Saúde Infantil Clínica Prof. Francisco do Vale: Os problemas de saúde oral mais comuns nas crianças By Revista Spot | Junho 12, 2023 Junho 15, 2023 Share Tweet Share Pin Email Alguns membros da equipa da Clínica de Medicina e Reabilitação Dento-Facial Prof. Francisco Vale. A equipa é composta também por Médicos de Cirurgia Maxilofacial e Anestesiologia pediátrica. Cáries nos primeiros anos de vida, doença periodontal e alterações no crescimento craniofacial em que a Odontopediatria e a Ortodontia podem intervir de forma preventiva, evitanto tratamentos invasivos e complicações de saúde em idade adulta. Carla Lavado, Médica Dentista especialista em Odontopediatria e Francisco do Vale, especialista em Ortodontia e professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, apontam para a prevenção e promoção da saúde oral na infância e adolescência. Nunca é cedo demais para consciencializar para a importância da saúde oral? Quando esta consciencialização começa cedo, para além da prevenção dos problemas dentários, estabelecem-se hábitos que perduram até à vida adulta. Sabemos também que quando as crianças visitam o seu Médico Dentista ou Odontopediatra desta tenra idade, tendem a perder o medo da consulta. A visita ao Médico Dentista torna-se uma experiência familiar e positiva. Nunca devemos esquecer que a saúde oral está associada a várias condições sistémicas como doenças cardiovasculares, diabetes e infeções respiratórias, entre outras. Ao promover uma boa higiene oral, também a reduzir o risco dessas complicações. A partir de que idade devem acontecer as primeiras visitas ao dentista? A Academia Americana de Odontopediatria recomenda que a primeira consulta deve ser realizada quando os primeiros dentes decíduos (de leite) erupcionam ou, no máximo, até que a criança complete o primeiro ano de vida. O principal objetivo desta primeira consulta passa por estabelecer um programa preventivo de saúde oral, intercetar hábitos que possam ser prejudiciais e diagnosticar problemas de crescimento dento-facial. Nesta consulta são também discutidos com os pais hábitos de higiene oral, hábitos nutricionais, hábitos de sucção não nutritivos e outros hábitos que possam ser nocivos. A maioria das vezes são realizados procedimentos simples de forma a familiarizar a criança com os instrumentos utilizados na consulta. Grávidas e bebés são um público que requer especial atenção? Claro que sim. Em caso de gravidez programada, a futura mãe deverá realizar todos os tratamentos dentários previamente à conceção. Se já estiver grávida e tiver dentes cariados ou doença periodontal, não deve deixar de proceder ao tratamento. As alterações hormonais durante a gravidez podem tornar as grávidas mais suscetíveis a problemas dentários, como a gengivite. Manter uma boa higiene oral durante a gravidez ajuda a prevenir estes problemas. Uma boa saúde oral da mãe favorece a boa saúde oral do filho. Ainda antes de o bebé nascer, as consultas de vigilância da gravidez são uma boa oportunidade para sensibilizar os pais para a importância da saúde oral. Por isso, a mensagem deve dar destaque aos cuidados a ter com a alimentação e a higienização da boca do bebé, especialmente após a erupção do primeiro dente. Que queixas podem estar relacionadas com a erupção dos dentes e como atenuá-las? Alguns sintomas podem ser mais intensos como a irritabilidade, despertares noturnos, tumefação e sensibilidade gengival e até uma ligeira subida da temperatura corporal. Existem algumas estratégias que podem ser usadas no sentido de atenuar o desconforto do nascimento dos primeiros dentes, mas não existem técnicas/medicamentos 100% eficazes. Assim como não existem também dois bebés que passem por esta fase da mesma forma. Uma das técnicas utilizadas consiste em dar ao bebé um mordedor ou, como alternativa, massajar a gengiva com uma dedeira. O mordedor para oferecer ao bebé deve ser