Osteopatia “Toda a dor tem um porquê. A osteopatia ajuda-nos a descobrir o que o corpo tenta dizer” By Revista Spot | Maio 22, 2025 Maio 28, 2025 Share Tweet Share Pin Email O vício dos ecrãs está a criar uma geração com posturas cada vez mais comprometidas, dores inexplicáveis e cansaço constante, sinais que não devemos ignorar. Corpo e mente estão intimamente ligados e quando um desequilibra, o outro também sofre, gerando um ciclo difícil de quebrar. É neste contexto que a osteopatia ganha cada vez mais importância. Dos primeiros dias de vida à idade adulta, esta abordagem terapêutica vai muito além do simples alívio da dor: promove uma verdadeira ligação ao corpo, desperta a consciência corporal e melhora a qualidade de vida física e emocional. Nesta conversa com as osteopatas Catarina Machado e Bruna Fonseca, descobrimos a chave para cuidar do corpo de forma global, tratando não só os sintomas mas também as suas causas, desde o impacto do stress e da ansiedade, às necessidades especiais dos bebés e das crianças. “Mais do que aliviar dores, a osteopatia ensina-nos a escutar o corpo. Reconhecer os seus sinais é o primeiro passo para uma vida mais equilibrada e saudável,” explicam as especialistas. Houve algum momento ou caso marcante que tenha confirmado que a osteopatia era o vosso caminho? Como é que se cruzaram com esta área? Na verdade, conhecemos a osteopatia de forma quase inesperada e por incrível que pareça da mesma forma! Fomos à faculdade com a intenção de nos inscrevermos em fisioterapia, mas tendo em conta os nossos exames nacionais propuseram-nos a licenciatura em osteopatia e acabámos por considerar essa opção. Assim que saímos da faculdade fomos pesquisar, vimos vídeos, lemos sobre a abordagem e apaixonámo-nos logo. Foi aí que percebemos que afinal era este o caminho que queríamos percorrer. Durante o curso, e mais tarde nos estágios, tivemos a certeza absoluta: era nesta área que queríamos trabalhar! A forma como se olha para o corpo como um todo, como se ouve o paciente, como se intervém com as mãos, e no caso da osteopatia pediátrica, o impacto que uma abordagem tão suave, precisa e respeitadora pode ter na vida de um bebé e da sua família é simplesmente incrível; fez tudo sentido para nós. Com o ritmo de vida acelerado, o corpo está a somatizar o stress, a ansiedade e os maus hábitos do dia a dia? Que queixas mais vos chegam ao consultório? Hoje em dia o ritmo é tão acelerado que o corpo vai “pedindo ajuda” de várias formas. Cabe a cada pessoa parar, ouvir o seu corpo e escolher cuidar da sua saúde. O que acontece maioritariamente é que, em vez de nos procurarem com um sintoma isolado, os pacientes chegam com várias queixas acumuladas ao longo do tempo. E naturalmente, esperam resultados imediatos, mas é importante lembrar que o corpo precisa de tempo para se reorganizar. Recebemos muitas queixas de dor cervical, lombar, tensão na região dos ombros, dores de cabeça… Muitas vezes não há uma lesão evidente, mas sim uma acumulação de stress, má postura e sedentarismo. A osteopatia ao trabalhar com técnicas manuais suaves e adaptadas, ajuda não só a aliviar estes sintomas, mas também a devolver consciência corporal, o que é fundamental para ajudar a quebrar esse ciclo. Hoje em dia, passamos horas ao telemóvel ou em frente ao computador. Que erros posturais mais comprometem a nossa saúde e como podemos corrigi-los? Atualmente passamos horas ao telemóvel ou ao computador, muitas vezes numa postura em que estamos curvados, com os ombros enrolados para a frente e a cabeça projetada. Esta “postura em C” gera tensões musculares, dores cervicais, lombares, dores de cabeça, alterações gastrointestinais e no padrão respiratório. Para além das correções práticas, como ajustar a altura do ecrã, idealmente ao nível dos olhos e pausas regulares, onde apenas em alguns minutos podem alongar, levantar-se e mexer o corpo, é essencial trabalhar a consciência corporal. E aqui, o pilates clínico tem um papel fundamental: é uma ferramenta que usamos muito na clínica para reeducar a postura, fortalecer o corpo e prevenir recidivas. Combinado com osteopatia, oferece uma abordagem completa, que trata e também previne. Problemas como bruxismo, insónias e enxaquecas recorrentes podem ter uma