SAÚDE “A hipnose clínica reprograma hábitos e emoções com base na neurociência e na epigenética” By Revista Spot | Maio 19, 2025 Maio 21, 2025 Share Tweet Share Pin Email A hipnose clínica não é um estado etéreo ou distante, mas uma experiência real e transformadora que nos ajuda a descobrir, no nosso interior, aquilo que tantas vezes parece oculto: a força para mudar. A hipnoterapeuta Joana Noronha define-a como um diálogo silencioso com a nossa mente, que nos permite acalmar o turbilhão de pensamentos, abrir espaço a novas possibilidades e libertar-nos de padrões que já não nos servem. “Imagine aquela noite em que o sono não chega porque a ansiedade não deixa a mente repousar. Ou aquele momento em que o medo paralisa e impede de avançar, seja para falar em público, tomar uma decisão importante ou simplesmente abandonar um hábito. A hipnose clínica abre portas interiores onde podemos trabalhar esses desafios de forma segura e profunda. E quando a combinamos com outras terapias, como o som terapêutico ou a yoga restaurativa, o resultado é um caminho de cura e crescimento que nos transforma de dentro para fora”, explica. Numa conversa que toca a hipnose clínica, a neurociência e a epigenética, Joana Noronha garante que, mesmo nos momentos mais difíceis, temos dentro de nós uma imensa capacidade para mudar, crescer e ser felizes: só precisamos de dar o primeiro passo. Joana, o que é a hipnose clínica e de que forma pode influenciar positivamente a vida de alguém? A hipnose clínica, ou hipnoterapia, é uma abordagem terapêutica natural que utiliza a hipnose para ajudar a resolver questões de ordem comportamental e emocional. Através deste estado de consciência ampliado, conseguimos aceder a conteúdos armazenados no inconsciente, que é responsável por cerca de 95% das nossas decisões e comportamentos ao longo da vida. Ao acedermos a essa parte da mente, torna-se possível identificar e ressignificar experiências ou crenças que possam estar na origem de padrões de sofrimento ou bloqueios. A hipnose facilita o desenvolvimento de novos recursos internos, promovendo mudanças nas sensações, perceções, pensamentos e comportamentos. O resultado é um maior alinhamento com uma vida mais equilibrada e consciente, melhorando significativamente a relação que temos connosco e, por conseguinte, com os outros. No seu trabalho, une hipnoterapia, nova hipnose, som terapêutico e yoga restaurativa. Como é que estas práticas se entrelaçam e potenciam o processo de cura e reconexão? Estas práticas entrelaçam-se de forma complementar, criando um espaço de cura profunda, mas simultaneamente suave e segura. A nova hipnose, ao contrário das abordagens mais tradicionais, privilegia a autenticidade, o amor e uma forte ligação corpo-mente. Se, por um lado, a hipnoterapia recorre à regressão para ressignificar experiências traumáticas do passado, hoje sabemos que não é necessário reviver a dor para a transformar. O corpo guarda memórias, físicas, emocionais e energéticas, e através da escuta atenta do corpo, conseguimos aceder a essas memórias. Quando alguém me procura com um sintoma ou desafio, trabalhamos juntos para perceber onde esse desconforto é sentido no corpo. Com a ajuda de técnicas como a visualização guiada, a respiração consciente e posturas de yoga restaurativa (onde a pessoa permanece deitada, confortável e envolvida por almofadas e mantas), conseguimos desbloquear essas memórias sem sofrimento, promovendo um estado profundo de relaxamento. Nessas posturas, o sistema nervoso acalma-se, facilitando a autorregulação emocional e criando as condições ideais para aceder ao inconsciente de forma segura e leve. A terapia do som surge como mais uma aliada: instrumentos ancestrais como gongos, taças tibetanas ou até o tambor xamânico emitem vibrações que atuam profundamente no sistema nervoso, promovendo desbloqueios energéticos e facilitando a interiorização de mudanças. Estas vibrações criam “portais internos” que favorecem a cura e a reconexão com a nossa essência mais profunda, aquilo que muitos reconhecem como alma. No fundo, todas estas práticas se potenciam mutuamente. Juntas, criam um ambiente seguro, acolhedor e