De tábua em petisco na rainha da Sé

Fim de tarde entre amigos, petiscos e conversas e aquela Tábua Dona Petisca com os sinos a tocarem-nos poemas ao ouvido. Haverá bracarense capaz de viver sem esta rainha da Sé?

Refúgio familiar

A casa está maior e mais bonita, mas mantém a essência de que é feita. Atrás do balcão a D. Cristina e o Hugo, alma do espaço, a Lia, o Pedro e tantos outros nomes de uma ‘família’ que é já também nossa, recebem-nos com o sorriso de sempre. Sentamo-nos com a espontaneidade de quem faz deste lugar naturalmente seu, num almoço, jantar, ou lanche sem hora, nessa vontade de explorar um Portugal profundo escondido em tábuas e pequenos potes que fumegam de segredos e receitas antigas.

Vêm e vão ao sabor dos dias, como quem cria suspense antes de entrar em cena o Arroz de Pato de outros tempos, que desfila uma nostalgia e saudade semelhantes à do nosso olhar quando o prato fica vazio.

Sandes, bifanas, tábuas e o que o amor decidir criar

Aqui entre nós, um dos ingredientes secretos desta cozinha é o amor e um exemplo disso são as irresistíveis sandes, como a mítica Sandes de Pernil, feiticeira implacável dos apaixonados indefesos, com o seu majestoso manto de Queijo da Serra, assim como as famosas bifanas, como a recente Ribatejana e os ilustres Pregos deste séquito. A acompanhar, Bolinhas de Alheira com Mostarda e Mel e aquelas Batatas Fritas com Queijo Cheddar que acreditamos serem a personificação do pecado.

Mas quando a Tábua se estende sobre a mesa, a conversa é outra, normalmente silenciosa de espanto. Quem se lembraria de criar tamanha melodia exótica de queijos e enchidos que contam as histórias dos seus produtores, frutas, bolinhos e empadas, e o que mais vier, neste jogo de sedução que nos prega à cadeira.

Depois dela achamos que já nada poderá surpreender-nos, até que a Salada Dona Petisca nos faça mudar de opinião, com o seu romance envolto em mistério de frutas e queijo em pequenos sussurros de prazer no garfo.

De dia em dia

Neste ir e voltar de quem já não resiste a pôr um pé na Sé por ela, a Petisca, abreviada para os amigos, traz petiscos do dia como o Folhado de Pernil e uns bons Ovos Rotos para quebrar a rotina e também por isso a Sangria se vai vestindo de maracujá, melancia, ou frutos vermelhos.

Se este poema acaba aqui, vou ao Arco da Porta Nova e volto, mas antes de me levantar a sobremesa chega e troca-me as voltas com o Cheesecake de Caramelo e aquela Tarte de Lima que só as mãos de avó são capazes de engendrar. Da próxima é takeaway e não se fala mais nisso.

A Petisca é tão ela que enamora. Tal como a imaginamos, no lugar de sempre, à nossa espera. Como nenhuma outra sabe ser.

Morada: R. Dom Paio Mendes 59, 4700-424 Braga

Contacto: 253 052 480

Facebook: Dona Petisca

Instagram: @dona_petisca