Osteopatia “A síndrome do ‘text neck’, provocada pelo uso excessivo do telemóvel, é cada vez mais comum em consultas de osteopatia pediátrica” By Revista Spot | Abril 26, 2025 Abril 27, 2025 Share Tweet Share Pin Email O nascimento marca o início da vida fora do útero, mas também pode deixar marcas invisíveis no corpo do bebé. Tensões acumuladas no crânio, pescoço, ombros ou coluna podem afetar o sono, a amamentação, a digestão e, sobretudo, o desenvolvimento motor nos primeiros meses. É aqui que a osteopatia pediátrica se revela uma aliada poderosa. Com uma abordagem suave, preventiva e personalizada, identifica e corrige disfunções antes que estas condicionem o crescimento da criança. A osteopata pediátrica Marisa Maia explica de forma clara e acessível de que forma o parto pode influenciar a estrutura corporal do bebé, em que casos é recomendada uma avaliação precoce e de que forma a osteopatia pode contribuir para um desenvolvimento mais harmonioso, tranquilo e saudável desde os primeiros dias de vida. “Disfunções não corrigidas no início da vida podem desencadear problemas mais tarde, como dificuldades no desenvolvimento motor e postural”, reconhece. Ainda se recorda do dia em que se apaixonou pela osteopatia? Lembro-me perfeitamente do dia em que me apaixonei pela osteopatia. Estava a assistir a um workshop sobre a área em que nos mostraram como o corpo tem uma capacidade incrível de se autorregular, de se equilibrar, e como as nossas mãos, com conhecimento e sensibilidade, podem facilitar esse processo. Fiquei completamente fascinada. A ideia de poder ajudar alguém a recuperar a saúde física apenas com trabalho manual, tocou-me profundamente. E pela osteopatia pediátrica? Foi já durante a licenciatura. Quando tive contato com o primeiro bebé, percebi que a minha verdadeira paixão era a osteopatia pediátrica. Recordo-me de um bebé com cólicas intensas, desconfortável e inquieto, e do alívio quase imediato que sentiu após uma abordagem muito suave. O sorriso de alívio da mãe, os olhos do bebé finalmente tranquilos…naquele momento soube que era ali que queria estar. Trabalhar com bebés e crianças é um privilégio enorme. É um trabalho de sutileza, de respeito, e de muito amor. É uma forma de cuidar desde o início da vida, e isso para mim, é profundamente especial. De que forma o parto pode influenciar a estrutura corporal do bebé e o seu desenvolvimento motor? O parto, sendo um processo fisiológico, mas ao mesmo tempo exigente, pode ter um impacto significativo na estrutura corporal do bebé. Durante o nascimento, especialmente em partos prolongados, muito rápidos ou com intervenções como fórceps, ventosas ou cesariana, o bebé pode sofrer compressões ou tensões ao nível do crânio, coluna, ombros ou mesmo da pélvis. Estas tensões podem interferir com o bom funcionamento do sistema musculoesquelético, do sistema nervoso autónomo e até com funções básicas como a sucção, o sono ou o conforto digestivo. Do ponto de vista motor, se existirem restrições de mobilidade – por exemplo, torcicolos congénitos, assimetrias posturais ou disfunções ao nível das articulações – o bebé pode ter mais dificuldade e atrasar ou alterar marcos importantes como o controlo da cabeça, o gatinhar ou o sentar. Como osteopata pediátrica, o meu papel é precisamente o de identificar e tratar estas disfunções precocemente, permitindo que o bebé desenvolva o seu potencial de forma livre e saudável. Em que casos recomenda a avaliação osteopática logo nos primeiros meses de vida? Uma intervenção precoce terá sempre um melhor prognóstico. Em alguns países, o osteopata pediátrico faz parte da equipa de parto. Eu recomendo uma avaliação nos primeiros meses ou dias de vida sempre que o parto tenha sido difícil – muito rápido, muito longo, com