SAÚDE Entrevista a Manuel António Campos, dermatologista no IPO do Porto: “Uma em cada cinco pessoas irá desenvolver cancro de pele” By Revista Spot | Julho 17, 2023 Julho 17, 2023 Share Tweet Share Pin Email Uma em cada cinco pessoas irá desenvolver cancro de pele. Quem o diz é Manuel António Campos, dermatologista do IPO do Porto, professor da Escola de Medicina da Universidade do Minho e Diretor Clínico da Mutual Clinic Braga, que alerta para a importância da prevenção, através do autoexame e de uma exposição solar regulada. Das principais doenças de pele, à dermatologia estética, poderosa aliada do Smart Aging, a adoção de hábitos de vida saudáveis continua a ser o principal caminho para a saúde da pele ao longo da vida… Quais as doenças de pele mais comuns? Essa questão não tem uma resposta completamente correta, por vários motivos. Em primeiro lugar, não existe um estudo de prevalência perfeito. Por outro lado, as doenças dependem de muitas variáveis, inclusive a localização geográfica. Posso referir, sim, as doenças de pele mais comuns na minha consulta, que são principalmente: Acne do adolescente e do adulto, Eczemas, – que podem ser atópicos, seborreicos, de contato, entre outros -, Alopecias, que podem ser de várias causas – androgenética, areata, entre outras – e infeções fúngicas da pele. Assim como a preocupação e vigilância de cancro de pele, que acaba por ser dos motivos mais comuns da vinda do paciente a uma consulta de dermatologia. Como prevenir o cancro de pele? A prevenção do cancro de pele passa sempre pela diminuição ou evicção da exposição ao principal fator de risco, as radiações ultravioleta. Assim, devemos reduzir ao máximo e proteger-nos da exposição às radiações, vulgo sol, utilizando medidas de proteção como utilização de protetor solar (sempre fps ‘fator de proteção solar’ 50+), uso de chapéu e óculos de sol. Além disso, devemos expor-nos sempre nas horas em que a intensidade das radiações UV é menor, ou seja, antes das 11h00 e depois das 16h00. Uma regra útil para sabermos quando é mais segura a exposição solar é utilizar a ‘regra da sombra’. Quando a sombra que projetamos no chão for superior à nossa altura (de preferência o dobro), a radiação já não é tão intensa e podemos expor-nos de forma mais segura ao sol. O melanoma maligno é o tipo de cancro de pele mais agressivo. Existem fatores de risco para desenvolvimento da doença? Sem dúvida que o melanoma é o cancro de pele que devemos tentar evitar ao máximo, seja através da prevenção ou da sua deteção precoce. Existem vários fatores de risco que eu gosto de dividir em dois grupos: os fatores de risco intrínsecos (não modificáveis): olhos claros, pele clara, > 50 ‘sinais’ (nevos melanocíticos), história familiar, ou pessoal, de melanoma, sexo masculino e os fatores de risco extrínsecos (modificáveis): exposição solar intensa, história de escaldões, viver numa área geográfica com grande exposição solar e de elevada altitude, frequentar solários (prática complemente desaconselhada). Quais os sinais de alerta para visitar um dermatologista? Para o melanoma os sinais de alarme são a conhecida regra do ‘ABCDE’. Se um sinal for Assimétrico, tiver Bordos irregulares, várias Cores, um Diâmetro > 5mm, e Evoluir nos últimos 6 meses, são indicadores da possibilidade de estarmos perante uma lesão suspeita de melanoma. Além da regra do ABCDE, refiro frequentemente na minha consulta que uma ferida que não cicatrize ao fim de um mês deve ser observada por um médico, preferencialmente por um dermatologista. O autoexame e o diagnóstico precoce são essenciais? O diagnóstico precoce é a nossa maior arma no combate ao cancro de pele. Felizmente quando os cancros cutâneos são diagnosticados precocemente o seu prognóstico é excelente (por outras palavras a probabilidade de sobreviver é elevadíssima). O