EMPRESAS & EMPRESÁRIOS/ESPECIAL MULHER “O tabu em torno das finanças pessoais é uma barreira na comunicação dos casais” By Revista Spot | Maio 8, 2024 Maio 9, 2024 Share Tweet Share Pin Email Da área de Gestão e atualmente gestora de crédito, Vanessa Ferreira entrou no mundo da intermediação de crédito para ajudar as famílias portuguesas a encontrarem estabilidade financeira, mas, sobretudo, para promover a literacia num tema que ainda é desafiante para muitas pessoas. “O tema finanças ainda é tabu para muitos casais, levando a decisões precipitadas, como a contração de créditos e o endividamento, que podem prejudicar tanto a saúde financeira como os próprios relacionamentos.”, refere. Quando é que a Vanessa se cruza com a Intermediação de Crédito? Licenciei-me em Gestão e trabalhei durante alguns anos num conhecido grupo do setor automóvel. Mais tarde, a minha veia empreendedora levou-me a criar uma marca de moda juntamente com a minha mãe, inicialmente com uma loja física, em Braga, que posteriormente expandiu para uma loja online. Ao longo dos anos, vi a marca crescer e ganhar autonomia, o que me permitiu explorar novas oportunidades. Foi então que, em 2022, senti a necessidade de expandir os meus horizontes profissionais, após o contacto com uma colega que trabalhava em Intermediação de Crédito, uma área que me fascinou desde o primeiro momento. Iniciei o meu percurso na DS Intermediários de Crédito de Joane, uma empresa integrante do grupo Oportunidade Favorável. Comecei como gestora de clientes, fui diretora comercial e, atualmente, sou diretora adjunta de loja em Vila Verde. Hoje a Intermediação de Crédito é uma área fundamental, transversal à vida financeira de particulares e empresas? Completamente. A intermediação de crédito auxilia as pessoas na gestão dos seus recursos financeiros, promovendo a poupança e facilitando o acesso a crédito de forma consciente e responsável. Desde o início que sempre direcionei o meu trabalho para as famílias, precisamente por perceber que as finanças são um tema delicado no seio familiar, havendo uma certa relutância em discutir abertamente questões financeiras. Assim, considero fundamental incentivar as famílias e os jovens casais a dialogarem sobre dinheiro, algo que procuro fazer através do meu trabalho. Muitas vezes é apenas um dos elementos do casal que me contacta e é gratificante, perceber que, no final do processo, o tema deixa de ser tabu para ambos, algo que se reflete na situação financeira daquela família. A intermediação de crédito desempenha um papel importante ao fornecer informações e opções financeiras variadas, permitindo que as pessoas tomem decisões mais informadas e conscientes. Muitas vezes, as pessoas recorrem apenas ao seu banco de confiança para obterem conselhos financeiros, sem explorarem outras possibilidades. É aqui que o intermediário de crédito pode intervir, apresentando uma gama de propostas e esclarecendo as nuances de cada uma, algo que nem sempre é feito pelos bancos. Quais são as principais responsabilidades e funções de um intermediário de crédito? As principais responsabilidades e funções de um intermediário de crédito abrangem várias etapas cruciais no processo de obtenção de financiamento. Inicialmente, realizamos uma análise detalhada das necessidades específicas de cada cliente. Isso implica compreender se estão à procura de crédito a curto ou longo prazo, se já possuem dívidas acumuladas ou se é a primeira vez que procuram um empréstimo. Além disso, avaliamos o histórico de crédito do cliente, para determinar o seu perfil de risco. Um dos aspetos fundamentais nesta análise é a taxa de esforço, que é muitas vezes mal compreendida pelas pessoas. A taxa de esforço representa a percentagem do rendimento mensal que é destinada ao pagamento das prestações dos empréstimos. É fundamental estabelecer um limite saudável para esta taxa, tendo em conta que os clientes também necessitam de recursos financeiros para as despesas do quotidiano. Muitas vezes, deparamo-nos com situações em que as pessoas dedicam uma grande parte do seu rendimento para pagar