De tábua em tábua nasce um petisco

By Revista Spot | Janeiro 29, 2024 Fevereiro 6, 2024

A mesa parece um quadro de Salvador Dali com as suas pinceladas de cores de sotaque minhoto e galego. No Tábuas da Anabela partilha-se de história em história com o abraço caloroso de um vinho português desconhecido que beija as margens do Douro, enquanto o pão mergulha no ouro das oliveiras centenárias que nos desenham as paisagens. Se isto não é poesia à mesa, então o que é?

Saboroso regresso

O Tábuas Copos e Outras Cenas é sempre um saboroso regresso, mesmo para quem nunca o visitou. De olhos fechados, damos por nós a sentir aquele travo a alecrim que todos os jardins da infância têm. Há quem venha do outro lado do mundo e seja capaz de compreender tudo. Afinal, a linguagem dos sentidos é universal.

Carinhoso, como o amor deve ser, este recanto, tão nosso, recebe-nos à meia luz com o perfume a carvalho das tábuas que enfeitam as paredes. São os filhos dos filhos, os amigos e os conhecidos, que vão contando a sua história de ano em ano, de estação em estação. E mesmo quando Braga deixa de ser a sua morada, há quem regresse só para visitar o Tábuas da memória coletiva de todos.

A mesa de todas as cores

É a cozinha quem dita as regras, quando os pratos de diferentes formas nos descrevem a alegria de uns Ovos Rotos entre amigos e um petiscar delicioso a várias mãos que assume a forma de um Brie com Cogumelos e Tomate para mergulhar no delicioso Pão Alentejano. A Salada de Espinafres com Frutos Secos, sugere sempre partilha e que parece ter nascido para acompanhar o Joelho Assado no Forno com Mel e Alecrim ou os Camarões ao Alho que não perdem pela demora. E é claro, há quem não viva sem o icónico Montadinho de Cavala ou Bacalhau, na sua altiva broa de Avintes de todas as lendas.

Outras Cenas

Nas pequenas adegas, onde o tempo parece escorrer mais lentamente, os viticultores colhem meticulosamente as uvas, nutrindo com cuidado cada cacho que carrega consigo os segredos do terroir. O vinho que surge destas mãos talentosas é um poema engarrafado que celebra a harmonia entre o homem e a natureza. Um poema que deu significado ao Outras Cenas do Tábuas, que nos ensina sempre um pouco mais sobre vinhos.

Num país onde a tradição é tecida com fios de saudade, a essência dos pequenos produtores é contada à mesa ou vendida, num Tábuas Copos e Outras Cenas guardião de todas as lembranças e tradições.

De Braga com amor

Ser minhoto é cantar essa melodia eterna que dá significado à palavra saudade. É viver com intensidade, saboreando a vida como se fosse um poema e carregar no coração o orgulho de pertencer a uma terra onde os ‘bês’ são redondos como o sorriso das mães e avós que fazem da cozinha um ato de amor. Um amor que o Tábuas sabe repescar sempre que o reencontramos, de tacho ao lume e calor na voz.