abordagem complementar através da osteopatia? Sim, a osteopatia pode ser uma excelente abordagem complementar nestes casos. Muitas vezes estas queixas estão relacionadas com alterações na zona cervical, craniana e na mandíbula (articulação temporomandibular). Através de técnicas manuais específicas, conseguimos aliviar essas tensões, melhorar a mobilidade das estruturas e equilibrar o sistema nervoso. Cada caso é único e deve ser avaliado atentamente, porque a causa dos sintomas pode variar de pessoa para pessoa. O objetivo é identificar a origem do problema e ajudar o corpo a encontrar novamente o seu equilíbrio de forma segura e complementar a outras especialidades. E quem treina com regularidade, seja corrida, padel ou ginásio, pode beneficiar da osteopatia para prevenir lesões e melhorar o desempenho físico? Completamente. Hoje em dia, o exercício físico faz parte da rotina de muitas pessoas. Mas com o aumento da frequência e da intensidade, também surgem mais queixas por esforço repetitivo, má execução ou desequilíbrios no corpo. A osteopatia entra aqui como ferramenta de prevenção, ajudando a identificar e a corrigir compensações antes que se transformem em lesões. Ao trabalhar a mobilidade, postura e possíveis restrições articulares e musculares, conseguimos devolver harmonia ao corpo, que ajuda a melhorar a performance física. Além disso, o pilates clínico complementa o trabalho da osteopatia ao reforçar os músculos profundos, melhorar o controlo motor, aumentar a estabilidade e flexibilidade e promover a consciência corporal. Desta forma conseguimos prolongar os benefícios do tratamento manual e obtém-se uma maior segurança durante a atividade física. Nos bebés e crianças pequenas, sintomas como cólicas, refluxo ou dificuldades no sono podem justificar uma consulta de osteopatia? Sim, pois embora sejam sintomas muito comuns nos primeiros meses de vida, não devem ser considerados normais e podem estar associados a tensões ou disfunções musculoesqueléticas que interferem no bem-estar do bebé, tensões essas que muitas vezes estão relacionadas com o parto ou com a posição intrauterina que o bebé adota durante a gestação. Mesmo num parto sem complicações, o bebé passa por um processo intenso de compressão e adaptação para atravessar o canal vaginal. Em partos mais difíceis, como quando são utilizadas ventosas e fórceps essas tensões podem ser ainda mais significativas. A osteopatia pediátrica recorre a técnicas muito suaves e seguras, adaptadas ao corpo do bebé, com o objetivo de libertar essas tensões e promover o equilíbrio do organismo. Para além dos sintomas referidos, alterações como obstipação, assimetrias cranianas (como plagiocefalia) ou preferência por virar sempre a cabeça para o mesmo lado também devem ser avaliadas por um osteopata especializado. De referir também que mesmo na ausência de sintomas evidentes, aconselhamos realizar uma avaliação osteopática precoce pois muitas tensões só se manifestam mais tarde, interferindo no conforto, sono, alimentação ou desenvolvimento do bebé. Quedas frequentes, atrasos no desenvolvimento motor ou dificuldades de concentração podem ter uma origem estrutural? Sim, em muitos casos esses sinais podem refletir alterações estruturais no corpo da criança e devem ser avaliados com atenção. Podem estar associados a restrições de mobilidade em estruturas como a pélvis, coluna ou crânio, que influenciam o equilíbrio, a coordenação e até a forma como o sistema nervoso central integra os estímulos sensoriais. Muitas destas tensões têm origem no parto ou em adaptações precoces do corpo do bebé. A osteopatia permite avaliar de forma global o corpo da criança e perceber se existem bloqueios que estejam a interferir no seu desenvolvimento. Através de técnicas suaves e adaptadas à idade ajudamos a libertar essas restrições promovendo um desenvolvimento harmonioso. Ao melhorar a mobilidade, a função neuromuscular e a postura, a osteopatia ajuda a criança a explorar o movimento com mais segurança e fluidez, facilitando também o foco e a atenção. É importante reforçar que cada criança é única e que trabalhamos sempre em equipa com os pais e quando necessário com outros profissionais. E nas doenças respiratórias infantis, como otites, bronquiolites ou