SAÚDE DA MULHER “A maternidade vai muito além de listas de essenciais e guidelines, é sobre compreender as necessidades de bem-estar da mãe e do bebé desde o primeiro dia” By Revista Spot | Novembro 13, 2024 Novembro 15, 2024 Share Tweet Share Pin Email A maternidade vai muito além das listas intermináveis e das recomendações que nos chegam de todos os lados. Trata-se, antes de tudo, de perceber as necessidades essenciais que garantem o bem-estar da mãe e do bebé desde o primeiro dia. Cada mulher vive a maternidade de forma única, e o apoio emocional, a saúde física e o equilíbrio mental são fundamentais para uma experiência positiva. Segundo Ângela Lopes, fisioterapeuta materno-infantil, a preparação para o parto, a amamentação e os cuidados com o recém-nascido são aspetos importantes, mas é fundamental que a tenha mãe também espaço para se cuidar e responder às suas próprias necessidades. “O reconhecimento da importância do autocuidado, aliado ao acompanhamento especializado, permite uma recuperação mais suave e uma adaptação saudável à nova rotina. A maternidade é uma jornada de transformação, onde o cuidado integral e a atenção ao que realmente importa fazem toda a diferença para a mãe e o bebé.”, garante. De que forma as mudanças hormonais e posturais durante a gravidez afetam a biomecânica do corpo? Para entendermos as alterações biomecânicas do corpo durante a gravidez, é essencial começar pelas mudanças hormonais. Durante este período, hormonas como a progesterona, estrogénio, ocitocina, prolactina e HCG têm um papel fundamental ao promoverem diversas adaptações no organismo, que influenciam a estrutura, a postura e, consequentemente, a biomecânica dos movimentos. Num primeiro momento, a progesterona e o estrogénio agem principalmente sobre o útero, preparando-o para receber o óvulo fecundado. O útero passa por um processo de relaxamento e expansão, estimulado por estas hormonas, para dar início ao crescimento necessário. Essa adaptação estrutural acontece antes mesmo do aumento do volume da placenta, e é interessante notar que o corpo começa a ajustar a posição dos órgãos para criar espaço, numa organização que facilita o crescimento da placenta e do feto. Este processo provoca uma anteversão da bacia – ou seja, a bacia inclina-se ligeiramente para a frente, levando a uma maior projeção da barriga e a um alinhamento diferente das costas. Essa modificação postural acentua a curvatura lombar, o que influencia a movimentação dos braços e do tronco, podendo, eventualmente, originar algumas disfunções musculoesqueléticas. Além disso, com o deslocamento do centro de gravidade devido ao aumento do volume abdominal, o corpo ajusta-se para manter o equilíbrio. A base de apoio alarga-se, e é comum observar uma mudança na forma de caminhar. Estas adaptações são, portanto, essenciais para manter a estabilidade e o conforto da grávida ao longo da gestação, mas também podem ser a causa de algum desconforto físico e dores musculares em função das mudanças biomecânicas. Quais são as disfunções musculoesqueléticas mais comuns? As disfunções musculoesqueléticas mais comuns em pacientes grávidas e mulheres no pós-parto variam, dependendo da atividade física de cada uma, mas há algumas que são frequentemente observadas. Por exemplo, problemas como a síndrome do túnel do carpo e a lombalgia surgem devido a alterações biomecânicas e ao aumento da retenção de líquidos, que é típico da gravidez. Com o crescimento abdominal, a biomecânica do corpo altera-se, o que, combinado com a retenção de líquidos, leva ao aumento de pressão em certas estruturas, causando desconforto e dor. A lombalgia é uma das dores mais comuns, devido ao aumento da curva lombar e da pressão na zona baixa da coluna. Na região dorsal, também surgem dores, principalmente devido ao aumento do volume dos seios, que altera a postura, levando a uma inclinação para a frente e ao surgimento de dor na parte superior das costas. Além disso, a maior necessidade de nutrientes e minerais, essenciais para o desenvolvimento do feto, pode contribuir para o aparecimento de cãibras, que são