SAÚDE DA MULHER/Saúde Infantil “Existe uma grande romantização da amamentação, o que pode gerar culpa e frustração” By Revista Spot | Março 11, 2025 Março 11, 2025 Share Tweet Share Pin Email “Sinto dor a amamentar!”, “ Será que o bebé está a mamar o suficiente?”, “Como extrair e armazenar corretamente o leite materno no regresso ao trabalho?”. A amamentação é um tema frequentemente envolto em mitos e desinformação, o que pode gerar ansiedade e frustração nas mães. Ana Luís Melita, assessora de amamentação, partilha a sua experiência pessoal e profissional nesta área, revelando os desafios que enfrentou após o nascimento do seu primeiro filho e a motivação que a levou a apoiar outras famílias. Com um olhar atento às necessidades das mães e dos bebés, Ana Luís defende uma abordagem informada e livre de julgamentos, desmistificando as dificuldades da amamentação. Através da sua experiência, oferece estratégias práticas para superar os desafios e promove a disseminação de informação científica atualizada, tornando-se uma verdadeira aliada no processo de amamentação. Como surgiu o seu interesse pela amamentação e o que a levou a tornar-se assessora nesta área? O meu interesse pela área da amamentação começou logo após o nascimento do meu primeiro filho, em 2019. O início foi atribulado, tivemos dificuldades com pega, mamilos fissurados, introdução de fórmula ainda na maternidade – mesmo sendo esta uma maternidade amiga dos bebés. A equipa do hospital não soube abordar a questão da amamentação e a solução foi a de sempre: fórmula infantil. Em casa, decidi por minha conta aprender o máximo sobre amamentação e consegui corrigir a pega, melhorar o posicionamento e deixar o leite adaptado. Depois disso, ao longo da minha jornada na maternidade e gravidez do segundo filho, percebi que esta era uma área que me fascinava. E percebi também que havia muita desinformação e até falta de acesso a informação de qualidade nesta área, pelas grávidas e recém mães e até pelos próprios profissionais de saúde. E decidi investir para ser um agente de mudança. Para ajudar as famílias como gostaria que me tivessem ajudado. Em que consiste exatamente o trabalho de uma assessora de amamentação? Ora, uma assessora de amamentação é uma profissional com treino e formação especializada nesta área. Quer isto dizer que estudamos a fundo temas como a produção de leite, o desenvolvimento mamário, as implicações da amamentação no desenvolvimento do bebé, e muito mais. Somos capazes de, através da observação da díade mãe e bebé, avaliar a qualidade da pega e do posicionamento do bebé durante a amamentação e perceber se existe algo a corrigir. Somos também “um ombro amigo”, na medida em que ouvimos atentamente, e sem julgamentos, as dúvidas e preocupações daquela mãe e daquela família. No pós-parto o nosso trabalho, na maior parte das vezes, incide sobre a resolução de um problema que já existe. Uma mãe que sente dor durante a amamentação, um bebé que recusa a mama, ou um bebé que adormece muito a mamar, por exemplo, são situações que preocupam as mães e que as levam a procurar ajuda. Já durante a gravidez, o nosso trabalho é muito mais proativo. Eu como assessora de amamentação vejo-me como um veículo de disseminação de informação credível e com suporte científico. Porque muitas vezes as mães tomam determinadas decisões por falta de informação ou por acesso a informações desatualizadas ou até falaciosas. O trabalho que quero fazer durante a gravidez é tão importante como o acompanhamento após o parto, porque vejo a informação como uma arma para o sucesso. Quais são os equívocos mais comuns que é essencial esclarecer? A amamentação continua envolta em muitos mitos. E muitos deles existem porque as famílias não estão conscientes do que é o comportamento normal de um bebé recém-nascido e do que implica serem pais e cuidadores. Posso dar alguns exemplos comuns de mitos na amamentação: O meu leite é fraco! – Este surge, na