SAÚDE “As escolhas que fazemos diariamente, desde o que comemos até aos produtos que aplicamos na pele, têm um impacto profundo e imediato na nossa microbiota intestinal” By Revista Spot | Novembro 7, 2024 Novembro 8, 2024 Share Tweet Share Pin Email Ouvimos diariamente que o intestino é o nosso ‘segundo cérebro’, mas será que sabemos realmente o que isso significa? Segundo Sandra Jordão, licenciada em Farmácia e especializada em modulação intestinal, fitoterapia e nutrição na disbiose intestinal, cada pequena escolha que fazemos no nosso dia-a-dia tem um impacto direto e profundo na nossa microbiota intestinal, a comunidade de microrganismos que habita o nosso sistema digestivo. O que comemos, os produtos que aplicamos na pele, o stress a que estamos sujeitos e até a qualidade do nosso sono são fatores que moldam este ecossistema interno, influenciando a nossa saúde física e mental. Estudos recentes revelam que a microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na regulação do sistema imunitário, no equilíbrio hormonal e até na nossa predisposição para condições como ansiedade e depressão. O que é a microbiota intestinal e por que razão é tão importante para a saúde global do organismo? A microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal, refere-se ao conjunto de microrganismos que habitam o nosso intestino. É importante destacar que temos tanto bactérias benéficas como patogénicas. O que precisamos de saber é como manter um equilíbrio saudável entre elas. As nossas escolhas diárias, como alimentação, estilo de vida e até mesmo os produtos que utilizamos na pele, têm um impacto direto na microbiota intestinal. Uma alimentação rica em fibras, probióticos e prebióticos pode promover uma flora saudável, enquanto dietas ricas em açúcares e gorduras saturadas podem causar disbiose, um estado de desequilíbrio da microbiota. Este desequilíbrio pode influenciar o desejo por doces, uma vez que essas bactérias se alimentam de açúcar, promovendo ‘cravings’ que perpetuam o ciclo inflamatório. A microbiota intestinal é fascinante, pois começa a ser formada já durante a gestação. O que a mãe come e como se alimenta durante a gravidez tem um impacto significativo no desenvolvimento do bebé. Portanto, para as grávidas que nos leem, é crucial ter atenção à alimentação. Por exemplo, pesquisas demonstram que uma dieta rica em açúcar, glúten e laticínios durante a gestação pode aumentar o risco de o bebé desenvolver condições como hipotiroidismo. Além disso, a microbiota intestinal de uma criança atinge uma maturidade semelhante à de um adulto por volta dos dois ou três anos. Isso significa que as mães devem ser muito cuidadosas com a alimentação dos seus filhos. De que forma a saúde intestinal influencia outras partes do corpo, como o cérebro e o sistema imunitário? Cerca de 70% das células imunológicas encontram-se no intestino, e a flora intestinal desempenha um papel determinante na regulação da resposta imunitária, protegendo-nos contra patógenos — bactérias, vírus, fungos e parasitas — e fortalecendo as defesas do organismo. Quando a microbiota está em desequilíbrio, pode resultar em condições como alergias, doenças autoimunes e inflamações. Além disso, a comunicação entre o intestino e o cérebro é mediada pelo eixo intestino-cérebro, que envolve múltiplos caminhos, incluindo o nervo vago, hormonas e metabolitos produzidos pela microbiota. A saúde intestinal pode, sim, influenciar o humor e o comportamento, estando associada a condições como a depressão e a ansiedade. Dou um exemplo muito concreto, a produção de neurotransmissores, como a serotonina, que regula o humor, ocorre em grande parte no intestino. Um desequilíbrio na microbiota pode levar a uma diminuição da produção de serotonina, contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios de humor. Além disso, o impacto do stress nas funções intestinais é significativo. O stress crónico pode alterar a motilidade intestinal e a secreção de muco, contribuindo para condições como a síndrome do intestino irritável. “Cerca de 70% das células imunológicas encontram-se no intestino, e a flora intestinal desempenha um papel determinante na regulação da resposta imunitária.” Há sinais e sintomas mais comuns que indiquem que a nossa saúde intestinal possa estar comprometida? As pessoas que me procuram apresentam geralmente, na sua maioria, disbiose intestinal, que é uma alteração na microbiota que pode levar a diversos sintomas, como, por exemplo, a flatulência. Muitos referem ter uma quantidade excessiva de gases, frequentemente com odor desagradável. É comum que, ao