Construção Rui Pinheiro: Um espírito inquieto em busca de desafios By Revista Spot | Dezembro 16, 2021 Dezembro 16, 2021 Share Tweet Share Pin Email É piloto, construtor, empresário da restauração e há quem lhe chame engenheiro e arquiteto… No olhar a insatisfação de quem aos 40 não tem receio de arriscar em novas áreas de negócio. Citar Variações não seria estranho nesta conversa. Franco, genuíno, sério, amigo, emotivo, intuitivo, Rui Pinheiro é uma pessoa de pessoas e de desafios. Esse verdadeiro motor que move alguém com ‘pressa de chegar’ onde ‘ainda não foi’… Afinal quem é Rui Pinheiro? Sou tudo e no fundo não sou nada (risos). Sou tratado como engenheiro quando estou em obra. Não sou arquiteto, mas estou envolvido em projetos há muitos anos. Sou tasqueiro, porque tenho um restaurante… Sinto-me bem em vários mundos e a fazer muitas coisas diferentes. Porquê esta área e não outra qualquer? Como é que tudo começou? Foi tudo um acaso. Comecei a trabalhar com 18 anos, estudar não era comigo e passava a vida no café. Já que passava lá tanto tempo e não estudava, o meu pai decidiu oferecer-me o café, um dos poucos desaires que lhe vi na vida (risos). Trabalhei lá durante um ano e depois disso fui trabalhar com ele. Foi aí que a minha escola começou. O meu pai, que ainda hoje é a minha grande inspiração, trabalhava na área das Telecomunicações e durante seis anos embrenhei-me nesse mundo. Entretanto, dá-me a escolher: ou assumia a gestão da empresa dele, ou seguia o meu caminho. Como nunca me desvinculei daquele carimbo que muitas vezes se atribui ao ‘filho do patrão’, quando surge a primeira oportunidade de venda da empresa, fui o primeiro a incentivar. Foi assim que aos 26 anos tracei como plano tirar um ano para definir o que queria fazer, acabei por tirar uma semana. Conheci um amigo que levava mão-de-obra para obras em Espanha e fui com ele uma vez. Nada na minha vida é planeado, sou de emoções e foi assim que me embrenhei na área da Construção Civil. De repente, parecia que já estava na Construção Civil há anos, quando na verdade só estava há semanas e ainda não percebia nada daquilo. Qual foi o passo seguinte? Fui para fora. Andei por França e Espanha e quando a atividade que eu desempenhava deixou de ter segredos para mim, cansei-me. Na verdade, canso-me rápido. Quando regressei a Portugal, tinha um terreno para fazer umas casas. O destino levou-me para ali. Será que seria feliz se tivesse ido para outro lado? Acredito que a própria vida se encarrega de nos guiar no sentido certo. Recorda-se do seu primeiro projeto? É precisamente esse, um terreno em Cunha, que foi um dos meus primeiros empreendimentos. Através do Nuno, meu amigo arquiteto, conheço outros dois arquitetos, o Bruno e o Marco, meus atuais sócios, na altura recém-licenciados a quem entreguei o projeto. Foi intuição? Foi mesmo. Normalmente atiro-me de cabeça sem pensar. Gostei deles e dei-lhes o primeiro empreendimento, que foi um sucesso durante a crise. O que sente quando o revê? Ainda hoje, passados 12 anos, passo lá e vejo algo de muito atual nele. Esta área tem isso de positivo: a obra fica. Passo lá com as minhas filhas e tenho orgulho em dizer-lhes que aquilo foi feito pelo pai delas. E depois do primeiro empreendimento? O primeiro empreendimento foi um sucesso. Comecei a dar-me muito bem com os meus sócios de hoje em dia e criou-se ali uma amizade que deu origem a todo este percurso. Depois da Trama Arquitetos, nasce a RVP – Construção e Engenharia e os acontecimentos vão-se sucedendo. Sente que criaram uma nova linguagem construtiva e arquitetónica em Braga? Sem dúvida, estávamos em 2008 e foi curioso, porque de repente começaram a nascer empreendimentos similares aos