“Das doenças autoimunes ao equilíbrio hormonal, a Osteopatia oferece um cuidado abrangente em todas as idades”

Foi o poder terapêutico e a compreensão profunda da anatomia humana que levaram Joana Duarte a trocar a Educação de Infância pela Osteopatia. Hoje trabalha com pessoas de todas as idades, desde os primeiros dias de vida, numa prática terapêutica que se baseia na ideia de que o corpo humano é uma unidade integrada, onde a saúde e o bem-estar dependem do funcionamento harmonioso de todos os sistemas do corpo.

Quando é que a Joana se cruza com a Osteopatia? 

A minha curiosidade pelas terapêuticas manuais levou-me a tirar um curso de massagem terapêutica em 2015. No começo, fui atraída pela componente de relaxamento e pelo desejo de ajudar os outros através das terapias manuais. No entanto, à medida que ganhava experiência na área da massagem, sentia um desejo crescente de abordar os problemas das pessoas de forma mais profunda. E foi assim que decidi formar-me em Osteopatia.

A Osteopatia é uma prática terapêutica que se baseia na ideia de que o corpo humano é uma unidade integrada, onde a saúde e o bem-estar dependem do funcionamento harmonioso de todos os sistemas do corpo. Como osteopata, utilizo uma variedade de técnicas manuais, incluindo manipulação, mobilização e alongamento, para ajudar a restaurar a função normal do corpo e aliviar o desconforto. Além disso, reconheço a interconexão entre o corpo, a mente e o espírito, e procuro abordar não apenas os sintomas físicos, mas também as causas subjacentes do desconforto, muitas vezes relacionadas com questões emocionais e mentais.

Como surge a Vital Concept e com que missão?

A Vital Concept surge da minha necessidade em querer oferecer um tratamento mais personalizado e alinhado com a minha própria visão e abordagem terapêutica, após trabalhar para outras entidades.

Senti a necessidade de integrar a minha intencionalidade, observação e diagnóstico na prática terapêutica, proporcionando um cuidado mais completo e adaptado às necessidades individuais de cada pessoa. Através da Vital Concept, procuro oferecer uma abordagem terapêutica única e personalizada, onde os pacientes se sintam verdadeiramente compreendidos e apoiados ao longo do processo de tratamento.

O que é a Osteopatia e de que forma esta área se diferencia de outras metodologias?

Quando me perguntam sobre o que é a Osteopatia, sinto sempre aquela pressão de explicar de forma clara e concisa. 

A regulamentação foi uma medida muito positiva, pois faz-nos sentir parte de uma abordagem integrativa e científica. Para mim, a Osteopatia é uma ciência que nos permite olhar para o corpo humano e para a pessoa como um todo. É quase como se fosse uma resposta padrão, mas é verdade. 

É olhar para além das queixas imediatas e compreender a origem do problema, integrando-se com diversas especialidades, como a medicina geral e familiar, a Fisioterapia, Exercício Clínico, Podologia, entre outras. Esta integração é fundamental para proporcionar aos pacientes um cuidado abrangente e eficaz.

É possível melhorar a qualidade de vida através da Osteopatia?

Sem dúvida. Seja numa cefaleia, numa lesão desportiva, numa disfunção da articulação temporomandibular, num problema postural, numa lesão musculoesquelética, entre tantas outras. Trabalho bastante com atletas, especialmente ligados à dança, onde as lesões são comuns. Além disso, atendo muitas pessoas que têm trabalhos sedentários, o que também pode levar a problemas musculares e posturais.

Além das lesões musculoesqueléticas, tenho recebido cada vez mais pacientes com problemas de saúde mais complexos, como doenças autoimunes, síndrome do cólon irritável, doença de Crohn e fibromialgia. Nestes casos, utilizo técnicas mais específicas, como a Osteopatia visceral, que visa abordar os distúrbios na funcionalidade dos órgãos internos. Por exemplo, em casos de ansiedade, as técnicas viscerais e cranianas podem ajudar a melhorar a função respiratória, que muitas vezes está comprometida. É fascinante ver como o corpo humano está interligado e como a abordagem integrada da Osteopatia pode ajudar a tratar uma variedade de condições.

De que forma a Osteopatia aborda questões específicas relacionadas com a Saúde da Mulher?

Na Osteopatia, olhamos para as questões específicas relacionadas com a saúde da mulher, como cólicas menstruais, disfunção menstrual e sintomas da menopausa, através de uma abordagem que reconhece as particularidades do corpo feminino, tanto a nível estrutural como hormonal.

É importante compreender que o corpo feminino possui caraterísticas anatómicas e hormonais distintas das do corpo masculino. Essas diferenças podem influenciar a propensão a certas condições de saúde, como as mencionadas anteriormente.

Por exemplo, as cólicas menstruais, embora comuns, não são consideradas uma condição normal. Na Osteopatia, utilizamos técnicas específicas para aliviar a tensão nos músculos pélvicos e restaurar o equilíbrio nas estruturas do sistema reprodutivo, o que pode ajudar a reduzir a intensidade e a frequência das cólicas.

