FISIOTERAPIA/Osteopatia/SAÚDE DA MULHER/Saúde Infantil No Porto, há uma consulta integrada que está a transformar a saúde materno-infantil e o rumo de centenas de famílias By Revista Spot | Outubro 10, 2025 Outubro 13, 2025 Share Tweet Share Pin Email Na KiSaúde, no coração do Porto, ciência e afeto encontram-se num mesmo propósito: promover a literacia em saúde das famílias desde os primeiros dias de vida. Tiago Monteiro, professor universitário, osteopata e fisioterapeuta pediátrico, e Marta Campos, enfermeira e consultora de amamentação, acreditam que o conhecimento é o primeiro passo para um cuidado consciente. Aqui, cada consulta é também um momento de aprendizagem: os pais compreendem o corpo do bebé, reconhecem sinais, ganham segurança nas suas decisões. A Osteopatia Pediátrica promove o equilíbrio e o desenvolvimento harmonioso do bebé; a Fisioterapia Respiratória devolve-lhe o conforto da respiração livre; e a Consultoria em Lactação apoia mães a reencontrarem a confiança e a serenidade. As consultas conjuntas não tratam apenas sintomas, transformam experiências, promovem autonomia, escuta e empatia. Entre um toque, uma orientação e uma palavra de apoio, constroem-se famílias mais tranquilas e bebés mais felizes. Porque cuidar, no fundo, é isso: criar espaço para que o amor e o desenvolvimento cresçam lado a lado. O que é que o levou a especializar-se em Osteopatia Pediátrica, Fisioterapia Pediátrica e Fisioterapia Respiratória? De que forma estas três áreas se complementam na prática clínica do dia a dia? Tiago Monteiro: O meu percurso iniciou-se na Fisioterapia e, ainda durante os estágios curriculares, tive a oportunidade de acompanhar bebés em contexto clínico. Essa experiência despertou-me um interesse profundo pela área pediátrica. Há algo de verdadeiramente gratificante em poder intervir tão cedo no desenvolvimento humano, promovendo bem-estar e prevenindo futuras disfunções. Após concluir a licenciatura, senti necessidade de aprofundar a minha visão global do corpo e avancei para a formação em Osteopatia. É importante referir que a formação base em Osteopatia é predominantemente orientada para o adulto, sendo a vertente pediátrica uma especialização posterior. Foi precisamente nessa fase que nasceu a verdadeira paixão: comecei a trabalhar com bebés e procurei formações complementares, tanto em Portugal como em Espanha. A Fisioterapia Pediátrica e a Osteopatia Pediátrica completam-se de forma natural, uma mais funcional, a outra mais global, mas ambas com o mesmo propósito: ajudar a criança a desenvolver-se com equilíbrio e bem-estar. A Fisioterapia Respiratória veio acrescentar uma dimensão essencial, sobretudo nos meses em que as viroses e infeções respiratórias são mais comuns. Muitas vezes, um bebé chega por uma razão musculoesquelética e acabamos por perceber que também precisa de apoio respiratório. Ter esta visão abrangente permite atuar de forma mais completa e eficaz. Paralelamente, dedico-me ao ensino universitário. Leciono atualmente em duas instituições, uma pública e outra privada, e a osteopatia pediátrica é uma das cadeiras que mais prazer me dá ensinar. Receber alunos na clínica é sempre enriquecedor: eles aprendem com a prática real e nós aprendemos com o olhar curioso e questionador de quem está a começar. É esse intercâmbio que faz a profissão evoluir. Quem é que pode exercer Osteopatia? Tiago Monteiro: Atualmente, em Portugal, a Osteopatia só pode ser exercida por profissionais de saúde devidamente credenciados e detentores de cédula profissional de osteopata, emitida pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS). É um tema que ainda gera alguma confusão, mas é fundamental esclarecer: a Osteopatia é hoje uma profissão de saúde reconhecida e regulamentada, com formação superior própria. Até 2013, a prática enquadrava-se no regime das chamadas