SENIORES Clínica Oldcare: Uma ‘nova geração’ de idosos e o desafio da demência By Revista Spot | Setembro 25, 2023 Setembro 25, 2023 Share Tweet Share Pin Email Em cada idoso há uma história e a individualidade de alguém com caraterísticas e um percurso de vida únicos. É essa a filosofia da Oldcare Famalicão, um projeto centrado nas necessidades de uma ‘nova geração de idosos’, com uma equipa multidisciplinar de Cuidados Domiciliários e uma Academia Sénior especializada no cuidado e prevenção da demência. Susana Dias, responsável pela Oldcare, aponta para a importância da sensibilização da sociedade e para a necessidade de criação de infraestruturas que promovam o envelhecimento ativo, estratégia chave para uma população crescentemente envelhecida. Estima-se que até 2050 150 milhões de pessoas em todo o mundo serão afetadas pela demência. Como se tem preparado a Oldcare para esta realidade? Precisamente por constatarmos que um número significativo de utentes nossos sofrem de demências, nomeadamente Alzheimer, Parkinson, Demência de Corpos de Lewy, desenvolvemos, no ano passado, a Academia Oldcare, o nosso Centro de Atividades e Reabilitação Física e Cognitiva onde os utentes podem permanecer parte do dia ou apenas algumas horas por semana. Com a Academia Oldcare complementamos a nossa ampla resposta de cuidados domiciliários com um espaço desenhado para atividades de Ocupação, Reabilitação e Terapias Cognitivas, lado a lado com a nossa equipa multidisciplinar. Procuramos, acima de tudo, a manutenção e recuperação das capacidades físicas e cognitivas destes pacientes, através de planos adaptados às necessidades da pessoa e da sua família, ou cuidador. Um dos nossos serviços chave é, por exemplo, a Estimulação Cognitiva, com um papel crucial não só no tratamento demencial, mas também em cuidados após AVC. É possível prevenir a demência? Apesar de não ter cura, podemos adotar alguns hábitos ao longo da vida que nos ajudam a protegermo-nos contra a doença. É importante apostarmos na prevenção, melhorando o nosso estilo de vida. Uma boa higiene do sono, uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercício físico, o reforço do sistema imunitário, entre outros hábitos que permitam desenvolver a flexibilidade mental, são as principais chaves para um envelhecimento ativo e para a prevenção da demência. Estamos a caminhar para uma sociedade envelhecida, com uma ‘nova geração de idosos’. Que desafios isto traz? Em primeiro lugar é essencial aceitar o envelhecimento como uma fase da vida, uma conquista, e não o fim de tudo. Por outro lado, é essencial que a sociedade acompanhe esta mudança de mentalidade. A nossa sociedade está muito orientada para os jovens. A comunidade urbana não se prepara para uma sociedade cada vez mais envelhecida, há demasiados entraves no dia-a-dia, a própria habitação não está preparada para os idosos viverem. Comparativamente com o Norte da Europa, em Portugal, apesar de haver um Plano Nacional Estratégico para o Envelhecimento Ativo, muitas medidas acabam por se revelar insuficientes. É preciso apostar em medidas reais que promovam o envelhecimento ativo e que tornem a população idosa parte integrante da sociedade. De que tipo de necessidades se vai apercebendo no trabalho realizado no terreno? Muitos idosos vivem em isolamento e solidão e, nós, equipas de apoio domiciliário, somos os únicos rostos com quem eles se cruzam diariamente. Muitas pessoas – ou porque não têm retaguarda familiar, ou porque os filhos estão no estrangeiro -, vivem em solidão nas suas próprias casas, muitas vezes em pleno centro das cidades. O nosso serviço de apoio domiciliário com uma logística alargada de assistência disponível 24 horas por dia, tem como principal missão manter o sénior no seu ambiente familiar, disponibilizando no seu domicílio, serviços adaptados e personalizados. Tentamos colmatar estas lacunas no nosso trabalho diário, mas sabemos que, infelizmente, não conseguimos chegar a todos. O envelhecimento requer cada vez mais uma resposta multidisciplinar? Completamente. A nossa