Moda

“A moda é uma expressão de identidade”

By Revista Spot | Novembro 12, 2023 Novembro 12, 2023

De um fast fashion para um slow fashion, a moda está a tornar-se cada vez mais ética e sustentável, rumo a um futuro ambientalmente consciente. Alexandra Dangauthier, um dos rostos da Boutique Antónia Lage, elogia esta metamorfose, destacando o impacto significativo da cultura ‘digital’ na forma como as pessoas vivem e interagem com as tendências, que, de temporada em temporada continuarão a ser sempre a expressão máxima de uma mensagem que transcende línguas, culturas e fronteiras.

Quais são as tendências marcantes da temporada FW 23/24?

Na temporada FW 23/24, as tendências trazem uma paleta de cores disruptiva, destacando tons como vermelho, púrpura, rosa-fusco e castanho. Os tecidos metalizados ganham destaque, especialmente em vestidos e blusas de lycra metalizada, conferindo um toque de brilho e sofisticação.

Uma caraterística marcante é o retorno à simplicidade e aos itens básicos. Calças e blazers pretos estão a tornar-se peças essenciais no guarda-roupa, permitindo combinações versáteis e um estilo mais clean e minimalista.

Os estampados estão a perder espaço para padrões geométricos e simples, contribuindo para um visual mais futurista e atual. A moda está também a voltar-se para a sustentabilidade, priorizando a utilização de ecopele como uma resposta às crescentes preocupações ambientais.

A sustentabilidade e a ética tornaram-se elementos essenciais na equação da moda contemporânea?

Definitivamente. As grandes marcas estão a adotar práticas mais éticas e ecologicamente corretas. Os designers abandonaram o uso de peles verdadeiras e estão a inovar com materiais que imitam a pele de forma ecológica e cruelty-free. Esses avanços resultaram em materiais incríveis, praticamente indistinguíveis dos produtos de origem animal, evidenciando o notável progresso da tecnologia e da consciencialização ambiental na indústria da moda.

A mentalidade das grandes marcas está a mudar de um fast fashion para um slow fashion?

Hoje em dia, as marcas estão a repensar as suas estratégias em relação às quantidades produzidas. Essa mudança para o slow fashion promove a durabilidade e a intemporalidade das peças, valorizando a qualidade sobre a quantidade. O resultado é uma abordagem mais sustentável, que beneficia o meio ambiente, reduz o desperdício e permite que as pessoas desfrutem das suas roupas por mais tempo.

A moda é uma expressão de identidade pessoal e comunicação visual?

Cada escolha é uma declaração visual que reflete a personalidade, o estilo e até mesmo o estado de espírito de alguém. E isso vai muito além do simples ato de vestir.

Ao caminhar pelas ruas, é possível identificar uma pessoa que escolheu roupas que a fazem sentir-se especial e confiante. Um casaco e um vestido bem selecionados, que se encaixam perfeitamente na pessoa, não apenas realçam a sua beleza exterior, mas também transparecem uma forma de estar. A moda tem o poder de transformar a maneira como nos vemos e como os outros nos veem.

A moda bem escolhida é capaz de transmitir uma mensagem visual poderosa. Esse é o segredo de um bom negócio no mundo da moda: a capacidade de ajudar os clientes a escolherem roupas que reflitam uma identidade pessoal, uma história contada através da forma como nos vestimos.

A moda está a tornar-se cada vez mais inclusiva e diversificada?

A busca pela inclusividade e diversidade na moda é um caminho importante e progressivo. Isso significa criar roupa para todas as pessoas, independentemente do tamanho que usam. O objetivo é que todos possam sentir-se bem e confiantes nas suas escolhas de moda. Embora tenhamos visto progressos nessa área, ainda há um longo trabalho a ser feito para tornar a moda verdadeiramente inclusiva e diversificada.

A cultura da moda nas redes sociais e o surgimento de influenciadores digitais tiveram um grande impacto na forma como as pessoas percebem e interagem com a moda?

Atualmente, a influência das redes sociais e dos influenciadores é inegável, e isso tem um profundo impacto nas escolhas de moda e nas preferências dos consumidores.

Os clientes passaram a usar a internet e as redes sociais para obter informações sobre as últimas tendências, dicas de estilo, e até mesmo conselhos de compra. Seguem influenciadores digitais, assistem a tutoriais de moda e leem biografias, adquirindo um conhecimento substancial sobre o assunto, o que considero extremamente positivo.

Continua a ser importante olhar para o que se faz no mundo? A presença em feiras continua a ser fundamental para vocês?

A presença em feiras ainda desempenha um papel fundamental na nossa estratégia, embora tenham surgido novas dinâmicas na forma como nos envolvemos com as marcas.

Hoje em dia, a diferenciação no setor da moda está intrinsecamente ligada à seleção dos showrooms certos. Espaços que são uma lufada de ar fresco de novos talentos e criadores. Muitos deles estão ávidos por apresentarem as suas marcas num ambiente que é tradicionalmente dominado por nomes estabelecidos. Acreditamos na importância de apoiar e dar visibilidade aos jovens criadores, pois eles trazem uma nova perspetiva e criatividade à indústria, tornando-a ainda mais dinâmica e rica em diversidade.

Que visão tem para o futuro do setor?

Primeiro, vejo um aumento contínuo da preferência por materiais ecológicos e cruelty-free. Essa consciência ambiental e ética está a moldar a forma como as marcas produzem e os consumidores escolhem as suas roupas.

Além disso, acredito que as linhas de moda clean e minimalistas continuarão a ganhar destaque no futuro. A busca por designs simples, atemporais e versáteis está a tornar-se uma tendência predominante.

A inovação também desempenhará um papel fundamental no futuro da moda. É provável que vejamos avanços em materiais, tecnologia e processos de produção que conduzirão a novas abordagens.

Quais são as novidades mais recentes no universo Antónia Lage?

Vamos introduzir brevemente novas marcas que vão trazer novidade e disrupção ao nosso catálogo. Entre elas, a irreverente Anine Bing, a elegante Sensi Studio e a internacionalmente reconhecida Moschino, famosa pelas suas criações ousadas e icónicas que desafiam as convenções da moda. E não podemos esquecer a inovadora Philosophy Runway, que parece segredar-nos ao ouvido a célebre frase: “a moda é uma forma de dizer quem somos sem precisarmos de falar.”