Porque NÃO devemos obrigar as crianças a comer

É uma preocupação de todos os pais que as crianças comam quantidades suficientes e de forma saudável, sendo comuns nos consultórios de pediatria queixas de que a criança come pouco, que recusa comer vegetais/fruta, que tem falta de apetite, se não deveria tomar “vitaminas”,etc.

No entanto estamos numa sociedade onde predomina o excesso de peso (preocupante, com riscos acrescidos para a saúde) e onde não há falta de alimentos.

Então porque se preocupam os pais? Ainda persiste a ideia de que a criança saudável é gordinha tendo a maioria dos adultos expectativas pouco adequadas relativas às quantidades que a criança deve comer.

Ora: Assim como os adultos, todas as crianças são diferentes, com diferente genética e diferente metabolismo pelo que necessitam de quantidades diferentes de comida. Também como os adultos, todos os dias e todas as refeições são diferentes (as quantidades ingeridas dependem do apetite nessa hora, do menu, stress, sono, etc.) Porque haveria de ser diferente com as crianças? Imagine que o obrigavam, por ter a mesma idade e género que um colega de trabalho, por exemplo, a comer em todas as refeições o mesmo que ele!

Além disso todos nós temos no nosso cérebro, centros de regulação (regulam a fome, sede, etc.) e devemos ensinar a criança a respeitá-lo desde bebé. Ao insistir estamos a ensinar a ignorar o centro da saciedade (mais tarde comerá mais do que deve) ou a refeição torna-se um momento de ansiedade tal que muitas vezes temos depois crianças que detestam comer.

Então como fazer para a criança ser saudável e não obrigar a comer?

Respeitar, desde o início as quantidades que come.

Oferecer comida saudável e não substituir por outros alimentos quando os pais acham que comeu pouco.

Não oferecer snacks constantemente: algumas crianças chegam à refeição sem apetite porque passam o dia a petiscar. Ofereça refeições saudáveis em intervalos regulares de 3-4h , isso fará com que a criança chegue à mesa com fome.

Envolver as crianças mais velhas na elaboração de refeições saudáveis, consciencializando para estilos de vida saudáveis.

Dar o exemplo, partilhando refeições saudáveis em família, evitando alimentos “maus ” no dia -a -dia.