ESPECIAL MULHER/ESTÉTICA “Não existe zona de conforto quando se é empreendedora na área da Saúde” By Revista Spot | Maio 1, 2024 Maio 4, 2024 Share Tweet Share Pin Email Tornou-se empreendedora na área da Saúde por acreditar que a Medicina, em concreto a Medicina Estética, pode ter um impacto positivo na vida das pessoas que vai muito além daquilo que os olhos veem. Médica, empresária e uma apaixonada assumida pelo impacto que um simples procedimento estético pode ter na autoestima e na vida de alguém, Vera Matos, rosto do Instituto Médico da Face, defende que a maior transformação acontece no momento em que o amor próprio se revela numa beleza sem padrões, que redescobre a singularidade única de cada pessoa. Como é que o percurso da Vera se cruza com a área da Saúde? Tudo começou quando decidi seguir Enfermagem em 2007. Toda a gente achava que esta era uma escolha segura, mas a verdade é que, tal como muitas outras pessoas da minha geração, fui forçada a emigrar em busca de melhores condições. Trabalhei em várias especialidades da Enfermagem em Espanha, passei pelo serviço de urgência, pela obstetrícia e pelo bloco operatório em diferentes contextos e unidades hospitalares de diversas regiões, procurando sempre novas oportunidades de aprendizagem e crescimento. No entanto, o meu espírito desassossegado pedia-me mais e foi então que viajei de Madrid para Barcelona para fazer um Mestrado em Assessoria Genética que, na verdade, não me bastou. Continuei a estudar e a investigar e senti que o Curso de Medicina podia ser um bom desafio. Foi assim que, aos 25 anos, quando já toda a gente quer estabilizar, me aventurei em Medicina. Muitos acharam essa decisão surpreendente, mas para mim, era uma nova oportunidade de me continuar a desafiar e de expandir os meus horizontes. Os seis anos de estudo em Medicina foram intensos, especialmente por ser num país estrangeiro com um novo idioma. Aprender catalão foi um desafio, mas também uma experiência enriquecedora. Encarei cada obstáculo como uma aventura e isso permitiu-me superar cada etapa com sucesso. Após anos de estudo, escolhi a Cirurgia Maxilofacial para ser a minha especialidade. O trabalho nesta área é fascinante e estou profundamente comprometida em tornar-me uma melhor profissional a cada dia. Porquê a Cirurgia Maxilofacial? Sempre tive uma inclinação para os procedimentos cirúrgicos e acredito que o fascínio pela cirurgia reside na capacidade transformadora que ela oferece. Como cirurgiões, temos o poder de impactar profundamente a vida das pessoas, restaurando, muitas vezes, não apenas a estética e a função facial, mas também a sua autoestima e qualidade de vida. E quando é que, no meio de toda esta grande aventura, se torna empreendedora na área da Saúde? A minha capacidade de enfrentar desafios levou-me a procurar sempre novas oportunidades de crescimento e realização profissional. Insatisfeita com a ideia de seguir apenas uma carreira convencional, decidi procurar outro desafio. Essa oportunidade surgiu há dois anos, quando eu já tinha 38 anos e dois filhos. Sentia uma inquietação crescente, uma vontade de fazer algo mais significativo. A idade começava a ‘pesar’ e eu ansiava por ter algo além da minha posição como interna na especialidade. Assim, surgiu a hipótese de adquirir uma clínica. Um colega sugeriu a ideia e eu aceitei prontamente, mergulhando em mais um desafio de cabeça. Foi uma mudança radical, um verdadeiro virar de página na minha vida profissional. Assumir o papel de empresária não foi uma tarefa fácil. Envolveu uma série de novas responsabilidades, da gestão financeira à gestão pessoal. Ser empresária na área da saúde é um turbilhão de emoções e desafios diários. Que balanço faz destes dois anos? É como se estivesse constantemente a dançar num fio estreito (risos). Não existe uma zona de conforto quando se é empreendedora. O dia-a-dia é um desafio que requer equilíbrio entre muitas responsabilidades: gerir a clínica, ser mãe e continuar o trabalho enquanto interna. Este estilo de vida consome cerca de 80 horas semanais, exigindo uma organização meticulosa. Mas, olhando para trás, estes dois anos foram uma jornada bonita, desafiante e de crescimento pessoal. Cresci em termos de gestão, tal como o meu marido, que é também sócio na clínica. Sentimos diariamente que estamos a construir algo significativo. “Ser empresária na área da saúde é um turbilhão de emoções e desafios diários.” O que é que quis trazer para o seu projeto? Após toda esta trajetória e amadurecimento profissional, era crucial para mim oferecer uma abordagem diferenciada, especialmente no contexto de um serviço privado de Saúde. No cerne do nosso projeto está o foco no acompanhamento ao paciente. Para mim, é fundamental que os pacientes se sintam acolhidos e seguros desde o momento em aqui entram. Também por isso, procurámos criar um ambiente onde os pacientes se sintam em casa, onde cada detalhe, desde um sofá confortável até à interação com a equipa, contribua para esse sentimento de conforto e confiança. A transparência é um dos pilares fundamentais do nosso trabalho. Dizemos sempre a verdade ao paciente, garantindo que este compreenda completamente o que podemos e o que não podemos realizar. Quando não podemos resolver um problema, encaminhamos