exacerbadas pela desidratação e uma nutrição inadequada. Outra área afetada é o pavimento pélvico, que sofre com o aumento de peso e volume abdominal, e pode originar disfunções como incontinência urinária e prolapsos. Estas situações podem ser agravadas caso o pavimento pélvico não seja trabalhado, piorando ainda mais durante o parto, dificultando posteriormente a recuperação pós-parto. A prática de exercícios específicos, como pilates clínico e exercícios para o períneo e a manutenção de uma rotina saudável, que inclua, por exemplo, relações sexuais, pode ser benéfica para a preparação do corpo para o parto. Um pavimento pélvico fortalecido ajuda significativamente durante a gravidez e na recuperação, tornando o pós-parto mais confortável e sem necessidade de intervenções adicionais. A prevenção e o tratamento precoce de problemas como a incontinência urinária e a dor pélvica durante e após a gravidez são fundamentais? A prevenção e o tratamento precoce de problemas como a incontinência urinária e a dor pélvica durante e após a gravidez são essenciais para evitar que essas condições surjam ou que se agravem. Estes problemas estão geralmente ligados ao enfraquecimento do pavimento pélvico, uma área que desempenha um papel crucial no suporte dos órgãos pélvicos e na manutenção da continência. Durante a gravidez, as alterações hormonais e o peso adicional podem sobrecarregar essa musculatura, levando a desconfortos e disfunções que podem persistir ou até piorar após o parto se não forem tratados. Identificar e tratar os primeiros sinais de incontinência urinária e dor pélvica pode permitir uma recuperação rápida e efetiva, muitas vezes evitando tratamentos mais complexos no futuro. Intervenções precoces, como fisioterapia pélvica e exercícios específicos para fortalecer o pavimento pélvico, ajudam a prevenir a progressão dos sintomas e promovem a qualidade de vida da mulher. Os exercícios de fortalecimento do pavimento pélvico podem influenciar a recuperação pós-parto e a saúde sexual a longo prazo? O pavimento pélvico é uma estrutura muscular como qualquer outra do corpo, e, tal como em outros músculos, quando trabalhado e fortalecido, consegue recuperar-se mais rapidamente e de forma eficaz de eventuais lesões. Embora esta área não seja visível e frequentemente seja negligenciada, é possível desenvolver uma consciência sobre a sua importância. Durante o parto, um pavimento pélvico forte e funcional facilita a fase de expulsão, pois possui uma capacidade dinâmica de contrair e alongar, respondendo adequadamente ao processo de saída do bebé. Além disso, um pavimento pélvico fortalecido ajuda na recuperação após o parto, permitindo que a musculatura recupere o tónus e a posição original com mais rapidez e eficácia, minimizando desconfortos. A longo prazo, o fortalecimento desta área contribui também para a saúde sexual, ajudando a prevenir disfunções e desconfortos nas relações, promovendo assim uma maior qualidade de vida para a mulher. Existem variações desses exercícios para diferentes fases da gravidez? Sim, existem variações dos exercícios para as diferentes fases da gravidez, adaptadas à condição física da gestante. Em algumas situações, é necessário ter recomendações médicas específicas. De forma geral, existem exercícios ajustados para o primeiro, segundo e terceiro trimestres, pois cada fase apresenta diferentes necessidades e precauções. No início da gravidez, é comum pensar que a gestante pode fazer todas as atividades, mas isso não é verdade. Mesmo quem está habituada a atividades de alta intensidade deve reduzir o ritmo, uma vez que as alterações hormonais provocam mudanças no útero, uma estrutura contrátil. Essas hormonas reduzem a contratilidade do útero para evitar a expulsão do óvulo recentemente fecundado. Atividades de grande impacto, como saltos, corrida e exercícios de vibração, devem ser evitadas nessa fase inicial, pois aumentam o risco de aborto espontâneo e hemorragias. Assim, no primeiro trimestre, o foco é evitar exercícios de alto impacto, privilegiando atividades de baixo impacto, com os pés sempre estáveis no