Psicologia “A intimidade entre duas pessoas não se constrói com blocos de tempo marcados no calendário” By Revista Spot | Abril 15, 2025 Abril 17, 2025 Share Tweet Share Pin Email Vivemos uma nova era dos relacionamentos. Se antes o amor era construído sobre estabilidade e papéis bem definidos, hoje o cenário é outro: procuramos conexão emocional, intimidade e crescimento mútuo — mas sem abrir mão da nossa liberdade. Queremos estar com alguém, mas não perder quem somos no processo. Segundo a psicóloga clínica Ana Sofia Dias, esse equilíbrio delicado entre o “nós” e o “eu” é um dos maiores desafios da vida moderna. As redes sociais criaram novas inseguranças, comparações e expectativas irreais e a vida acelerada esgota o tempo de qualidade. “Relacionarmo-nos, hoje, exige mais do que amor. Exige consciência, escuta ativa e coragem para sermos vulneráveis. É um ato de resistência — contra a superficialidade, o imediatismo e o medo de sentir profundamente.”, refere. Há diferenças entre gerações na forma como vemos os relacionamentos? Claramente, sim. Se olharmos para trás, para as gerações dos nossos avós ou até mesmo dos nossos pais, os relacionamentos tinham uma estrutura muito diferente. Os papéis estavam bem definidos: o homem como o provedor, a mulher como cuidadora da casa e da família. As relações eram, sobretudo, construídas em torno da estabilidade e da segurança – muitas vezes mais económica do que emocional. Com o tempo, isso mudou. Hoje procuramos muito mais do que segurança numa relação. Procuramos companheirismo, intimidade, partilha, admiração mútua, crescimento pessoal. Queremos um parceiro, mas também um amigo, um confidente, um amante, alguém que nos inspire e caminhe connosco. Há até uma frase que gosto muito e que diz: “Hoje, esperamos de uma só pessoa o que antes era encontrado numa aldeia inteira.” Isto ilustra bem a quantidade de expectativas que colocamos numa única relação. Ao mesmo tempo, valorizamos muito a nossa individualidade. Queremos estar numa relação, mas não abdicar de quem somos. E este paradoxo – o desejo de conexão profunda versus a necessidade de espaço próprio – cria desafios muito próprios nas relações contemporâneas. O impacto da tecnologia nas relações é mais positivo ou negativo? A tecnologia tem, sem dúvida, um impacto profundo nas relações – e esse impacto pode ser tanto positivo como negativo. Tudo depende da forma como a utilizamos. Por um lado, a tecnologia pode aproximar-nos. Pode ser uma ferramenta de conexão, especialmente em relações à distância. Uma simples mensagem durante o dia pode ser uma forma de mostrar que o outro está presente nos nossos pensamentos. As chamadas de vídeo, os emojis, as partilhas diárias… tudo isso pode alimentar o vínculo. Mas, por outro lado, quando usada de forma automática ou sem consciência, a tecnologia afasta-nos. Quantas vezes vemos casais, ou famílias, sentados à mesa, cada um no seu ecrã, sem trocar uma palavra? Os olhos estão no telemóvel, em vez de estarem nos olhos do outro. Criou-se esta ideia de que estamos sempre ligados, mas, paradoxalmente, muitas vezes estamos cada vez mais desconectados emocionalmente. Vivemos cada um no seu “mundo digital”, esquecendo a presença real ao nosso lado. O segredo está no equilíbrio. A tecnologia pode ser um recurso valioso para manter viva a ligação, mas não pode substituir a presença, o toque, a escuta ativa. Porque, no fim, o que sustenta uma relação continua a ser o tempo de qualidade partilhado – e esse não se mede em likes ou mensagens, mas em presença genuína. De que forma a cultura do trabalho e do hiperprodutivismo tem afetado a qualidade das relações amorosas? Vivemos numa sociedade profundamente marcada pela cultura do desempenho, onde o valor da pessoa parece estar diretamente ligado à sua produtividade. Ser “alguém ocupado”, com uma agenda cheia e horários preenchidos até à exaustão, é frequentemente sinónimo de sucesso e reconhecimento social. No entanto, esta lógica, quando transposta para a esfera íntima, revela-se muitas vezes desastrosa. A intimidade emocional entre duas pessoas não se constrói com blocos de tempo marcados no calendário – ela nasce da presença genuína, da escuta ativa e da disponibilidade emocional. E é precisamente aí que reside o grande desafio atual: chegamos a casa exaustos, com a mente ainda em modo “execução”, sem espaço interno para o outro. Não é tanto o tempo em si que falta, mas