Psicologia/Saúde Infantil “No desfralde, no sono e na adaptação à creche, é fundamental respeitar o ritmo da criança, sem ceder a pressões externas” By Revista Spot | Fevereiro 3, 2025 Fevereiro 3, 2025 Share Tweet Share Pin Email Psicóloga clínica, autora, e apaixonada pelo desenvolvimento humano, Joana Santos dedica-se há vários anos a compreender as complexidades da parentalidade, com especial enfoque no acompanhamento de bebés e crianças pequenas. O sono, as birras, o desfralde e a adaptação à creche são algumas das áreas que trabalha com as famílias, de forma lúdica e individualizada, respeitando o ritmo único de cada criança e promovendo o bem-estar de todos no processo de crescimento e desenvolvimento. O que é que despertou o seu interesse inicial pelo desenvolvimento humano e como se apaixonou pelas primeiras etapas de vida e pela parentalidade? Recordo-me de, desde muito jovem, sentir uma curiosidade imensa pelas relações humanas. A mente humana sempre me fascinou, e ainda na infância, sem saber ao certo, eu já procurava entender a forma como as pessoas pensavam e sentiam. Lembro-me de ler livros sobre psicologia e desenvolvimento humano, procurando respostas para perguntas que surgiam naturalmente. E a parentalidade surgiu de forma muito orgânica. Sempre gostei de crianças e tive várias experiências de trabalho com elas, incluindo o voluntariado como monitora em campos de férias. No entanto, o meu interesse aprofundou-se verdadeiramente quando me tornei mãe. A partir desse momento, senti uma necessidade enorme de aprender mais, de me aprofundar o meu conhecimento sobre o desenvolvimento nos primeiros anos de vida e de compreender a forma como esse desenvolvimento impacta as crianças e as suas famílias. Como pode a psicologia clínica ajudar os pais a lidar com os desafios do desenvolvimento de um bebé? Nos primeiros anos de vida, o bebé passa por diversas fases de desenvolvimento emocional, cognitivo e motor, e a psicologia clínica pode ajudar os pais a compreenderem e a lidarem com estas mudanças de forma mais tranquila e consciente. Compreender que o bebé está a explorar o mundo de forma intensa, atirando objetos ou mexendo em tudo à sua volta, é uma fase normal do desenvolvimento. A psicologia pode ajudar a normalizar estas atitudes, ajudando a promover uma maior confiança nos pais, permitindo-lhes reagir de maneira mais calma e construtiva. A psicologia também desempenha um papel importante na observação do impacto que as experiências da mãe, como questões emocionais ou físicas durante a gravidez, o parto ou o pós-parto, podem ter no desenvolvimento do bebé. A ligação entre mãe e bebé é profunda, e as emoções da mãe podem influenciar diretamente o bem-estar do bebé. Nestes casos, a psicologia pode ajudar a identificar sinais precoces de dificuldades emocionais ou comportamentais, oferecendo ferramentas para lidar com esses desafios. Além disso, os psicólogos clínicos ajudam a monitorizar o desenvolvimento físico e emocional do bebé. Através da observação e da comunicação com os pais, é possível avaliar se o bebé está a atingir as etapas de desenvolvimento adequadas para a sua idade, identificando áreas em que possa necessitar de um apoio adicional. Isso não se limita apenas ao desenvolvimento motor, mas também à formação de vínculos afetivos, à regulação emocional e ao desenvolvimento cognitivo. Quais são as maiores dificuldades associadas ao sono infantil? Atualmente, um dos maiores desafios é o excesso de informação disponível, muitas vezes proveniente de fontes não profissionais. Os pais ficam sobrecarregados com conselhos contraditórios sobre horários rígidos e expectativas irrealistas. Por exemplo, a ideia de que um bebé deve dormir a noite inteira não é natural nem possível nas primeiras fases de vida. O sono infantil é um processo maturativo e fisiológico que envolve o desenvolvimento do ritmo circadiano, tal como o desenvolvimento do sistema digestivo ou respiratório. O mais importante