chão. A partir do segundo e terceiro trimestres, com o aumento do volume abdominal e alterações posturais, é necessário ajustar as posturas e ter cuidado com a compressão da veia cava, que pode ser uma preocupação nessas fases. A prática de pilates clínico é geralmente benéfica durante a gravidez, desde que respeite as particularidades de cada trimestre e as limitações físicas de cada gestante. Quais são as abordagens mais eficazes para tratar a diástase abdominal após o parto? A diástase abdominal ocorre naturalmente durante a gravidez para permitir o crescimento do bebé. É um processo funcional e necessário, mas exige atenção para evitar que a musculatura abdominal seja trabalhada de forma inadequada durante a gestação, o que poderia aumentar a diástase além do necessário e restringir o espaço do bebé. Após o parto, existem várias abordagens eficazes para tratar a diástase e promover a recuperação abdominal. Entre estas, os exercícios hipopressivos são amplamente recomendados. Estes exercícios ajudam a reposicionar os órgãos de forma a evitar que exerçam pressão desnecessária sobre a área afetada pela diástase. Além dos hipopressivos, o Pilates clínico é outra ferramenta essencial. Este método utiliza exercícios de baixa intensidade, muitas vezes com movimentos dos membros inferiores e cruzados, realizados com a mulher deitada ou sentada, para ajudar no encerramento da diástase. Há também o treino funcional adaptado, que pode ser introduzido gradualmente. É essencial que as recém-mamãs façam este trabalho com a orientação de um fisioterapeuta especializado em saúde materna, garantindo que o uso destas técnicas seja seguro e eficaz no processo de recuperação. Que atividades podem os pais realizar em casa para estimular o desenvolvimento motor do bebé nos primeiros meses de vida? Nos primeiros meses de vida, o desenvolvimento motor do bebé acontece de forma natural, impulsionado pelos reflexos inatos que gradualmente se transformam em movimentos intencionais e voluntários. Essa evolução é motivada pela curiosidade e pelo desejo de explorar o ambiente, com os sentidos da visão, audição e tato a desempenharem um papel determinante. Os pais podem contribuir para este processo com atividades simples e naturais, que fortaleçam o vínculo e estimulem o desenvolvimento de forma tranquila e eficaz. O bebé, ainda nos primeiros dias, começa a reconhecer e a responder à voz da mãe, que é a sua principal referência. Esse som familiar desperta o instinto de procurar a mãe e de mover a cabeça na direção da voz. Os pais podem reforçar esta perceção auditiva e o desenvolvimento bilateral, falando alternadamente de ambos os lados, incentivando o bebé a virar a cabeça e a exercitar a perceção sonora. Mais tarde, ao segundo mês, o bebé pode ser colocado de barriga para baixo, com os pais deitados à sua frente para motivá-lo a erguer a cabeça. Estes momentos favorecem o fortalecimento dos músculos do pescoço e introduzem a exploração visual, com o bebé a fixar-se na expressão dos pais ou em brinquedos simples, embora inicialmente ele prefira a voz e o contacto direto. O contacto pele a pele é essencial para o bebé, trazendo-lhe conforto e ajudando a regular os níveis de ansiedade. Durante a amamentação e em momentos de colo, o toque suave, os carinhos e a voz baixa são estímulos fundamentais que tranquilizam o bebé e promovem o desenvolvimento emocional e sensorial. A repetição deste contacto físico fortalece o vínculo entre mãe e bebé e dá-lhe uma sensação de segurança indispensável para um desenvolvimento saudável. O banho é outro momento especial, que pode ser uma experiência relaxante e estimulante ao mesmo tempo. Num ambiente calmo, o bebé associa a água morna ao ambiente intrauterino, sentindo-se confortável e seguro. Durante o banho, os pais podem massajá-lo suavemente com óleo de coco, que além de nutrir a pele é seguro se o bebé levar as mãos à boca. Este tipo de estímulo proporciona relaxamento muscular e sensorial, ao mesmo tempo que promove o vínculo e o bem-estar emocional. Para bebés que tendem a manter-se mais encolhidos, podem ser introduzidos