acordarem, se sintam normais, mas ao longo do dia, especialmente à noite sintam inchaço abdominal. Outros sinais de alerta incluem a obstipação ou a diarreia; raramente as fezes têm a consistência e a forma ideais — as chamadas fezes em forma de banana que deviam ficar no fundo da sanita. É importante observar as fezes, pois isso pode revelar muito sobre a nossa saúde intestinal. Em algumas situações, as fezes podem apresentar sangue ou restos de alimentos não digeridos, como frutos secos ou sementes, que indicam uma má digestão. Muitas pessoas ficam alarmadas a acharem que podem ter um tumor, quando na verdade é apenas uma questão de má mastigação ou digestão. Além disso, se as fezes flutuam na água, isso pode ser um sinal de que não estamos a absorver adequadamente as gorduras, algo que é essencial. São também sintomas comuns cansaço excessivo ao acordar e sono após as refeições. Por vezes, ao final do dia, as pessoas sentem-se tão exaustas que não conseguem fazer mais nada. Isto pode ser indicativo de disbiose, mas também pode estar relacionado com outros problemas, como a baixa ferritina, que requer análise médica. Alterações na pele, como acne, psoríase ou dermatite, também podem estar ligadas a problemas intestinais. Muitas vezes, as pessoas não têm consciência de que podem ter défices de vitaminas, como a vitamina B12 ou a vitamina C, que se manifestam através de sintomas como sangramentos gengivais, cansaço extremo e lábios muito secos. Normalmente peço análises específicas para perceber se existe necessidade de suplementação. Existe então uma correlação entre a alimentação dos nossos tempos e problemas intestinais como inchaço, obstipação e a síndrome do intestino irritável? O consumo frequente de fast food e alimentos processados, que geralmente contêm altos níveis de sódio, açúcares adicionados e gorduras trans, não só contribui para o aumento de peso, mas também pode desencadear inflamações no organismo. Essas inflamações são reconhecidas como um fator contribuinte para a síndrome do intestino irritável, que se carateriza por sintomas como dor abdominal, inchaço, diarreia e obstipação. Além da qualidade daquilo que comemos, a higiene alimentar é um aspeto frequentemente negligenciado. Os vegetais, por exemplo, devem ser bem lavados para evitar a contaminação por parasitas, que são comuns e podem causar uma variedade de problemas digestivos. A presença de parasitas intestinais pode levar a sintomas que muitas pessoas não associam a infeções, como fadiga, problemas de concentração e alterações no apetite. Para lidar com esses desafios, é essencial considerar a desparasitação como parte da rotina de saúde. Alimentos como alho e cebola têm propriedades antimicrobianas e podem ajudar a manter a microbiota equilibrada. Além disso, o consumo de probióticos, presentes em iogurtes, kefir e alimentos fermentados, pode ser benéfico para a saúde intestinal. É importante abordar a saúde intestinal de forma integrada. Pequenas mudanças, como preparar refeições com antecedência, escolher alimentos frescos e minimamente processados, e envolver a família em atividades físicas, podem ter um impacto significativo na saúde intestinal e prevenir doenças. Mas que consequências é que esses ‘inocentes’ processados, açúcares e gorduras trazem para o nosso intestino? Quando consumimos alimentos processados, o nosso intestino é exposto a componentes que podem danificar as vilosidades intestinais, que são pequenas projeções que revestem o intestino e têm a função de absorver nutrientes. Se a dieta é rica em açúcares e gorduras más, isso pode levar a um aumento da inflamação e a uma alteração na permeabilidade intestinal. Essa condição, conhecida como ‘hiperpermeabilidade intestinal’, faz com que as células das vilosidades intestinais se afastem, permitindo que substâncias indesejadas, como toxinas e partículas alimentares não digeridas, entrem na corrente sanguínea. Este processo pode desencadear uma série de problemas de saúde, incluindo doenças autoimunes, alergias alimentares, e outras condições inflamatórias. “O álcool, em particular, é um dos principais agentes que contribui para a hiperpermeabilidade intestinal, ou seja, o aumento da permeabilidade das paredes intestinais.” E os tão falados glúten e a lactose? No caso do glúten, presente em alimentos feitos com trigo, centeio e cevada, a sua ingestão pode prejudicar as vilosidades intestinais em pessoas com intolerância ou sensibilidade. Esse fenómeno, conhecido como ‘síndrome do intestino permeável’, está associado ao desenvolvimento de doenças autoimunes, dores articulares e enxaquecas. Além