Restaurantes/Tasquinhas Encontro de gigantes: Tasca do Paiol e Garagem 33 unidos em torno do fogo, do pote e da brasa para homenagear Victor, a lenda do bacalhau que conquistou Jorge Amado By Revista Spot | Junho 23, 2025 Junho 23, 2025 Share Tweet Share Pin Email Braga já viu muitas segundas-feiras. Umas mais silenciosas, outras com resquícios do fim-de-semana ainda a ecoar pelas ruas. Mas esta não foi uma segunda qualquer. Foi uma Segunda de Gigantes; um evento raro, como um eclipse culinário, onde se alinharam duas constelações do sabor: Tiago Carvalho, da emblemática Tasca do Paiol, e David Cunha, do irreverente Garagem 33 em homenagem a Victor Peixoto, fundador do restaurante O Victor, na Póvoa de Lanhoso. A ideia? Simples. Ou melhor: de uma simplicidade que só os mestres sabem manter. Fogo, brasa, pote e produto. O regresso às origens da cozinha portuguesa, mas com a alma e a criatividade de quem sabe escutar o ingrediente antes de o transformar. Duas Lendas, um único propósito Este não foi um evento sobre egos, nem sobre protagonismos. Foi, antes, um gesto de respeito mútuo, de admiração genuína. Como diz Tiago, “o difícil é manter simples e Victor Peixoto sempre se destacou precisamente por isso: por fazer do essencial uma assinatura. Não há floreados nem truques. Há fogo. Há produto. E há quem saiba honrá-los” O Restaurante O Victor, em São João de Rei é uma referência do norte de Portugal, nascido em 1971, quando Victor Peixoto transformou a mercearia/tasquinha do pai numa casa voltada para o bacalhau, mantendo desde então um estilo rústico e acolhedor, que um dia conquistou o escritor Jorge Amado. “Há lugares que nos alimentam muito para além da fome. O Victor é um desses. Entre o cheiro do lume e o calor da casa, vive a alma de um homem que fez do bacalhau uma ode à tradição e da hospitalidade um ofício de coração inteiro. Victor não serve apenas comida, serve memórias, histórias, gestos simples carregados de verdade. Todos sentem que ali há algo raro: uma mesa que acolhe, uma casa que escuta, um homem que marca”, destaca Tiago, Nesta festa, a homenagem foi subtil, porque gigante não precisa de palco para se fazer notar. Victor foi celebrado não com discursos, mas com um presente especial, música, carvão aceso e mãos ocupadas. Tiago e David partilharam o ofício, a grelha, o riso e os copos e isso vale mais que qualquer medalha. Gigantes no copo e no prato O nome do evento também fazia jus ao que se servia: só grandes formatos, literalmente. A Adega Mayor trouxe os seus espumantes Grande Reserva, a Leffe encheu os copos com a sua cerveja artesanal, e a Sogrape elevou o brinde com Taittinger Rosé de 3 litros, entre outras preciosidades em garrafas de litro e meio. Tudo pensado para impressionar, não pela ostentação, mas pela partilha. Porque abrir uma garrafa de grandes dimensões é, acima de tudo, um convite ao convívio. E o que se comeu, comeu-se com o fogo como protagonista. O início fez-se de pé, à volta das brasas. Um pão alentejano, grosso e rústico, foi tostado diretamente sobre o carvão, barrado com azeite virgem quente, alho esmagado e orégãos, a simplicidade comovente de quem sabe que o sabor começa na terra. Seguiram-se espargos viçosos, ligeiramente crocantes, ainda a estalar do calor. A barriga de porco salgada derretia-se ao toque dos dentes, com a gordura bem caramelizada no carvão. A tripinha enfarinhada veio com aquele sabor intenso, a lembrar infância e feiras, enquanto o tomate grelhado, servido com anchovas, revelava o equilíbrio perfeito entre doçura, acidez e salgado. Do pote, saía lentamente uma chouriça de sangue cozida, escura e fumada, envolta em caldo quente e memória. O banquete ganhou corpo à mesa. Veio primeiro uma carne de porco estufada, com o molho espesso a insinuar-se no prato, seguida de uma massa de vitela rica e reconfortante, daquelas que se servem com generosidade e pedem pão para limpar o tacho. No fecho, surgiram os costeletões grelhados, robustos, suculentos, com o ponto certo de fumo, acompanhados por legumes igualmente grelhados, tostados por fora e doces por dentro. Nada de mais. Tudo no ponto. Tudo com verdade. O espírito do Paiol: Fogo, convívio e verdade A Tasca do Paiol não é apenas um restaurante. É um espaço de resistência ao ruído da pressa moderna, onde o tempo abranda e o sabor manda. Um santuário para quem entende que cozinhar é mais do que alimentar, é reunir, escutar, brindar, rir. E foi isso que aconteceu nesta Segunda de Gigantes: um reencontro com a essência. Numa era de pratos fotografáveis, Tiago e David serviram comida que se sente no estômago e no coração. Nada de invenções. Tudo de intenção. Lendas ao lume Dizem que, de tempos a tempos, os gigantes da restauração descem à terra e juntam-se à volta de um pote a borbulhar. Não para competir, mas para partilhar. Para alimentar a alma da cidade com brasas vivas e taças cheias. Nesta noite, a Tasca do Paiol tornou-se esse lugar sagrado. E se lendas se escrevem com gestos, sabores e memórias… então esta já é uma das grandes de Braga. Morada: Rua do Senhor da Boavista Nº20, Braga Contacto: 961 212 446 Facebook: Tasca do Paiol Instagram: @tascadopaiol “A pressa e a culpa não fazem parte de uma alimentação saudável” “A massoterapia é mais do que relaxamento: é uma ferramenta poderosa de prevenção, alívio da dor e equilíbrio emocional”
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