de forma tranquila movimentos suaves para alongar as pernas e os braços. Esses alongamentos e toques frequentes ajudam a promover a mobilidade e a flexibilidade muscular, contribuindo para um desenvolvimento físico equilibrado. O receio de ‘estragar’ o bebé ao dar-lhe colo é um mito. Estudos demonstram que o contacto próximo e frequente com os pais ajuda o bebé a sentir-se seguro, reduzindo a irritabilidade e fortalecendo a confiança. Um bebé seguro chora menos e comunica apenas necessidades específicas, como fome, desconforto ou sono. Essa segurança, trazida pelo contacto físico, contribui para que o bebé se desenvolva física e emocionalmente de forma estável e confiante. Essas interações diárias não só impulsionam o desenvolvimento motor e sensorial como garantem que o bebé cresça com um sentido de segurança, dormindo melhor e chorando apenas para expressar necessidades reais. Com um ambiente calmo e seguro, os pais permitem que o bebé explore o mundo à sua volta de forma equilibrada e tranquila. Há sinais que permitem identificar problemas de desenvolvimento ou posturais no bebé? Os pais devem estar atentos a vários sinais para identificar possíveis problemas de desenvolvimento ou posturais no bebé. Durante o primeiro ano de vida, é fundamental observar a simetria nos movimentos e na postura. Se houver assimetrias no movimento ou no crânio, como um achatamento na base da cabeça, especialmente se o bebé tende a dormir sempre do mesmo lado ou de barriga para cima, é importante estar alerta. Além disso, os pais devem verificar se as orelhas estão alinhadas ou se uma está mais alta ou deslocada em relação à outra. A inclinação da cabeça, que pode indicar torcicolo, também é um sinal de alerta. Em relação ao tónus muscular, é importante observar se o bebé apresenta hipotonia (músculos muito flácidos) ou hipertonia (músculos muito tensos), pois ambos podem indicar problemas neurológicos. O bebé deve mostrar um tónus equilibrado; por exemplo, deve ser capaz de encolher os músculos de forma adequada, sem estar excessivamente encolhido. É especialmente relevante monitorizar o desenvolvimento do crânio e as assimetrias faciais. Os pais devem procurar um profissional para corrigir essas assimetrias até ao primeiro ano de vida, pois, após essa fase, as suturas cranianas fecham e a correção torna-se mais difícil. Por isso, se notarem qualquer assimetria ou deformação craniana, devem procurar ajuda profissional o mais rápido possível. Após o primeiro ano, caso o bebé desenvolva torcicolo, a preocupação será mais a nível musculoesquelético, não afetando tanto o desenvolvimento craniano ou facial. Existem dicas práticas para tornar a amamentação mais fácil e resolver problemas comuns como dor ou dificuldade em pegar no peito? Para tornar a amamentação mais fácil e resolver problemas comuns, como dor ou dificuldade em pegar no peito, há algumas dicas práticas que podem ajudar. Em primeiro lugar, a pega correta do bebé é essencial. A posição ideal para a amamentação é o contacto pele a pele, com a barriga do bebé virada para a barriga da mãe. O rosto do bebé deve estar voltado para a mama, de modo a garantir que ele se posicione corretamente. É importante estimular o bebé a abrir bem a boca antes de pegar no peito. Não devemos permitir que ele pegue de qualquer maneira. O bico do peito deve ser direcionado para o céu da boca do bebé, de forma a facilitar a abertura da boca e garantir uma pega adequada. Quando o bebé pega com a boca bem aberta e o lábio inferior ligeiramente enrolado para fora, está a fazer a sucção corretamente. Para facilitar o processo e evitar desconfortos, a mãe deve ter uma boa postura. Ela não deve estar em esforço, para prevenir problemas de coluna, ombros e braços. A postura deve ser confortável e relaxada, com o corpo bem apoiado. O uso de uma almofada de amamentação pode ser muito útil, pois ajuda a manter o bebé na posição certa, sem necessidade de esforço adicional por parte da mãe. É importante que a mãe esteja num ambiente calmo e tranquilo, pois a sua serenidade vai ajudar o bebé a estar mais relaxado durante a