maioria das vezes, quando as mães descrevem que o bebé chora muito, está sempre a pedir para mamar. Ora, um bebé precisa de mamar não só para se alimentar, mas também para conforto. A sua autorregulação parte do contacto pele a pele com a mãe e da sucção nutritiva e não nutritiva. Então é natural que o bebé queira estar onde sente conforto e segurança, não significa nunca que o leite é fraco. Isso não existe. O leite materno após os três meses é só água! – Este é muito curioso porque, quando eu tive o meu primeiro filho ouvi exatamente isto: o leite ao fim de três meses é só água. Mas com o meu percurso e contacto com outras colegas e profissionais da área da pediatria, comecei a perceber, através de relatos, que já se começa a ouvir: O leite após os seis meses é só água. Ou seja, faz-me parecer que há aqui uma “agenda” para diminuir a perceção da qualidade do leite materno, mas que se tem vindo a adaptar ao contexto e à era em que estamos. Como cada vez mais, e ainda bem, há melhor e mais informação sobre a qualidade do leite, este mito tem vindo a ser moldado para se manter, como hei-de dizer? Atual. Este mito tem mesmo de desaparecer pois o leite materno nunca perde valor nutricional. Ele vai-se modificando e adaptando às diferentes fases de crescimento do bebé e da criança. Existem até estudos que comparam os macronutrientes do leite materno na chamada amamentação prolongada (após os 24 meses) com os do leite materno nos primeiros seis meses, e é possível observar que a sua composição se vai modificando. Por exemplo, nas crianças amamentadas com idade superior a dois anos, verificou-se uma concentração maior de proteína e gordura, para fazer face às necessidades energéticas da criança em crescimento. Seios pequenos vão produzir pouco leite! – Este mito é muito comum. As mamas são compostas, em termos gerais, por glândulas mamárias e tecido adiposo = gordura. A gordura é o que lhes confere o seu tamanho, maior ou menor. A parte glandular é responsável pela produção de leite. Por isso, o tamanho das maminhas não está relacionado com a produção. Tens mamilos invertidos, não podes amamentar! – Falso! O bebé não mama apenas no mamilo. Ele tem de abocanhar mamilo e aréola. Pode haver alguma dificuldade inicial e ser necessário trabalhar o posicionamento e a pega, mas ter os mamilos invertidos não é sentença para não amamentação. É importante desmistificar ao máximo a amamentação, porque são exemplos como estes, que, muitas vezes, se atravessam no caminho das famílias e impedem que estas desfrutem ao máximo da sua jornada na amamentação. Quais são os principais benefícios da amamentação para o bebé e para a mãe, segundo as evidências científicas mais recentes? A amamentação traz uma série de benefícios tanto para o bebé como para a mãe, que têm sido comprovados por estudos científicos recentes. Para o bebé, o leite materno oferece a nutrição ideal, já que é especificamente adaptado às necessidades nutricionais em cada fase do seu desenvolvimento. Além disso, fortalece o sistema imunitário, proporcionando maior proteção contra doenças. O vínculo emocional criado durante a amamentação é outro ponto importante, pois favorece o desenvolvimento emocional do bebé, além de contribuir para o seu desenvolvimento cognitivo. A amamentação tem também um impacto positivo no desenvolvimento orofacial, ajudando no fortalecimento dos músculos faciais e na formação adequada da boca. Para a mãe, a amamentação promove uma recuperação física mais rápida após o parto. Também ajuda na prevenção de várias doenças, como o cancro da mama e diabetes tipo I. Em termos de saúde emocional, as mães que amamentam têm uma menor taxa de depressão pós-parto, além de fortalecerem o vínculo afetivo com o seu bebé, o que contribui para o seu bem-estar emocional. Muitas mães enfrentam dificuldades no início da amamentação, como dor, pega incorreta ou baixa produção de leite. Que estratégias podem ajudar a ultrapassar estas