ATIVIDADE FÍSICA/MEDICINA INTEGRATIVA/NUTRIÇÃO/SAÚDE DA MULHER “Embora os nossos genes possam predispor-nos a doenças, são as escolhas que fazemos ao longo da vida que determinam se essas predisposições se manifestam ou não” By Revista Spot | Novembro 8, 2024 Novembro 11, 2024 Share Tweet Share Pin Email Com um percurso de 25 anos enquanto médica de Medicina Interna, Fabiana Castro procurou unir desde cedo diferentes visões terapêuticas para promover uma visão mais completa da saúde. Estudou Medicina Tradicional Chinesa, Acupuntura e Homeopatia, e, com o tempo, encontrou na Epigenética uma chave para entender melhor a interação entre genes e estilo de vida. A Epigenética mostrou-lhe que, embora possamos herdar genes que predisponham a doenças, o ambiente, os hábitos e as escolhas de vida podem ‘despertar’ ou ‘silenciar’ esses genes. Essa descoberta foi um divisor de águas, validando cientificamente a crença de que a saúde não depende apenas de fatores biológicos, mas de uma série de influências externas e internas ao longo da vida. Hoje, através da sua formação em Medicina Funcional Integrativa ensina-nos o impacto de fatores como alimentação, stress, sono, atividade física e relações interpessoais na nossa saúde. Se uma doença tem um gatilho, é preciso entender esse gatilho “Quando se trata de doenças, é fundamental compreender os gatilhos que podem estar relacionados com o estilo de vida e o comportamento emocional, e a forma como essas questões podem ser modificadas. O papel do médico, então, não é apenas tratar a doença, mas promover a saúde, a longevidade com qualidade de vida e um bem-estar integral.”, explica. Essa visão integrativa coloca o médico como um facilitador do equilíbrio do corpo e da mente, e não apenas um curador da doença. A Medicina Funcional Integrativa reconhece a importância da individualidade de cada paciente, oferecendo um atendimento mais personalizado, humano e eficiente, baseado em evidências científicas, mas também atento aos aspetos emocionais e comportamentais da pessoa. Um percurso fascinante na área da saúde Fabiana Castro é um exemplo de como a Medicina se pode expandir e evoluir ao longo do tempo, unindo abordagens tradicionais com novas descobertas científicas, especialmente no campo da Medicina Funcional Integrativa. Para a médica, a saúde nunca foi apenas a ausência de doença, mas um estado de equilíbrio entre os diferentes aspetos do ser humano. “Sempre fiz um vínculo muito grande entre saúde física, mental e espiritual. Não existe dissociação entre essas áreas”, partilha. A sua busca por respostas levou-a a estudar Medicina Tradicional Chinesa, Acupuntura e Homeopatia, na tentativa de trazer novas perspetivas para sua prática. O ponto de viragem ocorreu quando entrou em contato com a Epigenética, um campo científico que demonstra como os nossos genes não são determinantes fixos para o surgimento de doenças, mas podem ser influenciados pelas nossas escolhas de vida, emoções e perceções. “Quando descobri a Epigenética, foi um divisor de águas. Mostrou-me que, embora os nossos genes possam predispor-nos a doenças, são as escolhas que fazemos ao longo da vida — como alimentação, exercício, gestão do stress, entre outros — que determinam se essas predisposições se manifestam ou não. Foi assim que descobri uma ponte entre a ciência moderna e as abordagens holísticas que sempre defendi.”, revela. A sua chegada a Portugal marcou um novo capítulo, ao cruzar-se com a Medicina Funcional Integrativa. “Hoje em dia, já não estamos a falar de duas medicinas separadas. A Medicina Funcional Integrativa, que se cruza com os princípios da Epigenética, integra a ciência com a promoção da saúde e da longevidade.”, afirma. Impacto nas futuras gerações Fabiana Castro destaca a importância de transmitir modificações epigenéticas às futuras gerações. “Um exemplo claro disso vem de estudos realizados com sobreviventes do Holocausto e com mães que passaram por períodos de fome durante a Segunda Guerra Mundial. Esses estudos sugerem que os filhos dessas pessoas apresentaram maior predisposição a desenvolver distúrbios metabólicos, imunológicos e psiquiátricos tais como obesidade, diabetes e depressão, evidenciando como traumas vividos pelos pais podem alterar a expressão genética e afetar a saúde dos descendentes. Esses estudos mostram que, embora a genética seja um fator importante, ela pode ser ativada ou inibida com base em fatores ambientais e comportamentais.”, esclarece. Além disso, a ciência tem demonstrado que é possível reverter certos processos epigenéticos, especialmente no que diz respeito à longevidade. “Um exemplo é o papel dos telómeros, as ‘pontinhas’ do