“Formamos pessoas que, através da arte, encontram um sentido profundo para as suas vidas”

A Arte Total é muito mais do que uma escola de dança; é uma plataforma de desenvolvimento humano e artístico que oferece uma experiência verdadeiramente transformadora aos seus alunos. Este ano letivo não é exceção, trazendo uma programação vibrante e diversificada, para lá dos limites da escola. Foi entre a simbologia do Elevador do Bom Jesus, em Braga, que Cristina Mendanha, Carolina Vieira e Gabriela Barros falaram à Spot do Contrapeso, o novo programa da Arte Total, que promove projetos colaborativos que relacionam coreografia com videomapping e instalação sonora. “O programa Contrapeso da Arte Total e o Elevador do Bom Jesus partilham uma essência comum: o equilíbrio entre forças opostas para promover movimento e ascensão. Diferentes áreas artísticas e educativas criam um contrabalanço criativo entre dança, vídeo e outras formas de expressão. Assim como o elevador precisa de uma troca constante de energia para continuar em movimento, o Contrapeso permite que os alunos ascendam e explorem novas abordagens criativas através de experiências disruptivas.”, garantem.

Um início de ano letivo com influências globais

Um dos grandes destaques deste início de ano é o lançamento da primeira Vídeo Dança, criada no âmbito do programa Salvo Conduto, com coreografia e realização de Lea Siebrecht. A estreia, prevista para novembro, simboliza a fusão entre dança, tecnologia e cinema, uma tendência emergente que abre novos caminhos no mundo artístico.

Ainda em novembro, a Blackbox no GNRation acolhe uma residência artística com Pasquale Direse, parte do ciclo Contrapeso, que explora a relação entre arte, tecnologia e sustentabilidade. Cristina Mendanha, diretora da Arte Total, explica que “este ciclo reflete uma das grandes questões da atualidade: o impacto ecológico nas produções artísticas e o papel da tecnologia em encontrar um equilíbrio sustentável. É interessante observar como a dança, tradicionalmente vista como uma forma de arte puramente física, está a incorporar elementos tecnológicos para criar novas formas de expressão. A metáfora do ciclo Contrapeso, num paralelismo com o elevador do Bom Jesus, simboliza a busca por esse equilíbrio, um reflexo da necessidade crescente de sustentabilidade na arte e na vida quotidiana.”

O Ciclo Contrapeso acolhe artistas internacionais, promovendo o encontro entre criadores, pesquisadores e novas ideias. Focado em narrativas contemporâneas, incentiva o uso de recursos digitais nas criações de dança, com ênfase em práticas ecológicas.

Carolina Vieira, professora da Arte Total, sublinha que “o conceito de contrapeso é uma metáfora para o equilíbrio entre as artes performativas e a sustentabilidade ambiental, com a dança a conectar-se digitalmente a outras áreas artísticas. O suporte tecnológico serve tanto de ferramenta criativa como de motivação para a criação de novos espaços.”

Abrir horizontes

Para além dos eventos, a programação deste ano inclui também residências artísticas com figuras internacionais, como o bailarino Romulus Neagu, que atua no Forum Braga em dezembro. “A Arte Total continua a trazer professores convidados para as aulas de contemporâneo e avançado, promovendo uma aprendizagem diversificada e enriquecedora. Nomes como o músico Miquel Bernat, Afonso Cunha, Lea Siebrecht e Sara Santervás vão trabalhar com os alunos, oferecendo-lhes diferentes perspetivas e práticas artísticas, essenciais para o seu desenvolvimento.

Entre setembro e dezembro vamos ter também conversas com artistas performers, como Flávio Rodrigues, Jo Castro, Miguel Bonneville, Javier Martín e Bruno Bravo. O Call Fala-Barato quer aproximar os artistas do público e o público do meio artístico, através da criação de um momento rápido de partilha, que os artistas poderão usar para apresentar trabalhos recentes ou futuros, partilhar processos criativos ou aprendizagens e responder a questões dos participantes.”, refere Carolina Vieira.

A dança como ponte para a arte universal

Para os alunos da Arte Total, a dança é um espaço de encontro. “A Arte Total vê cada aluno como um ser humano completo, procurando proporcionar-lhe experiências que ampliem os seus horizontes, tanto no plano artístico como no pessoal. A presença de artistas de várias origens, com diferentes experiências, backgrounds e conhecimentos, permite que os alunos saiam da bolha da sala de aula e entrem em contacto com novas realidades. Isto não só enriquece o seu percurso artístico, como também os prepara para o mundo globalizado em que vivemos, onde a arte desempenha um papel crucial na construção de pontes entre culturas.”, salienta Gabriela Barros, professora na escola.

O movimento sincronizado com a música, a consciência do corpo em movimento e a interação com os outros criam um ambiente que favorece o autoconhecimento. “Este aspeto é particularmente importante numa era marcada pela hiperestimulação digital.”, sublinha Cristina Mendanha.

Na Arte Total, os alunos aprendem a lidar com a diversidade. A dança ensina-os a respeitar as diferenças, a reconhecer a vulnerabilidade do outro e a encontrar formas de colaborar com respeito mútuo, essencial para o seu crescimento enquanto pessoas.

“A Arte Total evoluiu para se tornar numa companhia de dança com uma filosofia e visão próprias. Formamos bailarinos, mas, acima de tudo, seres humanos completos, que através da arte, encontram um sentido mais profundo para as suas vidas. A dança, como metáfora usada por filósofos como Nietzsche, representa a libertação do peso da opressão, a expressão máxima da liberdade e da criatividade humana. Na Arte Total, essa visão é posta em prática todos os dias, fazendo com que cada aluno, ao dançar, encontre a sua própria liberdade e equilíbrio num mundo em constante mudança.”, conclui.

Morada: Mercado Cultural do Carandá, Rua Dr. Costa Júnior, 4715-127 Braga

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