nossos, o que na verdade achámos interessante. Sempre cultivamos boas relações com os players da nossa área. E tivemos, como é óbvio, imensas peripécias pelo caminho. Ao vender casas com 28 anos, quantas vezes não me pediram para falar com o patrão. Quebrámos estereótipos também a esse nível. Em retrospetiva poderemos afirmar que a RVP é feita de grandes sucessos? Tal como a maioria, somos muitas vezes bem-sucedidos naquilo que melhor sabemos fazer. Mas nem sempre o empenho e o sucesso andam de mão dada. Por vezes na nossa atividade, pequenos pormenores podem pôr tudo em causa e exemplo disso foi um dos melhores empreendimentos que já construímos e promovemos nesta cidade. O empreendimento de Fraião que foi um grande sucesso de arquitetura, vendas e qualidade construtiva, implicou uma perda financeira direta para a empresa pelo facto de termos encontrado um solo de extratos de pedra de grandes dimensões. Assegurámos a todos os clientes o preço original e sem impacto para os mesmos. Perdemos muito dinheiro, mas ganhámos o respeito de clientes, fornecedores e até da própria concorrência. Nem sempre aquilo que parece é. A vossa empresa tem demonstrado um grande crescimento ao longo de mais de uma década. Qual a maior dificuldade nesse crescimento? Consideramos que o que se torna mais difícil é mesmo adaptar a nossa organização ao mesmo ritmo do crescimento. Não é tarefa fácil e é isso que cria as chamadas ‘dores de crescimento’. Por exemplo, no nosso caso, em 2018 passámos de uma pequena empresa, para uma média que quase duplicou a faturação. Nenhuma organização está preparada para realidades tão distintas e em tão curto espaço de tempo. Que ‘histórias’ se escrevem por Portugal nos últimos meses? Estamos com projetos de grande dimensão um pouco por todo o país. Neste momento o mercado nacional é um dos nossos principais focos. As pessoas são o grande motor do desenvolvimento? Sem elas nada seria possível. Hoje somos um grupo de empresas do qual já dependem muitas famílias. Nunca fazemos nada sozinhos e por isso preciso de sócios e da minha família ao meu lado. Os meus sócios são meus amigos, zangamo-nos, discutimos, mas sei que nos completamos e que já não vivemos uns sem os outros. Nunca fui um ‘one-man show’. E acreditem, por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher, não é fácil aturar uma pessoa como eu (risos). O que é que o fascina na área da Construção? O que sente quando analisa o seu percurso nesta área? Sinto que, sem querer, fui ter a uma área que gosto, ou que aprendi a gostar. Costumo dizer que vendo sonhos e, depois, tento concretizá-los. Mas aquilo que procuro é dar um bom exemplo às minhas filhas e sobrinhas, incentivando-as a estudar. Segui o meu percurso sem estudos, mas não nego a importância da formação. Teria feito exatamente tudo da mesma forma? Se tivesse de escolher uma área, não seria construtor. Seria promotor, ou arquiteto. É uma área extremamente desafiante. Por vezes, penso que já tenho 100 anos. Parece que já vivi tanta coisa. “A Construção é daquelas coisas que não dá para abandonar. Nascemos em plena crise, vimos muitas empresas cair, o que nos deu sempre uma certa dose de realismo. Esta é uma área que exige proximidade, dedicação e pessoas.” Quais são, no seu entender, os maiores desafios e responsabilidades da Construção? A Construção é daquelas coisas que não dá para abandonar. Nascemos em plena crise, vimos muitas empresas cair, o que nos deu sempre uma certa dose de realismo. Esta é uma área que exige proximidade, dedicação e pessoas. A realidade de Braga não é a realidade do Algarve. Temos de nos embrenhar e conhecer em profundidade a realidade de cada local. Fazer obra é entrar numa grande