asma, já se começa a recorrer à osteopatia como abordagem complementar? Sim, a osteopatia tem vindo a ser cada vez mais procurada como abordagem complementar em doenças respiratórias pediátricas, especialmente em casos de otites recorrentes. Estas infeções podem estar associadas a restrições de mobilidade no osso temporal, uma estrutura craniana envolvida na drenagem do ouvido médio, através da trompa de Eustáquio. Quando essa mobilidade está comprometida, pode haver maior tendência a acumulação de secreções e consequentemente inflamações. A osteopatia utiliza técnicas específicas para melhorar a sua mobilidade, facilitando a drenagem, reduzindo a inflamação e contribuindo para um maior conforto respiratório. Também em casos de bronquiolites e asma, a mobilidade da caixa torácica, diafragma e coluna torácica pode estar diminuída, afetando a eficiência respiratória. Como sempre, esta abordagem deve ser integrada e colaborativa e deve ser vista como um complemento ao tratamento médico convencional, envolvendo também os pais com orientações práticas. Na idade escolar, hábitos como mochilas pesadas ou tempo excessivo ao telemóvel estão a deixar marcas físicas? Como podem os pais agir preventivamente? Sim, na idade escolar, o corpo da criança ainda está em crescimento e certos hábitos podem influenciar negativamente este processo. Mochilas mal ajustadas ou com peso excessivo sobrecarregam a coluna, podendo causar dores nas costas, pescoço e ombros bem como alterações no alinhamento postural. Já o uso prolongado dos telemóveis, muitas vezes com a cabeça inclinada para a frente, pode provocar tensão cervical e encurtamentos musculares, o que afeta não só a postura mas também o bem-estar geral das crianças. A osteopatia pode ajudar a aliviar essas tensões e a corrigir desequilíbrios, promovendo um crescimento mais saudável. Os pais podem agir preventivamente incentivando a adoção de boas posturas, como carregar a mochila de maneira equilibrada e limitar o tempo de uso do telemóvel, promovendo também atividades físicas que melhorem a postura e fortaleçam a musculatura. Prevenir é fundamental e a sensibilização para estes pequenos gestos diários pode fazer uma grande diferença na saúde postural da criança a longo prazo. O vosso trabalho tem também uma vertente educativa. Que tipo de orientações costumam dar às famílias para promoverem a saúde em casa? A vertente educativa faz parte integrante do nosso trabalho em osteopatia pediátrica. Em cada consulta, além do tratamento manual, damos sempre indicações personalizadas aos pais sobre cuidados a ter em casa, como exercícios simples, posturas a corrigir ou estratégias para aliviar sintomas e promover o bem-estar do bebé ou criança. Estas orientações são fundamentais para prolongar os efeitos do tratamento e envolver a família no processo terapêutico. Para além disso, organizamos regularmente workshops dirigidos a pais e educadores. Nestes momentos educativos partilhamos conhecimentos práticos e acessíveis que aumentam a segurança e autonomia dos adultos no cuidado diário com bebés e crianças. Acreditamos que quanto mais informadas estiverem as famílias, melhor conseguem atuar de forma preventiva e promover a saúde dos seus pequeninos. A educação parental é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa na promoção de um desenvolvimento mais equilibrado e saudável. Além disso, promovemos também rastreios de osteopatia pediátrica, que são uma excelente forma de esclarecer dúvidas e orientar os pais sobre sinais de alerta. Estes rastreios também permitem dar a conhecer a osteopatia pediátrica e os seus benefícios de forma acessível, sensibilizando mais famílias para a importância de um acompanhamento precoce e integrado. Morada: Endereço: Rua 25 de Abril 337, 4795-023 Vila das Aves Contacto: 917 315 153 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: Catarina Machado – Osteopata | Bruna Fonseca – Osteopata Instagram: @catarinamachado_osteopata | @clinica.catarinamachado.osteo | @brunafonseca_osteopata Da gravidez à reabilitação infantil, Daniela Costa vê a fisioterapia especializada como uma ponte entre ciência e empatia HOPEN 2025: O beer fest mais famoso do país está de regresso a Braga
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