Pré - Natal/Saúde Infantil “A taxa de sucesso dos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida está diretamente relacionada com a idade da mulher” By Revista Spot | Junho 6, 2024 Junho 7, 2024 Share Tweet Share Pin Email Segundo Isabel Dória Reis, Especialista em Ginecologia, Obstetrícia e Medicina da Reprodução e Diretora da Ferticare, a taxa de sucesso dos tratamentos de Procriação Medicamente Assistida (PMA) está diretamente relacionada com a idade da mulher. À medida que a idade avança, a fertilidade feminina declina naturalmente devido a uma série de mudanças biológicas. Estatísticas indicam que mulheres com menos de 35 anos apresentam uma taxa de sucesso de aproximadamente 40% por ciclo de fertilização in vitro (FIV). No entanto, essa taxa diminui para cerca de 30% entre os 35 e 37 anos, 20% entre os 38 e 40 anos, e menos de 10% para mulheres acima dos 42 anos. Porque decidiu especializar-se em Ginecologia e o que é que a levou a dedicar-se à Medicina da Reprodução? Foi uma ‘doença familiar’… Desde pequena que convivia com a Obstetrícia, pois tive um tio materno que foi um profissional de excelência e um dos pioneiros na melhoria dos cuidados de Saúde Maternos e Neonatais, o Dr. João Manuel Dória Nóbrega. Fez parte da primeira Comissão para a Melhoria dos Cuidados de Saúde Materno-Infantil, na equipa e na geração do Dr. Albino Aroso. Desde pequena que ficava completamente fascinada por ele adivinhar as idades gestacionais das grávidas só olhando para as barrigas. Foi também o grande dinamizador do Grupo de Estudos de Mortes Fetais que se iniciou na Maternidade Alfredo da Costa (MAC) e foi exatamente pelos insucessos reprodutivos e pelos abortamentos de repetição que entrei para a área da Medicina Reprodutiva. Passar daqui para a Fertilidade/infertilidade e PMA foi um ápice. É nesta área que exerço a minha atividade profissional, inicialmente no Sistema público, com a criação do Centro de Medicina da Reprodução no Hospital de Guimarães, único Hospital Distrital com este tipo de atividade assistencial. A passagem para a atividade privada também seguiu o ciclo natural destes processos, pois toda a equipa percebeu que é impossível o SNS resolver todas as situações e sentíamos que poderíamos fazer mais e diferente, face às limitações orçamentais e de crescimento que verificávamos no SNS. Escolhemos Braga, pois era uma cidade carenciada desta valência, com uma população jovem, em desenvolvimento franco e cá estamos desde 2006. Quais são as tendências emergentes na área da Medicina da Reprodução? A área da Medicina da Reprodução tem estado em permanente evolução. Numa determinada fase, a introdução das Gonadotrofinas recombinantes e novos protocolos de estimulação vieram trazer algumas mudanças e melhorias na segurança e qualidade dos nossos procedimentos melhorando a taxas de sucesso e sendo mais patient friendly (menos dias de tratamento e aplicação facilitada da medicação). A diminuição da gemelaridade com a transferência eletiva de um embrião veio diminuir bastante a morbilidade materna e neonatal, no entanto, os grandes avanços têm sido na área laboratorial, desde os equipamentos, protocolos de criopreservação, meios de cultura, que têm permitido melhoria dos resultados laboratoriais, com melhores taxas de implantação. A medicina baseada na evidência é fundamental para a nossa atividade e isto deve ser pesado quando introduzimos novas técnicas. Por vezes os pacientes ouvem algumas ‘novidades’ e acham que será a solução para o seu problema. Frequentemente, tratam-se de métodos que ainda não estão devidamente validados e que, eventualmente, poderão até encarecer os tratamentos. Na Ferticare pretendemos dar os passos certos de acordo com as recomendações científicas e não por ‘estar na moda’, por ser solicitado, sem que haja evidência que vá trazer qualquer benefício para as taxas de sucesso. A Ferticare tem como objetivo investir, a curto prazo, no laboratório de Embriologia através da aquisição de um equipamento inovador para a cultura de embriões, bem como em novas técnicas de diagnóstico do fator masculino e na cirurgia uterina minimamente invasiva. Que aspetos avalia ao determinar o plano de tratamento para um paciente ou casal? A indicação para técnicas de Procriação Medicamente Assistida (PMA), intraconjugal ou com doação de gâmetas, quer seja de 1ª linha, como a inseminação artificial intrauterina, ou de 2ª linha, como a Fertilização in vitro (FIV) ou Microinjeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), é decidida após avaliação