contas, o que pode ser preocupante e desafiador. Além da análise financeira, um intermediário de crédito desempenha um papel vital ao fornecer orientação e aconselhamento personalizado a cada cliente. Esse suporte inclui a exploração das opções disponíveis, a explicação detalhada das condições dos diferentes tipos de crédito e o aconselhamento sobre a melhor solução para as necessidades específicas de cada pessoa. Existem requisitos para alguém se tornar intermediário de crédito em Portugal? Não sendo obrigatório ter formação na área financeira, é essencial que o profissional esteja certificado pelo Banco de Portugal. Esta certificação é obtida através da conclusão com sucesso de um curso de formação reconhecido pelo regulador financeiro do país. Além disso, é fundamental que o intermediário de crédito esteja associado a uma empresa devidamente regulada pelo Banco de Portugal para exercer essa função. Esta regulamentação visa garantir a idoneidade e a transparência das operações financeiras, protegendo assim os interesses dos consumidores. Infelizmente, é frequente ouvirmos falar de casos de intermediários de crédito que atuam sem a devida certificação ou sem estarem associados a empresas reguladas. Esta prática pode representar um risco para os consumidores, pois não têm a garantia de que estão a lidar com profissionais qualificados e devidamente supervisionados. Quais são as grandes vantagens de recorrer a um intermediário de crédito? Uma das principais vantagens é a acessibilidade e compreensão facilitada do processo de obtenção de crédito. Os termos e condições dos créditos bancários estão, muitas vezes, envoltos numa linguagem técnica complexa, o que pode tornar difícil para algumas pessoas entenderem completamente as suas opções. Neste contexto, um intermediário de crédito atua como um facilitador, traduzindo essa linguagem técnica para termos mais simples e compreensíveis. Isso permite que os clientes compreendam melhor as implicações financeiras de cada opção disponível e tomem decisões mais informadas. Uma das grandes vantagens de recorrer a um intermediário de crédito é o facto de o serviço ser gratuito para os clientes. Os intermediários ganham comissões dos bancos pelos créditos que intermediam, independentemente do banco escolhido pelo cliente. Isso significa que os intermediários têm interesse em encontrar a melhor solução para as necessidades específicas de cada pessoa, sem favorecer um banco em particular. Dessa forma, os clientes podem contar com um serviço imparcial e orientado para as suas necessidades individuais. Quais são os passos obrigatórios na contratação de um crédito habitação? O primeiro passo passa por avaliar cuidadosamente a situação financeira atual. Isso inclui analisar os rendimentos, despesas e poupanças disponíveis. É essencial os compradores perceberem quanto se podem comprometer mensalmente com o pagamento do empréstimo, tendo em conta outros encargos financeiros e imprevistos que possam surgir. É altamente recomendável obter uma pré-aprovação do crédito habitação junto de uma instituição financeira. Esta pré-aprovação dá aos compradores uma ideia clara do montante que podem financiar e das condições do empréstimo, o que facilita a procura por um imóvel dentro do seu orçamento. Após obter a pré-aprovação, os compradores podem iniciar a procura pelo imóvel desejado. Uma vez encontrado o imóvel ideal, é hora de negociar o preço com o vendedor. É importante que os compradores estejam preparados para negociar e não aceitem o valor inicial sem questionar. Devem avaliar se o preço solicitado está de acordo com o valor de mercado e se o imóvel requer alguma intervenção ou obras de reabilitação. Em situações em que o imóvel necessita de remodelações, os compradores devem considerar incluir no financiamento do crédito habitação o valor necessário para essas obras. É importante ter em mente que o valor total do empréstimo não deve exceder a capacidade financeira dos compradores, considerando não só o valor da compra, mas também eventuais obras e outros custos associados à aquisição da propriedade. Com a