para profissionais especializados. Além disso, damos uma atenção especial ao período pós-procedimento, pois compreendemos que muitos tratamentos podem ter efeitos colaterais temporários, como inchaço ou desconforto, que afetam a autoestima. É essencial que os pacientes se sintam informados e acompanhados durante todo o processo, desde o planeamento até à recuperação. Esta abordagem centrada na transparência tem sido uma das principais linhas diferenciadoras do nosso projeto, permitindo-nos estabelecer relações de confiança duradouras com aqueles que confiam em nós para o seu cuidado de saúde. Por que razão é tão importante procurarmos profissionais credenciados na área da Medicina Estética? Numa área onde lidamos diretamente com a Saúde, é essencial orientarmo-nos cada vez mais pela qualidade e segurança dos procedimentos. Nos dias de hoje, observamos um crescimento exponencial da Medicina Estética, mas é importante sublinhar que os procedimentos estéticos devem ser realizados por profissionais devidamente qualificados e formados na área. Enquanto a Medicina Estética realizada por profissionais competentes pode trazer resultados maravilhosos, quando realizada por pessoas sem a devida formação, os resultados podem ser desastrosos. Em casos de procedimentos malsucedidos, a autoestima da pessoa pode ser gravemente afetada, deixando-a desnorteada e desesperada. Muitas vezes, essas pessoas não se sentem confortáveis em procurar ajuda médica convencional, o que pode prolongar o problema. Temos recebido muitos casos de pacientes que realizaram tratamentos em locais não licenciados e agora estamos a lidar com as consequências, que podem incluir desde infeções até cicatrizes permanentes. Estamos a falar de graves consequências para a saúde e autoestima das pessoas, que procuraram um serviço para melhorar, mas acabaram por se prejudicar ainda mais. Nesta área, é fundamental que os pacientes sejam cuidados e que os tratamentos sejam realizados de forma a melhorar a sua autoestima e imagem, sem causar danos adicionais. Pessoas informadas, tomam melhores decisões. É disso que se trata? Sim, informar as pessoas é fundamental para que possam tomar decisões mais conscientes e fundamentadas na área da Saúde, especialmente na Medicina Estética. É essencial promover a literacia sobre questões relacionadas com procedimentos estéticos, para que a sociedade possa compreender melhor o que é possível e o que não é, assim como os potenciais riscos e benefícios envolvidos. Como profissionais de saúde, é nosso dever fornecer conhecimento e informação detalhada aos pacientes, para que possam tomar decisões informadas sobre os tratamentos que desejam realizar. Às vezes, isso implica dizer não a certos procedimentos, especialmente se considerarmos que podem ser prejudiciais para a saúde física ou emocional do paciente. Portanto, parte do nosso papel como médicos é moderar as expectativas, garantindo que as pessoas compreendam de uma forma realista os resultados que podem ser alcançados. O que é que mais a fascina no seu trabalho? A minha paixão por esta área vai muito além da simples intervenção. É incrível perceber a transformação na pessoa como um todo. É gratificante poder desmistificar os medos e os mitos associados aos tratamentos estéticos, proporcionando aos pacientes um ambiente de confiança e informação. Além disso, a constante evolução da Medicina Estética e a possibilidade de oferecer soluções cada vez mais seguras e eficazes são fascinantes. O meu maior prazer é poder ajudar as pessoas a sentirem-se melhor consigo mesmas, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Ver o impacto positivo que posso ter na vida dos meus pacientes, mesmo que por vezes com simples intervenções, é verdadeiramente gratificante. Um bom resultado é um resultado natural? Sem dúvida. Um dos objetivos da Medicina Estética é alcançar resultados naturais, onde a mudança seja subtil e a pessoa se sinta renovada, sem alterações drásticas que sejam óbvias para os outros. Este tipo de resultado é muitas vezes procurado, onde o paciente deseja apenas um ‘refresh’, uma melhoria na sua aparência sem que pareça ter passado por uma intervenção estética evidente. Um bom médico sabe respeitar as caraterísticas únicas de cada pessoa e mantendo a sua identidade visual. Um resultado natural deve realçar a beleza intrínseca de cada pessoa, proporcionando-lhes uma aparência rejuvenescida. Há cada vez mais pessoas a recorrerem à Medicina Estética? Claramente. Este fenómeno indica uma mudança cultural, onde o estigma associado aos tratamentos estéticos está a diminuir e as pessoas estão cada vez mais abertas a explorar opções para melhorar a sua aparência e bem-estar. Atualmente, a procura pela Medicina Estética abrange uma ampla faixa etária e ambos os géneros. Esta diversificação reflete a compreensão crescente de que os cuidados estéticos não são exclusivos de uma determinada idade ou sexo, mas sim uma forma de investir na própria autoestima e qualidade de vida. É interessante notar que o interesse pela Medicina Estética não se limita apenas à correção de problemas estéticos já existentes, mas também à prevenção e manutenção da aparência ao longo do tempo. As pessoas estão a reconhecer a importância de cuidar da sua pele e do seu corpo