a qualidade da presença. Quando não existe disponibilidade emocional, mesmo que o casal passe tempo junto, há um distanciamento afetivo. E esse afastamento, mantido no tempo, fragiliza os vínculos e compromete a profundidade da relação. As relações amorosas precisam de espaço para respirar, para existir fora da lógica do rendimento. Caso contrário, tornam-se mais uma tarefa a cumprir… e perdem a sua essência. O que é que os casais de hoje mais procuram na terapia de casal? Cada casal traz à terapia o seu próprio universo de vivências, expectativas e dores. Mas há padrões que se repetem: muitas vezes, os casais procuram ajuda quando sentem que “algo se perdeu” – a comunicação tornou-se difícil, o diálogo escasso, ou as discussões passaram a ser rotineiras e destrutivas. Contudo, aquilo que traz um casal à terapia nem sempre é o verdadeiro problema. Frequentemente, é apenas a ponta do icebergue – um sintoma de algo mais profundo. Um conflito recorrente pode esconder inseguranças, ressentimentos antigos ou uma desconexão emocional prolongada. Entre os temas mais frequentes estão: dificuldades de comunicação, ruturas de confiança (como infidelidades), sensação de desvalorização, carência de afeto, e sobretudo, o distanciamento emocional. Outro ponto comum é a dificuldade em lidar com as emoções – tanto as próprias como as do parceiro – e a ausência de estratégias eficazes para gerir o conflito de forma construtiva. A terapia de casal é, assim, um espaço privilegiado para (re)aprender a escutar, a nomear o que se sente, a validar o outro e a reconstruir o vínculo. O medo da vulnerabilidade e da intimidade emocional é um problema crescente nas relações? Sem dúvida. Ainda persiste a crença de que revelar fragilidade é um sinal de fraqueza. Mas a verdade é que não há intimidade sem vulnerabilidade. Intimidade verdadeira implica mostrar quem somos de forma autêntica – com luzes e sombras. O problema é que, ao expormo-nos emocionalmente, sentimos que corremos o risco de sermos rejeitados ou magoados. Muitos trazem feridas de relações passadas e criam barreiras emocionais como forma de autoproteção. Mas essas mesmas barreiras que nos protegem da dor… também nos isolam do amor. Na terapia de casal, é fundamental trabalhar esta disponibilidade para a vulnerabilidade. Aprender a dizer: “aqui dói”, sem medo. E, mais importante ainda, aprender a acolher a vulnerabilidade do outro com empatia e cuidado. Quando a vulnerabilidade é acolhida e não usada como arma, ela transforma-se numa poderosa ponte de conexão. As relações amorosas são, inevitavelmente, um espaço onde as nossas defesas caem. E é nesse espaço que mais crescemos, se estivermos dispostos a viver com verdade. Como distinguir uma crise passageira de um problema estrutural no casal? Nem sempre é fácil distinguir o que é uma crise pontual de um problema mais profundo, mas há alguns sinais importantes a considerar. Uma crise passageira tende a estar associada a acontecimentos específicos e temporários — como o nascimento de um filho, uma mudança de emprego, ou uma fase de maior stress. Apesar do impacto, o casal mantém a capacidade de se escutar, de cooperar e, acima de tudo, de procurar soluções em conjunto. Há um compromisso mútuo em ultrapassar a situação, o que indica uma base relacional sólida. Já um problema estrutural manifesta-se com maior persistência e tende a repetir-se em ciclos, afetando de forma contínua a qualidade da ligação emocional. Pode ter origem numa crise mal resolvida, mas vai ganhando peso com o tempo, especialmente quando surgem sentimentos de desvalorização, solidão dentro da relação, ou falta de apoio emocional. Quando um ou ambos os membros deixam de sentir que estão do “mesmo lado da equipa”, perde-se a capacidade de reparação, o que pode levar a um ponto de rutura. É essencial observar se há abertura para o diálogo, empatia e vontade de reconstruir — ou se, pelo contrário, o casal se encontra num impasse emocional, onde já não se sente escutado, validado ou seguro. Quais são os erros de comunicação mais comuns num casal? A comunicação é, sem dúvida, o coração de qualquer relação. No entanto, muitos casais confundem falar com comunicar. Um dos erros mais comuns é a forma reativa com que se expressam as insatisfações: em vez de se falar sobre sentimentos ou necessidades, recorre-se frequentemente à crítica ou à acusação. Isto gera um padrão defensivo, onde um ataca e o