Bebés/Neurodesenvolvimento/Pré - Natal/Saúde Infantil “Uma consulta de Pediatria Integrativa fala sobre sono, alimentação e hábitos saudáveis que os pais podem ensinar desde cedo” By Revista Spot | Abril 15, 2025 Abril 18, 2025 Share Tweet Share Pin Email A pediatria integrativa está a transformar a forma como cuidamos das nossas crianças, convidando-nos a ir além da simples cura de doenças. Mónica Ribeiro, médica pediatra especializada em Neonatologia e Cardiologia Pediátrica, com pós-graduação em Nutrição Materno-Infantil e Pediatria Integrativa, explica que o segredo está na família e nos hábitos diários. “A alimentação não é só sobre dar refeições equilibradas, mas sobre criar uma relação saudável com a comida, preferindo alimentos frescos e evitando os processados. O exercício físico também é importante: caminhar no parque ou praticar atividade física em família, ajuda no desenvolvimento físico e emocional da criança. Na pediatria integrativa, tratamos as crianças como seres completos, promovendo um crescimento equilibrado, onde a saúde física, mental e emocional estão interligadas”, afirma. O que é que a levou a especializar-se em Pediatria e Neonatologia? O meu interesse pela Pediatria começou ainda na infância, por volta dos oito anos, quando acompanhava a minha mãe às consultas com a pediatra. Ficava maravilhada com a forma como ela cuidava das crianças, e foi então que decidi que queria seguir essa profissão. Nunca tive dúvidas: ingressei na faculdade de Medicina já convicta de que o meu caminho seria na área da Pediatria. Durante o curso, e especialmente nas aulas dessa disciplina, essa certeza só se consolidou. Foi dentro da Pediatria que encontrei a minha verdadeira paixão pela Neonatologia, ao deparar-me com a complexidade e a beleza do cuidado ao recém-nascido — um ser tão pequeno, mas com uma força imensa e um potencial de vida extraordinário. Posteriormente, especializei-me também em Cardiologia Pediátrica no Brasil. Como surgiram as pós-graduações em Nutrição Materno-Infantil e em Pediatria Integrativa? Após um período de três anos afastada da prática médica, devido ao processo de reconhecimento do meu diploma em Portugal, retomei a minha atividade na Neonatologia, agora como mãe, o que trouxe uma nova sensibilidade ao meu olhar clínico. Trabalhar novamente com recém-nascidos internados em unidades de cuidados intensivos neonatais reacendeu em mim o desejo de atuar de forma mais preventiva. Percebi que poderia contribuir não apenas tratando, mas também ajudando a evitar que muitos destes bebés enfrentassem tantos desafios, alguns com risco real de vida. A força das mães e a complexidade das suas vivências foram uma grande fonte de inspiração. Foi então que comecei a aprofundar os meus estudos sobre os chamados “primeiros 1000 dias de vida” e encontrei na pós-graduação em Nutrição Materno-Infantil uma forma clara de atuar de forma mais abrangente e preventiva. A pós-graduação em Pediatria Integrativa surgiu como uma extensão natural desse percurso, permitindo-me ampliar ainda mais a minha abordagem no cuidado à saúde infantil, com um foco reforçado na qualidade de vida, prevenção e acolhimento. Qual a importância da nutrição materna antes e durante a gravidez para o desenvolvimento do bebé? A nutrição materna é um dos pilares essenciais para o desenvolvimento saudável do bebé. Somos formados por células, e os nutrientes funcionam como o combustível necessário para o seu bom funcionamento. Assim, uma alimentação equilibrada, tanto no período pré-concecional como durante a gestação, tem um impacto direto desde a conceção ao crescimento fetal. Embora o pai também desempenhe um papel importante, contribuindo com 50% da carga genética e epigenética, é a mãe quem fornece todos os nutrientes necessários ao bebé durante os nove meses de gestação. Estar bem nutrida nesse período é crucial para prevenir complicações gestacionais e para processos como a implantação do embrião, a formação dos órgãos, o desenvolvimento cerebral, o crescimento fetal e até mesmo a formação do paladar do bebé — um fator que pode influenciar positivamente a aceitação dos alimentos durante a introdução alimentar. Além disso, estudos demonstram que crianças nascidas de mães com uma alimentação equilibrada apresentam menor risco de desenvolver doenças crónicas ao longo da vida, reforçando que uma gestação saudável começa com uma nutrição adequada já no período pré-concecional. Que principais nutrientes não podem faltar na dieta da grávida e porquê? Durante a gravidez, diversos nutrientes desempenham papéis fundamentais para garantir tanto o sucesso da conceção como o desenvolvimento saudável do bebé. No entanto, antes de qualquer recomendação, é fundamental fazer uma