amamentação. A mãe deve estar completamente encostada, com o braço apoiado na almofada, e o bebé deve estar totalmente voltado para ela, nunca com a cabeça virada ou de barriga para cima. Além disso, se a mãe tiver uma cadeira de amamentação ou um espaço preparado para isso, será ainda mais confortável, já que passará bastante tempo neste momento sensorial e íntimo. Criar um ambiente propício para a amamentação pode fazer uma grande diferença na experiência, tanto para a mãe como para o bebé. É importante os pais não descurarem a sua saúde mental e emocional durante as primeiras semanas após o nascimento do bebé? De facto, é um momento desafiante, pois tudo muda com o nascimento de um bebé. Seria ideal que os pais se preparassem antes do nascimento, de forma a terem uma perceção mais clara do que está para vir. Mas, falando de forma prática, o que podem e devem fazer é praticar exercício físico, que traz benefícios não só ao corpo, mas também à mente. O exercício ajuda imenso no processo de adaptação. A nível emocional, quando estamos mais equilibrados física e psicologicamente, todo o processamento emocional se torna mais viável e saudável, mesmo nos momentos de maior stress. Uma estratégia eficaz nesses momentos são os exercícios respiratórios, que são excelentes para ajudar a acalmar. Além disso, a prática regular de meditação também é muito útil. Não é necessário meditar durante uma hora ou mais; pode começar-se com apenas dez minutos. A meditação pode ser feita em momentos simples, durante o banho, quando o pai ou a mãe têm algum tempo a sós. São pequenos momentos de meditação que ajudam a manter a mente em equilíbrio. Para o casal, uma prática fundamental, não só nesta fase, mas em qualquer fase da vida, é o diálogo. É essencial haver muito diálogo, parceria, compreensão e aceitação. Quando o bebé chega, é um momento novo para ambos, e tudo se torna uma novidade. Contudo, gostaria de dar uma ênfase especial à mãe, que atravessa uma montanha-russa emocional devido ao cocktail hormonal que vivencia. As hormonas da mulher têm um impacto constante ao longo da vida, o que pode provocar altos e baixos emocionais. Quando os momentos de baixa chegam, são mais desafiantes, e é necessária muita compreensão por parte do parceiro. A mãe também deve estar consciente de que, por vezes, pode estar a viver pensamentos negativos ou a sentir-se triste. A desregulação hormonal pode desencadear uma sensação de depressão, que pode demorar algum tempo a ajustar-se. Portanto, para as mamãs que nos estão a ler, é normal sentirem-se assim. Quando sentirem que não conseguem controlar a situação, devem procurar ajuda. Devem apoiar-se na família ou em amigos, mas é fundamental que o acompanhamento seja feito por um profissional de saúde, nomeadamente um psicólogo. O apoio psicológico é uma peça essencial para o equilíbrio emocional durante esta fase tão desafiante. Por fim, não podemos descurar a questão nutricional, que também desempenha um papel importante no bem-estar emocional. Alterações químicas no cérebro, causadas por uma alimentação inadequada, podem contribuir para o desenvolvimento da depressão. O ser humano é um ser complexo, com múltiplas interações que devem ser tratadas de forma integrada. Cada área da nossa saúde requer a atenção de um especialista, mas todos devemos trabalhar em conjunto para cuidar do ser humano de forma tridimensional. Não é por acaso que o nosso espaço se chama Reabilitação 3D—uma abordagem que visa o equilíbrio completo e a felicidade das famílias, cuidando de todas as suas dimensões. De que forma as novas técnicas de yoga para bebés ajudam a melhorar o desenvolvimento motor e a qualidade do sono dos recém-nascidos? O yoga, uma prática milenar, tem sido cada vez mais integrado na saúde materno-infantil, especialmente para os bebés, com foco na interação entre mãe e bebé. O que se destaca nesta abordagem é a estimulação do bebé de acordo com a sua fase de desenvolvimento, sempre com a supervisão dos pais, que aprendem a realizar os exercícios de forma adequada. Ao praticar yoga com os bebés, estimula-se a coordenação motora, promovendo