é compreender que cada bebé é único e que a intuição dos pais deve ser valorizada. Observar o bebé, entender os seus sinais de sono e aprender a responder de forma empática e calma são aspetos fundamentais. O meu trabalho consiste em ajudar os pais a desmistificar a ideia de que há uma fórmula mágica para o sono, incentivando-os a confiar mais nas suas perceções e no vínculo com o bebé. Sobre as birras, como explicar aos pais que estas são naturais no desenvolvimento da criança e como ajudá-los a lidar com elas? As birras fazem parte do desenvolvimento normal da criança, especialmente nos primeiros anos de vida, quando o cérebro ainda está em desenvolvimento. O córtex pré-frontal, responsável pela regulação emocional, ainda está a formar-se, o que torna difícil para os mais pequenos controlarem as suas emoções. As birras são uma forma de comunicação, um sinal de que a criança está a experienciar uma emoção que não sabe expressar de outra maneira. O mais importante é que os pais entendam que estas crises fazem parte do processo de amadurecimento emocional. O papel do adulto, neste caso, é atuar como uma “âncora” emocional, sendo calmo, paciente e presente, ajudando a criança a perceber e a lidar com os seus sentimentos. A co-regulação é essencial, ou seja, o adulto deve ajudar a criança a regular-se emocionalmente, sem recorrer a castigos ou excessiva verbalização. Em vez disso, é importante proporcionar um ambiente seguro e acolhedor, onde os mais novos possam aprender, de forma gradual, a lidar com a frustração e as emoções intensas. A longo prazo, é esse apoio consistente que permitirá à criança desenvolver a sua própria capacidade de regulação emocional. O desfralde é um tema sensível e causa frequentemente ansiedade nos pais. Que conselhos daria para tornar este processo mais respeitoso ao ritmo da criança? O desfralde é, de facto, um tema delicado, não só pelas implicações que pode ter, como a incontinência ou a enurese, mas também pela pressão social e cultural que recai sobre os pais. Na prática clínica, é fundamental que o processo de desfralde seja visto de uma forma integrada, envolvendo uma abordagem multidisciplinar quando necessário, como o acompanhamento de um pediatra, de preferência especializado em gastrenterologia pediátrica, um psicólogo e, em alguns casos, até fisioterapeutas. No entanto, o mais importante é que o desfralde seja respeitoso com o ritmo da criança. Devemos observar os sinais de prontidão e não forçar o processo. O conceito antigo de “treinar” as crianças para o desfralde está ultrapassado. O que devemos fazer é guiar os nossos filhos, permitindo que o processo aconteça de forma gradual e natural. Não há uma idade certa para o desfralde, nem uma pressão para que aconteça aos 2 ou 3 anos. O desenvolvimento da criança deve ser o nosso guia. A ansiedade dos pais muitas vezes é exacerbada pelas expectativas sociais, como a pressão para que a criança esteja desfraldada antes de entrar na escola, mas isso deve ser visto como um processo individual e natural. Quando os pais se sentem pressionados por essa norma social, acabam por antecipar o processo, forçando-o antes do tempo adequado. Isso pode resultar num desfralde incompleto, que leva mais tempo e mais dificuldades. A chave está em respeitar o processo de maturação da criança. O Brainspotting e o EMDR são terapias relativamente recentes e inovadoras. Como é que essas técnicas diferem e que impacto podem ter no desenvolvimento emocional de bebés e crianças? Ambas as técnicas, Brainspotting e EMDR, são terapias neuropsicofisiológicas, o que significa que elas atuam de forma integrada no corpo, na mente e nas emoções. Trabalham diretamente com o sistema nervoso e as respostas fisiológicas, sendo, portanto, muito eficazes no tratamento de traumas e eventos adversos. O Brainspotting foca-se em pontos específicos nos olhos, conhecidos como “spots”, onde o trauma ou a emoção negativa está armazenada. A técnica permite à criança