dificuldades? Essas são as queixas mais comuns. E a primeira coisa a fazer é pedir ajuda a um profissional especializado. As estratégias vão depender muito do bebé e da mãe que temos pela frente e da existência ou não de condições subjacentes. Por exemplo, a baixa produção de leite pode ter inúmeras causas e é preciso fazer uma boa anamnese. Mas saber fazer a pega correta e saber como posicionar o bebé, é essencial para que a amamentação comece bem. Depois, conhecer os sinais de fome do bebé. Não devemos esperar o choro para alimentar o bebé, pois este é um sinal já tardio de fome. Por exemplo, quando o bebé começa a rodar a cabeça em busca da mama, ou se abre a boca quando lhe tocamos na bochecha, é sinal que pode já ser amamentando porque tem fome. Se esperarmos que chore vamos ter um bebé irritado, impaciente, esfomeado. E vamos ter de o acalmar primeiro e só depois colocar na mama. Por isso é que anteriormente disse que conhecer o comportamento expectável dos bebés é um fator importantíssimo para gerir a amamentação e outros aspetos da parentalidade. Em que situações pode ser necessário recorrer a alternativas ao aleitamento materno? E como é possível apoiar as mães nessa decisão sem julgamentos? A decisão de amamentar um bebé é única e exclusiva de cada mãe. Não pode haver julgamentos. O que eu defendo é que essa decisão seja devidamente informada (com informação fidedigna e atual). É preciso que cada mãe faça um trabalho interior e depois cabe-nos a nós apoiar a decisão tomada. As minhas formadoras diziam todas “nós não podemos querer mais que as mães” e é verdade. Nós temos o nosso papel de informar e ajudar a resolver os problemas, mas temos de saber ouvir e ler nas entrelinhas. E aceitar quando a jornada de amamentação daquela família terminou. E sim, existem casos em que a amamentação é desaconselhada, como em casos de mães que tomam medicação que é incompatível com a amamentação, que sofrem de doenças crónicas, por exemplo. E também, casos raros de doença do próprio bebé, a galactosemia. E é por causa de situações como estas, de doença, tanto da mãe como do bebé, que a fórmula infantil é importante e salva vidas. Logo, a função da Assessora de Amamentação, tanto nos casos de escolha em não amamentar, como nos casos de impossibilidade para o fazer, é de ouvir os desabafos daquela mãe, apoiar e ajudar, sem julgar. Quais são os erros mais comuns no armazenamento do leite e como evitá-los? O primeiro que me ocorre será armazenar grandes quantidades por recipiente. Ou seja, como as mães querem fazer um grande stock, muitas vezes extraem e guardam grandes volumes por recipiente. E não devem fazê-lo, devem guardar entre 60 a 75 ml por recipiente, para descongelar apenas o necessário e assim evitar desperdício. Outro erro, é juntar leite materno acabado de extrair com já refrigerado. Pode-se misturar leite extraído em diferentes momentos, mas no momento da junção a temperatura de ambos tem de ser a mais aproximada possível. Armazenar o leite na porta do frigorífico, é outro erro comum. Quando o guardamos no frigorífico devemos colocar na parte mais fria do mesmo. Para evitar estes erros só mesmo estando informada. Procurar informação, ler sobre o tema. Recentemente lançou um eBook sobre este tema. O que podem as mães encontrar neste guia e de que forma ele pode facilitar o dia-a-dia das famílias? É verdade sim. Eu lancei este eBook porque gosto de reunir informação e colocá-la à disposição de todos de forma fácil, acessível e direta. Antes de me ter formado nesta área já fazia um pouco este papel formativo com amigas que me procuravam pela minha experiência (fui a primeira a ser mãe no grupo), porque elas diziam que sentiam que eu pesquisava e me informava muito. E é verdade. Eu gosto de ler e de aprender, mas também gosto de transmitir aquilo que aprendo. Por isso, neste eBook, as pessoas podem encontrar informação atual e com suporte científico, com base nas guidelines mais