transformador, onde a pessoa se liga à sua sabedoria interior, à sua verdadeira natureza e ao seu poder de cura. Refere a importância da intenção e da compreensão como motores de mudança. De que forma esses dois elementos estão presentes nas suas sessões? A intenção e a compreensão são os pilares de qualquer processo de mudança profunda. Quando alguém me procura, normalmente vem com um problema ou um sintoma que persiste apesar de já ter tentado várias abordagens. Em muitos casos, dizem-me: “Já tentei de tudo, e nada resultou.” Outras pessoas chegam com um objetivo claro, e nesse sentido, a hipnose também é uma excelente ferramenta para alcançar metas. Mas seja qual for o motivo, a primeira etapa é definir claramente a intenção. Por exemplo, se alguém me procura por sentir níveis elevados de ansiedade, a intenção não pode ser apenas “livrar-se da ansiedade”, mas sim tornar-se uma pessoa mais serena, presente e consciente. A vida acontece no momento presente, e o futuro é consequência daquilo que estamos a semear agora, tal como o presente é fruto das sementes lançadas, consciente ou inconscientemente, no passado. A compreensão entra em cena quando começamos a investigar as raízes do problema. Quando é que esta ansiedade começou? Que acontecimentos estavam a ocorrer na vida dessa pessoa na altura? Muitas vezes, a ansiedade está presente desde a infância. E nesse caso, perguntamos: com quem aprendeu essa ansiedade? Que ambiente emocional rodeava essa criança? Por exemplo, crescer num lar com conflitos constantes faz com que o sistema nervoso esteja cronicamente em estado de alerta, em modo de luta ou fuga, e a criança aprende a viver nesse estado sem sequer saber o que é paz. Compreender a origem do problema é essencial. A partir dessa consciência, iniciamos um processo de “desprogramação”, libertando a mente dos padrões automáticos que causam sofrimento e de “reprogramação”, criando novas referências mentais e emocionais que promovem o bem-estar. E isto aplica-se a qualquer sintoma ou problema que a pessoa traga. Mas, mais do que tratar sintomas, este é um caminho de individuação, como descreveu Carl Jung. À medida que nos vamos libertando das programações que nos condicionam, começamos a reconectar-nos com o nosso eu mais profundo, com aquilo que somos para além dos medos, das feridas e das crenças limitadoras. A reconexão com esta parte autêntica, que muitos reconhecem como divina, desperta também a intuição e permite-nos viver com mais clareza, propósito e presença. A verdadeira mudança acontece quando compreendemos que somos o resultado de uma programação mental e não da nossa essência autêntica e quando colocamos a intenção de focar a atenção naquilo que está alinhado com a nossa verdade interior. Sentir é, por isso, a palavra-chave do meu trabalho, connosco e com os outros. Porque é no sentir, com consciência e intenção, que reside o poder de transformação. A hipnose atua ao nível do subconsciente, onde habitam padrões, bloqueios e crenças enraizadas. Que tipo de questões emocionais ou comportamentais são mais comuns? Nos últimos tempos, têm surgido muitas questões ligadas a relacionamentos amorosos, tanto em relações que se mantêm mas vivem em constante conflito, como em relações que já terminaram, especialmente quando existem filhos menores em comum. Nesses casos, mesmo separados, os conflitos continuam devido à necessidade de comunicação entre o ex-casal. Repare: as pessoas separam-se porque não estavam bem, mas continuam mal depois da separação, ou até pior. Isso não faz sentido. É preciso compreender o que está por detrás desses padrões, limpar essas emoções e intencionar harmonia ou, pelo menos, uma comunicação mais assertiva, onde todos, especialmente os filhos, saem a ganhar. Também surgem com frequência problemas de relacionamento com os pais, o que é natural, já que são figuras centrais na nossa vida. Estas questões podem ser transformadas, sempre a partir de dentro. É fundamental, com respeito pela dor de cada um, encontrar paz com quem nos deu a vida. Além disso, é cada vez mais comum o aparecimento de quadros ligados à ansiedade: ansiedade generalizada, ataques de pânico, perturbação