Bebés/Pré - Natal/Saúde Infantil “A maternidade é muito mais sobre sentir do que saber” By Revista Spot | Junho 17, 2024 Junho 17, 2024 Share Tweet Share Pin Email Quem a segue, sabe que ela é muito mais do que uma médica apaixonada por saúde materno-infantil. Mãe de dois filhos e uma voz firme no empoderamento feminino, Nádia Sepúlveda aborda a saúde feminina e a maternidade de A a Z, sem filtros nem clichés. À distância de um ecrã, transforma-se naquela amiga a quem ligamos a qualquer hora, com dúvidas e, por vezes, desabafos sobre o desafio de ser mãe, mulher e assumir múltiplos papéis numa sociedade que segue cada vez mais fórmulas estereotipadas e que deixou de ouvir a intuição. A escuta atenta num mundo ruidoso Para Nádia, a maternidade vai muito além do conhecimento técnico que as guidelines nos vão incutindo. “Trata-se de intuição e escuta atenta. As mães e as famílias devem confiar mais nos seus instintos e menos em prescrições genéricas.”, frisa. Para além da sua prática clínica, Nádia é uma educadora incansável. Capacita as mulheres a tomarem decisões informadas sobre a sua saúde e bem-estar, dotando-as do conhecimento necessário para enfrentar os desafios que possam surgir no longo do caminho da maternidade. O seu compromisso com a prevenção e a educação é o reflexo de alguém que vê a saúde como uma jornada contínua de autoconhecimento e cuidado preventivo. Uma das suas maiores missões passa por capacitar as suas pacientes, ajudando-as a navegar pela complexidade da saúde feminina com confiança e preparação. O seu trabalho não só melhora vidas, mas também contribui para uma comunidade mais consciente e saudável, onde cada mulher é encorajada a cuidar de si mesma de forma integral e empoderada. “Muitas mulheres desconhecem aspetos fundamentais de sua anatomia e ciclo menstrual. Isso não só afeta a saúde reprodutiva, mas também pode levar a equívocos sobre a conceção e fertilidade.”, refere. Das consultas pré-concecionais ao acompanhamento pós-parto, Nádia destaca a importância de uma abordagem integrada. Numa consulta sua, ou num vídeo partilhado nas redes sociais, é comum falar-se de saúde, hábitos de vida e aspetos mais complexos como saúde mental e dinâmicas familiares. A médica acredita que a preparação para a maternidade deve incluir, acima de tudo, um profundo entendimento das necessidades emocionais e psicológicas envolvidas. A importância do plano de parto Talvez muitas mulheres nunca tenham sequer ouvido falar no plano de parto, uma das expressões do dicionário de Nádia Sepúlveda, ferramenta essencial que permite às mulheres expressarem as suas preferências e necessidades durante um dos momentos mais significativos das suas vidas. “Ao discutir antecipadamente questões como métodos de alívio da dor, posição de parto preferida e cuidados com o recém-nascido, as mulheres sentem-se mais empoderadas e confiantes. Um plano de parto bem elaborado é mais do que uma lista de desejos, é um guia que ajuda a equipa médica a entender melhor as expectativas da grávida. Não só facilita a comunicação durante o trabalho de parto, mas também promove um ambiente de colaboração e respeito mútuo entre a paciente e os profissionais de saúde.”. explica. Segundo Nádia, cada parto é único e é crucial que o plano seja flexível o suficiente para se ajustar às circunstâncias que possam surgir durante o trabalho de parto, “isso garante que a grávida permaneça no controlo da sua experiência, promovendo um parto mais positivo e satisfatório.”, acrescenta. Quebrar tabus A perda gestacional é um assunto delicado, rodeado frequentemente por tabus e silêncios que dificultam a expressão do luto e do sofrimento das mulheres que passam por essa experiência. Nádia reconhece que cada caso de perda gestacional é único e que o processo de luto é altamente pessoal. “É fundamental que as mulheres se sintam validadas no seu luto, independentemente das circunstâncias. Não há uma hierarquia de dor, cada perda é significativa e merece ser reconhecida.”, revela. O tabu em torno da perda gestacional muitas vezes resulta num isolamento emocional para as mulheres que a vivenciam. Nádia reconhece a importância de oferecer um espaço seguro onde as mulheres possam expressar as suas emoções sem julgamento. “A perda gestacional não deve ser banalizada ou minimizada. É um acontecimento que pode ter um impacto profundo na saúde mental e emocional. É fundamental que as pessoas sintam que sua dor é reconhecida e que têm o direito de lamentar essa perda de uma forma que faça sentido para elas.”, evidencia. Mas afinal o que é a checklist essencial do bebé? Preparar o enxoval do bebé pode ser uma experiência emocionante e, ao mesmo tempo, desafiante para muitas mães. Nádia partilha uma visão pragmática e experiente sobre os itens essenciais que não devem faltar na checklist do primeiro enxoval. “A primeira coisa a considerar é um local seguro para o bebé dormir. Muitas vezes, pode ser na própria cama dos pais, desde que seja feito com segurança e seguindo as recomendações apropriadas. Além disso, os bebés precisam de muito menos roupa do que geralmente se imagina. Peças práticas, fáceis de vestir e com fechos são ideais para facilitar as trocas durante a noite, quando todos estão um pouco sonolentos. Outro ponto crucial é a escolha da alimentação do bebé. Para quem opta pelo leite materno, é essencial procurar apoio à amamentação desde cedo. Se a opção for o leite artificial, é importante aprender como prepará-lo de forma segura e consultar profissionais de saúde para orientação adequada. Na checklist não deve faltar ainda uma cadeira para o automóvel, de forma a proteger o bebé durante as deslocações. Mas mais importante do que