A era das Super avós!

Quando me convidaram para escrever para esta edição, pensei muito sobre o tema que queria abordar. Poderia falar de tendências, de criadores portugueses, de beleza, ou de tantos outros assuntos actuais. Para mim fez sentido: quero abordar o polémico peso da idade na moda.  Comemorei 40 anos em Agosto, e esta meta fez-me reflectir sobre a pressão imposta ás mulheres no que toca a juventude, mas  lembrei me em paralelo que uma nova corrente poderosa começou a ganhar peso. Estamos na era das super avós!

Todos sabemos que os padrões de beleza alteram de acordo com as décadas, e muitos já se falou sobre as novas caras da moda, sejam elas It Girls, ou modelos Plus Size. Cada vez mais as marcas recorrem a figuras não convencionais para serem as suas musas, e corpos mais ou menos voluptuosos invadiram algumas campanhas mundiais.

A este fenómeno junta-se o recurso a mulheres de mais idade, para capas de revistas e para campanhas publicitárias. As seniores estão na moda. E até que enfim que isso acontece!

Pela primeira vez na história na moda, uma top model centenária foi fotografada para a Vogue. Normalmente a revista coloca modelos de menos de 20 anos em destaque, mas em Maio de 2016, a Vogue fotografou uma musa de 100 anos. Bo Gilbert foi modelo sénior por um dia! Representa a mulher que gosta de moda e de se arranjar, tendo orgulho em quem é. Transmite alegria e confiança, foi produzida e tornou-se o centro de todas as atenções!  Só nos prova que no marketing, há lugar para todos.

No entanto a moda e a beleza andam de mãos dadas com a juventude, e o envelhecer é um tema quase tabu. Várias marcas desafiaram este preconceito, aceitaram as rugas como sinal de experiência e muitas foram as modelos seniores que aos poucos conquistaram o seu lugar ao sol na indústria da moda!

Os exemplos são muitos: Céline escolheu Joan Didion , Hedi Slimane preferiou Joni Mitchell para Saint Laurent e Marc Jacobs Beauty apostou em Jessica Lange.  Nars tem como musa Charlotte Rampling, Catherine Deneuve posou para a Louis Vuitton, e Anjelica Huston foi rosto da campanha GAP.

Iris Apfel, só se transformou numa referência de moda após os 80 anos, ao ser convidada para ser capa de numerosas revistas e imagem de várias marcas.

Nada disto é novo. Em 2010 Jane Schmitt protagonizou a campanha da Lanvin para a H&M, Carmen Dell’office desfilou em Paris, em 2013. Se bem se lembram a L’Oréal foi pioneira em recrutar mulheres de diferentes idades para transmitir o conceito de beleza. Agências de tendências já não têm medo de afirmar que o que mais importa hoje, a verdadeira novidade, é que as marcas procuram mulheres carismáticas, com percurso de relevo que possam inspirar as outras mulheres e rostos com os quais as mulheres se identifiquem. Ser sénior não significa mais estar fora de moda, ser antiquada, não pertencer a geração que dita tendências. Há que assumirmos a nossa idade da melhor forma, tendo orgulho em quem somos, e sabendo que cada ruga ou marca de expressão conta a nossa verdadeira história.