disso, o consumo constante de glúten por pessoas intolerantes pode intensificar a inflamação e contribuir para condições como psoríase e outras doenças de pele, além de agravar sintomas respiratórios, como rinites. O glúten atual é significativamente diferente do que se consumia há várias décadas, em grande parte devido às alterações na agricultura e no processamento dos alimentos para atender às necessidades de uma população crescente. Quanto aos laticínios, especialmente o leite de vaca, muitas pessoas enfrentam problemas devido à proteína caseína, que pode ser inflamatória. Em contraste, os laticínios de cabra ou ovelha costumam ser melhor tolerados, pois a caseína presente neles é diferente e tende a ser menos problemática para a saúde intestinal. A adoção de uma dieta mais anti-inflamatória, que inclua pães sem glúten feitos com farinhas alternativas, como quinoa, arroz ou trigo sarraceno, e a redução do consumo de laticínios, podem ser passos importantes para quem procura melhorar a saúde intestinal. Alimentos fermentados, como o kefir e a kombucha, estão cada vez mais na moda. Que benefícios podem trazer para a saúde intestinal? Os alimentos fermentados, como o kefir e a kombucha, estão realmente a ganhar popularidade, e isso não é apenas uma tendência passageira. Estes alimentos são fontes ricas de probióticos, que são microorganismos benéficos que desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde intestinal e do bem-estar geral. Os probióticos presentes no kefir e na kombucha são conhecidos por promover a flora intestinal saudável, ajudando a equilibrar a microbiota ao combaterem as bactérias prejudiciais e ajudando na digestão. Este equilíbrio é fundamental para uma boa saúde, pois uma microbiota saudável pode contribuir para a melhoria da função imunológica, redução da inflamação e proteção contra diversas doenças, incluindo distúrbios gastrointestinais como a síndrome do intestino irritável e a diarreia. Além de serem fontes de probióticos, os alimentos fermentados também fornecem nutrientes essenciais. O kefir, por exemplo, é rico em vitaminas do complexo B, vitamina K2, cálcio e proteínas de fácil digestão. A kombucha, por sua vez, é feita a partir do chá fermentado e contém antioxidantes que ajudam a combater os radicais livres no organismo, promovendo um efeito desintoxicante. Os probióticos não só contribuem para uma melhor absorção de nutrientes, como também ajudam a manter as vilosidades intestinais saudáveis, garantindo que estas permaneçam unidas e funcionais. Isso é vital para evitar condições como a hiperpermeabilidade intestinal já referida, que pode levar a problemas de saúde mais graves. Qual é o papel da fibra na saúde intestinal, e quais são as melhores fontes de fibra que devemos incluir na nossa alimentação? A fibra desempenha um papel fundamental na saúde intestinal, sendo frequentemente referida como um prebiótico, ou seja, um alimento que serve de substrato para as bactérias benéficas que habitam o nosso intestino. Pode ser encontrada em alimentos como aveia, frutas como maçãs e laranjas, legumes, grãos integrais e algumas leguminosas e sementes. Contudo, para que a fibra exerça os seus benefícios, é essencial manter uma boa hidratação. Consumir grandes quantidades de fibra sem a adequada ingestão de água pode levar a desconforto gastrointestinal e obstipação. A recomendação geral é que, para cada 1 grama de fibra consumido, se ingiram pelo menos 10 a 14 gramas de água. Uma boa prática é calcular a quantidade de água de que precisamos diariamente multiplicando o nosso peso corporal por cerca de 30 a 35 ml. Para um adulto médio, isso equivale a cerca de 2 a 2,5 litros de água por dia, e essa quantidade deve aumentar com a atividade física. Diversificar a ingestão de fibra ao longo do dia e incorporar diferentes fontes e tipos de alimentos é determinante. Assim, garantimos não só a saúde do nosso intestino, mas também um aporte equilibrado de nutrientes essenciais para o nosso organismo. O stress e a falta de sono podem prejudicar a saúde do intestino? Como se dá essa ligação? Sim, o stress e a falta de sono podem ter um impacto significativo na saúde do intestino, e essa ligação é complexa e multifacetada. Quando uma pessoa vive sob stress constante, o corpo reage aumentando a produção de hormonas como o cortisol, que, em níveis elevados, pode afetar negativamente a função intestinal. Por outro lado, a falta de sono também desempenha um papel essencial. O sono é vital para a recuperação do corpo e para a regulação hormonal. Quando não dormimos o suficiente, a produção de melatonina diminui, o que