Arquitetura Pedro Lima e a Central Arquitetos By Revista Spot | Março 31, 2020 Abril 1, 2020 Share Tweet Share Pin Email “Os arquitetos são responsáveis pela qualidade de vida das pessoas” O desenho urbano da ilha de Luanda, o Armazém de produto acabado da Continental Mabor, que recebeu o prémio SIL de melhor empreendimento imobiliário na categoria ‘Indústria e logística’, a Champanheria da Baixa Bistrô ou o bar Bô Zen, que já receberam também distinções, são alguns dos projetos da Central Arquitetos que tiveram um impacto positivo na opinião pública. A Spot foi conversar com o arquiteto Pedro Lima, um dos rostos responsáveis pelo sucesso do gabinete de arquitetura bracarense, que se tornou no primeiro a nível nacional a integrar a rede Cotec, e na única empresa de arquitetura PME excelência em Portugal. Sente que em cada projeto há uma evolução? Uma nova “história” escrita? Há, sem dúvida. Todos os nossos projetos são diferentes. Adaptam-se muito ao espaço, ao terreno e, muitas vezes, às premissas dos clientes. Acho que principalmente nas casas isso acontece muito, porque cada pessoa tem a sua forma de viver. Para nós é muito importante perceber o modo de vida de cada cliente, os seus hábitos e rotinas, para que possamos colocar um pouco disso em cada espaço. Todos os nossos trabalhos têm uma história, um porquê de terem aquela forma, aquelas cores, no fundo, têm a história das pessoas que neles habitam. O vosso trabalho não deixa de ter uma certa sensibilidade poética, como podemos constatar no projeto “Champanheria da Baixa Bistrô”. Tal como a poesia, tem a capacidade de transmitir emoções. Concorda? Projetar um restaurante, um bar, ou uma discoteca é diferente de projetar uma casa ou um edifício. Primeiro porque ao projetarmos um restaurante, não sabemos para quem o estamos a projetar. É um espaço com muita afluência, que vai receber pessoas com os mais variados gostos. E depois há a questão do tempo. Normalmente as pessoas frequentam um restaurante por um intervalo curto de tempo. O restaurante tem que ser algo um pouco mágico. Para que, aquelas duas/três horas em que as pessoas lá estão sejam agradáveis. Queremos, sobretudo, que as pessoas se sintam bem e queiram voltar. Que tenham experiências únicas. Inovação é a palavra certa para definir a Central Arquitectos? Em todos os desafios que nos lançam, tentamos sempre fazer mais e melhor. Procuramos inovar, sem dúvida. Fazemos investigação na Central Arquitectos há cerca de três anos. E neste momento, somos a única empresa de arquitetura em Portugal que pertence à rede COTEC Portugal – Associação Empresarial para a Inovação o que nos deixa muito satisfeitos. No vosso portfólio podemos encontrar projetos da mais variada natureza. Como é orquestrar um atelier de arquitetura, como empresa e ao mesmo tempo manter-se consistente com a qualidade ou o tipo de arquitetura que oferece às pessoas? Obriga a muita dedicação e muito trabalho. Temos escritório em Portugal, S. Paulo e Angola. Hoje estamos com projetos no Egito, Moçambique, Luxemburgo, Cabo Verde entre outros, o que requer muita organização interna. Na Central Arquitectos temos um modelo em pirâmide, instituído já alguns anos, que funciona bem e que nos obriga a ser rigorosos com todos os trabalhos, cumprindo prazos, budgets e metas a que nos propomos. Temos 16 anos de existência e queremos continuar. Nos trabalhos além-fronteiras entram em contato com ambientes arquitetónicos diferentes dos nossos. Quando voltam para Portugal, trazem na bagagem influências dos diferentes países e culturas por onde passam? Ao projetar em diferentes países, procuramos sempre conhecer as culturas e as diferentes formas de viver das pessoas. Precisamos dessa informação para poder criar, e para poder adaptar formas, texturas ou materiais aos nossos projetos. Mas, como é lógico, trazemos também influências