avaliação individualizada no período pré-concecional para identificar e corrigir possíveis deficiências nutricionais. Entre os nutrientes essenciais para a grávida, destaca-se o metilfolato, que é essencial para prevenir defeitos no tubo neural e para o metabolismo celular, especialmente no início da gravidez. O ferro é igualmente importante, pois ajuda na formação da hemoglobina e previne a anemia materna, que pode comprometer o transporte de oxigénio para o feto. A vitamina B12, que atua em conjunto com o folato na divisão celular, também desempenha um papel vital na formação do sistema nervoso do bebé. Além disso, a vitamina D é determinante para a saúde óssea da mãe e do bebé, reforçando o sistema imunitário e prevenindo complicações gestacionais, como a pré-eclâmpsia e a diabetes gestacional. O ómega-3 (DHA) é outro nutriente chave, fundamental para o desenvolvimento cerebral e visual do bebé. Por isso, um acompanhamento adequado por um profissional capacitado e atualizado é fundamental para garantir uma gestação saudável e proporcionar as melhores condições para o desenvolvimento do bebé. O estado nutricional da mãe pode influenciar a saúde futura do bebé, incluindo predisposição para doenças? Sim, o estado nutricional materno tem uma influência direta na saúde do bebé, a curto e a longo prazo. Como já foi referido, a nutrição é a base da nossa saúde, e diversos estudos demonstraram que grávidas com sobrepeso ou obesidade — especialmente aquelas com dietas ricas em alimentos ultraprocessados — estão mais propensas a enfrentar complicações durante a gestação, além de transmitirem uma programação metabólica desfavorável ao feto. Essa programação intrauterina pode aumentar o risco de a criança desenvolver precocemente doenças metabólicas e cardiovasculares, como obesidade infantil, diabetes tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial e, em alguns casos, até mesmo cancro infantil. Esses fatores reforçam a importância de uma alimentação equilibrada e de um acompanhamento nutricional adequado desde o período pré-concecional. Além disso, o aleitamento materno de qualidade, iniciado precocemente após o nascimento, desempenha um papel importante como fator protetor nesses casos, ajudando a mitigar potenciais riscos para a saúde futura do bebé. Quais são as melhores práticas para uma introdução alimentar saudável e equilibrada? As melhores práticas para uma introdução alimentar saudável e equilibrada começam com o respeito pelo desenvolvimento individual da criança, aguardando os sinais de prontidão, que normalmente surgem por volta dos seis meses de idade. Introduzir alimentos de forma precoce ou tardia pode acarretar riscos, como engasgos, maior predisposição a alergias alimentares e até seletividade alimentar. Antes de iniciar a alimentação complementar, é essencial estimular o desenvolvimento sensorial da criança, pois ela aprenderá a relacionar-se com os alimentos através dos cinco sentidos — tato, olfato, paladar, visão e audição — o que favorece uma melhor aceitação alimentar. Durante este período, o pediatra deve orientar os pais, destacando que a introdução alimentar é uma fase de aprendizagem. A criança não precisa de consumir todos os alimentos de imediato, mas deve ser incentivada a explorar diferentes sabores, texturas e alimentos. O leite materno (ou fórmula, quando necessário) deve continuar a ser a principal fonte de nutrição até ao primeiro ano de vida. É também importante introduzir os alimentos potencialmente alergénicos dentro da “janela imunológica”, especialmente em crianças com fatores de risco, para promover a tolerância imunológica. Adicionalmente, a presença ativa dos cuidadores — sem o uso de ecrãs — e o exemplo positivo à mesa são práticas essenciais para garantir uma boa relação da criança com os alimentos. O acompanhamento com um profissional qualificado, como um pediatra ou nutricionista materno-infantil, é fundamental para prevenir possíveis futuras perturbações alimentares, como alergias e seletividade alimentar. A saúde intestinal do bebé pode ser influenciada pela alimentação da mãe e pela via de parto? Sim, a saúde intestinal do bebé é fortemente influenciada tanto pela alimentação materna como pela via de parto. A microbiota intestinal do bebé é inicialmente moldada pela microbiota materna. Quando a mãe segue uma alimentação saudável, rica em fibras, prebióticos e alimentos naturais, há uma maior probabilidade de o bebé desenvolver uma microbiota intestinal benéfica. Por outro lado, dietas maternas ricas em gorduras saturadas, açúcares e alimentos ultraprocessados favorecem uma microbiota disbiótica, o que pode aumentar o risco de doenças futuras. A via de parto também tem um papel determinante. Durante o