de pânico, pessoas com diagnóstico de PHDA, situações de bullying (quer em adolescentes nas escolas, quer em adultos no local de trabalho), crises existenciais, estados depressivos… e há, felizmente, quem já reconheça o poder da hipnoterapia e me procure com o objetivo de prevenir a depressão. Há também quem, mesmo mantendo acompanhamento psiquiátrico e medicamentoso, sente que precisa de algo mais profundo, porque sabe que há questões emocionais que pedem uma autoinvestigação genuína. A hipnoterapia facilita essa viagem interior, onde a pessoa é o piloto e eu sou apenas o copiloto, com técnicas que a ajudam a descobrir-se e a libertar-se emocionalmente. Muitas pessoas ainda têm receios ou mitos sobre hipnose. O que é importante esclarecer, de forma definitiva, sobre isso? Sobre esta questão, gosto de contar uma história que costuma esclarecer bem esse receio. Não sei se sabem, mas Freud, o pai da psicanálise, utilizou a hipnose nas suas práticas. Mais tarde acabou por abandoná-la, mas há um episódio curioso: consta que, numa das sessões conduzidas por um dos seus assistentes, foi sugerido a uma paciente que desabotoasse a blusa… ao que ela respondeu com uma sonora bofetada e abandonou a sessão (risos). Ou seja: ninguém faz ou diz nada em hipnose que vá contra os seus valores ou vontade. O problema é que muitas pessoas ainda associam a hipnose à hipnose de palco ou de entretenimento, onde os participantes fazem coisas mais caricatas. E, em alguns casos, especialmente na televisão, não sabemos até que ponto há encenação. Julgo que muitos dos receios vêm daí. Importa também desfazer outro mito: ninguém fica “preso” em transe hipnótico. Isso simplesmente não acontece. Agora, é essencial que quem procura hipnoterapia tenha o cuidado de verificar as credenciais do profissional. Se tem formação adequada, onde estudou, como se apresenta nas redes sociais, que tipo de linguagem utiliza… E, claro, falar com amigos ou familiares que já tenham experimentado, perceber com quem foi e como se sentiram. A confiança na relação terapêutica é parte fundamental do processo, perceber o que funciona, com quem funciona. A ciência tem vindo a reconhecer o impacto da hipnoterapia em casos como ansiedade, fobias, dores crónicas e stress. Recorda-se de transformações marcantes? A verdade é que a ansiedade está na base de muitas destas questões. Quando ensinamos o corpo a autorregular-se, por exemplo através da respiração consciente, e aprendemos a sentir-nos seguros dentro de nós, cada célula agradece e o nosso sistema imunitário fortalece-se. No entanto, isto não nos foi ensinado desde cedo. Hoje temos acesso a esta informação, mas as gerações anteriores não tiveram essa oportunidade. Sabemos que muitas doenças e dores crónicas estão associadas a traumas ou situações que não foram devidamente processadas. A medicina psicossomática mostra-nos isso com clareza. No entanto, é necessário que as pessoas estejam abertas a esta compreensão. A maioria não associa dores físicas a dores emocionais, mas há uma ligação direta. Claro que a alimentação e o estilo de vida influenciam, podendo agravar ou atenuar os sintomas. No entanto, o trabalho emocional é, a meu ver, o ponto de partida. É essencial perceber quando surgiram as dores, como estava a vida da pessoa nesse momento, como eram as suas relações… Tudo isso é informação valiosa. Com base nisso, é possível levar a pessoa a revisitar esse período da vida e a visualizar-se a responder de forma tranquila e sábia às situações que a incomodavam. Apesar de não ser muito procurada especificamente por pessoas com dores crónicas, sei que muitas delas passaram por experiências traumáticas. A hipnose permite que encontrem paz com o que viveram. E práticas como a respiração consciente e a yoga restaurativa ajudam a libertar a carga emocional acumulada no corpo. Porque o que hoje dói no físico, antes doeu no emocional e antes disso, no energético e, arrisco dizer, no espiritual. No que diz respeito a fobias, acompanhei casos muito interessantes, como uma jovem com fobia de cães e perturbação de pânico. Começámos por trabalhar a perturbação de pânico e, de forma natural, o medo de cães