processar essas emoções e experiências de forma mais suave, muitas vezes através de brincadeiras e brinquedos, para tornar o processo mais lúdico e acessível. Já o EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento por Movimento Ocular) utiliza movimentos oculares ou toques alternados no corpo para ajudar a processar experiências traumáticas. Quando trabalhamos com crianças e bebés, é essencial envolver a família, utilizando uma abordagem chamada CEMDR, que é uma versão do EMDR realizada em conjunto com a família. O trauma, por vezes, está relacionado não apenas com a criança, mas também com o ambiente familiar. Assim, quando a mãe ou o pai lidam com os seus próprios traumas, a criança também consegue processar melhor e de forma mais saudável os seus próprios sentimentos. A combinação do trabalho com a criança e a família torna o processo mais eficaz, pois lida com o trauma no seu contexto mais amplo. Os traumas intrauterinos e as dificuldades no parto são temas frequentemente negligenciados. O acompanhamento psicológico pode ajudar a família a superar essas dificuldades? É verdade que muitos aspetos do processo de gestação e parto são subestimados, mas a verdade é que tudo o que a mãe vivencia durante a gravidez, tanto fisicamente como emocionalmente, terá um impacto significativo na criança. O que acontece dentro do útero e durante o parto pode deixar marcas profundas, não apenas na mãe, mas também na criança. Por exemplo, um parto complicado pode gerar respostas intensas no bebé, como choro excessivo ou dificuldades em dormir, sinais que podem indicar a necessidade de um acompanhamento terapêutico. O acompanhamento psicológico na área perinatal tem um papel fundamental, pois permite trabalhar as experiências traumáticas da mãe e do bebé. O EMDR pode ser uma ferramenta eficaz nesse sentido, ao reprocessar as memórias e experiências negativas que ficam armazenadas no corpo e na mente, permitindo que a mãe e o bebé se sintam mais tranquilos e equilibrados. No entanto, é importante salientar que estamos a falar de uma área em constante investigação, por isso, cada caso é único e deve ser tratado com cautela. O EMDR pode não resolver todos os casos imediatamente, mas é uma intervenção precoce que pode ajudar a reequilibrar o sistema emocional, favorecendo a recuperação e o bem-estar da família. Em que situações o EMDR pode ser utilizado com crianças, e qual o papel dos pais no processo terapêutico? O EMDR tem revelado resultados positivos, especialmente quando as dificuldades estão relacionadas com experiências traumáticas no seio familiar. Em situações de medos intensos, ansiedades, ou dificuldades relacionadas com processos de luto, como a perda de um ente querido ou de um animal de estimação, o EMDR pode ser uma ferramenta útil. O tratamento pode ser adaptado de acordo com a idade da criança e a natureza do trauma, e a técnica geralmente envolve o movimento ocular para reprocessar a memória do evento traumático. Quando se trata de crianças pequenas, o envolvimento dos pais é essencial. Embora, em muitos casos, as crianças mais velhas possam realizar a terapia sozinhas, para as mais novas, especialmente abaixo dos 5 anos, é fundamental que os pais participem do processo. Eles atuam como reguladores emocionais, proporcionando um ambiente seguro e de apoio, enquanto a criança lida com as suas experiências emocionais. Durante as sessões, a criança é muitas vezes convidada a brincar, o que permite que o processo terapêutico seja mais acessível e menos intimidante. As técnicas utilizadas no EMDR podem incluir a visualização de imagens, contar histórias ou brincadeiras simbólicas, sempre com o objetivo de ajudar a criança a ressignificar as suas emoções e experiências. Exemplo prático: Muitas crianças que têm dificuldades de adaptação escolar ou lidam com a ansiedade de separação dos pais podem beneficiar enormemente do EMDR. O tratamento pode ajudar a lidar com medos específicos, como o medo de