Psicologia Psiquilibrios: O impacto da tecnologia na saúde mental das nossas crianças By Revista Spot | Maio 29, 2023 Junho 1, 2023 Share Tweet Share Pin Email O tempo que as crianças abaixo dos oito anos passam nos dispositivos móveis e tablets triplicou nos últimos quatro anos. Em entrevista à Spot, Vera Ramalho, psicóloga clínica e diretora do Psiquilibrios, garante que a dependência dos ecrãs, assim como a utilização excessiva das redes sociais, têm um enorme impacto na saúde mental das crianças e alerta para a importância da sensibilização de pais e contexto educativo para esta realidade… Qual o real impacto da tecnologia na saúde mental das nossas crianças? Os ecrãs estão presentes nas nossas vidas de forma muito mais intensa do que no passado e isso representa um grande desafio para os pais. Os dispositivos eletrónicos e a internet são uma forma de entretenimento e um canal informativo importante, porém são uma fonte de prazer imediato que pode causar dependência e diminuir o interesse das crianças pela leitura e a sua motivação para a escola. A quantidade de tempo que as crianças abaixo dos oito anos passam nos dispositivos móveis e tablets triplicou nos últimos quatro anos. O desempenho académico fica comprometido, mas também a vida pessoal e familiar: a criança pratica menos atividade física, deixa atividades antes valorizadas e o convívio com a família para jogar ou para estar no tablet/telemóvel. Como lidar com a dependência dos ecrãs? Cabe aos pais encontrarem um equilíbrio entre o tempo passado nos ecrãs e a interação social, o convívio com amigos, a atividade física, a leitura ou a brincadeira. “É importante supervisionar os conteúdos digitais a que a criança tem acesso, assim como definir a duração e o limite diário de utilização da internet e dos aparelhos eletrónicos.” Vera Ramalho, psicóloga clínica e diretora do Psiquilibrios As crianças têm dificuldade em fazer este controlo sozinhas e por isso é essencial que os pais sejam firmes e consistentes na aplicação das regras. As crianças dependentes de ecrãs não aprenderão a estar consigo mesmas, nem a usar a imaginação e a criatividade. Por outro lado, é também basilar que os pais sejam um exemplo para os seus filhos. Muitos adultos estão demasiado tempo nos telemóveis e acabam por incentivar os filhos a fazerem o mesmo. Deixar de lado o telemóvel e chamar a criança para uma brincadeira ou para assistirem a um filme poderá ser uma boa prática a adotar no dia-a-dia. A utilização excessiva das redes sociais começa a estar também cada vez mais associada a problemas como ansiedade, depressão, cyberbullying, e baixa autoestima? O uso excessivo dos dispositivos eletrónicos e da internet está associado a um aumento da solidão, depressão, ansiedade, cyberbullying, dificuldades de sono e problemas comportamentais. A hiperatividade, a ansiedade, a depressão, as perturbações da imagem corporal e a baixa autoestima surgem pela exposição a conteúdos negativos e violentos, bem como pela comparação excessiva com os outros. Passar demasiado tempo nas redes sociais pode levar ao isolamento social, pela falta de interação social face a face; problemas de sono, pela exposição excessiva à luz do ecrã, e a sentimentos de dependência. Esta gestão deve ser feita pelos pais, de modo a que os filhos saibam retirar partido das redes sociais e evitem riscos como o cyberbullying, cujos efeitos na vítima podem ser nefastos. Estas intimidações, por acontecerem na web, podem assumir, como consequência, proporções graves. Os pais devem transmitir aos seus filhos valores sociais como a tolerância, a empatia, a responsabilidade, o respeito pelos outros e por si mesmos, de forma a muni-los de ferramentas que reduzam o risco de virem a ser ‘bullies’ ou vítimas. Por que razão é tão importante olharmos de uma forma atenta para as emoções das nossas crianças e jovens? Por vezes as crianças e adolescentes escondem o que sentem ou desvalorizam por não perceberem a possibilidade de agravamento da situação e do desenvolvimento de sintomas físicos, que são a expressão do sintoma psicológico (somatização). Se alguém está triste, a tendência é dizer ‘Não fiques triste’, mas por que é que a pessoa não pode sentir-se triste? Mesmo sem intenção de piorar o sentimento do outro, este tipo de resposta pode fazer com que criança, ou jovem, sinta que a sua experiência foi