Além disso, as flutuações hormonais durante a menopausa podem causar uma variedade de sintomas desconfortáveis, como afrontamentos, alterações de humor e insónia. Na Osteopatia, procuramos equilibrar essas flutuações hormonais e promover o bem-estar geral da mulher durante esta fase de transição, utilizando técnicas que visam melhorar a circulação sanguínea, regular o sistema nervoso autónomo e reduzir a tensão muscular.

Além das questões mencionadas, também abordamos a enxaqueca, uma condição que afeta muitas mulheres. A enxaqueca pode ser debilitante, causando dores intensas de cabeça, sensibilidade à luz e ao som, náuseas e, por vezes, vómitos.

A etiologia da enxaqueca é multifacetada, podendo estar relacionada com fatores hormonais, alterações na circulação sanguínea cerebral, tensão muscular e sensibilidade do sistema nervoso. Na Osteopatia, empregamos uma variedade de técnicas para ajudar a aliviar os sintomas da enxaqueca e contribuir para um possível tratamento das causas subjacentes.

A Osteopatia pode beneficiar as mulheres durante a gravidez e pós-parto?

Completamente. Na Osteopatia, reconhecemos as alterações estruturais e hormonais que ocorrem durante a gravidez e utilizamos técnicas específicas para aliviar o desconforto e promover o bem-estar da mãe e do bebé. Por exemplo, podemos usar técnicas de manipulação suave para aliviar a tensão nos músculos e articulações, especialmente na região lombar e pélvica, onde muitas mulheres experimentam desconforto durante a gravidez.

Além disso, as técnicas de drenagem linfática e venosa podem ser úteis para reduzir o edema e a retenção de líquidos comuns durante a gravidez, ajudando assim a promover a circulação sanguínea e linfática saudável.

No período pós-parto, a Osteopatia pode ajudar a mãe a recuperar do stress físico e emocional do parto, promovendo a cura e o realinhamento do corpo. Podemos ajudar a resolver desconfortos residuais, restaurar a função musculoesquelética e apoiar a mãe na sua jornada de recuperação pós-parto.

Qual a relação entre Osteopatia e amamentação?

A relação entre Osteopatia e amamentação é significativa, pois a Osteopatia pode desempenhar um papel importante no apoio à amamentação bem-sucedida. 

Na Osteopatia, trabalhamos diretamente com questões relacionadas com a funcionalidade da articulação temporomandibular, da língua e da deglutição, todos essenciais para a amamentação. Por exemplo, podemos ajudar a corrigir problemas de posicionamento ou de sucção do bebé, que podem interferir na capacidade de mamar eficazmente. Ao abordar essas questões, podemos ajudar a facilitar o processo de amamentação e promover um vínculo saudável entre mãe e bebé desde os primeiros momentos.

Além disso, os pais também recorrem à Osteopatia para lidar com questões comuns associadas à amamentação, como cólicas e refluxo. Através de técnicas suaves e específicas, podemos ajudar a aliviar desconfortos digestivos no bebé, facilitando assim o processo de alimentação e reduzindo o desconforto para ambos, bebé e mãe.

Quais são os problemas de saúde pediátricos mais comuns que podem ser tratados com Osteopatia?

Os problemas de saúde pediátricos mais comuns que podem ser tratados com Osteopatia incluem cefaleias, torcicolos, plagiocefalias, refluxo e disfunções gastrointestinais

As alterações no posicionamento dos ossos do crânio podem afetar diretamente o funcionamento do cérebro e dos nervos cranianos, que por sua vez enervam órgãos e vísceras. Portanto, corrigir estas alterações não é apenas uma questão estética, mas também uma medida crucial para garantir o bom funcionamento do corpo.

À medida que as crianças crescem, outros problemas podem surgir, como dificuldades intestinais, perceções de assimetrias no desenvolvimento físico e comportamentos como hiperatividade ou ansiedade extrema. Nesses casos, os pais procuram muitas vezes tratamentos osteopáticos que se concentram em técnicas cranianas específicas que ajudam a melhorar o bem-estar geral da criança.

O que é que mais a fascina no seu trabalho diário?

O que mais me fascina no meu trabalho diário é a parte do diagnóstico e a descoberta constante. É incrível ver como cada paciente é como um quebra-cabeças único e encontrar as peças certas para resolver os seus problemas de saúde é simultaneamente desafiador e gratificante. Atualmente, trabalho em colaboração com uma coach. O coaching tem-se mostrado uma ferramenta poderosa para muitos pacientes, especialmente aqueles que lidam com questões de stress e ansiedade e mesmo bruxismo, que afeta a articulação temporomandibular.

A saúde mental é a base de tudo, e muitas vezes as pessoas precisam de mais do que apenas tratamento físico para melhorar a sua qualidade de vida. 

Quais são os objetivos do seu projeto?

Brevemente vamos expandir a equipa e incluir um profissional de enfermagem especializado na área pediátrica, com foco no apoio à amamentação e sono dos bebés.

Percebo que as necessidades das mães vão além da estrutura física do bebé e muitas vezes envolvem questões comportamentais, rotinas e contexto familiar. A privação de sono pode ser especialmente desafiante e as mães precisam de apoio nesse sentido. No entanto, reconheço que não possuo a formação específica para lidar com essas questões, daí a importância de integrar um profissional de enfermagem especializado. Acredito que a sinergia e o trabalho colaborativo são fundamentais para oferecer um cuidado mais completo e eficaz aos pacientes. 

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