“A rinoplastia é uma expressão de valorização pessoal e amor próprio”

A rinoplastia é muito mais do que uma simples intervenção cirúrgica. É uma verdadeira celebração da arte na Medicina que, além de corrigir imperfeições estéticas, transforma vidas. Ao realçar a beleza natural de alguém, a rinoplastia proporciona uma mudança externa, mas também uma importante melhoria na função respiratória. Segundo Sara Martins Pereira, Otorrinolaringologista no Hospital Lusíadas, em Braga, a verdadeira arte reside na empatia e na gestão de expectativas, rumo a uma verdadeira jornada de autoconhecimento e aceitação que celebra, acima de tudo, a beleza única de cada pessoa.

Uma paixão assumida pela Medicina

Há paixões que vivem em nós desde sempre. A Medicina acompanha Sara Martins Pereira desde que nasceu, por influência dos pais, também eles médicos. Herdou da mãe o fascínio pela vertente de transformação que a Estética possibilita, numa mudança que vai muito além daquilo que os olhos veem. 

Cresceu a ouvir case studies de sucesso e a perceber o impacto que uma prática clínica humanizada tem na vida das pessoas. Formou-se em Medicina e a especialização em Otorrinolaringologia surgiu como uma escolha quase espontânea e natural. 

“Durante a faculdade, estava muito voltada para a Obstetrícia, apaixonada pela Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. No entanto, à medida que avançava nos estudos, percebi que a Ginecologia não me atraía tanto quanto imaginava. Comecei então a considerar outras opções durante o meu internato e a Otorrinolaringologia cruzou-se comigo naturalmente. Percebi, de imediato, que era uma área fascinante que me permitiria mudar vidas e era esse o meu principal desejo na Medicina.”, conta

Entre Braga e São Paulo, onde aprofundou o seu conhecimento e prática na área da rinoplastia, Sara percebeu que este era o seu verdadeiro propósito e missão de vida. 

O fascínio pela rinoplastia 

A rinoplastia não é apenas uma correção estética, é uma celebração da individualidade, por respeitar a identidade de cada pessoa.

A rinoplastia pode mudar a narrativa da vida de alguém. É um capítulo de transformação, onde o antes e o depois se fundem numa história de autoaceitação e amor-próprio e é principalmente esse poder de tocar a vida dos outros que mais apaixona Sara Martins Pereira no seu trabalho.

“Desde os tempos antigos, a forma do nariz tem sido considerada um elemento crucial da beleza facial. Em diferentes culturas e períodos históricos, os padrões de beleza nasal variaram, mas a ideia de um nariz proporcional e harmonioso permaneceu constante. A rinoplastia moderna transcende essas noções estéticas para abordar questões funcionais e psicológicas.

Para muitas pessoas, o nariz é uma fonte de insegurança e desconforto, afetando a sua autoimagem e confiança. A capacidade de corrigir imperfeições percebidas ou deformidades pode proporcionar uma transformação emocional profunda, permitindo que os pacientes se sintam mais confortáveis na sua própria pele e mais confiantes nas suas interações sociais.”, revela.

O impacto da rinoplastia na função respiratória

A vertente estética e funcional são praticamente indissociáveis numa rinoplastia.

“Uma das preocupações mais comuns é a incapacidade de respirar corretamente pelo nariz. Isto pode resultar em sintomas como roncopatia, boca seca ao acordar, baixo desempenho em atividades físicas devido à inadequada oxigenação e uma sensação de cansaço ao acordar resultante de uma má qualidade do sono. Outro problema funcional é a ocorrência de cefaleias frontais. Muitas vezes, dores de cabeça na região frontal ou sobre o nariz podem estar associadas à má respiração. A falta de oxigenação adequada durante o sono leva a estes desconfortos, que podem ser aliviados com a correção cirúrgica. Uma das condições mais comuns que afeta a função respiratória é o desvio de septo, resultando numa obstrução nasal e dificuldade respiratória. Podem existir também outros fatores, como o próprio tamanho e a anatomia do nariz.” explica Sara Martins Pereira.