dormir sozinha ou o medo de “monstros”, muitas vezes originados por experiências precoces que causaram insegurança. Com o EMDR, podemos trabalhar esses medos de forma lúdica, usando brinquedos e histórias, o que facilita a comunicação e ajuda a criança a processar essas emoções de uma forma mais tranquila. Como apoiar as crianças na adaptação escolar? A adaptação escolar é, sem dúvida, um processo delicado e único para cada criança. O mais importante é que essa transição seja gradual, respeitando o ritmo emocional de cada um. Para crianças pequenas, é essencial criar um ambiente seguro e acolhedor, onde elas se sintam confortáveis e protegidas. Gradualmente, podemos ir aumentando o tempo que a criança passa no ambiente escolar, começando com períodos curtos e aumentando à medida que ela se adapta. Por exemplo, se ela já aceita brincar, fazer uma sesta ou até comer no novo ambiente, podemos ir ampliando essas experiências de forma natural e sem pressa. Já para crianças mais velhas, que já interagem com outras, o processo pode ser mais rápido, mas sempre respeitando a necessidade de criar um vínculo de confiança com o novo ambiente. O segredo é nunca forçar e permitir que o processo aconteça de forma orgânica, sem acelerar a adaptação de acordo com expectativas externas. O ritmo da criança deve ser sempre priorizado. Existem também estratégias que podem ajudar a acalmar a ansiedade de separação, como o “abraço do coração”, onde os pais, antes de deixar a criança na escola, fazem um gesto simbólico, como desenhar um coraçãozinho na mão ou deixar uma foto da família como forma de manter uma conexão emocional. Porém, é fundamental conhecer a criança para aplicar essas estratégias de forma assertiva, pois cada uma reagirá de forma diferente a certos estímulos. O objetivo é sempre criar segurança emocional, evitando que a separação se torne um gatilho para mais ansiedade. Que papel desempenham as famílias no desenvolvimento emocional e social das crianças, e como podem criar um ambiente emocionalmente seguro? As famílias têm um papel essencial no desenvolvimento emocional e social das crianças, e esse papel começa muito antes da escola. Um ambiente familiar que valorize a empatia, o respeito, a aceitação das emoções e a comunicação aberta é fundamental para um crescimento saudável. Se educarmos as crianças para reconhecerem e aceitarem as suas emoções, elas estarão mais preparadas para lidar com os desafios emocionais ao longo da vida. Por exemplo, se uma criança está a chorar ou a sentir ansiedade, a reação dos pais deve ser de acolhimento: “Eu vejo que estás triste, vamos falar sobre isso.” Isso ajuda a criança a sentir que as suas emoções são legítimas e dignas de atenção. Não se trata de ser permissivo, mas sim de validar o que a criança está a sentir e ajudá-la a entender e a lidar com esses sentimentos de forma saudável. Além disso, as famílias devem ser modelos de comportamento. Quando os pais demonstram empatia, respeito e compaixão, as crianças tendem a imitar essas atitudes. O estabelecimento de limites também é fundamental, pois proporciona estrutura e segurança emocional. No entanto, é importante que esses limites sejam aplicados com respeito, sem desvalorizar as emoções dos mais novos. Como abordar o abandono de objetos de transição, respeitando a ligação emocional da criança? O abandono de objetos de transição, como chupetas, bonecos ou cobertores, é um tema delicado, pois envolve uma conexão emocional significativa para a criança. Muitas vezes, vemos estratégias que propõem soluções rápidas, como deixar a chupeta no balão de hélio ou entregá-la ao Pai Natal, mas é fundamental entender que, para muitas crianças, essas abordagens podem ser traumáticas, principalmente se a transição não for feita de forma gradual e respeitosa. O processo de desvinculação de um objeto de transição deve ser tão gradual quanto a introdução dele na vida da criança. Assim como os adultos, as crianças também precisam de