Fotografar a humanidade que nos despe

By Revista Spot | Agosto 4, 2023 Agosto 4, 2023

Mais do que o resultado, a sessão envolve uma química que não se explica. É um mundo feminino muito próprio de uma mãe para outras, mas, acima de tudo, de uma mulher para outras. Um workflow sem barreiras, num trabalho de técnica, amor e intuição. Há quem lhe chame arte. Aida Oliveira prefere apelidar a sua fotografia de experiência partilhada, nessa relação profunda que nasce entre o fotógrafo e a pessoa do lado de lá da câmara…

Intimismo

A fotografia tem o dom de transformar. Não porque altere a realidade, mas porque a realça pelos olhos de quem a sente. Como se fosse capaz de entrar dentro de nós e libertar a nossa essência mais bonita. A verdadeira essência de que somos feitos.

Uma dessas fases-luz é a maternidade, esse momento único em que dois corações começam a bater em uníssono. Mais do que a realidade, importa a forma como a vemos, mas sobretudo como a vivemos. E nesse gesto de agarrar a câmara com as duas mãos, Aida Oliveira agarra também a vida, numa fotografia existencialista que coleciona momentos e experiências.

Uma sessão é normalmente uma dança a duas, ou a dois, que flui ao sabor de um momento que jamais se repetirá. Tem ritmo, suavidade e acima de tudo uma naturalidade difícil de descrever. É leve como uma troca de emoções. Subtil e sensorial em pormenores que nem sempre se veem a olho nu, mas que a fotógrafa descobre no interior da alma de quem se cruza com ela.

Colecionar momentos e memórias

As formas femininas que vão ganhando novos contornos à medida que as semanas avançam. A gargalhada espontânea de quem se reconheceu de verdade numa pequena frame revelada entre disparos. A sessão é descomplicada como a realidade deve ser, tem uma simplicidade que a torna única.

Podem ser semanas de transformação, dias de vida, ou uma nova etapa importante. Se tivéssemos a oportunidade de nos vermos do lado de fora todos os dias, o que veríamos? Aida Oliveira responde sem pensar: beleza. É isso que se descobre em cada pequeno ser, em cada pessoa, em cada momento que capta ínfimos detalhes que não precisam de palavras.

A fotografia de Aida Oliveira tem voz e muito a dizer sobre a vida e sobre as pessoas. É humana e intuitiva e rompe com os clichés e estereótipos de uma realidade virtual e filtrada. É real, tem luz, sombra e linhas de expressão. É curiosa e desassossegada, precisamente por acreditar que o impossível de reproduzir não existe.