autoexame é uma estratégia que todos podem adotar, observando todos os sinais com a ajuda de um espelho e procurar os sinais de alarme que descrevi anteriormente. Sempre que uma lesão suspeita for detetada, deverá ser idealmente observada por um dermatologista. O Dermatoscópio Digital é hoje uma ferramenta fundamental? Costumamos dizer que o dermatoscópio é estetoscópio dos dermatologistas. Uso o dermatoscópio digital para observar praticamente todas as lesões da pele. Com ele conseguimos ser melhores médicos, aumentar em até 100 vezes a nossa precisão diagnóstica. Qualquer paciente que realize um rastreio de cancro cutâneo deve ser observado por dermatoscopia, preferencialmente digital. Além de permitirem a observação, os novos aparelhos conseguem armazenar as lesões, permitindo a comparação destas em futuras consultas. É uma arma essencial na deteção precoce do cancro cutâneo. Quais as consequências de uma exposição solar exagerada durante o Verão? A exposição solar exagerada pode aumentar grandemente o risco de cancro de pele, mas não só. Sabemos que a exposição leva a imunossupressão, aumenta o risco de fotossensibilidade, leva ao aparecimento frequente de Lucite estival benigna (a chamada ‘alergia ao sol’) e promove fortemente o fotoenvelhecimento. Costumo referir que o melhor antirrugas é o protetor solar. Usar antirrugas, sem incluir um protetor solar na rotina não faz sentido. Que recomendações especiais devemos ter em conta nesta época do ano? Devemos procurar expor-nos sempre de forma responsável ao sol. Sabemos que a exposição adequada pode ter vários benefícios no humor, na síntese da vitamina D. Contudo, se esse limite de exposição for ultrapassado começam os problemas. Recomendo usar sempre protetor solar fps 50+, aplicar e renovar a aplicação de 2 em 2 horas, evitar as horas de maior exposição (11h às 16h), uso de chapéu e roupa com índice de proteção UV, uso de óculos de sol, e procurar ativamente a sombra. A prevenção é sempre o melhor caminho? É a única forma de caminharmos. Sabemos que uma em cada 5 pessoas irá desenvolver um cancro de pele. Temos de ‘achatar’ esta curva, combater o aumento do aparecimento de novos casos. Só assim conseguiremos diminuir as consequências na qualidade de vida e na sobrevida dos nossos pacientes. A dermatologia estética assume cada vez mais destaque nos dias de hoje. Existem fatores chave para travar o tão temido envelhecimento da pele? Não quero ser repetitivo, mas uma exposição solar regulada é a base do combate ao envelhecimento. Complementarmente existem outros procedimentos que usamos na dermatologia para retardar o envelhecimento, nomeadamente estimulando a produção natural de colagénio, através do ultrassom microfocado de alta intensidade, que gosto particularmente, da radiofrequência microagulhada e do uso de bioestimuladores. Todos iremos envelhecer, queremos é envelhecer melhor e mais lentamente, o chamado Smart Aging. Uma rotina de skincare que inclui proteção solar, limpeza e hidratação é essencial em qualquer idade? A rotina de pele varia muito consoante o tipo de pele, a existência de alguma doença de pele, a existência de alergias ou sensibilizações, mas tem sempre em comum o uso de um fotoprotetor. Além da limpeza e hidratação, existem vários ingredientes ativos que têm comprovadamente um efeito na melhoria da luminosidade, da tez, da firmeza, das rugas e ridulas, sendo que a escolha destes produtos é discutida numa consulta de dermatologia. Porquê falar em Smart Aging em vez de Antiaging? A dermatologia estética, com recurso a dermocosméticos, produtos injetáveis (ácido hialurónico, toxina botulínica, bioestimuladores de colagénio) e terapias laser, ou de luz, ou outros aparelhos, é sem dúvida uma poderosa aliada do Smart Aging. O Antiaging não existe, não é possível combater o envelhecimento e, na