uso de fórceps, cesarianas. Também, é importante quando o bebé apresenta sinais como choro excessivo, dificuldades na amamentação, refluxo, cólicas, assimetrias no corpo, torcicolo ou dificuldades no sono. As assimetrias cranianas, como a plagiocefalia (achatamento da cabeça) ou a braquicefalia, impõem uma intervenção o mais cedo possível, podendo mesmo evitar o uso do capacete com algumas sessões de correção. Mesmo na ausência de sintomas, uma avaliação preventiva pode ajudar a detetar e a corrigir pequenas disfunções antes que afetem o conforto ou o desenvolvimento do bebé. Como pode a osteopatia ajudar bebés que sofrem de refluxo gastroesofágico, cólicas ou dificuldades na amamentação? A osteopatia pediátrica pode ajudar muito nestas situações, porque trabalha de forma específica sobre tensões que podem estar a interferir com o bom funcionamento do sistema digestivo e oral. No caso do refluxo e das cólicas, avaliamos e tratamos restrições no diafragma, crânio, coluna ou sistema nervoso autónomo, promovendo um melhor equilíbrio digestivo. Nas dificuldades de amamentação, como sucção ineficaz ou uma pega difícil, procuramos libertar tensões no crânio, mandíbula, língua e pescoço, facilitando o movimento e o conforto durante a alimentação. A osteopatia pode contribuir para um sono mais tranquilo? Sim, a osteopatia pediátrica pode ter um papel fundamental na melhoria do sono, e isso passa muito pelo equilíbrio do sistema nervoso autónomo. Muitos bebés nascem com um predomínio do sistema simpático – que é o ramo ligado à resposta de alerta, tensão e atividade – e têm dificuldade em ativar o sistema parassimpático, que é responsável pelo relaxamento e pelo descanso. Isto pode manifestar-se em bebés mais irritáveis, que dormem mal ou que acordam com facilidade. Através de técnicas, especialmente a nível craniano e sacro, conseguimos estimular o sistema parassimpático, reduzindo a hiperexcitabilidade e promovendo um estado de maior tranquilidade. Muitas vezes, os pais relatam que, após as sessões, o bebé começa a dormir melhor, está mais tranquilo e isto mostra o quanto o equilíbrio do sistema nervoso é essencial nos primeiros meses de vida. Qual o papel da osteopatia na prevenção e tratamento de otites recorrentes e problemas respiratórios em crianças? Muitas destas situações estão associadas a disfunções mecânicas que afetam a drenagem adequada das secreções, especialmente ao nível da Trompa de Eustáquio, que liga o ouvido médio à nasofaringe. Quando há tensões e assimetrias no crânio como a plagiocefalia, essa drenagem pode ficar comprometida, favorecendo o acúmulo de líquidos e a inflamação, o que leva a otites frequentes. Através de técnicas manuais suaves, ajudamos a libertar essas restrições, melhorando a mobilidade das estruturas envolvidas e promovendo uma drenagem eficaz. O mesmo se aplica a problemas respiratórios como a bronquiolite ou a sinusite: se houver alterações posturais, tensões torácicas ou dificuldade na mobilidade do diafragma, a respiração fica comprometida. A osteopatia ajuda a melhorar a expansão torácica, a mobilidade costal e o funcionamento do sistema linfático, favorecendo a recuperação e prevenindo recaídas. Com a crescente exposição ao uso de ecrãs e más posturas na escola, quais são os principais problemas posturais nas crianças? Com o aumento do uso de ecrãs, o tempo prolongado sentado na escola e as mochilas pesadas, cada vez mais vemos alterações posturais em crianças, muitas vezes em idades muito precoces. Os principais problemas incluem a anteposição da cabeça (cabeça projetada para a frente), os ombros enrolados, a cifose dorsal acentuada (corcunda) e, em alguns casos, desvios como escolioses funcionais. A síndrome do pescoço de texto (text neck), caraterizada por dor