Psicologia O psicólogo português que leva a psicologia positiva aos Caminhos de Santiago e a ‘caminhadas com propósito’ ao ar livre By Revista Spot | Fevereiro 6, 2025 Fevereiro 7, 2025 Share Tweet Share Pin Email Filipe Maia redefiniu o conceito de terapia ao aliar a força da psicologia positiva ao poder transformador dos Caminhos de Santiago e das caminhadas ao ar livre. Com o projeto “Walk to Believe”, cada passo é uma oportunidade para o autoconhecimento e a cura emocional. Durante as sessões na natureza, o psicólogo combina o olhar terapêutico com a prática de caminhar. “Cada trilho é uma oportunidade única para enfrentar desafios e transformar a história pessoal de cada um.”, garante. Uma abordagem inovadora que rompe com os moldes tradicionais da terapia, inspirando cada pessoa a abraçar a mudança e a descobrir a sua força interior num percurso repleto de significado e possibilidades. A origem de uma ideia transformadora A semente desta proposta começou a germinar num momento decisivo, em 2010, quando, aos 40 anos, Filipe decidiu seguir o seu coração e trilhar o percurso dos Caminhos de Santiago, partindo sozinho de Braga. Naquele período de intensas emoções, sentir-se perdido em alguns momentos – embora paradoxalmente liberto – permitiu-lhe experimentar uma dualidade única: a alegria de se reencontrar consigo mesmo e a tristeza que, ao mesmo tempo, anunciava o fim de antigos fardos. Foi exatamente essa experiência, repleta de significados e descobertas, que o inspirou a pensar: se este caminho foi capaz de transformar a sua vida, certamente poderia fazê-lo também com a vida de outras pessoas. Essa união de experiências e saberes deu origem ao inovador projeto “Caminhadas com Propósito” – ou “Walk to Believe” –, que vai muito além do simples ato de caminhar, transformando cada passo numa ‘viagem’ de autoconhecimento e evolução. Do encontro com a natureza à aplicação da psicologia positiva A convicção de que o contato com a natureza e o desafio físico podem atuar como poderosas ferramentas terapêuticas levou Filipe a integrar, de forma natural, os princípios da psicologia positiva nas suas caminhadas. Durante a sua pós-graduação em psicologia positiva, teve a oportunidade de testar essa abordagem ao convidar uma pessoa próxima que enfrentava um quadro depressivo para o acompanhar numa jornada de oito dias pelos Caminhos de Santiago. A elaboração de um guião com meditações e textos de reflexão mostrou-se reveladora: a estabilização emocional da pessoa que o acompanhava a partir do terceiro dia revelou o potencial transformador de uma prática que valoriza as emoções positivas, a resiliência e a descoberta das próprias forças. Caminhadas com propósito: Um espaço para a transformação No âmago do projeto “Walk to Believe” reside a convicção de que cada passo, por mais simples que pareça, pode marcar o início de uma profunda transformação pessoal. Filipe Maia conduz os participantes por percursos que vão dos Caminhos de Santiago, a consultas ao ar livre e caminhadas personalizadas. “A conexão com a natureza – seja através dos sons, cheiros ou do ar fresco – tem demonstrado melhorar o humor e reduzir a tensão física, sendo especialmente benéfico para pessoas com depressão. Caminhar é visto como um regresso à simplicidade: um pé na frente do outro, saboreando cada passo e cada descoberta.”, partilha Filipe. Cada percurso é cuidadosamente preparado para integrar momentos de meditação, partilha de experiências e reflexão individual, proporcionando um ambiente onde se desenvolve a autoconfiança. Ao enfrentar os medos e desafios inerentes à caminhada, cada pessoa descobre a sua capacidade de superação e o valor de ser fiel à sua essência. Além disso, o encontro com a natureza e a prática da meditação ajudam a relativizar os problemas, reforçando a importância do autocuidado e da atenção às próprias emoções. Psicologia positiva e ferramentas de autodescoberta Ao longo do percurso, os participantes são convidados a compreender melhor as suas emoções e reações, o que se traduz num crescimento interior significativo. Enfrentar desafios e ultrapassar os medos do quotidiano desperta uma autoconfiança que, muitas vezes, permanece latente. “A cada