uma execução mais fluida e orientada dos movimentos. O bebé sente-se seguro, pois está sempre com os pais, criando um ambiente familiar e de confiança. A lateralidade é trabalhada, e todos os sentidos do bebé são estimulados, incluindo a audição, através da melodia suave da voz da mãe, que cantarola e acompanha o exercício com músicas ou cantigas. Estes momentos reforçam o vínculo afetivo entre os pais e o bebé, através do contacto ocular e do toque, o que contribui para a sensação de segurança e conforto. Além dos benefícios motores e intelectuais, o yoga para bebés ajuda a relaxá-los, proporcionando uma sensação de cansaço saudável. Tal como acontece connosco, após uma atividade física, o bebé fica mais relaxado e com um sentimento de bem-estar. Isso facilita a transição para o sono, resultando num descanso mais profundo, prolongado e tranquilo. O bebé adormece com uma sensação de segurança, sabendo que esteve acompanhado e bem cuidado durante todo o processo. Quais são as vantagens deste modelo de cuidado integrado da Clínica Ângela Lopes, que inclui fisioterapia, nutrição e apoio psicológico para a saúde materno-infantil? O modelo de cuidado integrado, que inclui fisioterapia, nutrição e apoio psicológico, é fundamental para a saúde materno-infantil porque considera a mãe como um ser tridimensional, abordando os seus diferentes aspetos físicos, emocionais e nutricionais. Na fisioterapia, a principal preocupação está na preparação para o parto e na recuperação pós-parto. Focamo-nos em aspetos como o pavimento pélvico, a diástase abdominal e a reeducação postural, ajudando a mãe a voltar à sua postura original. Além disso, o fisioterapeuta também desempenha um papel importante na organização do espaço do bebé, prevenindo problemas como torcicolos ou assimetrias cranianas, como plagiocefalia, relacionados com má postura. O psicólogo, por sua vez, apoia o casal nesta fase de transição, em que a rotina e a estrutura emocional de ambos sofrem profundas alterações. Este acompanhamento é essencial, pois surgem desafios emocionais, tanto como casal quanto como pessoas, que podem despertar questões e traumas do passado, incluindo experiências da infância. O psicólogo dá as ferramentas necessárias para lidar com esses sentimentos, proporcionando suporte para ultrapassar esses momentos de mudança. Eu costumo chamar a este processo de ‘transcendência’, porque é realmente uma transformação profunda. Quando nos tornamos pais, passamos a um novo nível, como super-heróis, e é natural que sintamos dores de crescimento, pois a evolução não acontece sem esforço. A integração da fisioterapia, apoio psicológico e orientação nutricional garante que todas as necessidades da mãe e do bebé sejam respondidas de forma equilibrada. A fisioterapia assegura o bem-estar físico, o psicólogo oferece suporte mental e emocional, e o nutricionista orienta sobre a alimentação. Esta última, especialmente em períodos de stress e de tantas mudanças, pode ser negligenciada. No entanto, com a ajuda de um profissional da área, a mãe pode receber orientações práticas sobre como manter uma alimentação saudável, o que, muitas vezes, inclui sugestões de ementas para que não haja a preocupação constante de ‘o que é que vou comer?’. Essa orientação também é crucial durante a amamentação e na introdução dos primeiros alimentos ao bebé, como sopas, cremes e papas, garantindo que ambos, mãe e bebé, recebam os nutrientes necessários para o seu bem-estar. Portanto, este modelo integrado de cuidados é essencial para garantir que todos os aspetos da saúde materno-infantil sejam cuidados de forma integrada, proporcionando uma recuperação e adaptação suaves e equilibradas a esta fase de vida. A sua experiência moldou a sua abordagem à saúde materno-infantil? Que mensagem final que gostaria de deixar a pais e profissionais que nos estão a ler? A minha experiência não se limita apenas ao campo profissional, ela também é profundamente pessoal. O meu vínculo com a saúde materno-infantil começou quando era mais jovem, com a responsabilidade de cuidar do meu irmão, que tem uma diferença