parto vaginal, o bebé é exposto à microbiota vaginal e intestinal da mãe, o que facilita a colonização por bactérias benéficas e contribui para uma maior diversidade microbiana. No caso dos bebés nascidos por cesariana, a colonização inicial tende a ser feita por microrganismos provenientes da pele e do ambiente hospitalar, resultando numa microbiota menos diversa e com menor capacidade de proteção. Contudo, o aleitamento materno exerce um efeito compensatório importante. Mesmo em casos de cesariana, se o bebé for amamentado, ele tende a desenvolver uma microbiota semelhante à observada em bebés nascidos de parto vaginal. Em contrapartida, bebês nascidos por parto vaginal, mas que recebem fórmulas artificiais desde o nascimento, podem perder os benefícios da colonização inicial. Outros fatores que impactam negativamente a microbiota neonatal incluem a obesidade materna, o stress, o tabagismo, o uso de antibióticos e outros medicamentos durante a gravidez. Alterações no microbioma precoce estão associadas a um maior risco de condições como enterocolite necrosante, alergias, asma, doenças inflamatórias intestinais, obesidade, diabetes tipo 2, distúrbios do neurodesenvolvimento (relacionados com o eixo intestino-cérebro) e até certos tipos de cancro. De que forma a pediatria integrativa se diferencia da pediatria tradicional no cuidado com a criança? Na formação tradicional em pediatria, o foco principal está no diagnóstico e tratamento de doenças, como infeções causadas por vírus, bactérias e protozoários, além de doenças genéticas ou raras. A abordagem tradicional tende a centrar-se nos sintomas, utilizando medicamentos, internações e, em casos mais graves, procedimentos invasivos ou cirurgias. Embora eficaz, esta prática muitas vezes não considera o bem-estar global da criança, limitando-se à resolução do problema de saúde imediato. Já a pediatria integrativa adota uma visão mais ampla e preventiva. Encaramos a criança como um ser completo, considerando não só os aspetos físicos, mas também os emocionais, sociais e ambientais. Acreditamos que tudo está interligado: o corpo, as emoções, o estilo de vida e o ambiente em que a criança está inserida podem influenciar diretamente a sua saúde. Em vez de esperar pela doença, a pediatria integrativa procura promover a saúde de forma contínua, com foco no equilíbrio e no bem-estar. Esta abordagem combina os avanços da medicina convencional com práticas complementares, com o objetivo de fortalecer o organismo da criança e promover o bem-estar de maneira natural e preventiva. Trabalhamos em estreita colaboração com as famílias e outros profissionais de saúde, utilizando práticas como o uso individualizado de suplementos (baseado em exames laboratoriais), homeopatia, contato com a natureza, musicoterapia, fitoterapia, acupuntura, entre outras. O objetivo da pediatria integrativa é promover o desenvolvimento saudável e equilibrado da criança, respeitando a sua individualidade e prevenindo doenças antes que elas se manifestem. Com o aumento do uso de dispositivos eletrónicos, quais são as suas principais recomendações para manter o equilíbrio entre tecnologia e saúde infantil? O aumento do uso de dispositivos eletrónicos foi ainda mais acentuado após a pandemia, quando as crianças passaram a ficar mais tempo em casa, enquanto os pais estavam sobrecarregados com o home office. Esse cenário teve um impacto negativo no desenvolvimento emocional e neurológico das crianças e adolescentes, refletindo-se em índices alarmantes de ansiedade, depressão e, infelizmente, até casos de suicídio entre os mais velhos. Entre as crianças mais novas, o uso excessivo de ecrãs, especialmente para consumir conteúdos de youtubers ou jogar, pode resultar em vícios digitais, dificuldades no desenvolvimento da linguagem, problemas de socialização e, em casos mais graves, exposição a riscos como a pedofilia e outros perigos online. A principal recomendação é estabelecer limites claros quanto ao tempo diário de ecrã, de forma negociada com a criança, ou utilizando recursos como o Google Family Link para ajudar a monitorizar o uso. No entanto, mais do que apenas restringir, é essencial oferecer alternativas saudáveis. Os pais devem incentivar brincadeiras educativas, atividades ao ar livre, momentos em família e a prática regular de exercício físico, que é fundamental para o desenvolvimento físico e mental. Outro ponto essencial é a presença ativa dos pais. Hoje em dia, infelizmente, é cada vez mais comum a terceirização da educação e do cuidado das crianças, o que acaba por intensificar o uso de ecrãs como “substituto” da interação familiar. Portanto, é fundamental reservar momentos de qualidade com os filhos, mesmo que curtos, pois são esses