desvalorizada, aumentando a sensação de que não é correto expressar emoções e de que isto é algo que tem de resolver sozinho. Evitar sentir emoções dolorosas pode dificultar a ação perante situações difíceis, por isso, os pais devem ensinar os filhos a aceitarem aquilo que sentem. Aceitar não é baixar a cabeça, desvalorizar ou fingir que não se passa nada. Pelo contrário, é dar-se a si mesmo espaço para sentir e viver as emoções positivas e negativas sendo compreensivo e empático. Quais os sinais de alerta? É fundamental que pais e professores estejam atentos aos sinais de risco como sentimentos de tristeza duradouros, preocupação e medo intenso e persistente; dificuldades de concentração; falta de prazer nas atividades que antes eram prazerosas, irritabilidade fácil, sentimentos de desespero, alterações nos padrões de sono ou de alimentação, isolamento, ansiedade, agressividade contra si próprio ou contra outros, pensamentos de desistência. Como podem os pais promover a saúde mental dos seus filhos no dia-a-dia? Em primeiro lugar é determinante que os pais se mostrem disponíveis para escutar e dar atenção aos receios das crianças sem julgamento, falar abertamente sobre sentimentos, dificuldades e medos, procurando encontrar soluções que ajudem os mais novos a lidar com as suas inseguranças. Em segundo lugar é essencial reservar tempo para atividades de lazer. Dançar, andar de bicicleta, fazer um bolo, são atividades que podem ser feitas em família e que aproximam pais e filhos. Desenvolver o bem-estar e a aprendizagem através das competências sociais e emocionais é outro caminho imprescindível. Tal como acontece com as competências cognitivas, as competências sociais e emocionais também afetam a capacidade da criança e do adolescente para aprender. As competências sociais e emocionais incluem a comunicação, a autorregulação, o pensamento crítico, a resolução de problemas, o pensamento criativo e a adaptabilidade. A promoção destas competências pode ser feita por pais e professores através do encorajamento dos comportamentos positivos, da construção da confiança, da autoestima, e da motivação para a aprendizagem, da expressão aberta de sentimentos, do estabelecimento de regras claras e de limites previsíveis, e da responsabilização crescente das crianças e jovens pelos seus comportamentos. No que toca às crianças e jovens, a aquisição destas competências terá reflexo na sua capacidade de pensamento, na identificação, expressão, aceitação e regulação das emoções, no saber estar em sociedade e na relação com os outros. Por fim, e não menos importante, brincar estreita laços entre pais e filhos e ajuda as crianças a desenvolverem capacidades de resolução de problemas, a experimentarem novas ideias e a explorarem a imaginação. Como acontece em qualquer relação, este momento de reciprocidade serve para construir intimidade e confiança. “…é determinante que os pais se mostrem disponíveis para escutar e dar atenção aos receios das crianças sem julgamento, falar abertamente sobre sentimentos, dificuldades e medos, procurando encontrar soluções que ajudem os mais novos a lidar com as suas inseguranças.” afirma. Morada: Av.Alfredo Barros, 20 Fraião, Braga Contacto: 964 145 134 Facebook: Psiquilibrios Instagram: @psiquilibrios Site: psiquilibrios.pt Fadinha Flor: A prevenção em saúde oral começa na grávida e nos primeiros meses de vida do bebé Hopen Braga Beer Festival 2023: Um festival que promove a cultura da cerveja artesanal 100% portuguesa a partir de Braga
Psicologia O psicólogo português que leva a psicologia positiva aos Caminhos de Santiago e a ‘caminhadas com propósito’ ao ar livre Filipe Maia redefiniu o conceito de terapia ao aliar a força da psicologia positiva ao poder transformador dos Caminhos de…
Psicologia “A cultura do swipe e a ‘gamificação’ do amor, através de likes e matches, têm um impacto profundo na forma como vivemos e entendemos os relacionamentos” A ‘gamificação’ do amor, impulsionada por likes e matches, está a transformar a forma como nos conectamos e entendemos os…
Psicologia / Saúde Infantil “No desfralde, no sono e na adaptação à creche, é fundamental respeitar o ritmo da criança, sem ceder a pressões externas” Psicóloga clínica, autora, e apaixonada pelo desenvolvimento humano, Joana Santos dedica-se há vários anos a compreender as complexidades da parentalidade,…