guerra que exige resiliência. Desafios constantes como o cumprimento de prazos, o surgimento de imprevistos, a falta de mão-de-obra… A grande responsabilidade é, sem dúvida, conquistar a confiança do cliente. Nunca nos podemos esquecer que uma casa é, muitas vezes, o projeto de vida de uma pessoa. Em cada trabalho uma viragem? Principalmente quando me cruzo com aquele cliente especial que não me deixa ganhar dinheiro, mas que me ensina muito com os desafios que me propõe. A SneakPic foi outro passo inovador? Sim. A imagem é uma ferramenta de comunicação essencial para as empresas deste setor e hoje a SneakPic já desenvolve projetos em colaboração com imensos gabinetes de arquitetura e empresas de gestão e investimento imobiliário um pouco por todo o país e tem também o objetivo de se internacionalizar. Assim como a aposta no mercado imobiliário? Com a criação da N.Houses quisemos trazer também algo de novo ao mercado imobiliário. E embora os processos digitais e conceitos atuais como o Home Staging sejam hoje uma realidade, sabemos que as relações humanas são essenciais nesta área, algo muito presente na filosofia da N.Houses. Um consultor imobiliário é um vendedor de sonhos. Quando surge a aventura na restauração? De uma brincadeira entre sócios. Trabalhávamos numa zona industrial onde não havia opções de restaurantes. Precisávamos de um sítio para comer e criámos o Restaurante Bocas, que acabou por se tornar numa coisa séria. Entretanto saímos dessa zona industrial e ele lá se mantém, há uma década. E a paixão pelos carros? Acho que isso já me corre nas veias desde pequeno. Quando estou com o capacete na cabeça esqueço tudo. Participo em imensas provas, faço o Campeonato Nacional, mas na verdade as ‘super especiais’ são a minha praia. Isto porquê? Porque eu não treino, em parte por falta de tempo. E é nessas provas que me destaco, precisamente pelo prazer do momento. Já ganhei alguns prémios, mas na verdade tenho plena consciência que não me esforço para ser o melhor. “Temos de nos embrenhar e conhecer em profundidade a realidade de cada local. Fazer obra é entrar numa grande guerra que exige resiliência.“ O que é que o move? O mundo dos negócios. Gosto de coisas novas, de comunicar, não me dou sozinho. E grande parte das vezes são os clientes que me inspiram, dou por mim a esquecer-me que sou um mero prestador de serviços e vibro com as vitórias deles. Imaginava-se noutra área? Já estou a preparar-me para apostar noutra área. Gosto de manter uma visão aberta sobre as coisas, ter sócios novos e abrir negócios. Agrada-me ver coisas a nascer e a crescer. Onde se vê no futuro? Já corri muito. Comecei cedo e tenho noção do que já construí, mas continuo um eterno insatisfeito. Vivo num desassossego constante. Preciso de uma certa dose de sonho e de risco na minha vida. RVP Construção e Engenharia | TRAMA Arquitetos | N.Houses | SneakPic | Restaurante Bocas Francisco Pinto Carpintaria e Mobiliário: O caráter intemporal da madeira… Bonna: O paraíso ‘Gluten Free’ que conquistou o país, agora no centro de Braga
Construção / Sustentabilidade Castro Group: O futuro é sustentável Edifícios ambientalmente responsáveis desde a conceção e eficientes ao longo do seu ciclo de vida são uma condição para as…
Construção Vai nascer em Braga uma “Autoeuropa” da construção A Fundação Norman Foster e o dstgroup firmaram recentemente um acordo de parceria que vai transformar a construção em Portugal….
Arquitetura / Construção / Engenharia / Tecnologia Ibercad: Soluções de software CAD para arquitetura, construção e decoração Já conquistou as autarquias portuguesas, algumas das maiores empresas de construção nacionais, assim como gabinetes de arquitetura e de engenharia…