dos locais onde trabalhamos. É diferente projetar em Angola, no Brasil, Portugal ou no Luxemburgo. Acabamos, por exemplo, de terminar agora um projeto no Luxemburgo, e, realmente, a forma como vivem lá os espaços é totalmente diferente da nossa. Por isso precisamos de estar atentos a todos os pormenores. E é óbvio que muitas vezes trazemos informação e inspiração destas novas experiências. Quanto tempo tem o seu projeto mais antigo? E o que sente quando o “revê”? Foi um projeto que desenvolvi há cerca de 18 anos, antes de nascer a Central Arquitectos. A antiga pastelaria Bezerra, hoje Maria Bolacha, no Braga Parque. Sempre que passo por lá observo-a. Acho engraçado esse exercício. Ao longo destes 16 anos de Central Arquitectos, penso que o nosso trabalho tem sido bem aceite. Conseguimos finalmente projetar o nosso primeiro edifício de habitação em Braga, o que é bom. As nossas obras tem estado espalhadas pelo país e fora dele. No entanto, queremos continuar em Braga, porque é a nossa cidade e foi aqui que nascemos. Quais serão, no seu entender, as grandes responsabilidades da arquitectura? Os arquitetos são responsáveis pela qualidade de vida das pessoas. O papel dos arquitetos é fundamental no bem-estar das pessoas, no seu dia-a-dia. Somos responsáveis pelo desenho das cidades, pelas suas acessibilidades, pelos espaços verdes, locais de trabalho, praças, etc. Todos essas espaços que são fundamentais para as pessoas se sentirem bem e viverem com qualidade. O que diria a um jovem arquiteto que inicia agora a sua carreira? A profissão tem vindo a melhorar, porque as pessoas começaram a perceber que o facto de entrarem num espaço desenhado por um profissional é diferente. Quando fazemos arquitetura avaliamos os prós e os contras, e pensamos no espaço como um todo. É um processo longo, de muita persistência, de muitas horas perdidas à volta daquilo em que acreditamos. É preciso gostar muito do que se faz. E ter paciência, porque um arquiteto com 40 anos é considerado um ‘jovem arquiteto’. As obras duram muito tempo, os projetos são longos. Vemos, aliás, exemplos desse reconhecimento tardio em arquitetos de renome como Frank Gehry, a nível internacional, ou Siza Vieira, a nível nacional. Portanto esse é o meu conselho. Ter paciência, ser persistente, estar atento a tudo, inovar, e querer ser sempre melhor. Qual o edifício ou equipamento existente que gostaria de ter projetado? E o projeto que ainda gostaria de executar? Esse exercício é interessante. Quando olho para obras projectadas por outros gabinetes, além da qualidade que tem, acredito que teríamos uma abordagem diferente. O que é perfeitamente normal, todos temos diferentes perspetivas e formas distintas de pensar. Quando penso num projeto que gostava de vir a fazer, vem-me sempre à mente um aeroporto. Talvez porque sempre me fascinou o mundo dos aviões. E por isso, quando estou num aeroporto, observo tudo o que me rodeia para perceber como funciona tudo. Pessoas que chegam, pessoas que vão. Malas, horários, pés que correm apressados. É um mundo fascinante no qual gostava de ‘entrar’, sem dúvida. Certamente também tem as suas referências. Espreitando a sua biblioteca, quem podemos encontrar? Alguns arquitetos como Norman Foster, Herzog & de Meuron, John Pawson, Isay Weinfeld, SANAA, Richar Meier, Oscar Niemeyer entre outros. E qual é a sua marca pessoal? Não tenho. Talvez porque goste de criar. Não gosto de olhar para o resultado final e sentir que fica sempre algo por fazer. E é isso que procuramos na Central Arquitectos. Estamos sempre em busca de novas formas, novos materiais. No fundo, abordagens diferentes, porque cada projeto é diferente. Arquiteto Pedro Lima Arquitetura braga Central Arquitectos revista spot top 4 Novidades da Letraria… Por entre vinhas You Might Also Like... 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