de borracha sólida, evitando os mordedores de plástico que possam partir ou que contenham líquido. Pode também recorrer-se a um gelado de leite materno ou de leite adaptado, que acaba por aliviar o processo inflamatório associado ao nascimento dos dentes. Se o bebé tiver mais de 6 meses e já tiver sido introduzida a dieta sólida, alimentos como o melão e a melancia também ajudam a acalmar o desconforto gengival. Em último recurso, existem sempre os analgésicos ou anti-inflamatórios (tópicos ou sistémicos) que podem ser uma opção, mas sempre por recomendação do Médico Dentista. Como prevenir o aparecimento de cáries precoces de infância? “As cáries precoces de infância, anteriormente designadas de ‘cáries de biberão’, são uma doença crónica que afeta a dentição de leite de crianças em idade pré-escolar.” A evolução da doença pode provocar grande destruição dentária, evoluir para complicações sistémicas graves e afetar o desenvolvimento psicossocial destas crianças. As crianças com alto risco de cárie são desde muito cedo colonizadas com uma estirpe bacteriana específica, que é transmitida a maior parte das vezes pelos pais/cuidadores, através da saliva. Devem, portanto, eliminar-se hábitos que promovem esta transmissão como: provar a comida do bebé com a mesma colher com que este é alimentado, partilhar alimentos e beber do mesmo copo, passar a chupeta pela boca do adulto para ‘limpar’, etc. Outro fator de risco é a ingestão excessiva de açúcar, assim como o uso prolongado do biberão, consumo de snacks ou de bebidas açucaradas entre refeições. Deve promover-se o uso tópico de fluoretos, fornecer cada vez mais cedo instruções de higiene, bem como aconselhar regularmente os pais a diminuir o consumo de açúcares na dieta do bebé, e evitar a alimentação noturna, ajudando, assim, a reduzir o índice de cárie. O que pode motivar alterações de cor dentária numa criança? Existem várias causas para alterações na cor dos dentes em crianças. A primeira e talvez a mais comum é a higiene oral inadequada, que pode levar à acumulação de placa bacteriana, pigmento e tártaro, causando manchas nos dentes. Alguns antibióticos, como a tetraciclina, quando usados durante a gravidez ou em crianças com menos de 8 anos, podem levar a manchas acastanhadas nos dentes. O trauma ou pancada num dente, decorrente, por exemplo, de uma queda, também podem alterar a cor. Muito comuns também são os defeitos no esmalte dentário, que é a camada mais externa dos dentes. São as chamadas hipoplasias e hipocalcificações, onde o dente adquire uma cor branca, amarela ou acastanhada. Também a ingestão excessiva de flúor durante o desenvolvimento dos dentes pode levar a uma condição chamada fluorose, que pode causar descoloração branca ou acastanhada no esmalte dos dentes. Em alguns casos, são as patologias hereditárias, como amelogénese imperfeita ou dentinogénese imperfeita, que causam a alteração da cor e estrutura dos dentes. Como deve ser realizada a escovagem dentária? A escovagem dos dentes deverá ser efetuada tanto pela criança como pelo adulto, utilizando um dentífrico fluoretado com um teor de fluoreto entre 1000 e 1500 ppm (mg/l), numa quantidade idêntica ao tamanho da unha do quinto dedo da criança até aos 6 anos, ou aproximadamente um centímetro a partir dessa idade. As guidelines existentes, e preconizadas por diversas instituições nacionais e mundiais, recomendam que a escovagem dentária seja efetuada pelo menos duas vezes por dia. A técnica de escovagem dentária recomendada é designada de “2x2x2” e consiste em: escovar 2 vezes por dia, sendo uma delas, obrigatoriamente, antes de deitar; durante 2 minutos; e permanecer 2 horas sem comer após a escovagem e as refeições principais. Após a última escovagem da noite não deve ser ingerido qualquer alimento. A produção salivar durante o período noturno está diminuída e, portanto, a capacidade protetora da saliva