O exame Neuropsicológico como chave do diagnóstico da demência

“Tenho um problema de memória ou estou apenas cansado?”

“Estes esquecimentos são da idade ou tenho algum problema neurológico?”

“Que tipo de demência tenho? Demência de tipo Alzheimer, demência vascular, demência frontotemporal ou outra?”

“As dificuldades de memória são devido à depressão ou algo mais?”

“Posso continuar a conduzir?”

“Posso continuar a viver sozinho?”

“Posso gerir sozinho as minhas finanças ou a minha medicação?”

O exame neuropsicológico permite responder a estas e outras questões. Na verdade, consiste numa avaliação neuropsicológica que explora o funcionamento cognitivo das pessoas através da avaliação das relações cérebro-comportamento assim como a averiguação da existência de dificuldades em desempenhar as atividades do dia-a-dia ou cuidarem de si próprias devido a uma condição médica ou neurológica. Desta forma, esta permite obter um perfil preciso do funcionamento cognitivo com vista à caraterização das capacidades do indivíduo que se encontram deficitárias e as que permanecem preservadas.

Quando pode ser necessário um exame neuropsicológico?

No caso de apresentar sinais de comprometimento cognitivo e alterações comportamentais, que podem incluir:

• Esquecer-se de compromissos e acontecimentos importantes;
• Perder frequentemente objetos ou não saber onde os guardou;
• Ter dificuldade em encontrar a palavra certa;
• Perder o “fio à meada” em conversas, filmes ou livros;
• Ter dificuldade em concentrar-se;
• Apresentar menos facilidade em organizar as tarefas diárias, em planear ou em tomar decisões;
• Apresentar alterações comportamentais como impulsividade, julgamento pobre ou agitação;
• Sentir que existe uma diminuição do desempenho intelectual geral;
• Ter dificuldade na execução das tarefas do dia a dia.

O que acontece durante o exame neuropsicológico?

O exame neuropsicológico é realizado, em média, ao longo de duas ou três sessões, sendo o processo concluído com a apresentação do relatório de avaliação. Um exame cognitivo normalmente inclui a recolha de informação pessoal, familiar e clínica da pessoa e a administração de provas e testes que envolvem responder a uma série de questões e realizar algumas tarefas mentais. Esta avaliação é normalmente realizada através de questões orais e exercícios realizados com recurso a papel-e-lápis, não existindo qualquer procedimento invasivo ou doloroso.

O que é avaliado durante a avaliação neuropsicológica?

• Aprendizagem e memória
• Atenção e concentração
• Funções visuoespaciais
• Linguagem e escrita
• Cálculo e velocidade de processamento
• Funções sensorioperceptivas e motoras
• Raciocínio e tomada de decisão
• Planeamento e resolução de problemas
• Orientação temporal e espacial
• Humor e comportamento

Uma das mais-valias desta avaliação é a possibilidade de identificar áreas e funções cognitivas alteradas podendo descortinar se estas se devem a “esquecimento benigno” associado ao envelhecimento, a défice cognitivo ligeiro ou a um quadro demencial. Frequentemente, os testes neuropsicológicos são as únicas ferramentas disponíveis para se detetar de forma precoce algumas patologias uma vez que são muito sensíveis a alterações ligeiras do pensamento e memória. De facto, há um uso crescente desta ferramenta no diagnóstico e despiste de doenças neurodegenerativas, como é o caso da Doença de Alzheimer, não só pela sua eficácia, como também pela validação científica e rigor que lhe estão atribuídos.