outro se protege, criando distância emocional. Outro erro frequente é a falta de escuta genuína. Muitas vezes, ouvimos apenas para responder, e não para compreender. Desvalorizamos o que o outro sente ou diz, com frases como “lá estás tu com essas coisas”, o que mina a confiança emocional. Há ainda o hábito de presumir intenções ou sentimentos do outro, como se fôssemos adivinhos: “já sei o que vais dizer”, “tu pensas sempre assim”. Isto impede o diálogo autêntico e bloqueia a possibilidade de conhecer o outro tal como ele é naquele momento. Trabalhar a comunicação na terapia passa por desenvolver empatia, presença emocional e linguagem não violenta — aprendendo a expressar-se de forma clara, sem acusar, e a escutar com verdadeira disponibilidade. As redes sociais criaram novas formas de ciúme e insegurança? As redes sociais alteraram profundamente a forma como os casais vivem a intimidade e a perceção da relação. Por um lado, existe uma hiperexposição seletiva, onde se partilham apenas momentos felizes e idealizados. Isto leva a uma comparação constante com outras relações, frequentemente irreais, o que pode gerar insatisfação e frustração no próprio relacionamento. Além disso, surgem novas formas de ciúme e desconfiança — como o controlo de gostos, comentários ou interações com terceiros. Há uma diluição dos limites entre o público e o privado, o que pode afetar a sensação de segurança emocional. Alguns membros do casal podem também procurar nas redes uma validação externa que já não sentem dentro da relação, o que fragiliza ainda mais o vínculo. A sensação de “estar disponível para o mundo” pode criar desconforto, principalmente se não houver diálogo claro sobre expectativas e limites. Por isso, é fundamental que os casais reflitam juntos sobre o impacto das redes sociais na sua dinâmica: como gerem a exposição, como lidam com a comparação, e que tipo de confiança constroem — dentro e fora do ecrã. Há um limite entre uma simples interação online e uma traição emocional? A linha entre o que é considerado uma traição emocional e uma simples interação online é muito subjetiva e depende das fronteiras acordadas entre o casal. Algumas pessoas podem sentir que uma simples conversa com alguém do sexo oposto já é uma violação da confiança, enquanto outras podem ver isso como inofensivo, desde que não haja intenções de intimidade. O que importa aqui não é apenas o comportamento em si, mas a intenção por trás dele. A busca de validação emocional fora da relação pode indicar que algo está a faltar no relacionamento principal, o que pode prejudicar a confiança a longo prazo. Portanto, é importante que os casais discutam abertamente os limites e as expectativas em relação a interações com outras pessoas, de forma a garantir que ambos se sintam seguros e respeitados. É saudável que casais partilhem senhas e tenham total acesso ao telemóvel um do outro? A questão fundamental não é o ato em si, mas a motivação por trás desse comportamento. Se a necessidade de controlar o telemóvel do parceiro surge de um lugar de medo ou insegurança, isso pode ser um sinal de que questões emocionais não resolvidas precisam ser abordadas. A verdadeira confiança numa relação deve ser construída a partir de comunicação aberta e respeito pela privacidade de cada um, permitindo que ambos preservem a sua individualidade e espaço pessoal. O acesso ao telemóvel não deve ser encarado como um direito, mas como uma escolha saudável dentro da dinâmica do casal, onde ambos se sintam à vontade. Em última análise, a confiança deve ser cultivada através de diálogo, respeito e compreensão mútua, não pela vigilância constante. O “ghosting” é um fenómeno cada vez mais comum. O que é que essas atitudes dizem sobre a forma como lidamos com os relacionamentos hoje? O fenómeno do ghosting – onde uma pessoa simplesmente desaparece sem qualquer explicação ou despedida – é uma tendência crescente, especialmente no mundo das relações digitais. Essa atitude revela muito sobre a dificuldade em lidar com a vulnerabilidade e a complexidade emocional nos relacionamentos modernos. Muitas vezes, o ghosting ocorre porque as pessoas não sabem como lidar com a recusa ou a comunicação de que não estão mais interessadas em alguém. A pressão da sociedade e das redes sociais, que valorizam interações rápidas e superficiais, alimenta essa cultura da instantaneidade e da evitação. Existe uma tendência para evitar