qualquer uma destas dicas, o melhor que podemos dar aos nossos bebés vai muito além dos bens materiais. O amor e o cuidado dos pais são fundamentais para o desenvolvimento saudável e feliz de qualquer bebé.”, assegura. Amamentação: uma dança a dois A amamentação é um tema profundamente significativo e, muitas vezes, complexo o caminho da maternidade. “Amamentar é como uma dança a dois, uma interação delicada entre mãe e bebé, onde ambos precisam de se sentir confortáveis e em sintonia,”, expressa Nádia. A importância da integração multidisciplinar na amamentação pode ser fundamental. “Hoje em dia, é comum procurar apoio de especialistas em amamentação, osteopatia, terapia da fala, entre outros, para resolver questões que possam surgir. Esta abordagem integrada ajuda a assegurar que a amamentação seja uma experiência positiva e bem-sucedida para ambos.”, salienta. Um dos mitos mais persistentes que Nádia aborda é o da suposta ‘qualidade do leite’. “Este é um mito que precisa ser desmistificado. Na realidade, a maioria das mulheres é capaz de produzir leite suficiente para o seu bebé. Quando há dificuldades, é importante procurar apoio adequado, pois mesmo em casos mais desafiantes, as mães podem ser apoiadas para alcançar o aleitamento exclusivo, se desejado.”, afirma. A médica discute também a pressão social em torno da amamentação prolongada. “Não há um prazo de validade para a amamentação. Enquanto mãe e bebé estiverem confortáveis e a beneficiar da experiência, não há razão para a interromper prematuramente.”, diz. Além dos benefícios nutricionais óbvios, Nádia destaca os benefícios emocionais e de saúde para a mãe. “Amamentar não é apenas sobre nutrição. Reduz o risco de cancro da mama e oferece inúmeros benefícios, nomeadamente ao nível da saúde mental para a mãe, além de promover um vínculo especial com o bebé. É importante que as mães recebam informações precisas e apoio desde o início. Isso pode ajudar a superar mitos e garantir que todas as mulheres tenham a oportunidade de fazer escolhas informadas sobre a alimentação dos seus bebés. É um percurso único para cada mãe e bebé. O importante é encontrar o que funciona melhor para ambos e apoiar essa escolha com respeito e compreensão.”, aconselha. O sono dos bebés Outro assunto normalmente controverso é o sono dos bebés. De acordo com a médica, “Não existe uma fórmula única que funcione para todos os bebés. Tal como os adultos, cada bebé tem o seu próprio ritmo e padrão de sono. Esta diversidade é natural e deve ser compreendida sem gerar pressões desnecessárias sobre os pais. A pressão social para que os bebés durmam a noite toda desde cedo pode ser intensa, mas é importante lembrar que nem todos os bebés seguirão um padrão semelhante. Essa expectativa pode criar frustrações desnecessárias para os pais, que muitas vezes se sentem culpados quando os seus bebés não se ajustam a esses padrões idealizados.”, menciona. Babywearing: Uma prática antiga com benefícios atuais O babywearing, prática ancestral que ganhou nova relevância, representa não só uma forma de transporte prático para os bebés, mas também uma conquista significativa para mães e pais “Há muitas tribos que utilizam o babywearing há séculos como uma forma eficiente de manterem os bebés próximos enquanto realizam as suas atividades diárias. Durante décadas, houve uma visão equivocada de que dar colo criaria bebés mimados. Felizmente, estamos a regressar a um entendimento mais equilibrado da fisiologia do bebé, reconhecendo a importância do contacto físico para o seu bem-estar físico e emocional. O babywearing é uma aliança perfeita dos nossos tempos. Permite que os pais realizem tarefas do dia-a-dia enquanto mantêm o bebé próximo e confortável. Aqui em casa, tanto eu como o pai adoramos fazer caminhadas e explorar trilhos com os nossos bebés desde cedo e o babywearing torna isso possível.”, partilha. Introdução alimentar sem clichés A introdução alimentar, um momento essencial no desenvolvimento dos bebés, causa, frequentemente, uma enorme preocupação entre os pais. Contudo, Nádia alerta “quando racionalizamos demasiado tudo perdemos a oportunidade de deixar as coisas fluírem naturalmente. Imaginem quantas famílias pelo mundo encontram os seus próprios caminhos. Esta diversidade reflete a variedade de abordagens válidas na introdução alimentar, não havendo uma única forma correta de proceder. A flexibilidade e o bom senso são fundamentais neste processo, permitindo adaptações conforme as necessidades individuais de cada bebé. A parentalidade é uma paleta de tons de cinzento. Um processo complexo, sem verdades absolutas, onde cada família descobre o seu próprio equilíbrio. O foco deve estar na troca construtiva de experiências, sem deixar que opiniões isoladas ditem as escolhas individuais.”, realça. O que ainda ficou por dizer sobre o Pós-parto… No entender de Nádia, esta ausência de fórmulas deve estender-se ao pós-parto e ao entendimento das necessidades da mulher: “Seria tão reconfortante ouvir: estás a fazer um ótimo trabalho como mãe, mesmo nos dias mais difíceis. Não precisamos de perfeição, mas sim de compreensão e aceitação da realidade, das emoções que vêm e vão. É isso que me move neste trabalho de partilha e informação. Longe de todos os estereótipos e ideais, quero continuar a estar presente para todas as mães e mulheres, descomplicando e tornando este processo mais leve, apoiando cada pessoa na sua jornada, que será sempre única e irreproduzível.”, conclui. “A transformação pessoal começa quando decidimos mudar a forma como vemos a vida” “Postura é poder. A forma como nos posicionamos diz muito sobre nós”
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