recentes, tudo escrito de forma clara e simples. O guia inclui exemplos práticos de cenários diversos e de utensílios, e abrange temas como os diferentes tipos de extração de leite materno (manual ou mecânica), as temperaturas e os tempos de conservação do leite materno extraído, que é um dos subtemas abordados com grande detalhe, entre outros. Acredito que este eBook facilita a vida das famílias de duas maneiras distintas: proativamente, ou seja, ao aprender sobre um tema antes de ser necessário, permite-nos estar preparadas para o que possa surgir, antecipando o que esperar; e reativamente, no sentido de, perante uma dúvida ou dificuldade, termos um recurso confiável onde podemos encontrar as respostas de forma imediata. Se tivesse de destacar uma dica essencial para um armazenamento seguro e eficaz do leite materno, qual seria? Uma dica essencial para um armazenamento seguro e eficaz do leite materno seria identificar claramente os recipientes com a data de extração. Desta forma, ao descongelar, deve-se começar sempre pelo leite mais antigo, ou seja, o que foi extraído há mais tempo. Além disso, é fundamental conhecer bem as temperaturas que os seus eletrodomésticos (arca, frigorífico, congelador ou combinado) atingem, pois isso tem um impacto direto no tempo em que o leite materno pode ser mantido congelado de forma segura. Para muitas mães, voltar ao trabalho representa um desafio para a continuidade da amamentação. Como pode ser feita uma transição bem-sucedida? O planeamento é fundamental. A transição será mais suave quanto melhor for antecipado e estruturado o regresso ao trabalho. Trata-se de um momento que envolve diversos fatores, como a idade do bebé no momento do regresso, quem será responsável por cuidar dele na ausência da mãe, a preparação de uma rotina de extração de leite ainda durante a licença de maternidade, entre outros. Durante o regresso ao trabalho, é importante considerar se a mãe poderá usufruir de um horário dedicado à amamentação e o momento ideal para comunicar essa necessidade à empresa. Além disso, a ansiedade materna, a ausência do bebé e as expectativas em relação à extração de leite são aspetos essenciais a serem geridos com cuidado. A chave para uma transição bem-sucedida está no planeamento antecipado e na flexibilidade de adaptação às necessidades de mãe e bebé. Sabemos que presta apoio personalizado para ajudar as mães a desenvolverem um plano de extração e gestão do leite materno. Como funciona este acompanhamento? Sim, o meu acompanhamento para o regresso ao trabalho pode ser realizado de duas formas: online ou ao domicílio. O processo começa com uma conversa detalhada com a família, na qual faço perguntas essenciais para compreender como está a decorrer a amamentação do bebé, qual a data prevista para o regresso ao trabalho, a idade do bebé, o horário de trabalho da mãe, o número de horas de afastamento mãe/bebé (tendo em conta deslocações, para além do horário de trabalho), quem irá cuidar do bebé na ausência da mãe, como será alimentado (e se existem alternativas ao biberão), entre outros pontos importantes. A partir dessas informações, elaboro um plano de extração totalmente personalizado, adequado às necessidades da mãe e do bebé, alinhado com os seus objetivos. Este plano é enviado posteriormente por WhatsApp ou e-mail. Além disso, incluo um ebook, também enviado por WhatsApp ou e-mail, e um produto que desenvolvi especialmente para as famílias: um íman com informações sobre as temperaturas ideais para a conservação do leite materno, que pode ser colocado no frigorífico para estar sempre visível. Este íman é enviado por correio ou entregue pessoalmente, consoante o tipo de acompanhamento escolhido. Recomendo que a sessão seja realizada pelo menos seis semanas antes da data do regresso ao trabalho, uma vez que a rotina de extração deve começar com, pelo menos, um mês de antecedência. Após a consulta, a mãe tem direito a acompanhamento semanal