minha opinião, não o devemos fazer. Existem características do envelhecimento que contribuem para o embelezamento dos pacientes, devemos potenciar essas características e ‘esconder’ outras que não são tão desejáveis. Quais os procedimentos mais procurados? A toxina botulínica, vulgo ‘Botox’, é o procedimento estético mais procurado. As terapias laser e o Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade (HIFU) são outras duas modalidades de tratamento que faço diariamente em consulta. É sempre importante definir um plano personalizado, individual para cada paciente. A tecnologia é uma aliada fundamental nesta área? A dermatologia neste momento é totalmente dependente da tecnologia e da sua rápida evolução. É difícil acompanhar a evolução da tecnologia, sendo que diariamente surgem novos aparelhos. Na Mutual Clinic Braga e Gaia temos feito um enorme investimento para conseguir acompanhar a tecnologia mais recente do mercado. É um esforço constante e que deve ser mantido ao longo do tempo. Existe um importante ‘recuperar da autoestima’ em tratamentos como o Transplante Capilar, por exemplo? O transplante capilar é um dos procedimentos que mais contribui para a recuperação da autoestima. Mais do que um procedimento estético, muda a qualidade de vida do paciente. Contudo, para ter este impacto positivo, é fundamental uma correta avaliação e a realização do transplante capilar num candidato que reúna critérios. Se o paciente for bem selecionado, tiver indicação e o procedimento for realizado por médicos competentes, tem tudo para ser uma intervenção ‘life changing’. Apesar do impacto dos tratamentos no bem-estar dos pacientes, é essencial evitar seguir padrões de beleza, seja qual for o procedimento? A consulta de dermatologia é o momento ideal para adequar as expectativas do paciente com a realidade. Cada vez mais me oponho e recuso a realizar procedimentos que alterem a anatomia, as características únicas de cada um. Cabe ao dermatologista saber quando aplicar um procedimento, mas, mais importante, cabe-lhe a ele saber quando não realizar um procedimento. A sensibilização será sempre um caminho importante? Felizmente existe cada vez mais informação sobre todos os temas da saúde. A inteligência artificial, que tanto se fala, é uma excelente ferramenta e, na minha opinião, deve ser complementar à consulta de dermatologia. Gosto de pacientes informados, o problema passa, por vezes, pela desinformação que é igualmente abundante. É importante ouvir a informação que os pacientes têm e complementar com a nossa perícia clínica, de forma a sensibilizar, informar, prevenir e tratar as doenças de forma mais eficaz. Existe uma rotina de vida saudável a seguir, independentemente de qualquer tratamento? Sem dúvida, quer estejamos a falar de envelhecimento, de doenças de pele (psoríase, eczema atópica), de cancro de pele, ou qualquer outra doença. A adoção de hábitos saudáveis tem um efeito potenciador do tratamento. Em jeito de conclusão, a dermatologia é uma área chave ao longo das diferentes fases da vida? Observo pacientes desde os 0 aos 100 anos. A dermatologia é uma especialidade fascinante que abrange todas as faixas etárias. Tenho a oportunidade de seguir em consulta famílias inteiras, o que torna o meu trabalho muito mais enriquecedor. Mutual Clinic Braga Morada: Rua Marcelino Sá Pires, Edifício Muralha, R/C, 3º e 5º piso, Braga Contacto: 253 772 064 | 910 268 645 Facebook: Mutual Clinic Braga Instagram: @mutualclinic.braga Youtube: @mutualclinicbraga Este Verão a Tasca do Paiol tem duas esplanadas e Polvo à Galega temperado pelo tasqueiro “A nova Adega Cultural e a Ecovia do Cávado e Homem são atrativos fundamentais para o turismo do concelho” – Júlia Fernandes, Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde
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