não só afeta a qualidade do sono, mas também pode impactar a saúde intestinal. A privação do sono está associada a um aumento da vontade de consumir alimentos pouco saudáveis, especialmente açúcares e gorduras, o que pode levar a um ciclo vicioso de má alimentação e agravamento do estado emocional. Importante também reforçar que a falta de luz solar pode resultar em baixos níveis de vitamina D, que é essencial não só para a saúde óssea, mas também para a função imunológica e a saúde intestinal. A vitamina D tem um papel importante na modulação do sistema imunitário e na manutenção da integridade da barreira intestinal. Todos esses fatores estão interligados. O stress crónico, a falta de sono e a deficiência de nutrientes podem criar um ciclo difícil de romper, levando a uma deterioração progressiva da saúde. Isso pode manifestar-se em várias condições, desde o aumento de peso e obesidade até a diabetes, problemas de colesterol, depressão e diminuição da libido. A interconexão entre esses fatores mostra a importância de uma abordagem holística da saúde, que inclua gestão do stress, promoção de um sono de qualidade, exposição à luz solar e uma dieta equilibrada para manter a saúde intestinal e o bem-estar geral. O exercício físico é outro dos grandes ‘amigos’ do intestino? A prática regular de exercício físico tem um impacto direto e profundo na saúde intestinal e no equilíbrio da microbiota, influenciando positivamente diversos aspetos do bem-estar. Antes de mais, o exercício físico ajuda a reduzir o stress e a ansiedade, que são fatores que, por si só, afetam a saúde intestinal e a composição da microbiota. A atividade física regular estimula a circulação e melhora o funcionamento do sistema digestivo, o que contribui para uma digestão mais eficaz e para uma melhor absorção de nutrientes. Além disso, o exercício físico ajuda a reduzir o tempo de trânsito intestinal, o que significa que os alimentos passam mais rapidamente pelo trato digestivo, diminuindo o risco de desconfortos como a obstipação. Esta melhoria no trânsito intestinal também beneficia o crescimento de bactérias benéficas e reduz o espaço para bactérias nocivas. Outro ponto importante é que o exercício físico contribui para um sistema imunológico mais forte. A prática regular de exercício estimula a produção de ácidos gordos de cadeia curta, substâncias resultantes da fermentação de fibras pelas bactérias ‘boas’ no intestino, que possuem efeitos anti-inflamatórios e ajudam a fortalecer a barreira intestinal. O exercício físico regular ajuda ainda a cultivar um estilo de vida saudável no geral, criando-se um ciclo benéfico: a atividade física melhora a disposição e a qualidade do sono, o que, por sua vez, contribui para uma microbiota mais saudável, e essa microbiota saudável tem efeitos positivos na saúde mental e na disposição, estimulando ainda mais a prática do exercício físico. “No caso das mulheres, além de promoverem a saúde intestinal, os probióticos têm um papel importante no equilíbrio da flora vaginal, ajudando a prevenir infeções como candidíase e infeções urinárias.” O consumo de álcool e o tabaco estão na lista dos maiores vilões? O álcool, em particular, é um dos principais agentes que contribui para a hiperpermeabilidade intestinal, ou seja, o aumento da permeabilidade das paredes intestinais. A redução ou eliminação do consumo de álcool pode favorecer a regeneração da mucosa intestinal, o que pode ser observado nos pacientes que acompanho e que evitam o álcool por períodos, como 45 dias, durante tratamentos de recuperação intestinal. Além disso, o álcool tem uma alta percentagem de açúcar, o que agrava ainda mais esse efeito. Embora muitas pessoas consumam álcool socialmente e associem a ingestão a momentos de descontração, é importante perceber o impacto cumulativo desses comportamentos na saúde intestinal, especialmente em casos de consumo regular. O tabaco, por outro lado, tem um efeito ainda mais destrutivo sobre o intestino. O fumo altera significativamente a flora intestinal e pode até mesmo afetar a função da musculatura intestinal, promovendo distúrbios como a síndrome do intestino irritável (SII) e problemas de motilidade, além de aumentar o risco de doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn. Deixo também um ponto sobre o consumo de café, embora seja uma bebida popular e associada ao aumento da energia, é importante notar que pode interferir na absorção de nutrientes essenciais, como magnésio, ferro e vitaminas do complexo B. O café pode tornar o estômago mais alcalino e reduzir a acidez gástrica necessária para a digestão eficiente