A importante gestão de expectativas 

Do ponto de vista técnico, a rinoplastia é uma das intervenções mais desafiantes em cirurgia plástica. Exige um entendimento profundo da anatomia nasal, competências cirúrgicas e uma sensibilidade artística para alcançar resultados naturais e equilibrados. Os cirurgiões plásticos especializados neste procedimento devem considerar uma série de fatores, incluindo a estrutura óssea e cartilaginosa do nariz, a espessura da pele, a simetria facial e, é claro, as expectativas do paciente.

“Um dos fatores mais importantes a ser considerado é o bom senso. Nem todas as pessoas que desejam uma rinoplastia realmente precisam dela ou se beneficiariam dela. É essencial que o paciente tenha expectativas realistas e compreenda que o objetivo não é transformar completamente o seu rosto, mas sim melhorar a sua aparência de uma forma natural e harmoniosa.

Além disso, há contraindicações médicas que precisam de ser levadas em consideração. Por exemplo, pacientes que fumam enfrentam um desafio particular no pós-operatório devido à necessidade de abstinência do tabaco para garantir uma boa cicatrização. Da mesma forma, pacientes com problemas psiquiátricos podem não ser considerados candidatos adequados para a rinoplastia, assim como pessoas com distúrbios de coagulação ou outras condições de saúde que possam afetar o processo de recuperação.”, refere a Otorrinolaringologista.

A importância da consulta inicial 

De acordo com Sara Martins Pereira, a primeira consulta é um ponto de partida fundamental. 

“Uma abordagem completa requer que o paciente tenha espaço para expressar as suas próprias preocupações e desejos em relação ao procedimento. Muitas vezes, as pessoas podem não estar totalmente cientes do que desejam mudar no seu nariz e é aí que entra o papel do cirurgião ao criar um ambiente propício para essa comunicação franca.

É fundamental que o paciente seja capaz de articular as suas próprias expectativas e descontentamentos em relação ao seu nariz. Isso permite ao médico compreender melhor os objetivos estéticos de cada pessoa de forma a poder alinhá-los com as possibilidades técnicas da cirurgia. A empatia entre o médico e o paciente é essencial nesse processo, pois permite que este se sinta à vontade para expressar as suas preocupações, tanto no pré como pós-operatório.”, assegura.

Quanto aos cuidados a ter no pré e pós-operatório, Sara Martins Pereira destaca algumas considerações fundamentais, “na preparação pré-operatória é essencial que o paciente não esteja a sofrer de uma condição aguda no momento da cirurgia. Além disso, os cuidados com a pele são de extrema importância. A pele ao redor do nariz deve estar em condições ideais. Uma pele saudável contribui não apenas para o sucesso da cirurgia, mas também para uma recuperação mais suave e confortável.

No pós-operatório, as indicações são essenciais para garantir uma recuperação eficaz. Passa, sem dúvida, por um repouso adequado, evitando esforços físicos excessivos, aplicação de gelo para reduzir o inchaço e seguir corretamente as instruções médicas em relação às lavagens nasais e medicação prescrita. O acompanhamento próximo do médico durante esse período é crucial para garantir que a recuperação esteja a progredir conforme o esperado e para abordar quaisquer preocupações ou complicações que possam surgir.”, sublinha.

A combinação da rinoplastia com outras intervenções cirúrgicas

A rinoplastia pode ser combinada com outros procedimentos cirúrgicos. Entre as combinações mais comuns estão a rinoplastia e a otoplastia. 

“A otoplastia é um procedimento cirúrgico realizado para corrigir a forma, a posição ou o tamanho das orelhas. Uma das razões mais comuns é o desconforto causado por orelhas proeminentes ou em abano, que podem afetar a autoestima.

A idade ideal para realizar a otoplastia é geralmente em torno dos seis ou sete anos, quando as orelhas atingem cerca de 90% do seu tamanho adulto. Ao combinar a rinoplastia com a otoplastia, é essencial considerar a idade e maturidade do paciente, bem como os cuidados pós-operatórios necessários. Em alguns casos, é preferível aguardar até que a criança tenha a maturidade necessária para entender e cooperar com os cuidados após a cirurgia.”, evidencia a médica.