também fica diminuída. A permanência de conteúdo alimentar nas superfícies dentárias durante o período noturno potencia o desenvolvimento de cáries dentárias e outras patologias orais. As crianças podem usar fio dentário? Sim, as crianças podem e devem usar fio dentário como parte da sua rotina de higiene oral. O fio dentário é uma ferramenta essencial para limpar entre os dentes e remover a placa bacteriana e partículas de alimentos dos espaços interdentários. Em crianças muito pequenas deve ser um adulto a executar esta tarefa, uma vez que requer uma destreza que provavelmente uma criança pequena não terá. Existem alguns tipos de fio dentário que trazem incorporada uma alça, de forma a ser mais fácil a sua utilização, podendo estar mais indicados para crianças. O que é um selante de fissuras e para que serve? O selante de fissuras é um revestimento fino e protetor aplicado nas superfícies mastigatórias dos dentes, principalmente nos dentes posteriores (molares e pré-molares). A colocação do selante de fissuras é um procedimento indolor e não invasivo. Estes criam uma barreira física, cobrindo as fissuras profundas e evitando que partículas de alimentos e placa fiquem presas nessas áreas. Tornam a superfície dos dentes mais lisa, o que também facilita a sua limpeza. Apesar dos benefícios dos selantes de fissuras, é importante ressalvar que são uma medida preventiva e não devem substituir outras boas práticas de higiene bucal. Quais os problemas dentários mais comuns nos mais novos? A cárie dentária é a patologia do foro estomatognático mais prevalente em crianças e jovens. Muito comuns também durante a infância e adolescência são também os traumatismos dentários, decorrentes de acidentes durante a prática de desporto ou atividades lúdicas. Os traumatismos podem ir desde pequenas fraturas dentárias fáceis de solucionar, até à sua avulsão completa (saída do dente do seu alvéolo). O atendimento médico-dentário imediato nestas situações é crucial. As patologias periodontais, como gengivite e periodontite, assim como infeções dentárias, como abscessos, são comuns e exigem um acompanhamento médico-dentário rigoroso. Que estratégias devem ser criadas em casa? É essencial aproveitar o tempo disponível para aprimorar ou implementar alguns hábitos saudáveis essenciais que a criança deverá manter ao longo da vida. As estratégias podem passar por pais e filhos escovarem os dentes juntos; colocar música durante a escovagem, de forma a garantir o tempo de escovagem necessário; promover hábitos de alimentação saudável e não ignorar os sinais e sintomas de alerta como dor, desconforto, feridas, hemorragias. Isto é especialmente verdade com crianças pequenas, pois podem ser um sinal de alerta de alguma patologia, nomeadamente cáries ou infeções, que podem ser tratadas e/ou prevenidas atempadamente. Quando deve acontecer a primeira consulta de Ortodontia? A primeira observação por um Especialista em Ortodontia deve ser antes dos 6 anos de idade, uma vez que alguns problemas dos dentes e maxilares – habitualmente relacionados com alterações no crescimento craniofacial – devem ser analisados precocemente para evitar tratamentos mais complexos no futuro. Há crianças que precisam de iniciar tratamento quando a sua face e os seus maxilares ainda estão em crescimento. Uma avaliação tardia pode implicar um tipo de tratamento mais invasivo em idade adulta, como a cirurgia ortognática. A que sinais devem estar atentos os pais? Os pais devem estar atentos e devem saber reconhecer qualquer alteração do padrão normal do crescimento e desenvolvimento dos dentes e dos maxilares. Existem alguns sinais e sintomas que permitem aos pais detetar se a criança precisa de um tratamento ortodôntico precoce: uma criança com mais de 4 anos que ainda tenha hábitos orais como sucção do dedo ou da chupeta; alterações na fala ou na mastigação e deglutição; quando a criança