terapêuticas não convencionais. No entanto, com a publicação da legislação específica, passou a ser exigida formação académica adequada. Desde então, apenas quem conclui a licenciatura em Osteopatia pode exercer legalmente. Os profissionais formados antes dessa data tiveram de realizar formação complementar, através de instituições de ensino superior reconhecidas, para obter a respetiva cédula. Por isso, é essencial que quem procura um osteopata, seja para si ou para o seu bebé, confirme sempre se o profissional possui cédula válida. Este simples gesto é uma garantia de segurança, competência e qualidade dos cuidados prestados. A Osteopatia é uma abordagem clínica que requer conhecimento profundo da anatomia, fisiologia e do desenvolvimento humano; confiar num profissional credenciado é o primeiro passo para um tratamento seguro e eficaz. Quais são as situações mais comuns que levam os pais a procurar a Osteopatia para os seus bebés? Tiago Monteiro: A Osteopatia Pediátrica acompanha o desenvolvimento da criança desde o nascimento até à adolescência, embora, na prática clínica, a maioria dos pedidos de ajuda surja logo nos primeiros meses de vida. O recém-nascido é particularmente sensível às tensões acumuladas durante a gravidez e o parto, e é precisamente nesse momento inicial que a Osteopatia pode fazer uma diferença notável, sempre através de técnicas suaves, seguras e adaptadas à delicadeza do bebé. Entre os motivos mais frequentes estão as plagiocefalias (achatamentos ou assimetrias do crânio), os torcicolos congénitos, as dificuldades na sucção, as cólicas e as regurgitações. Muitas destas situações não correspondem a doenças propriamente ditas, mas antes a pequenas adaptações do corpo do bebé a um início de vida exigente, que podem ser aliviadas com o toque terapêutico adequado. O chamado “refluxo”, por exemplo, é muitas vezes confundido com uma patologia, quando pode refletir apenas imaturidade do sistema digestivo ou ajustes naturais na alimentação. Costuma dizer-se que a Osteopatia Pediátrica é preventiva, mas prefiro descrevê-la como uma abordagem de observação precoce e de promoção do equilíbrio. Uma avaliação logo nas primeiras semanas de vida pode detetar restrições ou assimetrias subtis, muitas vezes impercetíveis numa observação clínica de rotina, e cuja correção precoce pode evitar disfunções futuras. Um exemplo típico são as plagiocefalias, que quando identificadas a tempo, são facilmente corrigidas com técnicas não invasivas, dispensando o uso de ortóteses. À medida que a criança cresce, surgem outras razões para acompanhamento, como atrasos no desenvolvimento motor, dificuldade em gatinhar, sentar ou iniciar a marcha e alterações posturais ou assimetrias dos membros. Nestas fases, a Osteopatia ajuda o corpo a encontrar as suas próprias estratégias de movimento, promovendo uma evolução harmoniosa e equilibrada. Em idades posteriores, a observação da postura, dos apoios plantares e das assimetrias corporais permite atuar de forma integrada com outros profissionais, como o podologista ou o fisioterapeuta, prevenindo compensações que possam gerar desconforto no futuro. No fundo, os pais procuram a Osteopatia quando sentem que algo “não está bem”, mesmo que não consigam identificar exatamente o quê e esse instinto é valioso. Quanto mais cedo se intervém, mais facilmente o corpo do bebé reencontra o seu equilíbrio natural. Mais do que tratar sintomas, a Osteopatia Pediátrica ajuda-nos a escutar o corpo da criança, a compreender o seu ritmo e a criar as condições ideais para que o crescimento aconteça com liberdade, conforto e bem-estar. Em que casos a Fisioterapia Pediátrica é fundamental? Como é que esta área se distingue e complementa a Osteopatia? Tiago Monteiro: A Fisioterapia Pediátrica é uma área essencial no acompanhamento do desenvolvimento infantil e no