DNA, que se degradam com o envelhecimento celular. Fatores como dieta equilibrada, atividade física, sono adequado e relações interpessoais saudáveis desempenham um papel fundamental na preservação dos telómeros, e, consequentemente, na promoção de uma vida mais longa e saudável.”, clarifica. A importância do intestino para a saúde O intestino, frequentemente negligenciado, é um dos pilares mais fundamentais para o nosso bem-estar. A microbiota intestinal, que consiste em triliões de microorganismos, desempenha um papel essencial não apenas na digestão dos nutrientes, mas também na regulação hormonal, no sistema imunológico e até na nossa saúde mental. Quando esse ecossistema está desequilibrado, surgem diversos problemas de saúde, que podem variar desde dificuldades digestivas até distúrbios hormonais e um aumento significativo no risco de obesidade. “Um desequilíbrio na microbiota intestinal pode comprometer a barreira intestinal, que funciona como um filtro para a absorção de nutrientes. Isso pode dar origem a condições como a síndrome do intestino permeável (leaky gut), caraterizada pela passagem de toxinas e substâncias não digeridas para a corrente sanguínea, o que pode desencadear inflamações crónicas, distúrbios hormonais e até problemas de peso. Além disso, as bactérias intestinais, mais numerosas do que as células humanas no nosso corpo, têm uma influência poderosa sobre os nossos desejos alimentares. Por exemplo, podem induzir-nos a consumir alimentos ricos em açúcar, que favorecem o crescimento de determinadas bactérias ‘más’ para a nossa microbiota.”, destaca Fabiana Castro. Outro aspeto importante a ser considerado é a comunicação entre o intestino e o cérebro, mediada pelo nervo vago, o maior nervo parassimpático do corpo. Este nervo tem um papel fundamental na regulação do equilíbrio emocional, transmitindo sinais de calma e relaxamento ao cérebro. “Em situações de stress, o nervo vago ajuda a restaurar a sensação de equilíbrio, enviando sinais ao cérebro de que ‘está tudo bem’. Contudo, quando o stress se torna crónico, o funcionamento do nervo vago pode ser prejudicado, afetando a nossa capacidade de lidar com a pressão do dia-a-dia e, por conseguinte, prejudicando a nossa saúde física e mental.”, sublinha. Além disso, a qualidade do sono desempenha um papel essencial na saúde intestinal e geral. “Simples ajustes no ambiente, como a utilização de luzes amarelas no quarto e garantir exposição à luz natural logo pela manhã, podem ser fundamentais para regular o ritmo circadiano, que controla a produção de cortisol e melatonina, hormonas essenciais para um descanso reparador.”, enfatiza. Aprender a respirar e fazer do exercício um melhor amigo Segundo Fabiana Castro, quando se trata de reduzir o stress, a solução pode ser mais simples do que parece: respirar profundamente. “Mesmo em momentos de agitação, a respiração consciente envia uma mensagem de relaxamento ao nervo vago, que ajuda a diminuir os níveis de stress.”, evidencia. A médica recomenda esta prática em qualquer lugar e a qualquer momento, como uma ferramenta poderosa para a regulação emocional. “Manter-se ativo fisicamente também é essencial, mas é importante fazer isso de forma gradual, respeitando os limites de cada pessoa. À medida que envelhecemos, o aumento de massa muscular torna-se fundamental para a nossa saúde metabólica, ajudando a melhorar a circulação e a prevenir doenças cardiovasculares. Além disso, o exercício físico é um aliado no combate ao envelhecimento cognitivo, retardando o surgimento de disfunções neurocognitivas, como o Alzheimer. Para mulheres na menopausa ou homens na andropausa, o ganho de musculatura também ajuda a regular os níveis hormonais, promovendo uma melhor qualidade de vida.”, afirma. Suplementação os essenciais À medida que envelhecemos, as necessidades nutricionais e de suplementação tornam-se mais evidentes, e é essencial compreender quais são os ‘essenciais’ para o bem-estar de todos nós. De acordo com a especialista, há dois suplementos que são fundamentais para o organismo: a vitamina D e o magnésio. “Além disso, em determinadas situações, podem ser necessários outros nutrientes. O zinco e o selénio, por exemplo, são frequentemente deficientes na população, assim como o ferro, especialmente em mulheres, o que se traduz em défice que precisa de ser tratado. Outro suplemento essencial a partir de determinada idade é o ómega-3, determinante para o sistema cardiovascular e para prevenir processos inflamatórios crónicos. Mas a suplementação não deve ser vista como uma solução standard, variando de pessoa para pessoa.”, alerta. A importância da autoconsciência Muitas vezes, as