online para esclarecer dúvidas e fazer os ajustes necessários ao plano. Algumas empresas começam a criar espaços dedicados à extração de leite materno. Acredita que esta é uma tendência crescente? É curioso que mencione essa questão, porque eu interesso-me muito sobre essa temática e tenho aqui o bichinho para fazer algum ativismo nesse sentido. Porque em países como a Austrália, Canadá, Reino Unido, já existem movimentos para implementar o que chamam de “breastfeeding friendly workplace”. Na Austrália, a “Australian Breastfeeding Association” criou, inclusive, uma espécie de programa de certificação para as empresas que, cumprindo uma série de requisitos, queiram aderir. E citam, por exemplo, estudos onde se concluiu que existem benefícios para as empresas em serem amigas da amamentação. Por exemplo: as trabalhadoras estão mais satisfeitas, o ambiente laboral é mais positivo, retêm mais funcionárias, têm uma boa reputação, são mais procuradas, etc. Portanto, eu acredito que estamos perante uma mudança de paradigma, e aqui em Portugal acredito que vai começar pelas empresas com expressão externa, empresas internacionais que se estabeleceram no nosso país ou startups. Mas confesso que pode demorar, e daí o meu bichinho pelo ativismo neste sentido. Para que as mães tenham mais e melhor apoio no regresso ao trabalho é preciso essencialmente mudar a lei e espalhar conhecimento. O artigo 47.º, n.º 1 do Código do Trabalho estipula que: “1 – A mãe que amamenta o filho tem direito a dispensa de trabalho para o efeito, durante o tempo que durar a amamentação.” Ora, não há aqui um limite temporal, mas o artigo 48.º deste mesmo diploma legal, no seu n.º 1 já determina que: “Para efeito de dispensa para amamentação, a trabalhadora comunica ao empregador, com a antecedência de 10 dias relativamente ao início da dispensa, que amamenta o filho, devendo apresentar atestado médico se a dispensa se prolongar para além do primeiro ano de vida do filho.” Então temos um artigo que diz que tem direito durante o tempo que durar a amamentação, mas depois tem de provar que amamenta, mediante atestado médico. Isto só mostra que somos um país que não compreende os benefícios da amamentação nem a leva a sério. Porquê colocar um limite temporal no livre gozo de um direito? Numa era em que várias organizações de saúde, como a OMS, defendem e incentivam a amamentação prolongada, após os dois anos de vida, e comprovam os seus benefícios. Temos de criar leis claras que defendam as famílias. Temos de criar condições para podermos ser pais e mães e ser trabalhadores, simultaneamente. Ainda existe uma grande romantização da amamentação, o que pode gerar culpa e frustração. Como podemos promover uma abordagem mais realista e acolhedora para as mães? Sim, existe uma romantização da maternidade no geral e isso leva a que as mães sintam culpa por não conseguirem corresponder àquilo que idealizaram. Para tentar mudar isto é preciso começar a falar abertamente sobre a maternidade real! As futuras mães precisam de ter acesso a cursos de preparação para o nascimento que integrem esta visão mais realista da maternidade nas suas formações. É preciso explicar às famílias o que devem esperar do bebé, que o choro e o recusar do berço é normal e expectável, que mamar é alimento, mas também é conforto, que colo NÃO é manha. Falar das mudanças físicas da mulher, das questões emocionais, e também que o nosso cérebro sofre mudanças reais em prol da promoção do cuidado ao bebé. É importante falar abertamente da importância da rede de apoio: que não têm de cuidar de tudo sozinhas (nem o podem fazer). Que o descanso, a hidratação e a nutrição materna são fundamentais, e por isso planear antecipadamente formas de o companheiro(a) contribuir para a realização das tarefas da casa fomenta esse descanso. Em Portugal, sente que há apoio suficiente à amamentação nos hospitais e centros de saúde? Não, não há. E digo-o, não só por experiência