e rigidez no pescoço e ombros, que é causada por manter a cabeça inclinada para baixo muito tempo, aparece cada vez mais em consulta de osteopatia pediátrica. Estas alterações posturais podem causar dores de cabeça, desconforto e dor na coluna, tensões nos ombros e até dificuldades respiratórias. Além disso, a falta de movimento e a sobrecarga visual e mental contribuem para um aumento da tensão muscular e do stress, o que pode afetar o bem-estar geral da criança. A osteopatia pediátrica tem um papel fulcral na correção dos desequilíbrios musculares e articulares, melhorando a mobilidade e ajudando o corpo a encontrar uma postura mais funcional e equilibrada. Também educamos os pais e as crianças sobre hábitos saudáveis, como pausas regulares, exercícios simples e a importância de uma boa ergonomia, mesmo desde cedo. Existem sinais de alerta que podem indicar a necessidade de uma consulta osteopática? Existem vários sinais de alerta que os pais devem observar e que pode indicar a necessidade de uma consulta em osteopatia. Nos bebés, alguns dos sinais mais comuns incluem: dificuldade em mamar, preferir sempre o mesmo lado para virar a cabeça, assimetrias do crânio que podem trazer também alterações na face, como um olho mais fechado, uma bochecha mais preenchida, sono agitado, choro inconsolável ou dificuldade em relaxar. Em crianças mais crescidas, sinais como postura alterada, queixas frequentes de dores de costas ou cabeça, dificuldades de concentração, desequilíbrios ou alterações na marcha, otites ou infeções respiratórias recorrentes também podem justificar uma avaliação osteopática. O objetivo não é apenas tratar sintomas, mas intervir precocemente, ajudando o corpo a funcionar melhor e a evitar problemas futuros. Muitas vezes, pequenas disfunções passam despercebidas, mas têm um grande impacto no conforto e desenvolvimento da criança. Como vê o futuro da osteopatia pediátrica na integração com outras áreas da saúde infantil? Vejo o futuro da osteopatia pediátrica cada vez mais integrado nas equipas multidisciplinares de saúde infantil. Felizmente, já é cada vez mais comum encontrar pediatras, médicos de família, enfermeiros e outros profissionais de saúde que reconhecem os benefícios e a importância da abordagem osteopática e recomendam a sua avaliação, especialmente nos primeiros meses de vida. Esta abertura demonstra que há um reconhecimento crescente do nosso contributo na prevenção, no alívio de desconfortos e na promoção de um desenvolvimento saudável. Acredito que o futuro passa pela colaboração – cada profissional com a sua visão e competências, mas todos com o mesmo objetivo: o bem-estar da criança. Qual é o maior mito sobre osteopatia pediátrica que gostaria de desmistificar? Um dos principais mitos que gostaria de desmistificar é a ideia de que a osteopatia pediátrica só deve ser procurada quando o bebé ou a criança apresenta um problema evidente. Na realidade, a osteopatia tem um papel fundamental na prevenção. O parto, mesmo quando tudo corre bem, é um processo exigente para o bebé e, mesmo sem sintomas visíveis, é frequente encontrarmos pequenas tensões ou restrições que, se não forem corrigidas, podem interferir com o conforto, o sono, a alimentação ou até o desenvolvimento motor ao longo do tempo. A osteopatia pediátrica pode ser realizada desde o primeiro dia de vida, o foco é a prevenção. Morada: Rua António Santos Oliveira 176, 4760-297 Vila Nova de Famalicão WhatsApp: +351 938 097 346 Facebook: Drª. Marisa Maia, Osteopata Instagram: @osteomarisamaia Site: osteomarisamaia.pt “Ser mãe é uma fonte inesgotável de inspiração para o design de interiores” “Nenhum procedimento estético substitui a nossa rotina de autocuidado diário”
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