confrontos e assumir responsabilidades emocionais, o que leva ao comportamento de desaparecer de uma forma abrupta, sem o respeito necessário pelo outro. No entanto, o ghosting também pode refletir uma resistência ao compromisso emocional. Num mundo onde as relações podem parecer descartáveis, a vulnerabilidade de admitir que não queremos continuar uma relação é vista por alguns como algo difícil de lidar. A falta de coragem para comunicar diretamente pode ser um reflexo de uma sociedade que, muitas vezes, prefere a superficialidade às interações mais profundas, onde se assume o risco de ferir ou ser ferido. No fundo, o ghosting é um sintoma de uma dificuldade de a pessoa se conectar emocionalmente e de uma aversão ao confronto, onde alguém prefere a evasão a lidar com as complexidades das relações interpessoais. Isso pode tornar os relacionamentos mais frágeis e afetar a capacidade de construir uma intimidade verdadeira. A terapia de casal é indicada apenas para casais em crise, ou pode ser preventiva? Idealmente, a terapia de casal não deveria ser vista como uma solução de última hora, mas sim como uma ferramenta para fortalecer a relação e promover o entendimento mútuo desde os primeiros sinais de dificuldades. Os casais podem procurar terapia quando começam a perceber pequenas disfunções na comunicação ou no relacionamento, e não apenas quando já estão em crise. Além disso, a terapia de casal também pode ser útil em transições importantes, como a chegada de filhos, a mudança de dinâmica familiar, ou mesmo quando o casal decide focar-se em como manter a relação saudável a longo prazo. Em situações de divórcio ou separação, a terapia pode ser igualmente eficaz para ajudar os ex-cônjuges a manter uma boa comunicação, especialmente enquanto pais, o que é crucial para o bem-estar dos filhos. O foco não deve ser apenas o resgatar da relação, mas também encontrar novas formas de convivência saudável. Como funciona um processo de terapia de casal? A primeira consulta envolve geralmente uma avaliação cuidadosa, onde escutamos as queixas de ambos os parceiros, analisamos o contexto da relação e identificamos os pontos de tensão. A partir daí, traçamos um plano de intervenção individualizado, com estratégias que podem ir desde a melhoria da comunicação, à gestão de conflitos ou ao desenvolvimento da empatia e da inteligência emocional. Um aspeto fundamental da terapia de casal é reconhecer que não se trabalha apenas “o casal”, mas também as histórias e feridas individuais que cada um traz. Compreender os padrões emocionais de cada um permite transformar a relação de forma mais consciente e sustentável. Ao longo das sessões, os casais aprendem a ouvir e a expressar-se com mais clareza, a validar sentimentos, a identificar padrões tóxicos e a cultivar um espaço onde ambos possam crescer. E, por vezes, esse crescimento implica transformar — ou mesmo redefinir — a relação. O mais importante é que esse caminho seja feito com consciência, respeito e presença. O conceito de “amor-próprio” está a ser mal interpretado ao ponto de afastar as pessoas do compromisso e da construção a dois? Muitas vezes, associamos amor-próprio a uma ideia de autossuficiência extrema, onde se presume que precisamos de estar completamente completos sozinhos antes de ser capazes de nos relacionarmos com os outros. Este entendimento erróneo pode criar uma barreira ao compromisso e à construção de uma relação saudável, levando algumas pessoas a evitar a intimidade emocional ou a depender excessivamente da sua própria independência. No entanto, o verdadeiro amor-próprio implica a capacidade de cuidar de si mesmo, mas também de estar disponível para o outro e manter um equilíbrio saudável entre a individualidade e a relação a dois. Amar a si mesmo não significa excluir o outro, mas sim ser capaz de criar um espaço saudável para que o outro possa também ser cuidado, respeitado e valorizado. Uma relação verdadeira é uma troca, onde ambos os parceiros investem no bem-estar do outro, ao mesmo tempo que preservam o seu próprio espaço emocional. Como evitar que um relacionamento se torne emocionalmente dependente de forma negativa? A dependência emocional pode surgir de forma natural, dado que somos seres relacionais por natureza e precisamos de conexão com os outros. No entanto, é importante distinguir entre interdependência saudável e codependência. Na interdependência, as duas pessoas