da história clínica, exame físico e resultados dos meios complementares de diagnóstico, da paciente ou do casal. Em situações de infertilidade, é fundamental identificar os fatores envolvidos. É fator de decisão, a idade da mulher e os anos de infertilidade, se aplicável. Não é só a técnica que está em causa, mas a taxa de sucesso que vamos conseguir com um determinado procedimento, face aos fatores de infertilidade identificados. Não podemos esquecer que mesmo com a utilização destas técnicas a taxa de sucesso, em média, é de 18-20% por tentativa na inseminação artificial e de 40% para a FIV/ICSI. Quando estamos a preparar as pacientes ou os casais, para a realização destes tratamentos temos sempre de explicar a probabilidade que cada mulher tem de engravidar, quando não existem fatores de infertilidade, que é dependente da idade e que é no máximo de 25%, por cada mês. Fazer a gestão de expetativas, informar, preparar os pacientes para todo o processo, identificar e corrigir alguns fatores, como o tabaco e a obesidade que interferem com a taxa de sucesso, é essencial para a aceitação da própria infertilidade e a necessidade de avançar para o melhor tratamento possível. Devemos ter também em conta o aspeto financeiro, pois o investimento que fazem para conseguir um filho é muito grande e nem sempre é possível alcançar. É essencial que os pacientes nos procurem quando ainda existam probabilidades de sucesso e aqui, a idade da mulher, é o fator mais crítico, pois, cada vez mais, se verifica o adiamento do projeto da maternidade/parentalidade. Que tipo de tratamentos de Medicina da Reprodução existem atualmente na Ferticare? Na Ferticare realizam-se os tratamentos de 1º linha, ou seja, inseminação artificial intrauterina, e as técnicas de 2ª linha, como a Fertilização in vitro e Microinjeção intracitoplasmática de espermatozoide, quer com gametas próprios, quer com doação (espermatozoides ou ovócitos). Realizamos também preservação da fertilidade (masculina e feminina), por causa oncológica ou por motivos sociais (adiamento do projeto parental). Temos ainda um programa de recrutamento de dadoras de ovócitos. O que é que dita a escolha de um tratamento em detrimento de outro num paciente? A decisão sobre o tipo de tratamento a adotar depende da idade da mulher e os fatores de infertilidade encontrados, de forma a termos as melhores taxas de sucesso, face à situação clínica identificada. De que forma é que a equipa da Ferticare lida com as necessidades emocionais e psicológicas dos pacientes durante o processo de tratamento? Acreditamos que a melhor forma de lidar com a parte emocional e psicológica é a gestão das expectativas em relação ao tratamento que é proposto. A maioria dos pacientes acha que fazendo tratamentos de FIV/ICSI tem sucesso garantido. Isto não é verdade e esta é uma realidade que deve ser transmitida. É igualmente fundamental explicar as diversas fases do processo e o que é suposto acontecer. No caso dos casais, é importante salientar a necessidade do envolvimento de ambos os membros, que devem estar juntos neste percurso. Infelizmente, isso nem sempre acontece. Na Ferticare, incluímos uma consulta de acompanhamento psicológico no tratamento, com o objetivo de proporcionar mecanismos de adaptação, aceitação e gestão tanto dos sucessos como dos insucessos. Penso que este acompanhamento psicológico é essencial para o processo, mesmo em caso de gravidez, mas que nem sempre é devidamente aceite pelos pacientes. Com frequência, os pacientes que mais necessitam de acompanhamento psicológico são os que resistem a esse acompanhamento. Por vezes, tenho mesmo de ‘impor’ esse acompanhamento antes de avançar com outro tratamento. Muitos pacientes entendem que a melhor maneira de resolverem a frustração do insucesso é realizar tratamentos consecutivos sem fazerem o luto do tratamento que não resultou. Quais são os principais desafios que enfrenta ao lidar com pacientes em tratamento de reprodução assistida? O principal desafio é explicar, em linguagem simples, os fatores de infertilidade quando não há evidência que existam, pois em 15% das situações não conseguimos identificar a causa (idiopática). Esta situação é desafiante e são os casos mais difíceis de orientar, pois só mesmo quando passamos para o processo e para a análise dos gâmetas in vitro é que, por vezes, descobrimos, a verdadeira causa da infertilidade. Outro desafio é explicar todo o processo, pois é comum acreditar que um óvulo mais um espermatozoide resulta automaticamente num embrião