tratamento de condições que possam afetar o movimento, a respiração ou a postura da criança. É particularmente importante em situações como atrasos no desenvolvimento motor, alterações posturais, dificuldades na coordenação, problemas respiratórios ou recuperação após internamentos prolongados. Na prática, é difícil, e até desnecessário, traçar fronteiras rígidas entre Fisioterapia e Osteopatia, sobretudo quando o foco está onde deve estar: na criança. Ambas são profissões de saúde de nível superior, com formações distintas, mas complementares. A Fisioterapia tende a centrar-se na reabilitação funcional e neuromotora, recorrendo a exercícios, estimulação e, em alguns casos, a equipamentos de apoio. Já a Osteopatia adota uma abordagem global e manual, procurando restabelecer o equilíbrio do corpo através da mobilidade dos tecidos e da integração das funções. Quando trabalhadas em conjunto, as duas áreas potenciam-se mutuamente. Um fisioterapeuta pediátrico pode, por exemplo, intervir para estimular o desenvolvimento motor ou corrigir padrões de movimento, enquanto o osteopata atua sobre tensões estruturais que condicionam esses mesmos movimentos. Há casos em que um bebé com plagiocefalia, por exemplo, é acompanhado por ambos os profissionais, o osteopata ajuda a libertar restrições cranianas e cervicais, e o fisioterapeuta trabalha o controlo postural e o reforço muscular. Em última análise, o objetivo é comum: ajudar o bebé ou a criança a desenvolver-se de forma harmoniosa, segura e feliz. E quando o trabalho é multidisciplinar, o resultado é sempre mais completo. As infeções respiratórias são muito frequentes nos primeiros anos de vida. Que papel tem a Fisioterapia Respiratória Pediátrica no alívio dos sintomas, recuperação e prevenção de complicações? Tiago Monteiro: As infeções respiratórias são extremamente comuns nos primeiros anos de vida, especialmente durante o outono e o inverno, quando o contacto com vírus como o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) aumenta significativamente. É nessa altura que a Fisioterapia Respiratória Pediátrica assume um papel essencial no alívio dos sintomas, recuperação e prevenção de complicações. A Fisioterapia não “cura” a infeção, esse é o papel do sistema imunitário e, quando necessário, do tratamento médico. O que fazemos é ajudar o organismo da criança a respirar melhor, evitando que o muco e as secreções se acumulem e causem obstrução das vias aéreas. O bebé, ao contrário do adulto, não sabe tossir de forma eficaz. E é aí que o fisioterapeuta intervém, utilizando técnicas manuais específicas e seguras que facilitam a mobilização das secreções e promovem uma expetoração natural. Além do tratamento em si, a Fisioterapia Respiratória tem uma forte vertente educativa: ensinamos os pais a realizar corretamente as lavagens nasais, a reconhecer sinais de agravamento e a manter um ambiente que favoreça a recuperação. Quando feita precocemente, esta intervenção pode evitar a evolução para quadros mais graves, como a necessidade de internamento hospitalar ou oxigenoterapia. Em suma, a Fisioterapia Respiratória Pediátrica é uma aliada preciosa, ajuda o bebé a respirar melhor, a recuperar mais depressa e a prevenir complicações futuras, devolvendo tranquilidade à família e conforto à criança. Quais são os desafios mais comuns que as mães enfrentam na amamentação? Como é que o trabalho de uma consultora de lactação pode mudar completamente a experiência de uma mãe e bebé nesta fase tão delicada? Marta Campos: O pós-parto é uma das fases mais transformadoras na vida de uma mulher e também uma das mais desafiantes. A amamentação é muitas vezes retratada como um momento natural e intuitivo, mas, na realidade, exige aprendizagem, paciência e apoio. Cada mãe e cada bebé estão a conhecer-se e a ajustar-se um ao outro. E, nesse processo, podem surgir