desapareceu. Isto porque tanto as fobias como o pânico são manifestações de ansiedade. Quando ensinamos a pessoa a reduzir os níveis de ansiedade, com auto-hipnose, respiração consciente e outros recursos, o objeto fóbico perde intensidade. A pessoa começa a reagir de forma tranquila às situações que antes a desorganizavam. Outro exemplo é o de uma cliente com um cargo de chefia que não estava a lidar bem com o stress, nem com as relações interpessoais na equipa. Ela relatou que, em experiências profissionais anteriores, era muito exigente e até agressiva, perdendo a calma com frequência. Trabalhámos a assertividade e fizemos exercícios de ressignificação dessas situações. Ela aprendeu a imaginar-se a agir com firmeza e respeito, reprogramando o subconsciente com essa nova forma de estar. Hoje, faz auto-hipnose a caminho do trabalho e consegue manter-se calma, mesmo em situações exigentes. Também foi importante trabalhar o sentimento de culpa pelas atitudes do passado. Ajudámo-la a compreender que agiu de acordo com a consciência que tinha na altura, transformando a culpa em autorresponsabilização. No fundo, a hipnose permite mudar a perceção dos acontecimentos, e é essa mudança que transforma a experiência emocional da pessoa. Cada vez mais se fala na hipnose como aliada do desempenho, no desporto, nos estudos ou na vida profissional. Como pode esta prática ajudar a desbloquear o potencial e aumentar o foco e a autoconfiança? O desempenho está intimamente ligado à autoconfiança. Por isso, é essencial perceber em que momentos da vida essa confiança foi posta em causa, muitas vezes, ainda na infância. Mais uma vez, a ressignificação é fundamental: a pessoa deve visualizar-se a apoiar e a incentivar a criança que foi, reforçando a ideia de que é capaz, de que está tudo bem em falhar, que isso também faz parte do sucesso. É igualmente importante identificar e desmontar as crenças limitadoras por detrás das dificuldades de desempenho. Vivemos num tempo de excesso de estímulos e informação. Saber filtrar o que serve ou não aos nossos objetivos é essencial. Ferramentas como a hipnose e a meditação tornam-se valiosas neste processo de clareza e foco. Na hipnoterapia, o trabalho passa por uma verdadeira reestruturação da história de vida. As experiências que deixaram marcas negativas devem ser revisitadas sob uma nova perspetiva, como se a própria pessoa, numa versão mais sábia e consciente, pudesse olhar para elas com compaixão e compreensão. Só depois é que se constrói, de forma autêntica, a visualização do sucesso: a pessoa vê-se a atingir os seus objetivos, mas agora liberta das crenças que antes a limitavam. A respiração consciente tem um papel central, porque acalma o sistema nervoso e traz a clareza necessária para se focar no que realmente importa. Tenho um cliente que pratica artes marciais e tem vindo a conquistar prémios. Ele trabalha não só o foco nos campeonatos, mas também questões emocionais profundas: ausência de amor-próprio, medo de rejeição, relação com a mãe… Ao trabalhar a história de vida e reprogramar a mente com imagens de tranquilidade e foco durante as competições, alcança um desempenho extraordinário. Nos estudos, é semelhante. Vejo jovens e adolescentes que, ao trabalharem a sua autoconfiança e paz interior, melhoram naturalmente o rendimento. E quando há o apoio dos pais e um bom acompanhamento terapêutico, é “ouro sobre azul”. Hoje, acredito que todos beneficiaríamos de um bom acompanhamento terapêutico. A hipnoterapia é uma proposta de autoconhecimento e desenvolvimento humano que pode fazer toda a diferença na forma como nos vemos, sentimos e agimos no mundo. Na sua abordagem, encontramos referências à neurociência, epigenética e até à física quântica. De que forma é que estas áreas sustentam ou inspiram o seu trabalho terapêutico? Vamos então começar pela neurociência, onde gostaria de destacar dois conceitos fundamentais para compreender de que forma esta ciência sustenta o meu trabalho com os clientes. O primeiro é a neuroplasticidade, a extraordinária capacidade de o nosso cérebro de criar novas ligações neuronais, desenvolver novos neurónios e construir circuitos que