equipa é fundamentalmente constituída por profissionais de saúde. Da medicina, à enfermagem, passando pela fisioterapia, terapia da fala, nutrição, psicologia clínica, podologia, gerontologia, pilates clínico e medicina tradicional chinesa, especializamo-nos de forma particular no envelhecimento, procurando proporcionar a máxima autonomia e conforto à pessoa idosa, através de serviços gerontológicos individualizados. Só assim se constroem bons resultados. É importante investir em infraestruturas, cuidados de saúde e programas de apoio adaptados? Claramente. Estamos, aliás, a desenvolver um projeto nesse sentido. Pelo facto de recebermos muitos pedidos de ajuda de cuidadores informais, que não têm uma solução para os seus familiares, principalmente em épocas festivas, ou nas férias, pretendemos criar um conceito de alojamento e unidade de internamento para estadias temporárias com vertente assistencial especializada em áreas como a enfermagem, fisioterapia, psicologia entre outras especialidades médicas, com todo o tipo de cuidados de saúde, 24 horas por dia. A inclusão é fundamental? Dar ao idoso um papel ativo na sociedade? Sim e para isso é urgente informar e sensibilizar as pessoas para o envelhecimento. Precisamos de desmistificar esta ideia de que, quando se chega à reforma, a pessoa deixa de interessar. Temos de dar oportunidade a esse capital humano, coisa que não se reflete na nossa sociedade. É, por isso, fundamental criar campanhas de sensibilização para o envelhecimento ativo. Valorizar o idoso como pessoa única e irreproduzível, ainda válida na sociedade, com experiência de vida e muito para dar. Como olhar para o futuro de um país envelhecido? Esta é uma área que me apaixona. A Oldcare surge precisamente no âmbito do meu mestrado em Sociologia na Universidade do Minho. O meu fascínio pela área do envelhecimento levou-me a fazer uma pós-graduação em Administração e Gestão de Saúde e uma especialização em Geriatria e a procurar respostas para o envelhecimento em Portugal. Hoje, lado a lado com a minha equipa, procuro promover diariamente cuidados humanizados. É isso que nos norteia e que faz com que o nosso trabalho seja reconhecido. Cada caso é uma história e cada história é uma pessoa. O que mais nos gratifica é poder trabalhar a vertente humana nos cuidados que desenvolvemos, sentir que podemos fazer a diferença na vida de alguém e há histórias que nos emocionam. Dou-lhe um exemplo muito concreto. Tínhamos uma utente de 80 anos que vivia sozinha. A nossa equipa deslocava-se diariamente a sua casa para prestar cuidados de higiene e conforto. Um dia, a equipa chegou lá, tocou insistentemente à porta, e a senhora não abriu. Ativámos os meios de emergência por percebermos que algo não estava bem. A verdade é que, ao entrar, a equipa de emergência encontrou a senhora caída no chão, que foi de imediato reencaminhada para o hospital. Mais umas horas e teria sido fatal. É importante percebermos que aquela pessoa podemos ser nós, ou alguém que conhecemos. É um ser humano. Com a situação atual do país, a tendência é que os cuidados e respostas ao idoso escasseiem, quando deveria acontecer precisamente o contrário com o aumento da população idosa. Queremos, por isso, continuar a ser esse farol na vida das pessoas e a contagiar outros a seguirem-nos o exemplo, com cuidados cada vez mais adaptados e personalizados, que promovam a qualidade de vida, o envelhecimento saudável, o bem-estar físico, mental e emocional e encarar o envelhecimento como uma fase que reflita o percurso de vida de cada pessoa, enquanto ser único e irrepetível. Morada: Rua Ernesto Carvalho edifício Turim loja nº 9, Vila Nova de Famalicão Contacto: 919 394 371 Facebook: Oldcare – Saúde e Bem-Estar Instagram: @oldcarefamalicao Site: oldcarefamalicao.com Cátia Braga, Psicóloga Clínica: “Grande parte da população tem níveis muito baixos de literacia em saúde mental. É urgente alterar este cenário.” Fisiocompostura: A importância da Reeducação Postural ao longo da vida
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