subida das taxas de juro têm sido muitos os pedidos de renegociação do crédito habitação? Sem dúvida. A par do crédito habitação, tem-se observado um aumento no número de pessoas que procuram crédito pessoal para fazer face a despesas urgentes ou para consolidar dívidas existentes. Muitas destas pessoas já estão sobrecarregadas com múltiplos créditos pessoais, cartões de crédito e créditos automóveis, o que cria uma taxa de esforço financeiro insustentável. Este cenário é particularmente preocupante para as famílias com rendimentos médios ou baixos, cuja capacidade de pagamento mensal é limitada. Como gestora de crédito, uma das minhas funções é ajudar as pessoas a organizarem as suas finanças e a encontrarem soluções que sejam adequadas às suas necessidades e possibilidades. Os casais são, sem dúvida, um dos meus focos. Considero fundamental incentivá-los a comunicarem abertamente sobre as suas finanças e a tomarem decisões conjuntas em relação ao crédito. Esta abordagem não só ajuda a reduzir o risco de sobre-endividamento, mas também fortalece os laços familiares e promove uma gestão financeira mais responsável e sustentável. É possível obter uma poupança significativa? Sim, é possível obter uma poupança significativa ao consolidar créditos, mas é importante reconhecer que cada situação é única e requer uma análise personalizada. Não há uma solução única que sirva para todos os clientes, pois as necessidades e os hábitos financeiros de cada casal variam. Ao trabalhar com os clientes, é essencial compreender não apenas a sua situação financeira atual, mas também os seus hábitos de consumo e preferências de vida. Muitos casais encontram-se numa rotina em que trabalham arduamente para pagar as contas e mal têm tempo ou recursos para desfrutar de momentos de lazer juntos. Neste sentido, parte do meu trabalho como gestora de crédito é encorajar os casais a encontrarem um equilíbrio saudável entre as suas responsabilidades financeiras e a sua qualidade de vida. A consolidação de créditos pode ser uma opção viável para reduzir o peso das prestações mensais, permitindo aos casais libertarem recursos financeiros para outras atividades ou poupanças. No entanto, é importante avaliar cuidadosamente os termos e condições do novo crédito consolidado, bem como os custos associados, para garantir que a poupança seja realmente significativa a longo prazo. Recorda-se de case studies de clientes que exemplifiquem essa poupança? Claro, lembro-me de um caso bastante significativo que ilustra como a consolidação de créditos pode resultar numa poupança financeira considerável e impactar positivamente a vida de uma família. Este caso envolveu um cliente que procurou inicialmente um crédito pessoal no valor de 30.000 €. Ao analisar a situação financeira do cliente, que era casado e tinha três filhos, verifiquei que ele já estava a pagar cerca de 1.700 € em prestações de outros créditos. Percebi imediatamente que adicionar mais uma prestação mensal seria uma sobrecarga financeira significativa para ele e para a sua família. Decidi então explorar a opção de consolidação de créditos. Após algum trabalho de negociação, conseguimos consolidar os créditos existentes do cliente, incluindo o crédito habitação, numa única prestação mensal. O cliente ficou surpreso ao descobrir que a sua prestação mensal reduziria significativamente, passando de 1.700 € para 685 €. Essa redução representou uma poupança mensal considerável para a família, permitindo-lhes aliviar o peso financeiro das prestações mensais e ter mais liberdade para desfrutar de momentos de lazer juntos. O cliente ficou emocionado e agradecido pela mudança positiva na sua situação financeira. É fundamental promover a literacia financeira? Promover a literacia financeira é fundamental em todas as faixas etárias, desde a infância até à idade adulta. É essencial que as pessoas compreendam os conceitos básicos de gestão financeira desde cedo, para que possam tomar decisões informadas e responsáveis ao longo da vida. Por isso mesmo, estou prestes a lançar um e-book sobre Literacia Financeira Infantil que