nos permitem aprender continuamente. Quando associamos a hipnose a este conceito, criamos um ambiente propício para ensinar o cérebro a pensar de forma mais saudável e coerente, promovendo simultaneamente a reeducação emocional. Outro conceito essencial é o da coerência cardíaca, um estado de sintonia entre o coração e o cérebro que permite uma melhor relação com os nossos pensamentos e emoções. Durante um estado hipnótico, com respiração consciente, entramos numa condição semelhante à da meditação. Nesse estado, compreendemos que não basta pensar positivamente; é necessário sentir, verdadeiramente, o equilíbrio interno. A hipnose, quando associada à coerência cardíaca e ao treino mental positivo, permite aceder a esse “sentir”: paz, gratidão, amor. Mesmo com feridas emocionais profundas ou culpas do passado, é possível, com acompanhamento terapêutico adequado, voltar a experienciar esses estados de elevada frequência emocional. No que diz respeito à epigenética, esta ensina-nos que não somos reféns dos nossos genes. Os nossos pensamentos, emoções e o ambiente que nos rodeia influenciam diretamente a forma como os genes se expressam. Ajudo os meus clientes a aceder a estados de consciência onde podem transformar crenças limitadoras e criar novas programações internas que favoreçam a saúde, o equilíbrio e o bem-estar. Através da visualização guiada, é possível criar imagens mentais de cura, de limpeza celular, processos que contribuem para mudanças na expressão genética. Estas práticas não beneficiam apenas a nossa saúde, mas também a das gerações futuras. Sabemos, hoje, que pensamentos e emoções das gerações anteriores podem ser herdados. Por isso, o trabalho é profundo: a hipnoterapia permite aceder à mente inconsciente, onde estão guardadas essas informações, e “devolver” simbolicamente às gerações anteriores aquilo que lhes pertence. Este processo permite-nos seguir em frente com amor, paz e sabedoria, realizando objetivos que, muitas vezes, os nossos antepassados sonharam, mas não puderam concretizar. Já a física quântica inspira o meu trabalho ao mostrar que tudo é energia e que a consciência humana tem o poder de influenciar a realidade. Através da hipnose, facilitamos estados profundos de presença e intenção, permitindo que o cliente se alinhe com frequências mais elevadas e promova transformações internas que se refletem na mente, no corpo e na vida. Dou um exemplo: não basta pensar ou repetir afirmações positivas, é necessário alinhar pensamento, emoção, sentimento e comportamento. Pode parecer difícil, mas é absolutamente possível. Exige prática, autoconsciência e uma nova forma de olhar para os relacionamentos, que podem ser vistos como oportunidades de treino para este alinhamento poderoso e transformador. Contudo, esse alinhamento só se torna verdadeiramente possível quando há abertura mental e emocional, algo que apenas acontece depois de cuidarmos das nossas feridas internas. É preciso limpar, tratar e cicatrizar com carinho, para que essas marcas se transformem em símbolos de superação e não em barreiras ao crescimento. A partir daí, a consciência começa verdadeiramente a expandir-se. Numa era marcada pelo burnout e pelo excesso de estímulos, como vê o papel da hipnose e da yoga restaurativa na promoção do equilíbrio emocional, do silêncio interior e da regeneração energética? A yoga restaurativa, ao permitir o repouso em posturas cuidadosamente escolhidas, oferece às pessoas com burnout uma oportunidade de descanso profundo, acolhimento e segurança, exatamente aquilo de que mais precisam. Nestes casos, recomendo sempre uma avaliação médica com um clínico geral ou psiquiatra, pois poderá ser necessária medicação e até uma baixa médica para recuperação adequada. Nas sessões, proponho uma reflexão essencial: o que pode retirar da sua vida? E o que pode começar a introduzir? Ao longo do acompanhamento terapêutico, vamos trabalhando estas respostas, alinhando decisões internas com práticas externas. Utilizo também hipnoses personalizadas, onde o cliente é guiado para um lugar seguro, sereno, onde nada nem ninguém perturba o seu equilíbrio. Estas sessões são gravadas para que o cliente