e, consequentemente, num filho em casa. Nada poderia estar mais errado. Tento fazer uma analogia com as situações de gravidez espontânea, em que também ocorrem perdas de gravidez (muitas vezes sem que a pessoa saiba que estava grávida) ou mortes fetais in útero. Como define o sucesso num tratamento de reprodução assistida e qual é, geralmente, a taxa de sucesso observada na Ferticare? O primeiro sucesso é conseguirmos uma gravidez clínica, isto é, a existência de um saco gestacional com embrião, com atividade cardíaca positiva, por volta das 5-6 semanas, no entanto, o nascimento de recém-nascido é que constitui o verdadeiro sucesso. As nossas taxas de sucesso podem ir de 50% a 1% dependendo da idade da mulher e se utilizamos ovócitos da própria ou ovócitos doados. A realização de tratamento de FIV/ICSI em mulheres depois dos 43 anos, com os seus óvulos, pode ser mesmo considerada uma futilidade terapêutica. A decisão sobre o tipo de tratamento a adotar depende da idade da mulher e os fatores de infertilidade encontrados. Como é que a Ferticare apoia os pacientes durante o período de espera entre o procedimento e a confirmação da gravidez? O período de espera entre a realização da inseminação artificial ou da transferência embrionária até à realização do teste ou análise sanguínea para confirmação da gravidez é a fase mais difícil para a paciente. É aconselhado manter a sua atividade regular, não estando indicado o repouso absoluto, o que até pode ser contraproducente. É importante durante todo este processo serem mantidas as rotinas diárias da paciente ou casal. Eu sei que é difícil, mas o caminho só pode ser esse! Gerir as expetativas, falar verdade, transmitir conhecimento em linguagem adequada é essencial para estarem minimamente preparados. Eu costumo dizer, que alguns pacientes estão num abismo no fundo do mar, quando têm uma BetaHCG positiva, chegam à praia, mas têm uma montanha muito grande ainda para subir, igual à das restantes mulheres e casais que conseguiram uma gravidez espontânea. Daí a importância do acompanhamento psicológico para ajudar também durante a gravidez, para que não seja um sofrimento permanente com receio de um mau desfecho, não permitindo que a gravidez seja aquele período ‘de graça’ que todos desejam. O contacto telefónico ou e-mail é disponibilizado para esclarecimento de dúvidas e aconselhamento, quer por parte do médico, quer da enfermagem. Pouco mais podemos fazer até o dia D, no qual conhecemos o resultado. Aí, é essencial falar com as pacientes, transmitir-lhes apoio e confiança de que estão a fazer tudo o que é possível face à situação clínica existente. Que conselhos daria a mulheres ou casais que estão a considerar iniciar tratamentos de Procriação Medicamente Assistida? A taxa de sucesso dos tratamentos de PMA está diretamente relacionada com a idade da mulher. O principal alerta que deixo, para as mulheres que pretendem ser mães, é para não deixarem esse projeto para depois dos 35 anos. A partir desta idade a fertilidade baixa e por mais que tentemos ajudar para tudo existem limites. Se pretendem avançar para uma preservação da fertilidade tentem fazê-lo até esta idade, pois são necessários, em média, 10 a 15 ovócitos para alcançarem o objetivo de ter um filho. Na Ferticare procuramos exercer a nossa atividade de forma personalizada, num ambiente de empatia com as nossas pacientes e tentando responder a todos os desafios que surgem. A nossa atividade inclui a preconceção, o estudo dos fatores ginecológicos e andrológicos, a realização das técnicas de PMA, cirurgia uterina minimamente invasiva, acompanhamento psicológico e ainda realização de diagnóstico pré-natal e ecografia morfológica diferenciada. Que aspetos devem considerar os pacientes ao escolher uma clínica de Medicina da Reprodução e um médico para tratamento? A empatia, a facilidade de contacto e a resposta assertiva são os elementos a ter em conta na escolha do médico. Na Ferticare, a individualidade de cada paciente constitui o foco de toda a nossa atividade. Morada: Rua José António Cruz nº 235, 2º Fração B, S.Vítor 4715-343 Braga – Portugal Contacto: 253 004 474/927 469 137 Email: geral@ferticare.pt Facebook: Ferticare Centro Medicina Reprodução www.ferticare.pt “Os primeiros produtos na rotina da Saúde Materno-infantil são fundamentais para garantir o bem-estar da mãe e do bebé” “Permitir que crianças e adolescentes tenham acesso não supervisionado às redes sociais pode ser equiparado a negligência parental”
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