O impacto dos resultados

Uma parte essencial do pós-operatório é a remoção da tala externa, que geralmente ocorre entre uma semana a dez dias após a cirurgia. “No entanto, é importante sublinhar que o resultado final da rinoplastia não é imediatamente visível assim que a tala é removida. Apesar disso, muitos pacientes já demonstram grande satisfação logo na primeira consulta pós-operatório ao verem-se ao espelho.

Uma experiência comum é quando os pacientes comparam as fotografias do antes e depois. A reação que normalmente mais ouço é: está tão natural que nem me lembrava que era tão diferente.”, relata a Otorrinolaringologista.

A importância dos avanços tecnológicos

Sara Martins Pereira destaca a importância dos avanços tecnológicos no campo da rinoplastia, em particular a rinoplastia ultrassónica, uma técnica avançada realizada com o auxílio de um dispositivo piezo, que permite a realização de osteotomias de forma precisa e controlada, sem danificar os tecidos moles adjacentes. 

“Isso torna a cirurgia menos invasiva e reduz os riscos de complicações pós-operatórias. Outro avanço significativo é a abordagem conhecida como rinoplastia preservadora, que, embora exija uma cuidadosa seleção de pacientes, procura preservar ao máximo as estruturas nasais naturais, minimizando o trauma cirúrgico e os efeitos colaterais como edema e equimoses.

É importante ressalvar que a rinoplastia é uma cirurgia complexa e altamente personalizada, já que cada nariz é único na sua anatomia e caraterísticas. Os cirurgiões enfrentam constantemente desafios técnicos e criativos, o que torna a rinoplastia uma verdadeira arte.”, partilha.

Será que estamos a cuidar do nosso nariz?

A Otorrinolaringologia abarca uma série de condições que afetam o nariz, os ouvidos e a garganta, desde problemas funcionais a questões estruturais. “Entre as condições mais comuns, que me surgem em consulta de Otorrinolaringologia Pediátrica, estão a hipertrofia das adenoides e amígdalas em crianças, que podem levar a distúrbios do sono, como o ressonar. É importante salientar que o ressonar em crianças nunca deve ser considerado normal e merece atenção médica. Além disso, acompanho também imensos casos de sinusite, rinite e desvios do septo nasal.

O estilo de vida moderno e a poluição do ar têm desempenhado um papel significativo no aumento de problemas de saúde Otorrinolaringológica. O stress crónico pode comprometer o sistema imunitário, tornando as pessoas mais suscetíveis a crises de sinusite e rinite. Ambientes fechados com ar condicionado constante e grandes variações de temperatura dentro de edifícios também podem irritar as vias respiratórias superiores, exacerbando condições pré-existentes ou desencadeando sintomas em pessoas sensíveis, assim como a própria poluição do ar e o fumo do tabaco. Portanto, é fundamental que as pessoas estejam cientes dos impactos do estilo de vida e da qualidade do ar na saúde Otorrinolaringológica e adotem medidas preventivas, como evitar a exposição prolongada a ambientes poluídos, manter uma boa higiene nasal e procurar tratamento médico adequado ao primeiro sinal de problemas respiratórios.”, alerta.

Para Sara Martins Pereira, cada sorriso, cada palavra de gratidão, é um lembrete do impacto positivo que a Otorrinolaringologia pode ter na vida das pessoas. “A diversidade de casos que acompanho não só me desafia, mas também alimenta o meu desejo constante de evolução contínua. Não se trata apenas de aparência, mas também de saúde e bem-estar, permitindo que os meus pacientes respirem melhor, vivam melhor e abracem a vida com confiança renovada. É essa combinação de arte, desafio e gratidão que torna a minha profissão não apenas um trabalho, mas uma verdadeira paixão.”, conclui.

Morada: Rua da Escola de Enfermagem, Braga

Contacto: 253 079 579 (chamada para a rede fixa nacional)

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