apoiam-se mutuamente de maneira equilibrada, sem abrir mão da sua autonomia. Ou seja, eu posso sentir-me confortável ao estar com o outro, mas consigo também funcionar e ser independente quando necessário. Já na codependência, a pessoa sente que não pode viver sem o parceiro, é dependente emocionalmente de forma excessiva. A chave está em manter a escolha da relação. As relações devem ser baseadas na escolha mútua, no respeito pela individualidade de cada um e no apoio, sem que um dependa completamente do outro para se sentir seguro ou completo. Assim, é importante questionar-se: posso viver e agir sozinho, ou a presença do outro é essencial para a minha estabilidade emocional? Quais são os sinais de que uma relação não está saudável? Uma relação torna-se não saudável quando os pilares emocionais — como respeito, segurança e liberdade — se perdem. Os sinais de alerta incluem o afastamento emocional, a falta de comunicação aberta e a ausência de intimidade, seja ela emocional ou física. Quando uma das partes começa a afastar-se, seja fisicamente ou emocionalmente, é sinal de que algo não está bem. Se as conversas deixam de acontecer, se as preocupações e os sentimentos são ignorados ou abafados com a ideia de que “isso vai passar”, é provável que a relação esteja a atravessar dificuldades. A falta de intimidade — que muitas vezes inclui a sexualidade — também é um ponto importante a ser observado, pois a conexão emocional e física é essencial para manter a saúde do vínculo. Outros sinais incluem tensão constante, comunicação tóxica ou ausente, medo de ser autêntico, e um controlo disfarçado de “cuidado”. O isolamento emocional, o desejo crescente de estar longe do parceiro, a desvalorização do esforço e o ciclo repetitivo de conflitos não resolvidos, revelam um desligamento profundo. Quando se sente solidão dentro da própria relação, algo precisa de ser revisto. Numa relação tóxica, o amor deixa de ser nutritivo e começa a oprimir. Estar numa relação nunca deve significar abandonar quem somos. Quando o vínculo deixa de ser um espaço seguro, é hora de olhar com coragem para o que está a acontecer. Procurar ajuda pode ser o primeiro passo para a transformação — do casal ou de si próprio. A Psicologia foi uma relação de amor na sua vida? A Psicologia foi, sem dúvida, uma história de amor. Foi uma paixão silenciosa, que se revelou aos poucos — como um fio invisível que sempre me guiou, mesmo antes de eu saber o seu nome. Desde muito cedo, sentia um fascínio profundo pelo comportamento humano. Queria entender o que estava por trás de cada emoção, de cada decisão, de cada gesto relacional. A minha curiosidade crescia como uma semente alimentada pelo desejo de ver além do óbvio. E, sem dar por isso, fui-me apaixonando por essa forma de escutar o invisível, de ler o que não está escrito. Mas houve um momento mais marcante: quando, aos 17 anos, perdi o meu pai. Nesse momento fui confrontada com uma dor profunda e incomensurável. Essa perda não só partiu o meu mundo, como me obrigou a olhar para dentro. Surgiram perguntas que nunca mais me largaram: de onde vem o sofrimento? Como se atravessa a dor? Há forma de a ultrapassar? E quem nos pode acompanhar nesse caminho? Essa experiência foi o ponto de viragem: percebi que queria dedicar a minha vida a compreender o ser humano — não só na dor, mas na sua complexidade emocional mais ampla. A Psicologia, então, apareceu como uma bússola. Não apenas para encontrar sentido na dor, mas para descobrir caminhos de transformação. Mais tarde, ao começar a compreender o verdadeiro valor das relações humanas, comecei a interessar-me pela forma mais íntima de nos relacionarmos. Quando mergulhei na terapia de casal tudo ganhou um novo significado, foi como cada peça se encaixasse num puzzle maior. Perceber o outro tornou-se uma forma de amar — e amar tornou-se uma forma de compreender. Hoje sei que tudo começa quando temos a coragem de olhar com verdade para dentro de nós. Morada: Endereço: Av. Mal. Humberto Delgado 20 1º Dto. Trás, 4760-012 Vila Nova de Famalicão Contacto: 912 221 024 (chamada para a rede móvel nacional) Instagram: @anasofia.psicintegrativa Facebook: Ana Sofia – Psicologia Integrativa “No futuro digital, lidera quem compreende verdadeiramente as empresas e não apenas quem sabe programar” No The Little Gym Braga as crianças descobrem o mundo a brincar
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