respira só pela boca e ressona; se os dentes da criança não ‘encaixam’ todos corretamente quando esta trinca; se apresenta o ‘céu da boca’ muito profundo e estreito; se a mandíbula altera de posição quando abre ou fecha a boca; quando a face da criança apresenta alguma assimetria; perda de dentes precoce ou tardia; dentes em má posição, rodados, projetados ou apinhados, etc. Há uma idade para usar aparelho dentário? Não existe uma idade definida, depende do caso e do problema apresentado pela criança. Pode ser realizado aquando do aparecimento dos primeiros dentes definitivos, ou até mesmo antes, quando a criança só tem dentes decíduos. Habitualmente, os problemas de crescimento e desenvolvimento dos maxilares devem, sempre que for possível, ser tratados precocemente através de aparelhos de ortopedia dento-facial. É o caso, por exemplo, da falha de crescimento do maxilar superior (retrognatia maxilar) onde a idade ideal para aplicar o aparelho é entre os 5 e os 7 anos de idade. Já os problemas exclusivamente dentários, como os apinhamentos, são, por norma, tratados na adolescência na dentição definitiva. Claro que há outras situações clínicas que requerem também cirurgia Ortognática e, nestes casos, o tratamento é feito na idade adulta. Que situações podem motivar o uso de aparelho dentário? São diversas as situações que podem levar à necessidade de uma intervenção e que vão desde os problemas de crescimento e desenvolvimento da face e dos maxilares até aos casos mais simples de má oclusão dentária. Em crianças que não apresentam doença congénita (genética ou não), as situações mais frequentes são falhas da erupção dentária; apinhamento dentário; mordida aberta – muitas vezes associada a hábitos nocivos como chupeta ou sucção digital; mordida cruzada, isto é, os dentes superiores articulam por dentro dos inferiores; alterações do crescimento e desenvolvimento dos maxilares, como a prognatia ou retrognatia maxilar. “A avaliação do Ortodontista é fundamental, pois ele é o profissional da área da saúde que se encontra mais qualificado no diagnóstico, prevenção e tratamento de qualquer problema que a criança possa ter no alinhamento dos dentes ou maxilares.” Que tipo de aparelhos ortodônticos existem? Era extensa a lista se enumerássemos todos os tipos de aparelhos existentes. Assim, podemos dividir em aparelhos removíveis, ortopédicos e funcionais, utilizados em crianças pequenas, e aparelhos fixos corretivos de vários tipos, que podem estar indicados numa criança de 8 anos ou num adulto de 80. Dentro destes, existem os tradicionais aparelhos fixos de brackets, que poderão ser cerâmicos ou metálicos, e os alinhadores dentários, que são aparelhos ‘invisíveis’ e removíveis. Estes últimos, são atualmente muito populares e podem, em casos muito simples, ser uma alternativa aos brackets tradicionais. Existem cuidados a ter após a colocação de um aparelho ortodôntico? O essencial e mais importante é ter uma higiene oral adequada e evitar a ingestão de açúcares. A partir do momento em que temos um aparelho dentário, a acumulação de resíduos alimentares é maior, por isso, usar a escova indicada, fio dentário e escovilhões é fundamental para uma remoção eficaz da placa bacteriana. Devem evitar-se alimentos muito duros e pegajosos de forma a não danificar os componentes do aparelho. Para quem pratica desporto, principalmente desportos de contacto ou que podem levar facilmente a quedas, deve usar uma proteção específica sobre o aparelho fixo durante a atividade física. Morada: Av. Dom Nuno Álvares Pereira 25, 4750-324 Barcelos Contacto: 253 812 083 | 912 493 099 Facebook: Clínica Prof. Francisco do Vale www.clinicafranciscovale.pt ANFILAcar: Um serviço de importação premium em expansão Clínica Xavier Freitas: O papel preventivo da Fisioterapia da Saúde da Mulher e da Osteopatia Pediátrica
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