passo que damos, as caminhadas que oriento transformam-se num verdadeiro exercício de reconexão, onde a psicologia positiva se torna o alicerce para um bem-estar sustentável. Como psicólogo, acredito que cada pessoa tem a capacidade de desenvolver e fortalecer as suas forças internas. A psicologia positiva ensina-nos a valorizar os pontos fortes e a reconhecer que a felicidade e o bem-estar são dimensões humanas que se podem treinar com a prática diária. Nas caminhadas, estruturadas sobre quatro pilares fundamentais, trabalhamos, por um lado, as emoções positivas – a gratidão, o respeito, o orgulho, a serenidade e a inspiração – que nutrem o nosso interior e promovem um estado de equilíbrio emocional. Por outro lado, encorajo a criação de relações interpessoais autênticas, pois o convívio e o apoio mútuo enriquecem a experiência e fortalecem o sentimento de pertença. Outro pilar é o de encontrar um significado na vida. Durante o caminho, incentivo os participantes a desenvolverem novas competências e a adquirirem uma visão renovada para alcançar objetivos específicos. Essa procura não só ajuda a suportar as dificuldades como também mostra que os sacrifícios vividos trazem benefícios reais. Finalmente, a sensação de realização – olhar para trás e sentir orgulho por cada etapa conquistada – reforça a confiança e a convicção de que somos capazes de transformar a nossa vida.”, explica. A criação do projeto vital Um dos momentos mais marcantes e transformadores durante as caminhadas é a elaboração do “Projeto Vital”. Este exercício coletivo convida cada participante a criar um plano de ação para incorporar as aprendizagens e descobertas da jornada no quotidiano. O “Projeto Vital” é trabalhado de forma colaborativa, onde o contributo de todos e o apoio mútuo fortalecem a ideia de que a mudança sustentável nasce da união entre o autoconhecimento e a partilha de experiências. Assim, os sucessos e as pequenas vitórias são celebrados em conjunto, criando uma rede de suporte que se estende muito além do percurso físico. Desafios, resiliência e a arte de conviver com a dor O percurso dos Caminhos de Santiago é também um campo de provas para a resiliência humana. Filipe Maia recorda que, em vários momentos, o cansaço, a dor física – como as bolhas nos pés ou o frio cortante – e os obstáculos emocionais poderiam facilmente transformar a experiência num fardo. Contudo, é precisamente nesses momentos que a prática de mindfulness e a sabedoria dos ensinamentos budistas – que nos recordam que “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional” – assumem um papel crucial. Com a mente treinada para afirmar “vou aguentar, sou capaz de ultrapassar este obstáculo”, cada participante aprende a transformar a adversidade num degrau rumo ao crescimento pessoal. Diversidade de experiências e impacto comunitário Além dos percursos individuais, Filipe Maia estende o seu trabalho a grupos diversos, como casais que encontram no caminhar a oportunidade de redescobrir e fortalecer os laços afetivos. “Os parceiros são incentivados a olhar para as qualidades uns dos outros, reparando, por exemplo, nas forças naturais que cada um possui e é estimulada a comunicação apreciativa. Em vez de focar nas dificuldades do relacionamento, ambos aprendem a capitalizar as boas notícias e a partilhar momentos de alegria, contribuindo para um relacionamento mais sólido e resiliente. Este enfoque não só reforça os laços afetivos, mas também oferece um alívio perante pressões do dia-a-dia, promovendo uma vida a dois mais consciente e conectada.”, refere. Filipe também estende as caminhadas a jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade, para quem esta oportunidade representa uma porta de entrada para experiências transformadoras e positivas. “A caminhada torna-se uma porta de entrada para o autoconhecimento e para o desenvolvimento de resiliência, oferecendo uma oportunidade para romper ciclos de negatividade e desenvolver uma nova visão de vida.”, reforça. Para lá dos caminhos, há caminhadas individuais ao longo do ano e ‘consultas’ ao ar livre, assim como iniciativas como o “Outubro Livre” que reforçam a ideia de comunidade e onde os participantes se reúnem anualmente