tempo para se adaptarem à ideia de deixar para trás algo que lhes proporciona conforto. O importante é respeitar o tempo emocional da criança e prepará-la para essa mudança, de acordo com a sua maturidade emocional e história prévia. Por exemplo, se uma criança tem histórias traumáticas ou passou por experiências de separação, retirar a chupeta de forma abrupta pode ser prejudicial. Em casos como esses, é mais prudente adotar uma abordagem gradual, permitindo que esta tenha tempo de lidar com a mudança. O ideal é que a transição aconteça em etapas, com espaço para que a criança se adapte ao novo cenário. A regra é: respeito, paciência e preparação. Cada criança tem o seu ritmo, e forçar a mudança pode ser mais prejudicial do que benéfico. Além disso, é importante perceber que, em algumas situações, a retirada da chupeta não é uma simples questão de saúde oral, mas também de saúde emocional. Em vez de focarmos apenas na idade ideal para a retirada (geralmente por volta dos 2 ou 2 anos e meio), é essencial analisar as circunstâncias individuais. Crianças que passaram por momentos de trauma, por exemplo, podem precisar de mais tempo para se desvincularem dos objetos de transição, como a chupeta. Quais são, no seu entender, os maiores desafios da parentalidade atual? A parentalidade atual apresenta uma série de desafios, e um dos mais significativos é a sobrecarga de informações. Atualmente, pais têm acesso a uma quantidade imensa de conteúdos sobre educação, saúde e desenvolvimento infantil, o que pode gerar confusão e insegurança. A diversidade de opiniões e abordagens pode levá-los a duvidarem das suas escolhas, criando um ambiente de incerteza. Uma estratégia eficaz para lidar com esse desafio é focarem-se em fontes de informação qualificadas e certificadas, escolhendo, por exemplo, dois ou três profissionais de áreas específicas que possam oferecer uma orientação clara e personalizada. A chave é filtrar a informação de maneira crítica, selecionando apenas aquilo que é relevante e baseado em evidências científicas. A multiplicidade de informações nem sempre é positiva; é essencial saber o que realmente importa e aplicar o conhecimento de forma prática, sem sobrecarregar a criança e a família com excessos de técnicas e teorias. Outro desafio da parentalidade moderna é o ritmo acelerado e as exigências externas que acabam por afetar o vínculo familiar. A pressão para seguir padrões e realizar tudo de forma “perfeita” pode gerar ansiedade nos pais, impactando a sua saúde emocional e o ambiente familiar. Nesta sociedade de altos padrões e comparações, é essencial que os pais também reconheçam a importância de cuidarem de si, para que possam, de forma saudável, cuidar dos seus filhos. O equilíbrio entre as responsabilidades familiares e o autocuidado dos pais é fundamental para que o desenvolvimento emocional da criança aconteça de maneira equilibrada. Que mensagem gostaria de transmitir aos pais que enfrentam dificuldades e sentem que estão a falhar? É muito comum os pais sentirem-se culpados ou pensarem que estão a falhar, e eu também, como mãe, já passei por isso. A parentalidade é um percurso cheio de desafios. O mais importante é não ter medo de educar, de dar limites e de perceber que, mesmo com as nossas falhas, estamos a fazer o melhor que podemos. Ninguém está isento de traumas ou desafios ao longo da vida, e o sofrimento faz parte do crescimento humano. Em vez de se culparem, os pais devem usar essas dificuldades para aprender, corrigir e crescer. O ideal é que, ao longo da caminhada, sejamos sempre aquele colo que os nossos filhos precisam, e saibamos que a nossa imperfeição também faz parte do processo. Outro ponto essencial é a coragem dos pais em aceitar que não serão perfeitos e que é possível ser bom pai ou mãe, mesmo cometendo erros. Quando um erro é cometido, o mais importante é reconhecer e reparar, mostrando à criança que ninguém é perfeito, mas podemos sempre tentar ser melhores. As falhas