e absorção de certos nutrientes. O consumo de café após as refeições pode bloquear a absorção de elementos importantes, comprometendo os benefícios dos alimentos consumidos. Por isso, é recomendado esperar cerca de 45 minutos após as refeições para tomar café, especialmente para quem tem necessidades nutricionais específicas, como a absorção de ferro ou magnésio. Outros alimentos que podem interferir na digestão incluem os laticínios, como o iogurte, que quando consumido imediatamente após as refeições, pode reduzir a absorção de minerais e vitaminas em pessoas com intolerâncias ou sensibilidades. Da mesma forma, frutas de alta fermentação, como melancia, melão ou meloa, podem gerar gases e inchaço se consumidas após refeições principais, devido à sua fermentação no intestino. Em contrapartida, a combinação de frutas ricas em vitamina C, como laranjas ou tangerinas, com alimentos ricos em ferro, pode melhorar a absorção deste mineral. O que diferencia os probióticos de prebióticos e de que forma ambos contribuem para um intestino saudável? Probióticos são microrganismos vivos, principalmente bactérias benéficas, que, quando consumidos em quantidades adequadas, ajudam a restabelecer e manter a microbiota intestinal saudável. Estes organismos ‘bons’ combatem bactérias prejudiciais, promovendo uma flora equilibrada e auxiliando no bom funcionamento do sistema digestivo. Encontramos probióticos em alimentos fermentados como kefir, kombucha, iogurte natural e chucrute. Podem também ser recomendados sob a forma de suplementos, principalmente em situações de desequilíbrio, como após o uso de antibióticos que podem eliminar bactérias importantes para o organismo. No caso das mulheres, além de promoverem a saúde intestinal, os probióticos têm um papel importante no equilíbrio da flora vaginal, ajudando a prevenir infeções como candidíase e infeções urinárias. Os prebióticos, por outro lado, são tipos de fibras que servem de alimento para estas bactérias boas no intestino. Funcionam como um ‘fertilizante’ que promove o crescimento e a atividade dos probióticos. Encontramos prebióticos em alimentos ricos em fibras, como as leguminosas (grão-de-bico, feijão), vegetais (alcachofras, espargos), frutas (banana, maçã) e fibras específicas, como o psyllium, que ajuda a regular o trânsito intestinal. Importante notar que nem todas as fibras agem como prebióticos; as que têm efeitos prebióticos são aquelas que resistem à digestão e chegam intactas ao intestino, onde nutrem as bactérias benéficas. A combinação de probióticos com prebióticos é benéfica e chama-se ‘simbiótico’. Ao nutrir as bactérias boas, criamos um ambiente mais propício para que os probióticos desempenhem o seu papel de forma eficaz. No entanto, deve ter-se cautela, pois não é recomendado tomar probióticos de forma contínua sem acompanhamento, uma vez que em pessoas com tendência a inchaço abdominal, o excesso de probióticos pode agravar a fermentação no intestino, provocando desconforto. A suplementação de probióticos deve ser sempre personalizada. “O eixo intestino-cérebro é uma rede complexa de comunicação entre o sistema nervoso central e o sistema gastrointestinal, que envolve hormonas, neurotransmissores e até a microbiota intestinal.” Já falámos sobre a ligação entre o intestino e o cérebro, como é que este eixo intestino-cérebro funciona na prática? Este eixo é uma rede complexa de comunicação entre o sistema nervoso central e o sistema gastrointestinal, que envolve hormonas, neurotransmissores e até a microbiota intestinal. Por exemplo, quem nunca experienciou uma dor de barriga ou até mesmo diarreia devido ao stress? Isto é um reflexo direto de como o stress pode influenciar o nosso sistema digestivo. No entanto, o problema vai além disso. A ansiedade ou a depressão podem desequilibrar a flora intestinal e, por sua vez, os desequilíbrios na microbiota também podem alimentar esses estados mentais, gerando um ciclo vicioso. Muitas pessoas habituam-se a esses sintomas de mal-estar constante, cansaço excessivo e baixa disposição, atribuindo-os à ‘normalidade’ quando, na realidade, o corpo está a dar sinais de que algo não está bem. Uma forma de monitorizar a nossa saúde física e mental passa por realizar análises gerais regularmente, incluindo a verificação dos níveis de vitamina D e B12. Muitos médicos não priorizam estas análises, mas níveis baixos de vitamina D, por exemplo, estão associados a sintomas de depressão, fadiga e até ao aumento da suscetibilidade ao stress. Curiosamente, mesmo em países com bastante sol, a deficiência de vitamina D é comum. Para conseguir absorver