dificuldades que geram dor, insegurança e frustração. Entre os desafios mais comuns estão a pega incorreta, o ingurgitamento mamário, as fissuras nos mamilos, a mastite ou as candidíases, situações que, além de físicas, têm um impacto emocional muito forte. É aqui que o trabalho de uma consultora de lactação faz toda a diferença. Esta profissional ajuda a mãe a compreender o seu corpo e o comportamento do bebé, orienta na correção da pega e da posição, na gestão das mamadas e, acima de tudo, oferece escuta, empatia e tranquilidade. Muitas vezes, o simples facto de a mãe se sentir compreendida e acompanhada é o primeiro passo para restaurar a confiança e transformar a experiência da amamentação. Mais do que resolver problemas técnicos, a consultora de lactação devolve à mãe o poder de acreditar que sabe nutrir, acolher e cuidar. E quando isso acontece, a ligação entre mãe e bebé torna-se ainda mais forte e serena. A laserterapia tem ganho espaço como técnica indolor e não invasiva. Quais são os principais benefícios em bebés e em mães? Marta Campos: A laserterapia tem vindo a conquistar cada vez mais espaço como técnica segura, indolor e não invasiva, com resultados muito positivos tanto para as mães como para os bebés. No contexto da amamentação, é um complemento valioso à consulta de lactação, ajudando a tratar situações como o ingurgitamento mamário, as fissuras nos mamilos e as mastites. O laser de baixa intensidade promove a cicatrização, reduz a inflamação, alivia a dor e melhora o conforto da mãe, o que se reflete diretamente numa amamentação mais tranquila e gratificante para ambos. Nos bebés, a laserterapia pode ser utilizada, por exemplo, em casos de dermatite da fralda, infeções herpéticas, candidíase oral ou no cuidado do coto umbilical, favorecendo uma cicatrização mais rápida e reduzindo o risco de infeção. É importante esclarecer que o laser usado é de baixa intensidade, totalmente indolor e sem efeitos secundários e que a sua ação baseia-se em estimular os mecanismos naturais de regeneração do organismo. Embora muito eficaz, deve ser sempre vista como uma terapia complementar, integrada num acompanhamento clínico individualizado. A laserterapia pode ser aplicada noutro tipo de situações? Marta Campos: Muitas pessoas ainda associam a palavra “laser” a calor ou dor, mas neste caso trata-se de uma luz terapêutica que estimula os processos naturais de regeneração do organismo. Além do contexto da amamentação, em que é muito eficaz no tratamento de fissuras mamárias, mastites e ingurgitamentos, a laserterapia pode ser utilizada em diversas situações clínicas. É amplamente aplicada em feridas crónicas, úlceras do pé diabético, quistos sacrococcígeos, lesões pós-cirúrgicas ou feridas provocadas por radioterapia (CUSID), ajudando a acelerar a cicatrização e a reduzir a inflamação. Nos bebés, também tem um papel relevante: pode ser usada no cuidado do coto umbilical, em casos de infeção ou atraso na cicatrização, e ainda em situações como dermatite da fralda ou pequenas lesões cutâneas. No fundo, o princípio é sempre o mesmo: potenciar a capacidade natural do corpo de se regenerar, recorrendo a uma energia luminosa suave que desperta o processo de cura de dentro para fora. Quando falamos em saúde infantil, o melhor resultado vem da união de diferentes especialidades? Tiago Monteiro: A abordagem multidisciplinar é, a nosso ver, essencial, seja na saúde infantil, materna ou mesmo no acompanhamento de adultos. Nenhuma área isolada consegue dar resposta a todas as necessidades, e quando unimos diferentes especialidades, conseguimos olhar para a criança e para a família de forma muito mais completa. No caso dos bebés, por exemplo, a integração entre a Osteopatia Pediátrica, a Fisioterapia Respiratória e o acompanhamento na amamentação faz toda a diferença. A Osteopatia ajuda a equilibrar