“A osteopatia na infância é a chave para formar novas gerações mais saudáveis e conscientes”

Da inquietação dos recém-nascidos com cólicas persistentes aos desafios posturais e de mobilidade que muitas crianças enfrentam, a osteopatia pediátrica tem-se revelado um aliado inestimável para diversas famílias, especialmente numa altura em que a medicina preventiva ganha espaço e valor. Com técnicas seguras e ajustadas ao corpo delicado das crianças, esta prática não só alivia sintomas físicos como promove um desenvolvimento mais harmonioso. Para Cláudia Alves, osteopata e diretora da clínica FisioVitae, o que verdadeiramente distingue a osteopatia pediátrica é a sua capacidade de prevenir problemas futuros, criando bases sólidas para uma vida saudável numa era repleta de desafios complexos para a saúde infantil.

Alívio de cólicas e refluxo: Uma história na primeira pessoa
Cólicas e refluxo são problemas comuns em recém-nascidos, causando desconforto intenso aos bebés e noites difíceis aos pais. Através de técnicas específicas, a osteopatia pediátrica tem-se revelado uma alternativa eficaz para o alívio destes sintomas. Cláudia Alves, que começou a sua carreira na osteopatia estrutural, encontrou na osteopatia pediátrica uma verdadeira vocação, especialmente após observar melhorias no seu próprio filho. “Foi precisamente esta experiência pessoal que me levou a aprofundar os meus estudos e conhecimentos na área, com a missão de ajudar famílias que enfrentam os mesmos desafios.”, partilha.

Prevenção e correção de deformidades cranianas e posturais
Para além das cólicas e do refluxo, a osteopatia pediátrica é também recomendada para lidar com deformidades cranianas, como a plagiocefalia. “A posição prolongada dos bebés numa única postura pode levar a deformações, que a osteopatia ajuda a corrigir de forma segura e não invasiva. Mais tarde, a osteopatia mostra-se igualmente útil no acompanhamento do desenvolvimento postural, uma vez que problemas como escoliose e cifose podem surgir em idade escolar, muitas vezes devido ao uso excessivo de dispositivos eletrónicos e a uma má postura.”, explica Cláudia Alves.

A importância de avaliações regulares
A osteopata destaca a importância da realização de avaliações osteopáticas regulares desde o nascimento e ao longo dos picos de crescimento. “Estas avaliações permitem identificar, de forma precoce, qualquer desalinhamento que possa comprometer o desenvolvimento motor e cognitivo da criança. É uma intervenção preventiva que pode evitar complicações futuras e contribuir para a promoção da saúde infantil.”, sublinha.

Caso real: A história de uma jovem paciente
Cláudia Alves conta a história de uma jovem paciente que exemplifica o impacto da intervenção precoce e da continuidade do tratamento osteopático. “Esta criança, acompanhada por mim desde os cinco anos, apresentava múltiplas dificuldades físicas, incluindo um desalinhamento postural que dificultava a sua mobilidade e causava dores frequentes. Inicialmente, outros profissionais consideraram os problemas ‘incorrigíveis’, mas, com um programa de acompanhamento regular, a criança foi evoluindo de forma notável.
À medida que a terapia prosseguia, notaram-se melhorias não só na postura, mas também na capacidade de coordenação e na confiança da criança, que começou a participar mais ativamente nas atividades escolares e físicas. Hoje, com 16 anos de idade e após alguns anos de acompanhamento, esta paciente demonstra uma postura muito mais alinhada e saudável, servindo como um exemplo vivo de como o tratamento osteopático pode oferecer resultados significativos quando realizado com consistência e apoio familiar.”, destaca a profissional.

Tecnologia e sedentarismo: Um desafio para a postura infantil
Com a exposição crescente das crianças a dispositivos eletrónicos, questões como sedentarismo e má postura surgem com mais frequência e intensidade. Dores nas costas, tensões musculares e desvios posturais são cada vez mais comuns e exigem atenção. Cláudia Alves sublinha a importância de os pais incentivarem atividades físicas e reduzirem o tempo de ecrã, promovendo práticas posturais corretas desde cedo. “A orientação e os exercícios recomendados pela osteopatia, como alongamentos e posições adequadas para as atividades do dia-a-dia, ajudam a prevenir e corrigir os danos causados por hábitos sedentários.”, salienta.

A cooperação multidisciplinar: Um futuro para a osteopatia pediátrica
Com o reconhecimento crescente da osteopatia pediátrica na comunidade médica, principalmente entre pediatras e terapeutas ocupacionais, esta prática tem-se afirmado como um complemento essencial à saúde infantil. Segundo Cláudia, uma abordagem multidisciplinar — integrando a osteopatia com a fisioterapia, terapia da fala e outras especialidades — potencia os benefícios do tratamento. “Esta cooperação fortalece a eficácia dos cuidados de saúde oferecidos às crianças, promovendo um desenvolvimento físico, emocional e social mais equilibrado.”, assume.

Educar para a saúde: Crianças conscientes, adultos saudáveis
De acordo com a diretora da FisioVitae, os jovens pacientes que começam a compreender a importância da postura e dos cuidados com o corpo desde cedo tornam-se adultos mais conscientes e atentos ao seu bem-estar físico. Este processo educativo é um dos aspetos mais significativos da osteopatia pediátrica, incentivando uma cultura de saúde preventiva desde a infância.
“A osteopatia pediátrica é uma aliada preciosa no cuidado infantil, com um enfoque preventivo e promotor do bem-estar integral, que, com o tempo, transforma a vida das crianças e das suas famílias. À medida que se integra com outras especialidades, a osteopatia pediátrica torna-se um recurso essencial para garantir uma infância e um futuro mais saudáveis.”, finaliza.

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