essa vitamina naturalmente, é necessário expor cerca de 80% da pele ao sol, idealmente ao meio-dia e sem protetor solar. No entanto, como nem sempre é possível obter esta exposição, a suplementação pode ser uma solução para alcançar níveis saudáveis. Podemos adotar medidas preventivas para proteger a nossa microbiota à medida que envelhecemos? À medida que envelhecemos, a diversidade e o equilíbrio da microbiota tendem a reduzir-se, o que pode acelerar o processo de envelhecimento, comprometendo a resposta imunológica e aumentando a inflamação sistémica, fator chave na deterioração das células e tecidos. Os polifenóis, compostos bioativos presentes em alimentos como frutos vermelhos, chá verde, cacau, azeite e até especiarias, são especialmente importantes, pois têm fortes propriedades antioxidantes que ajudam a combater o stress oxidativo, um dos fatores que acelera o envelhecimento das células. Estes compostos não só contribuem para uma pele mais saudável e um sistema cardiovascular robusto, como também alimentam bactérias benéficas, promovendo a diversidade da microbiota. Para além dos polifenóis, incluir alimentos ricos em carotenoides (encontrados na cenoura, abóbora e outros vegetais de cor laranja e amarela) e clorofila (presente em legumes verdes) ajuda a desintoxicar o fígado e eliminar metais pesados e outros compostos nocivos que se acumulam no organismo. Comer alimentos frescos, preferencialmente crus ou minimamente processados, mantém os nutrientes e promove uma microbiota saudável. Esses nutrientes frescos, como os carotenoides e clorofila, ajudam a proteger as células contra danos que podem levar ao envelhecimento precoce e até mesmo ao aparecimento de tumores. Que hábitos simples e eficazes podemos adotar no dia-a-dia para manter um intestino saudável? Ao acordar, começar o dia com 700 ml de água morna ou à temperatura ambiente ajuda a estimular o sistema digestivo e facilita a eliminação de toxinas acumuladas durante a noite. Este hábito é especialmente útil para quem sofre de obstipação, pois a água morna pode ajudar a ativar os movimentos intestinais logo de manhã. Outro hábito que promove a saúde digestiva é o uso de um raspador de língua em cobre, uma prática inspirada na medicina ayurvédica. A limpeza da língua permite remover resíduos e bactérias que se acumulam durante a noite, melhorando a higiene oral e ajudando a eliminar toxinas. Assim, começamos o dia com um sistema digestivo mais limpo e preparado para processar os alimentos de forma eficaz. Ao complementar estes cuidados com uma rotina matinal que inclua uma visita ao WC, realizamos uma ‘limpeza interna’ essencial para o corpo. A prática de exercício físico regular é também fundamental para o bem-estar do sistema digestivo. A atividade física não só melhora a saúde geral, mas também favorece a função intestinal. Exercícios como caminhar, correr, ou levantar pesos são particularmente úteis para manter a saúde dos músculos e das articulações. Além disso, a qualidade do sono desempenha um papel importante no bem-estar geral. Um ambiente de sono adequado, sem aparelhos eletrónicos ou fontes de luz azul, ajuda a regular a produção de melatonina, o que favorece um descanso mais profundo e reparador. Outro ponto crucial para a saúde intestinal é uma alimentação equilibrada e natural. Manter uma dieta rica em frutas, legumes e alimentos frescos ajuda a nutrir a flora intestinal e a promover a digestão saudável. ‘Descascar mais e desembalar menos’ é uma filosofia simples e eficaz. Optar por leguminosas frescas, preferencialmente de origem biológica e cozinhadas em casa, traz inúmeros benefícios para o organismo. Por fim, envolver a família na preparação das refeições, principalmente as crianças, é uma forma de criar hábitos saudáveis desde cedo. Cozinhar juntos não só ensina a importância de uma alimentação equilibrada, como promove a conexão familiar e o prazer de preparar refeições caseiras. Adotar estes hábitos pode parecer simples, mas são ferramentas poderosas para manter a saúde intestinal e o bem-estar de forma holística, promovendo o equilíbrio físico e emocional ao longo do tempo. Morada: Rua Montenegro, 143, Fafe 4820-280 Contacto: +351 939 466 297 Facebook: Sandra Jordão Health Coach Instagram: @sandrajordao.healthcoach Investigador de Braga cria programa gratuito inovador para melhorar qualidade de vida de doentes com osteoartrose do joelho, uma das doenças reumáticas mais comuns em Portugal “A dentição emocional e a microbiota oral tornaram-se temas comuns em consultas de saúde oral infantil”
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