desde cedo, como parte de um estilo de vida saudável e integral. “As pessoas estão a reconhecer a importância de cuidar da sua pele e do seu corpo desde cedo, como parte de um estilo de vida saudável e integral.” É fundamental pensarmos na Medicina Estética cada vez mais como prevenção? Quando uma pessoa incorpora hábitos como a aplicação diária de protetor solar e cuidados básicos com a pele, é possível promover um processo de envelhecimento mais equilibrado. Especialmente entre os 20 e os 30 anos, é benéfico iniciar tratamentos pontuais e regulares, mesmo que seja apenas uma vez por ano, para prevenir os primeiros sinais de envelhecimento precoce. Ao adotarmos esta abordagem preventiva, podemos manter uma pele mais saudável e jovem ao longo do tempo, chegando aos 50 anos com uma aparência mais vibrante e rejuvenescida. Esta prática reflete não apenas um investimento na estética, mas também na saúde a longo prazo. O autocuidado de alguém que lida diariamente com a beleza dos outros é fundamental? É indiscutivelmente fundamental, porque somos um espelho para aqueles que nos procuram. E também por isso alerto para os cuidados além do consultório. É essencial que as pessoas compreendam que este é um processo colaborativo. É fundamental seguir rituais de autocuidado não só com a pele, mas também em termos de estilo de vida como um todo. A nossa pele reflete o que fazemos diariamente, desde a nossa alimentação até aos hábitos prejudiciais como fumar ou o uso de solário. É nosso papel alertar para os malefícios desses comportamentos e aconselhar sobre práticas mais saudáveis no quotidiano. Não é necessário adotar rotinas de cuidado muito elaboradas, mas sim encontrar práticas simples e sustentáveis que possam ser incorporadas facilmente na vida diária. O objetivo é facilitar o autocuidado, tornando-o acessível e viável para todos. Regressando à Vera empreendedora: o investimento em formação e tecnologia de ponta é fundamental nesta área? É obrigatório. Não podemos esquecer que uma empresa que não cresce, morre. Portanto, é fundamental continuarmos a investir na empresa e em novos tratamentos para permanecermos relevantes e competitivos no mercado. Neste setor em particular, o progresso é exponencial, o que significa que devemos estar constantemente atualizados. No entanto, é importante salientar que não se trata apenas de adquirir todos os equipamentos disponíveis. É necessário direcionar os nossos esforços para nos tornarmos especialistas numa determinada tecnologia ou procedimento e sermos reconhecidos como referência nesse sentido. A qualidade da tecnologia que utilizamos acaba por ser um excelente complemento aos nossos serviços, integrando-se de forma harmoniosa no tratamento global oferecido aos pacientes. Além disso, a formação contínua dos profissionais é essencial. Com o surgimento constante de novos produtos e técnicas, é importante estarmos sempre atualizados para garantir que oferecemos o melhor serviço e estamos preparados para lidar com quaisquer complicações que possam surgir. Quais são as grandes tendências emergentes em Medicina Estética? A Medicina de Longevidade. Com os avanços da Ciência e da Medicina, espera-se que a esperança média de vida da população aumente significativamente nas próximas décadas. Isso significa que os cuidados de Saúde estarão cada vez mais voltados para garantir que as pessoas possam desfrutar de uma vida longa e saudável. Na área da Medicina Estética, isso traduzir-se-á numa uma maior ênfase na qualidade de vida e na qualidade da pele à medida que envelhecemos. Os tratamentos estéticos não serão apenas para corrigir imperfeições, mas também para promover uma pele saudável e jovem ao longo dos anos. Portanto, podemos esperar que a Medicina Estética evolua para oferecer uma abordagem mais abrangente e integrada, em linha com a Epigenética. Este é um campo emocionante e promissor que continuará a crescer ao longo dos anos. O que é que ainda gostava de vir a fazer? Para além de concluir o internato, gostava de vir a explorar outras áreas, como o Marketing e as Vendas na Saúde. É verdade que muitos médicos não recebem formação nessa área e acabam por enfrentar desafios na comunicação com os pacientes e na promoção dos seus serviços. Ensinar outros médicos sobre estratégias de Marketing, Comunicação Eficaz e competências de Vendas pode contribuir significativamente para a melhoria da prática médica como um todo. É importante reconhecer que, hoje em dia, a competitividade na área da saúde está em constante crescimento. Destacarmo-nos não é apenas uma questão de sermos competentes naquilo que fazemos, mas também de sabermos como comunicar eficazmente e promover os serviços oferecidos. Portanto, investir em conhecimentos nessa área pode ser um passo importante para o sucesso profissional. Morada: Rua Dr. Carlos Lloyd Braga 17, 4715-319 Braga Contacto: 913 553 361 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: FaceMi – Instituto Médico da Face Instagram: @institutofacemi www.face-mi.com “Detetamos cada vez mais casos de fibrilhação auricular em exames cardiovasculares, uma das principais causas de AVC” “Ser educadora de infância e organizadora de eventos permite-me unir o melhor de dois mundos”
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