momentos que mais contribuem para o equilíbrio emocional das crianças e para o fortalecimento dos laços familiares. De que forma as questões ambientais e alimentares, como agrotóxicos e ultraprocessados, entram na sua orientação médica? O mundo tem mudado significativamente nos últimos anos, e, com ele, os nossos hábitos alimentares e o ambiente em que vivemos. A exposição crescente a agrotóxicos, plásticos, alimentos ultraprocessados e desreguladores endócrinos presentes em diversos produtos do nosso quotidiano tem gerado preocupações, especialmente no que diz respeito às crianças. Elas são as mais vulneráveis a esses fatores, tanto pela fase de desenvolvimento em que se encontram como pelo fácil acesso a esses produtos, muitas vezes impulsionado pelo marketing digital. Essa exposição precoce tem contribuído para o aumento de doenças que anteriormente eram consideradas típicas da idade adulta, como obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, bem como para o aumento das alergias alimentares, doenças inflamatórias intestinais, alterações neurológicas e até mesmo o cancro. Além disso, há uma associação preocupante entre a má alimentação e distúrbios do neurodesenvolvimento, como o autismo. Na minha prática médica, oriento as famílias a priorizarem uma alimentação natural e rica em nutrientes, com foco em frutas, legumes e cereais integrais, preferencialmente orgânicos. A ideia é evitar os alimentos ultraprocessados, que contêm excessos de açúcares, aditivos e corantes artificiais. Também discuto com os pais a importância de reduzir o contato com contaminantes ambientais, que podem ser encontrados em utensílios plásticos, panelas de teflon, certos cosméticos infantis e peixes com elevada carga de metais pesados, entre outros. Além disso, incentivo a momentos de refeição em família, com presença e conexão, uma prática que não só promove um ambiente mais saudável, mas também educa o paladar da criança e fortalece os vínculos afetivos. Ao criar um ambiente mais saudável em todos os aspetos, estamos a oferecer as melhores condições para o desenvolvimento físico e emocional das crianças. Na sua opinião, qual é o papel da família e do estilo de vida no cuidado com a criança? O papel da família é fundamental no cuidado com a criança, especialmente na formação de hábitos saudáveis. A criança aprende pelo exemplo, e é em casa que constrói a sua base emocional, comportamental e de estilo de vida. Com a rotina cada vez mais acelerada, devido à inserção da mulher no mercado de trabalho e à entrada precoce das crianças em creches, muitas famílias acabam por recorrer a refeições práticas e industrializadas, o que contribui para o aumento de doenças na infância. Como digo sempre, precisamos de “descascar mais e desembrulhar menos”. Preparar uma refeição saudável muitas vezes depende apenas de organização e prioridade. Desde a introdução alimentar, é importante que os pais entendam que a alimentação da criança deve ser parecida com a da família. Se os adultos cultivarem hábitos saudáveis, a criança terá mais probabilidade de seguir o exemplo. O desafio é maior em famílias com hábitos alimentares desequilibrados, como o consumo reduzido de frutas e verduras ou o sedentarismo. Estimular uma criança a ter um estilo de vida saudável é muito mais fácil quando ela vê esses comportamentos em casa. Além disso, o excesso de tempo de ecrã, a falta de atividade física e o escasso contacto com a natureza também afetam o desenvolvimento infantil. Pequenas atitudes, como promover atividades ao ar livre, envolver a criança na preparação das refeições e resgatar momentos de convivência familiar, são simples, mas fazem toda a diferença para o bem-estar físico e emocional da criança. Quais são as suas orientações para fortalecer a imunidade infantil de forma eficaz? Atualmente, temos visto muitas crianças com baixa imunidade, adoecendo com frequência e apresentando pouca resistência a vírus e bactérias. Muitos desses casos estão ligados a deficiências nutricionais desde o nascimento, agravadas por uma alimentação pobre em nutrientes e rica em ultraprocessados. É comum encontrar crianças com excesso de peso, mas desnutridas do ponto de vista nutricional. A minha principal recomendação para fortalecer a imunidade infantil é garantir uma alimentação equilibrada, rica em nutrientes essenciais como vitaminas A, C, D, zinco, ferro e ómega-3, que são fundamentais para o bom funcionamento das células de defesa do organismo. Além da alimentação, a prática regular de exercício físico, o contato com a natureza, o sono de qualidade e a redução do stress também são fundamentais para fortalecer o sistema imunológico. Na pediatria integrativa, também utilizamos recursos complementares como