possa repetir o exercício em casa, sobretudo antes de dormir, promovendo um relaxamento progressivo e profundo. Depois, é crucial entender de onde vem esse cansaço extremo: quais os excessos? Quais as crenças que o obrigam a trabalhar tanto? Qual é o seu “ideal do eu”? Como gostaria de trabalhar e viver? Guiamos então a mente a imaginar esse cenário ideal, com pausas e equilíbrio, com o propósito concretizado. Recomendo também suplementação com magnésio, ómega-3, e práticas como yoga e meditação. Esta última tem um papel fundamental: quando meditamos (ou praticamos hipnose com coerência cardíaca), aprendemos a observar os pensamentos sem nos envolvermos emocionalmente com eles. Com o tempo, começamos a notar espaços maiores entre os pensamentos, e muitos deles simplesmente deixam de nos afetar. Isso gera um estado de leveza, frequentemente relatado pelos clientes após a primeira sessão. Quanto ao excesso de estímulos, gostaria de destacar algo que observo com frequência: independentemente do problema que traz o cliente à terapia, ao acedermos à mente inconsciente, estamos também a aceder a uma parte profundamente sábia de nós, a intuição, a alma, a consciência superior. Quanto mais nos alinhamos com essa parte, mais naturalmente conseguimos distinguir o que nos serve do que nos dispersa. Muitos estímulos deixam de ter impacto porque já não ressoam com a nossa vibração interior. Este é um caminho diário de cura e aprendizagem, onde vamos, passo a passo, alinhando a mente com a alma e é esse alinhamento que, na minha opinião, conduz à verdadeira clareza, equilíbrio emocional e energia vital. Por fim, que mensagem gostaria de deixar a quem sente o apelo para se reconectar consigo mesmo, mas ainda hesita em dar esse primeiro passo no caminho da transformação consciente? Gostaria de dizer que, com a vasta oferta existente hoje na área do desenvolvimento pessoal e espiritual, é natural que surja alguma hesitação. Há um excesso de estímulos também neste campo, o que pode gerar confusão. Por isso, o convite é: observem, sintam, escutem a vossa intuição. Aos poucos, vão percebendo quem pode ser o copiloto ideal nesta viagem interior. A mente humana tem um poder imenso e o efeito placebo é uma prova disso. A hipnose, por sua vez, é um estado natural em nós. Está presente no nosso dia a dia, ainda que muitas vezes não nos damos conta. O transe pode ser positivo ou negativo, e a capacidade de distinguir entre eles começa com a atenção plena ao que sentimos. O corpo é sábio e está constantemente a dar-nos sinais. Também a vida nos mostra pistas, especialmente quando repetimos padrões que geram dor ou desarmonia nas nossas relações. É preciso coragem para olhar para dentro com amor. Para limpar o que precisa ser limpo, libertar o que já não serve, e assim seguir com mais leveza e sentido. Para mim, viver com propósito passa por nos relacionarmos com os outros com compaixão, respeito e humanidade, algo que só é possível quando aprendemos a cultivar essa mesma relação connosco próprios. Isto é a verdadeira transformação consciente. É desenvolvimento humano. É isso que proponho a quem me procura: um caminho de amor-próprio e merecimento. Pode parecer um cliché, mas acredito verdadeiramente que é o amor que cura. E não é o amor que recebemos, é o amor que somos. Tomamos consciência disso quando alcançamos a nossa paz interior. E essa paz só é possível depois do autoperdão, da libertação das culpas, conscientes ou inconscientes, que carregamos. A hipnoterapia é uma grande aliada neste processo de reencontro e cura, ajudando-nos a amar o outro simplesmente porque sim, não por carência, mas por plenitude. Afinal, porque haveríamos de precisar de algo que já somos? No máximo, podemos desejar partilhar e multiplicar essa energia tão poderosa. Contacto: +351 910 912 900 Instagram: @joananoronha.hipnoterapeuta Marcações: linktr.ee/contacto.joananoronha “Humanizar o parto é devolver o protagonismo à mulher”, a missão da obstetra Saritta Nápoles há mais de 40 anos. “Os olhos dizem muito sobre a nossa saúde e a cirurgia oculoplástica é a arte de melhorar essa comunicação”
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