para partilhar vivências, trocar estratégias e celebrar a capacidade humana de reinvenção. O contacto regular, o acompanhamento pós-caminhada e a disponibilidade para consultas individuais permitem que as aprendizagens não se percam com o regresso à rotina, mas sejam integradas de forma contínua no dia-a-dia. Levar as aprendizagens para o dia-a-dia Um dos desafios após a conclusão de uma caminhada é garantir que as mudanças interiores se traduzam em ações concretas na rotina diária. Filipe utiliza estratégias de follow-up para acompanhar os participantes, incentivando-os a “querer” de verdade – a transformar o desejo em ação, em vez de simplesmente ficarem na zona do “queria”. A singularidade do projeto “Walk to Believe” O projeto “Walk to Believe” destaca-se por ser uma fusão única entre a psicologia positiva e o Caminho de Santiago. Diferentemente de outros retiros espirituais ou programas de bem-estar, a abordagem de Filipe Maia é profundamente personalizada e enraizada numa visão que une a prática de estratégias de autocompaixão – “tratar de si com a mesma empatia e compreensão que se teria com um amigo –, a valorização das relações interpessoais e a capacidade de relativizar os problemas pessoais. Essa combinação permite que cada participante desenvolva uma resiliência única e uma nova maneira de encarar os desafios.”, sublinha. Um legado de inspiração e transformação O trabalho de Filipe Maia demonstra que, ao combinar o olhar atento para as emoções, o respeito pelas dificuldades e a celebração das pequenas vitórias, é possível transformar cada caminhada numa metáfora para a vida. Os relatos comoventes – como o de uma pessoa que, semanas antes, contemplava o suicídio e que, no final da jornada, reencontrou a vontade de viver, ou a trajetória de um alemão invisual, acompanhado pela irmã, cuja força e determinação serviram de exemplo para todos – evidenciam o poder desta abordagem integradora. Essas interações ajudam a combater o viés da negatividade – a tendência de recordar mais facilmente os eventos negativos – ao incentivar os participantes a focarem-se nas experiências positivas vividas no caminho e, assim, ressignificar os seus desafios. A mensagem que ecoa no final de cada percurso é clara: caminhar não é apenas deslocarmo-nos fisicamente, mas sim uma viagem interior que convida cada um de nós a descobrir a própria capacidade de transformação. O futuro das caminhadas com propósito Com o sucesso crescente do projeto, Filipe Maia já vislumbra novos horizontes para o “Walk to Believe”. Os planos para o futuro incluem a expansão das caminhadas para outras regiões de Portugal e Espanha, a criação de uma comunidade W2B que reúna os participantes e a diversificação dos temas abordados, através de novas parcerias e iniciativas. Este crescimento não só visa ampliar o alcance do projeto, como também aprofundar o impacto transformador que as caminhadas proporcionam. Uma nova perspetiva de vida A maior esperança de Filipe para os participantes das caminhadas é que cada pessoa leve consigo, no final do percurso, a capacidade de encontrar mais tempo para si, o equilíbrio interior e a coragem para viver uma vida menos preocupada e mais “slow” – focada no presente. Inspirado em estudos como o da investigadora Michelle Gielan, que demonstrou que apenas três minutos de notícias negativas pela manhã podem aumentar significativamente a probabilidade de termos um mau dia, Filipe enfatiza a importância de começar o dia com uma mentalidade positiva. Ao aprender a filtrar as influências negativas e valorizar as experiências positivas, os participantes são convidados a adotar uma nova perspetiva, onde cada passo não só os aproxima dos seus objetivos, mas também os convida a viver com mais propósito, gratidão e autenticidade. Morada: Rua Bernardo Sequeira, nº 18, 4715-671 S. Vítor Contacto: 914 420 312 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: WalktoBelieve Instagram: @filipemaia.walktobelieve Site: walktobelieve.pt Na cozinha de Diogo e Celso junta-se o Alentejo ao Minho e há memórias de vida, cura e amor “Grande parte das mulheres acreditam que a dor durante o ato sexual é normal”
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