podem ser momentos de aprendizagem, tanto para os pais como para os filhos. Como pode a psicologia clínica ajudar no desenvolvimento saudável das crianças e que impacto pode ter na vida familiar? A psicologia clínica, quando aplicada corretamente, tem um impacto muito positivo. No entanto, é fundamental que os pais compreendam que a psicologia não deve ser vista como uma “solução mágica” para todos os problemas. O trabalho deve ser feito em conjunto, com a criança, os pais e o psicólogo. Muitas vezes, somos apenas facilitadores, oferecendo dicas e estratégias que ajudam a família a resolver as suas questões de forma mais eficaz. Eu acredito muito no poder da família como um agente curador. Muitas vezes, uma consulta de aconselhamento para os pais pode ser mais eficaz do que várias consultas focadas na criança, pois é o ambiente familiar que influencia diretamente no comportamento e no desenvolvimento da criança. A psicologia não precisa de patologizar os comportamentos, mas sim de ajudar a família a compreender melhor a situação e agir de maneira mais equilibrada. O que me motiva no meu trabalho é ver a transformação nas famílias e no desenvolvimento emocional das crianças, especialmente nos primeiros anos de vida. Este período é fundamental, pois é nele que as bases emocionais e cognitivas para a vida adulta são formadas. Ajudar as crianças a lidar com emoções intensas ou traumas, e a permitir que as famílias se conectem de forma mais saudável, é um dos maiores prazeres da minha profissão. Que recursos e materiais desenvolveu para ajudar pais e profissionais a lidarem com os desafios emocionais das crianças? Uma das formas que encontrei de estar mais próxima das famílias é através dos meus livros e workshops. Escrevi um livro chamado “Os Super-Heróis Também Têm Emoções”, que é uma ferramenta educativa para psicólogos, pais, professores e até crianças, e que ajuda a explicar como as emoções funcionam no corpo e como podemos lidar com elas. É um manual de trabalho que integra técnicas de mindfulness e ensina as crianças a reconhecerem e observarem as suas emoções. Além disso, escrevi outro livro em parceria com a Dra. Margarida Couto, focado em técnicas terapêuticas como o EMDR e Brainspotting, que são muito úteis para profissionais e pais que queiram entender mais sobre como as emoções podem ser trabalhadas de forma prática e terapêutica. Também desenvolvo frequentemente workshops sobre temas essenciais da parentalidade, como o desfralde com respeito pela criança, o sono do bebé, e a adaptação escolar. A ideia passa por fornecer informações baseadas na evidência, que ajudem os pais a lidar com essas fases de forma mais tranquila e respeitosa com as necessidades emocionais das crianças. Quais serão os próximos temas? Estou sempre a procurar novos temas para abordar, com base nas necessidades das famílias. Alguns dos próximos temas incluem o desenvolvimento infantil, a diferença entre o desenvolvimento livre e o desenvolvimento estruturado, e estratégias para lidar com birras de forma eficaz. Os meus cursos são pensados para fornecer conteúdo útil e baseado em pesquisa científica, com o objetivo de ajudar pais e profissionais a aplicarem no dia-a-dia. Todos os meus workshops são realizados online, com gravações disponíveis para que as pessoas possam assistir quando for mais conveniente para elas. Também tenho grupos de partilha, que são ótimos para os pais que querem trocar experiências e aprender uns com os outros. Morada: Praça do Condestável, nº 156 Sala 18, 4700-215 Braga Contacto: 964 220 663 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: Joana Santos – Psicóloga Clínica Instagram: @joanasantospsicologa Site: joanasantospsicologa.pt “A verdadeira nutrição não é apenas sobre o que comemos, mas sobre como isso se encaixa na nossa vida” “A culpa materna nasce muito antes do bebé – e cresce à medida que a sociedade impõe padrões inalcançáveis”
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