Restaurantes Na cozinha de Diogo e Celso junta-se o Alentejo ao Minho e há memórias de vida, cura e amor By Revista Spot | Fevereiro 8, 2025 Fevereiro 10, 2025 Share Tweet Share Pin Email O amor não se mede em palavras, mas no gesto silencioso de um prato que sussurra: “estou aqui para ti”. É a canja quente, preparada com paciência e afeto, que aquece por dentro e cura o que os olhos não veem. É o arroz de pato caseiro que nos transporta de volta a quem somos. Porque a comida feita com amor não é apenas alimento—é memória, é colo, é casa. Das tradições alentejanas às influências minhotas, do improviso a uma mesa onde todos têm lugar, Diogo Pereira e Celso Amiguinho deram ao seu amor múltiplas formas. O Amor Vive na Cozinha renasceu e cheira a comida de conforto e a scones acabados de fazer. A porta abriu-se de par em par para nos ensinar como se ama e como se mudam vidas para sempre… O Amor Vive na Cozinha Os ingredientes acabados de chegar do mercado ali ao lado ganham vida nas mãos de Celso. O que torna o Amor na Cozinha especial é que, tão depressa estamos a falar de Filosofia com o Celso ao balcão, como nos perdemos na sensibilidade contagiante de Diogo no instante seguinte. Este não é um lugar comum e percebemo-lo quando Celso nos conta que, na semana anterior, prepararam um jantar de aniversário com pompa e circunstância para um menino com trissomia 21, que sonhava com uma refeição especial fora de casa. Este é o lugar de todos os dias, o cantinho de bairro acolhedor onde queremos entrar para provar um novo sabor, ou simplesmente para ter uma boa conversa. Mas já lá vamos. Primeiro, importa contar como tudo começou… De pessoas para pessoas Na cozinha, a magia acontece. Mas, mais do que sabores e aromas, ela é feita de encontros, histórias e memórias. E é exatamente isso que move Diogo Pereira e Celso Amiguinho, dois nomes que carregam muito mais do que apenas profissões ou funções: carregam um sonho, uma missão, um verdadeiro projeto de vida. A história começa com o Diogo, fisioterapeuta em Lisboa, cuja rotina o levava a acompanhar pacientes ao domicílio. Com o tempo, percebeu que tratava mais do que dores físicas: tratava emoções, resgatava memórias, trazia afeto. O desgaste emocional tornou-se evidente, mas foi a perceção de um detalhe simples que transformou tudo: muitas vezes, o que os pacientes mais precisavam não era apenas fisioterapia, mas sim de um motivo para sair, para se sentirem vivos. Foi assim que conheceu Celso, especialista em reabilitação e massagem terapêutica. Juntos, perceberam que um simples gesto, como convidar um paciente para almoçar, poderia ser tão transformador como qualquer sessão de fisioterapia. Após a pandemia, depararam-se com um cenário devastador: idosos e pacientes acamados que não saíam de casa há imenso tempo. Pessoas que perderam não apenas a mobilidade, mas a razão para sonhar. Foi então que a ideia ganhou forma: a “Reabilitação dos Sonhos” nasceu para resgatar momentos, devolver emoções e permitir que essas pessoas voltassem a sentir a vida. A cozinha como ponte para as memórias No meio desse processo, algo surpreendente aconteceu. Cozinhar para os pacientes não era apenas uma questão de alimentação: era um gatilho para memórias. Uma paciente com Alzheimer, por exemplo, voltou a recordar a infância ao sentir o cheiro de um salame de chocolate, lembrando-se do pai e de tardes felizes em Olhão. A comida tornou-se um elo entre o presente e o passado, um passaporte para momentos esquecidos. “Em Portugal, a mesa sempre foi o centro da família. Mas quando a doença chega, esse ritual tão simples pode ser quebrado. Muitas famílias isolam-se, com medo do julgamento ou do desconforto de ver um ente querido debilitado. E é exatamente essa barreira que o projeto quer derrubar: criar um espaço onde ninguém precisa de se esconder, onde cada um é acolhido como é. Se não consegue comer com garfo e faca, come com as mãos. Se precisa de ajuda, tem. O que importa é o conforto, a dignidade e o prazer de estar à mesa.”, garante Diogo. A ponte entre o Minho e o Alentejo O Amor Vive na Cozinha nasceu para nos lembrar de que cozinhar é liberdade e expressão. No caminho, trouxe as influências alentejanas de Celso e as memórias da infância minhota de Diogo. As receitas são como um poema improvisado que tanto nos traz um Bacalhau com Broa reinventado como uma Sericaia a dançar na calda da Ameixa de Elvas. Há vinhos e enchidos do Alentejo, Ensopado de Borrego, Vitela Assada e um Chá com Scones ao lanche. E, todos os dias ao almoço, há aquele carinho genuíno de quem sabe que realizar pequenos desejos pode fazer toda a diferença no dia de alguém. É, sobretudo, disso que se trata: realizar sonhos. O sonho de quem deseja voltar a saborear a comida da avó, de quem não pode comer certo alimento, mas descobre uma versão reinventada ainda mais deliciosa, ou de quem simplesmente quer assistir a uma apresentação de um livro, viver um encontro inesperado à mesa ou partilhar histórias de vida. O Amor Vive na Cozinha é, no fundo, aquilo que quisermos fazer dele. A mesa é para todos A inclusão é um pilar fundamental. Cada experiência é pensada para garantir conforto e bem-estar a todos, respeitando as necessidades individuais. E quando surge um pedido especial, a resposta é sempre acolhedora. “Uma criança que queria salsichas com batatas fritas recebeu exatamente isso. Porque o importante não é impor gostos, mas sim criar momentos felizes à mesa.”, brinca Celso ao recordar um episódio. Comida que arrepia, porque alimenta a alma No coração da cidade, naquele pequeno bairro onde as ruas contam histórias e as fachadas das casas guardam memórias, existe um restaurante que é muito mais do que um simples lugar para comer. Ali, o amor vive no cuidado de quem corta os legumes com paciência, de quem prova o molho antes de servir, de quem espera à mesa com um sorriso, ansioso pelo primeiro pedaço. É o toque invisível, mas sempre presente, de quem cozinha não apenas com as mãos, mas com o coração. Mais do que um restaurante, O Amor Vive na Cozinha é um lar sem paredes, onde o tempo passa devagar. De repente, o Celso já nos conhece pelo nome e sabe que gostamos de coentros na comida, e o Diogo sabe o que nos vai na alma sem precisarmos de palavras. Este é um lugar que nos muda para sempre e que nos ensina, acima de tudo, a sermos melhores pessoas, num mundo que é um sítio extraordinário para se viver. No final do dia, só o amor importa e essa é a mensagem mais poderosa que levamos connosco. Morada: Praça do Comércio, nº 90, 4700-370 Braga Contacto: 253 796 310 (chamada para a rede fixa nacional) Facebook: O AMOR vive na Cozinha Instagram: @oamorvivenacozinha “Numa sociedade que exige que as mulheres sejam ‘super mães’, o apoio emocional e o autoconhecimento são essenciais para a redefinição de papéis” O psicólogo português que leva a psicologia positiva aos Caminhos de Santiago e a ‘caminhadas com propósito’ ao ar livre
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