pessoal, mas também pelo facto de, talvez, 90% das minhas colegas de formação serem da área da saúde: enfermeiras, médicas, fisioterapeutas, terapeutas da fala, dentistas, etc. E muitas disseram que sentiram necessidade de complementar a sua formação de base com formação nesta área (amamentação) para colmatar lacunas do serviço prestado por elas em contexto laboral. O Estado não investe, os privados não investem. Os profissionais de saúde que se interessam investem a custo próprio e por verdadeiro interesse/vontade de mudar e fazer melhor e diferente. Mas ainda são muito poucos. Para melhorar, devia haver um investimento do SNS na capacitação dos seus profissionais de saúde através de formações obrigatórias, por exemplo, na área da amamentação. E, correndo o risco de soar utópica, defendo que deveríamos ser presença diária ou semanal nos hospitais e centros de saúde para prestar apoio às famílias, isso sim demonstraria um verdadeiro reconhecimento desta profissão. Porque infelizmente, muitos profissionais não acreditam no poder e valor da nossa atuação, e mais depressa prescrevem fórmula infantil do que fazem uma referência para assessoria de amamentação. Nem todas as mães têm acesso a apoio presencial especializado. Como funciona a sua consulta online e que vantagens oferece? O apoio online foi pensado especialmente para aquelas mães que não têm profissionais especializados perto de si, seja em Portugal ou em situações em que as famílias se encontram fora do país. Na consulta online, realizo a interação por videochamada, começando com uma conversa informal para fazer toda a anamnese. Depois, conforme a queixa ou dificuldade apresentada, oriento a consulta para conteúdos específicos, como vídeos ou fotografias, ou até para observar em tempo real o bebé a mamar. Tudo depende do motivo da consulta e das necessidades da mãe e do bebé. O que considera fundamental para que as mães se sintam confiantes ao procurar apoio online nesta fase tão delicada? Saberem que do lado de lá está uma profissional dedicada e que vai ouvir sem julgamentos tudo o que aquela mãe tem para dizer. Muitas vezes só o facto de serem tranquilizadas já lhes dá alento para continuar. E depois tem a vantagem de não envolver quase logística nenhuma. Não têm de se preocupar com deslocações, nem com a necessidade de receber alguém em casa, acabam por estar mais à vontade. Que conselhos daria a uma mãe que está prestes a iniciar a amamentação? Estar informada é muito importante. Mas estar preparada também, ter um plano pós-parto é uma ótima ferramenta e ter contacto de profissionais de referência para pedir ajuda ao primeiro sinal de problemas ou dificuldades. Que acredite sempre em si e no poder do seu corpo em nutrir, mas que nunca veja pedir ajuda como uma fragilidade. E para aquelas que, por qualquer motivo, não podem ou optam por não amamentar, que mensagem gostaria de deixar para que se sintam seguras na sua decisão? Tu és a melhor mãe para o teu bebé. E o teu bebé é amado, cuidado e alimentado – e isso é o mais importante! Confia em ti e na tua decisão. Se pudesse mudar um único aspeto na forma como a amamentação é vista e apoiada na nossa sociedade, qual seria? Talvez o julgamento que lhe está sempre (ou quase sempre) associado – tanto para quem amamenta como para quem não amamenta. Gostaria que a sociedade não pressionasse as mães a desmamarem cedo ou a continuarem para além do que desejam; e que quem não consegue ou não quer amamentar não se sentisse culpada. E que imperasse o verdadeiro respeito pelas escolhas de cada família – sem críticas, sem olhares de lado, sem imposições. Instagram: @bebe_nopeito Contacto: +351 912 929 367 (chamada para a rede móvel nacional) “Cada vez mais pessoas procuram resultados subtis, que realcem a beleza natural sem parecerem artificiais” “O melhor momento para cuidar da nossa pele é antes que ela precise de rejuvenescimento”
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