tensões e assimetrias que podem interferir na sucção, na digestão ou até no sono. A Fisioterapia Pediátrica e Respiratória atua na prevenção e tratamento de dificuldades respiratórias e posturais, enquanto a laserterapia pode ser um excelente complemento em situações de fissuras mamárias, inflamações ou pequenas lesões cutâneas. Também temos o apoio da nutrição infantil, que é fundamental na transição do leite para a alimentação complementar, uma fase repleta de dúvidas e receios para os pais. Ter todas estas valências num mesmo espaço traz serenidade e confiança: os pais sentem-se acompanhados, compreendidos e apoiados por uma equipa que comunica entre si e que vê o bebé e a família como um todo. Mais do que tratar sintomas, o nosso objetivo é promover o equilíbrio global: físico, emocional e relacional, porque quando a mãe, o pai e o bebé estão em sintonia, tudo flui com muito mais harmonia. Na Kisaúde oferecem consultas conjuntas. Como funcionam na prática e que vantagens trazem para a família ao ter um cuidado coordenado e global no mesmo espaço? Marta Campos: As consultas conjuntas nasceram de forma muito orgânica, a partir da prática do dia a dia. No início, cada um de nós tinha a sua consulta, mas rapidamente percebemos que estávamos constantemente a cruzar-nos: eu a entrar na consulta do Tiago para avaliar a mamã e o bebé, ou ele a vir até à minha sala porque havia alguma limitação estrutural que podia estar a interferir com a pega ou a sucção. A verdade é que, nas primeiras semanas de vida, a amamentação é um dos momentos mais desafiantes e determinantes para a família. Muitas das dificuldades que surgem podem ter uma componente estrutural, postural ou funcional, e é precisamente aí que a combinação da Osteopatia Pediátrica com a Consultoria em Lactação faz toda a diferença. Criar a consulta conjunta foi uma forma de dar uma resposta mais eficiente, mais confortável e também mais económica para as famílias. Em vez de marcarem duas consultas separadas em dias diferentes, são acompanhadas por ambas as profissionais no mesmo momento, de forma coordenada e integrada. Tiago Monteiro: O impacto é notório: conseguimos resultados mais rápidos e consistentes. As famílias saem com respostas claras, sentem-se apoiadas e muitas vezes notamos melhorias imediatas, por exemplo, quando identificamos um torcicolo que limitava a rotação da cabeça e, consequentemente, a pega ao peito. Ao intervir logo ali, a amamentação flui de forma mais natural e o bebé fica mais tranquilo. No fundo, trata-se de unir duas áreas que se complementam e que são fundamentais nas primeiras semanas de vida, oferecendo um cuidado global que olha para o bebé, a mãe e a relação entre ambos como um todo. Quais são as situações mais comuns que vos surgem na consulta conjunta? Marta Campos: Há dois motivos que aparecem com muita frequência. O primeiro é o bebé ter uma preferência de lateralidade, ou seja, mama muito bem de um lado e rejeita o outro. Isso, naturalmente, gera muita ansiedade nas mães, que acreditam que têm “menos leite” num peito do que no outro, o que raramente é verdade. Na maioria das vezes, o que acontece é que o bebé tem uma limitação de movimento ou uma tendência de rotação da cabeça para um dos lados, algo que pode estar relacionado com um torcicolo congénito ou apenas com uma tensão muscular. Nestes casos, a Osteopatia Pediátrica é extremamente eficaz em restabelecer o equilíbrio e permitir que o bebé mame confortavelmente em ambos os lados. O segundo motivo muito comum é o refluxo ou o chamado bolsar após as mamadas. Muitos pais chegam preocupados, e quando avaliamos em conjunto, percebemos que, muitas vezes, a origem está numa pega incorreta ou numa postura inadequada durante a amamentação. Pequenos ajustes feitos na técnica de amamentação, combinados com o trabalho osteopático, podem mudar