de 18 anos em relação a mim. Desde então, a minha atenção ao mundo infantil foi sempre mais cuidadosa. No entanto, a minha experiência profissional foi igualmente enriquecedora, e nada me preparou de forma mais profunda do que o facto de ter me tornado mãe. A gravidez, embora tenha ocorrido num momento difícil, durante o período de isolamento da COVID-19, permitiu-me vivenciar questões que muitas gestantes enfrentam, proporcionando uma visão muito mais rica e realista do que aquelas que obtemos através da literatura e da experiência indireta que vivenciamos através do outro. O que aprendi durante essa fase alterou profundamente a forma como vejo o papel da mãe, do pai e o relacionamento familiar. A mensagem que deixo para os pais é que se preparem antes, especialmente se estão a planear a parentalidade. Procurem uma equipa de apoio composta por fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas, como a que temos aqui, para receberem acompanhamento adequado. A preparação é essencial, não apenas para compreender as mudanças físicas e emocionais que vão ocorrer, mas para estarem prontos para lidar com elas de forma positiva. O conhecimento é a chave; saber o que esperar, como as alterações hormonais, biomecânicas e emocionais, prepara-nos para enfrentar esta fase com maior serenidade. Recomendo também que se preparem fisicamente, com práticas como o pilates clínico de preparação para o parto, que ajudam a prevenir disfunções e a garantir um ambiente saudável. A alimentação também é crucial: uma nutrição adequada vai fornecer o suporte necessário para o corpo da gestante e para o desenvolvimento saudável do bebé. O ambiente onde o bebé se desenvolve, desde antes da fecundação, é fundamental. Manter-se o mais relaxada possível, reduzir o stress, que pode afetar diretamente o bebé, e garantir que está a viver num ambiente emocionalmente seguro, vai refletir-se na calma e segurança do bebé quando nascer. Além disso, é importante focar na saúde mental e emocional, garantindo noites bem dormidas e mantendo uma alimentação rica em alimentos naturais e frescos. O acompanhamento psicológico, físico e nutricional é essencial e nunca deve ser subestimado. Dentro deste acompanhamento, oferecemos aulas educativas de parentalidade, onde estão incluídos temas como ‘Os cinco componentes inter-relacionados e indivisíveis do cuidado nutritivo, ‘Preparação para o nascimento’. ‘Bem-estar do cuidador’, ‘Banho do bebé’, ‘O sono’, ‘A amamentação, ‘Posturas e posicionamentos no sono e na amamentação’, entre outros, onde os pais poderão aprender sobre as mudanças que irão experienciar e sobre como lidar com elas. É, sem dúvida, um grande apoio que os ajuda a desenvolver autoconhecimento e a tornarem-se melhores pessoas e pais, prontos para dar o melhor ao seu filho ou filha. Morada: Rua dos Congregados, nº 99, São Vítor, Braga Contacto: 928 155 855 (chamada para a rede móvel nacional) Facebook: angelalopes_3D Imstagram: @angelalopess_3d Aniversário de conhecido pugilista português junta amigos e personalidades no Café Restaurante Astória em Braga “Tratar a insónia ou o burnout com fármacos sem olhar para a causa que os despoleta é pôr um penso rápido num problema contínuo”
ATIVIDADE FÍSICA / MEDICINA INTEGRATIVA / NUTRIÇÃO / SAÚDE DA MULHER “Embora os nossos genes possam predispor-nos a doenças, são as escolhas que fazemos ao longo da vida que determinam se essas predisposições se manifestam ou não” Com um percurso de 25 anos enquanto médica de Medicina Interna, Fabiana Castro procurou unir desde cedo diferentes visões terapêuticas…
Bebés / Pré - Natal / SAÚDE DA MULHER “Como doula não sou a favor de um tipo específico de parto, mas sim uma defensora da humanização e do respeito pelas decisões da mulher” O papel da doula é fundamental no apoio físico e emocional das mulheres durante a gravidez, o parto e o…
SAÚDE DA MULHER “A fisioterapia pélvica pode ser a diferença entre sofrer em silêncio e recuperar o controlo do próprio corpo” A fisioterapia pélvica tem vindo a afirmar-se como uma área essencial na saúde, especialmente nos últimos anos, com o aumento…