cuidamos também do mundo à nossa volta, criando um ciclo contínuo de cura e bem-estar”, evidencia. Uma transformação para a vida “O Yoga não é sobre ser perfeito, mas sobre ser inteiro”, diz Joana. E é com essa sabedoria que ela nos guia, ajudando-nos a descobrir que a verdadeira transformação não está em mudar quem somos, mas em aceitarmo-nos completamente, na totalidade da nossa essência. “É importante libertarmo-nos das falsas narrativas que criámos sobre nós, das expectativas externas e das limitações que nos impusemos ao longo da vida. Só ao desfazer estas camadas podemos olhar para dentro e descobrir o brilho genuíno que sempre esteve ali, à espera de ser reconhecido. Essa transformação interior não acontece da noite para o dia. É um processo gradual, de desapego e autoconhecimento, onde, à medida que nos livramos das camadas, nos tornamos mais leves, mais verdadeiros e mais presentes na nossa própria vida”, refere. No final da prática, Joana envolve-nos numa atmosfera de serenidade profunda, muitas vezes com o som suave das taças tibetanas ou o toque delicado do piano, que nos ajudam a integrar a experiência vivida e a refletir sobre a viagem interior que acabámos de realizar. A melodia parece tocar em cada fibra do nosso ser, reforçando o processo de cura e equilibrando as energias, levando-nos a um estado de harmonia plena entre corpo e mente. No final, levamos connosco amor. Por nós, pelo mundo e pela essência profunda das coisas que nos conectam. Instagram: @joanarainhayoga www.joanarainha.com A Soul prova que o ‘guilty pleasure’ pode ser saudável, plant-based, sem glúten e ainda mais saboroso “Numa sociedade que exige que as mulheres sejam ‘super mães’, o apoio emocional e o autoconhecimento são essenciais para a redefinição de papéis”
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