tudo e o alívio é quase imediato. Também é importante referir que, para além das questões físicas, há toda uma componente emocional. A mãe chega muitas vezes fragilizada, cheia de dúvidas e com medo de não estar a fazer o suficiente. Ouve frases como “o teu leite é fraco” ou “ele não está a ganhar peso”, e isso mina completamente a sua confiança. A consulta conjunta permite que ela seja ouvida, apoiada e orientada, recebendo ferramentas práticas e emocionais para continuar a amamentar com tranquilidade. Tiago Monteiro: Outro aspeto muito interessante é que esta consulta nos permite ver além do que os pais relatam. Como temos formações diferentes, eu na área da Osteopatia e a Marta na Enfermagem e Lactação, conseguimos observar o quadro de forma mais ampla e identificar causas que, isoladamente, poderiam passar despercebidas. E há um lado humano que pesa muito: somos também um casal, pais de dois filhos, e já estivemos do outro lado. Sabemos o que é viver o cansaço, as dúvidas, o medo de não estar à altura. Isso dá-nos empatia e credibilidade. Marta Campos: Costumo dizer que uma família cuidada é o melhor presente que se pode dar a um bebé. Uma mãe confiante, um pai tranquilo e um lar onde as dúvidas encontram respostas, isso é o que garante o verdadeiro sucesso do desenvolvimento de uma criança. A consulta conjunta existe para isso: cuidar de todos, para que o bebé possa crescer em equilíbrio e segurança. Que mensagem gostariam de deixar para tranquilizar pais que, mesmo sem sinais “graves”, querem promover o conforto e o desenvolvimento saudável do seu bebé desde os primeiros dias de vida? Tiago Monteiro: A mensagem principal é simples, mas muito importante: não esperem pelos sinais graves. Quanto mais precoce for a procura de apoio, mais fácil é prevenir complicações e garantir um percurso tranquilo. Tanto a Osteopatia Pediátrica como a Consulta de Amamentação têm um papel fundamental na promoção do bem-estar do bebé e da mãe, mesmo quando tudo parece “normal”. Pequenos ajustes e orientações nesta fase inicial podem evitar desconfortos e dificuldades mais à frente. Além disso, é essencial que os pais acreditem em si próprios. Conhecem o seu bebé melhor do que ninguém. Muitas vezes, as mães dizem “sinto que algo não está bem”, e quase sempre essa intuição tem fundamento. A ligação entre mãe e bebé é profunda, instintiva e merece ser ouvida. O papel dos profissionais deve ser o de validar, orientar e apoiar, nunca o de desvalorizar. Marta Campos: Eu acrescentaria que a mulher, no pós-parto, vive um período de enorme sensibilidade e descoberta. Nem sempre é preciso haver dor, fissuras ou mastites para procurar ajuda. Às vezes, basta o desejo de se sentir mais confiante, de esclarecer dúvidas, de encontrar o seu próprio ritmo na maternidade. E isso é perfeitamente legítimo. Estas consultas são também um espaço de promoção da literacia em saúde, um momento para aprender a reconhecer sinais, compreender o comportamento do bebé e ganhar ferramentas práticas para lidar com os desafios do dia a dia. Quando uma mãe se sente ouvida e um pai se sente incluído, a família inteira floresce. Uma família cuidada é o melhor presente que se pode dar a um bebé. Porque quando os pais estão tranquilos e confiantes, o bebé sente e cresce em harmonia. Morada: Edifício Capitólio, Av. da França 256 Piso -1 Loja 20, 4050-276 Porto Contacto: 912 944 494 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: kisaudeporto Instagram: @kisaudeporto | @tiago.monteiro_osteopata | @camposmmarta www.kisaude.pt “Entre cicatrizes físicas e silêncios emocionais, o pós-parto continua a ser o elo esquecido dos cuidados à mulher” “Os prémios e a internacionalização do OFFA atelier são um lembrete para nunca nos esquecermos de fazer arquitetura coerente com os nossos ideais”
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