tem como missão ajudar os pais a educarem os seus filhos sobre o valor do dinheiro e a importância de gerir as finanças de forma inteligente desde tenra idade. Este e-book estará disponível para todos e espero que possa contribuir para uma maior consciência financeira entre as famílias. A educação financeira não é apenas uma responsabilidade dos pais, mas também deveria ser uma componente essencial do currículo escolar. Infelizmente, a literacia financeira não é ensinada nas escolas como deveria ser, deixando muitos jovens sem as competências necessárias para lidarem com questões financeiras no futuro. A educação financeira não é apenas sobre números e cálculos, é também sobre hábitos e comportamentos. Por exemplo, é importante que os pais ensinem os filhos a poupar desde cedo, estabelecendo metas de poupança e ensinando-os a gerir os seus próprios gastos. Além disso, é fundamental incutir uma cultura de investimento, mesmo que seja começando com pequenas quantias. Poupar para o futuro é essencial para garantir uma estabilidade financeira a longo prazo. Como gestora de crédito, considero que faz parte do meu papel ajudar as pessoas não só a encontrarem soluções financeiras imediatas, mas também a desenvolverem competências de gestão financeira a longo prazo. Ao educar os clientes sobre questões financeiras e ao ajudá-los a tomarem decisões informadas, estou a contribuir para uma sociedade mais consciente e preparada para enfrentar os desafios financeiros do futuro. O que é diferencia a abordagem da vossa equipa DS Intermediários de Crédito? O que diferencia a abordagem da nossa equipa na DS Intermediários de Crédito é o foco na personalização do serviço para cada cliente individualmente. Reconhecemos que cada pessoa tem necessidades e objetivos financeiros únicos, por isso não aplicamos uma abordagem genérica a todos os casos. Quando lidamos com clientes, entendemos que as suas circunstâncias, preocupações e metas podem ser completamente diferentes. Por isso, adaptamos o nosso serviço para responder às necessidades específicas de cada um. Além da personalização, também valorizamos a transparência e a orientação ao longo de todo o processo. Queremos que os nossos clientes se sintam confiantes e informados em todas as etapas, desde a análise inicial das suas necessidades até à implementação das soluções financeiras mais adequadas. Este é um trabalho multidisciplinar? Sim, definitivamente este é um trabalho multidisciplinar que envolve diferentes especialidades em várias etapas do processo. Na DS Intermediários de Crédito, reconhecemos a importância da colaboração de diversas áreas para oferecer um serviço completo e eficaz aos nossos clientes. No caso do crédito à habitação, acompanhamos de perto todo o processo, desde a negociação até à escritura, assegurando que tudo decorra conforme acordado e que os interesses dos nossos clientes sejam salvaguardados. Quais são os seus objetivos nesta área? Definitivamente, educar as pessoas sobre a importância de gerirem adequadamente as finanças pessoais e evitarem o endividamento desnecessário, como por exemplo o consumo excessivo através dos cartões de crédito. É um tema que me preocupa bastante, pois vejo muitas pessoas a caírem numa armadilha financeira devido ao uso descontrolado dos cartões de crédito, mas esse é só um dos muitos exemplos. O que é que mais a apaixona no seu trabalho? O que mais me apaixona no meu trabalho é a aprendizagem constante. Cada caso é único e isso desafia-me a aprender e a crescer profissionalmente. Saber que posso fazer a diferença na vida das pessoas, ajudando-as a alcançar uma maior estabilidade financeira e qualidade de vida, é extremamente gratificante. Morada: Av. Abade de Priscos 46, 4730-805 Vila Verde Contacto: 930 653 777 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: Vanessa Ferreira – Gestora de Crédito Instagram: @vanessa_gestoradecredito “Ser empreendedora é um percurso de autodescoberta” “Deixar o ensino e entrar no mundo do queijo artesanal foi a aventura mais bonita da minha vida”
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