pessoas só começam a dar atenção ao seu corpo quando os sintomas já são evidentes, mas Fabiana Castro avisa que é fundamental fazer essa gestão antes mesmo de os sinais clínicos se manifestarem. “A autoconsciência é essencial: a mudança de hábitos começa com a informação, com a consciência dos pequenos ajustes diários que podem fazer toda a diferença. Por exemplo, a mastigação, que parece algo simples, tem grande impacto no processo digestivo. Comer de forma rápida e descuidada, algo muito comum na sociedade atual, leva a distúrbios digestivos que podem agravar problemas de saúde. E quando falamos do impacto do cortisol, a famosa hormona do stress, percebemos como ela afeta não só o sono, mas também o metabolismo, as funções imunológicas e até a saúde óssea.”, realça. A importância de aprendermos o real significado da palavra prevenção Outra coisa que muitos de nós não sabem é que a forma como organizamos a nossa alimentação pode afetar os níveis de glicose no sangue. Comer, por exemplo, um alimento com alto índice glicêmico como uma fruta, terá um menor impacto metabólico se ocorrer depois de uma refeição rica em proteínas e gorduras de boa qualidade. “Essas pequenas mudanças comportamentais têm um grande efeito no nosso metabolismo e saúde. A ordem de ingestão dos alimentos, a mastigação cuidadosa, a atenção ao que o corpo precisa, são tudo aspetos da medicina comportamental que podem ser mais eficazes do que qualquer remédio. A verdadeira mudança começa com a informação e a ação consciente. A Medicina Funcional Integrativa ensina-nos que a prevenção através de hábitos saudáveis é a chave para uma vida mais equilibrada e longa. Por isso, ao longo da vida, é essencial focar nos nutrientes que realmente fazem a diferença, ajustar comportamentos alimentares e, acima de tudo, estar atento aos sinais do corpo.”, informa. Mas afinal a partir de que idade devemos recorrer a uma Consulta de Medicina Preventiva e Longevidade? A resposta de Fabiana Castro é clara: “a partir de qualquer idade. Acompanho desde adolescentes, passando por pacientes com doenças crónicas e autoimunes, e um número crescente de mulheres na menopausa que buscam envelhecer com qualidade de vida e para as quais a terapia com hormonas bio idênticas veio trazer um novo horizonte nos cuidados com a saúde e bem-estar. Muitas vezes, são os filhos dos pacientes que, pela experiência de vida dos seus pais, começam a entender a importância de cuidados preventivos e mudança de hábitos. Isso revela como o conhecimento adquirido na consulta pode ser transmitido entre gerações, promovendo mudanças de mentalidade que têm o potencial de moldar a saúde das próximas gerações. Imagine se as gerações anteriores tivessem tido acesso a esses conhecimentos mais cedo, talvez muitas doenças e condições relacionadas com o estilo de vida pudessem ter sido evitadas. Infelizmente, sabemos que a próxima geração enfrentará novos desafios, como o aumento das doenças metabólicas, muitas vezes causadas por sedentarismo, má alimentação e níveis elevados de stress. O comportamento alimentar, a pressão social para atingir altos padrões de desempenho e as exigências de trabalho tornam-se fatores desencadeantes de stress que afetam profundamente a saúde física e mental. A consciência do impacto destes fatores é essencial para mudar comportamentos e melhorar a qualidade de vida. A questão é: estamos realmente a equilibrar as exigências materiais da vida moderna com o nosso bem-estar? Muitas vezes, ao tentarmos dar conta de tudo, negligenciamos o que realmente importa: a nossa saúde. No final, o verdadeiro propósito da medicina funcional integrativa é um só: a saúde de uma pessoa pode impactar diretamente a saúde dos seus filhos e netos, seja pelo exemplo, seja pelas influências genéticas. Por isso, a mensagem é clara: devemos cuidar de nós mesmos e das gerações que virão, implementando hábitos saudáveis que irão moldar o futuro da saúde de todos. Cada consulta, cada mudança de mentalidade e cada gesto de autocuidado podem ter um impacto profundo e duradouro em todos nós.”, conclui. Morada: Clínica Cielle – Braga Avenida D. João II, 404, Piso 4, Sala 44, 4715-275 Lamaçães – Braga Contacto: +351 917 178 121 (chamada para rede móvel nacional) Clínica MPL – Porto Rua Mota Pinto 42 F, sala 1.10. 4100-353 – Porto Contacto: +351 914 166 942 Instagram: @drafabiananunescastro Consultas online: drafabiananunescastro@gmail.com “O menos é mais na rotina de skincare, menos cosméticos, mais qualidade e consistência nos cuidados” Novo espaço Telma Almeida oferece conceito de hair care futurista num refúgio rodeado de natureza
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