fitoterapia e homeopatia, sempre aliados a um estilo de vida saudável e acompanhamento personalizado. O objetivo é fortalecer a criança de forma preventiva e natural, promovendo a saúde desde o interior. A educação parental deveria ser parte da pediatria? Sem dúvida, a educação parental é uma parte essencial da pediatria. Ser pai e mãe nunca foi tarefa fácil, e hoje, com tantas informações (e desinformações) disponíveis, os desafios aumentaram ainda mais. Por isso, acredito que a preparação para a parentalidade deve começar antes da conceção e continuar durante toda a gravidez e após o nascimento. Durante o período pré-natal, os profissionais de saúde que acompanham o casal deveriam orientar e apoiar os futuros pais sobre temas essenciais, como o aleitamento materno, que é um pilar fundamental da saúde infantil. Infelizmente, muitos pais chegam à maternidade sem orientação prática, o que pode levar ao desmame precoce por insegurança ou falta de apoio adequado. Na prática, a pediatria integrativa envolve escuta ativa e acolhimento, orientando a família sobre o desenvolvimento infantil, comportamento, sono, alimentação, limites e afeto. Acompanhando a jornada dos pais, podemos evitar inseguranças e tornar a parentalidade mais leve, consciente e segura. Com apoio e informação de qualidade, os pais tornam-se mais confiantes, e as crianças crescem num ambiente saudável e equilibrado. Não precisamos de aprender apenas com os erros. O que prevê para o futuro da pediatria integrativa em Portugal e no mundo? A pediatria convencional tem um papel essencial, especialmente no tratamento de doenças agudas, no avanço das vacinas e na redução da mortalidade infantil. No entanto, à medida que os desafios de saúde infantil se tornam mais complexos, surge a necessidade de uma abordagem que vá além do tratamento dos sintomas. É nesse cenário que a pediatria integrativa se destaca, somando forças com a medicina tradicional. Esta abordagem propõe um olhar mais amplo sobre a saúde da criança, considerando os aspetos físicos, emocionais, sociais, ambientais e familiares. A pediatria integrativa combina a medicina convencional com práticas baseadas em evidências, como homeopatia, fitoterapia e meditação. Quando usadas com critério, estas terapias complementares contribuem para o fortalecimento do sistema imunitário, a prevenção de doenças e o equilíbrio geral, sem efeitos adversos e com benefícios duradouros. Para que essa abordagem seja eficaz, é importante que o pediatra tenha tempo para ouvir a família, entender o contexto da criança e criar um plano de cuidados que respeite a sua individualidade. Consultas rápidas e padronizadas nem sempre permitem esse olhar aprofundado. Em países como os Estados Unidos, Brasil e em vários da Europa, esta abordagem já tem ganhado espaço, e em Portugal observa-se um crescente interesse por um atendimento mais humanizado. Acredito que o futuro da pediatria, tanto em Portugal e no mundo, passará pela integração entre a medicina baseada em evidências e práticas que respeitam a individualidade, o ambiente e o estilo de vida. Cuidar de forma consciente desde cedo é o caminho para formar adultos mais saudáveis e felizes. Termos: Microbiota intestinal/ Flora intestinal: é o conjunto de trilhões de micro-organismos (bactérias, fungos, vírus “do bem”) que vivem no nosso intestino. Janela imunológica: É um período crítico do desenvolvimento do sistema imunológico do bebé Epigenética: É a ciência que estuda a forma como o ambiente, a alimentação, o stress e até o afeto podem “ligar ou desligar” genes, sem mudar o DNA em si. Desreguladores endócrinos: São substâncias químicas presentes no ambiente (em plásticos, cosméticos, pesticidas, produtos de limpeza, etc.) que imitam ou interferem nas hormonas do corpo. Programação metabólica: as experiências que o bebé vive desde a barriga da mãe até aos primeiros anos de vida “programam” o funcionamento do seu corpo para o futuro. Biografia: Mônica Ribeiro, mãe do Pedro e do Gabriel Especialização em Pediatria, Neonatologiasta e cardiologia pediátria no Brasil, Pós-graduada em Nutrição Materno Infantil (FAPES-Brasil) e em Pediatria Integrativa (metodologia Dra. Carmela Pedalino -ISBRAE) Neonatologista nos hospitais Padre Américo em Penafiel e Hospital da Luz Guimarães e Hospital Senhora da Oliveira em Guimarães E atendimentos na Harmonize Dental Clinic em Paços de Ferreira Instagram: @dramonica.ribeiro Sara Duarte uniu contabilidade e desenvolvimento pessoal por compreender que há histórias e pessoas além dos números “O uso excessivo de filtros nas redes sociais gera comparações e inseguranças. A beleza real não é feita de exageros nem de padrões únicos”
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