A desvalorização das terapias e morosidade dos diagnósticos

Atualmente, verifica-se um acréscimo na diversidade de patologias do neurodesenvolvimento e da sua frequência, tendência que não consegue ser justificada por diferente profissionais, nomeadamente médicos, cientistas, geneticistas, ambientalistas ou laboratórios. Existem estudos, principalmente nos EUA, a questionar e avaliar a inter-relação destas áreas, nomeadamente: alimentação, poluição, stress e outras nas diferentes patologias, mas ainda não são baseados em análises quantitativa que permitam uma validação científica.

A minha formação e experiência profissional levam a acreditar que as patologias do século XXI mais frequente, como o Perturbação do Espetro do Autismo, PHDA, atraso de desenvolvimento global e défice de integração sensorial têm uma etiologia multifatorial, embora muitos dos sintomas sejam semelhantes. Por isso, esses casos devem ser despistados com a realização um diagnóstico diferencial, de modo a prevenir um diagnóstico erróneo e a uma terapêutica desadequada.
Como Terapeuta compreendo e respeito a procura de resposta rápidas por parte dos pais. No entanto, respostas muito precoces podem resultar de um diagnóstico errado e comprometer o desenvolvimento da criança.

Acresce que, enquanto Terapeuta Ocupacional que enveredou pela área pediátrica e sensorial, enfrento diariamente um desconhecimento do nosso trabalho e consequente desvalorização do mesmo. No entanto, o desenvolvimento humano começa pela área sensorial – o bebé nasce e sente o cheiro e o calor da mãe. Alterações ou défices em algum dos nossos sentidos acarretará dificuldades no processo de desenvolvimento.

De facto, a integração sensorial, ajuda as crianças a potenciar os sentidos que não foram desenvolvidos no momento correto. Por isso, o Terapeuta de integração sensorial pode ser uma grande ajuda, mesmo decisivo, no desenvolvimento de uma criança, através de abordagens atrativas que envolvem brincadeiras.