“A arte é uma janela aberta que nos ensina a ver o mundo em diferentes perspetivas”

A arte é uma janela aberta que nos ensina a ver o mundo em diferentes perspetivas, a sentir empatia e a valorizar a diversidade da experiência humana. O seu poder transformador lembra-nos que somos parte de algo maior, incentivando-nos a expressar quem realmente somos. Quem o diz é Paula Santa Marinha, diretora da Palco de Estrelas, uma escola onde a arte e a educação criam um sentido de pertença e comunidade. A Música, a dança e o teatro são a voz da inclusão, num projeto pedagógico que demonstra que nunca é tarde para descobrir o poder transformador da arte, capaz de unir pessoas de todas as idades em torno de um sentido comum.

“A arte é um espaço inclusivo, onde todos podem encontrar o seu lugar” Paula Santa Marinha, diretora e professora na Palco de Estrelas

“Ao longo de quase uma década à frente deste projeto pedagógico, sinto uma profunda gratidão por tudo o que construímos juntos. Desde 2015, temos trabalhado para transformar a escola num verdadeiro lar, onde cada aluno é valorizado. Aqui, não ensinamos música apenas, dança e teatro, mas cultivamos um espaço onde todos se conhecem e se apoiam.

A nossa missão é clara: proporcionar a cada aluno as ferramentas para que alcance os seus objetivos. Quer seja na guitarra, no piano, na dança ou no teatro, estamos sempre prontos a adaptar os nossos métodos às aspirações de cada um. Se o aluno deseja explorar o Pop ou se quer mergulhar no Rock, garantimos que a base científica e a metodologia de ensino estejam sempre presentes para sustentar essa jornada.

A oferta da escola é rica e diversificada. Desde a formação musical para os mais pequenos, aos cursos de dança criativa e oriental, passando pela formação de teatro, somos uma equipa apaixonada que acredita na arte como uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal. A musicoterapia, por exemplo, tem revelado resultados extraordinários, especialmente em crianças com necessidades educativas especiais. É incrível perceber como a música pode servir de ponte para a comunicação e a expressão emocional.

Quando olho para trás, sinto um orgulho imenso em ver como este projeto evoluiu e se consolidou como uma grande família. Temos alunos de todas as idades, desde os três anos até aos 80. Lembro-me, por exemplo, de um aluno que, após uma vida inteira sem ter oportunidade de estudar guitarra, decidiu aventurar-se e começou a aprender connosco.

A música, o teatro e a dança não são apenas disciplinas; são experiências que nos ensinam a viver em comunidade. Cultivam a socialização, a concentração e a disciplina. E mesmo aqueles que decidem não seguir uma carreira artística levam consigo uma nova perceção do mundo, valorizando o esforço e a dedicação por trás de cada espetáculo.

Recentemente, uma aluna de coro partilhou que, após começar as aulas, passou a valorizar imensamente os concertos a que assistia. Ela agora entende o tempo e o trabalho dedicados à criação de cada peça musical, e isso é algo que poucos conseguem perceber. Esta é a essência da nossa escola: preparar os alunos para serem mais do que artistas; queremos que se tornem cidadãos críticos e criativos, capazes de questionar e valorizar a vida ao seu redor.

A logística que envolve a realização dos nossos espetáculos é intensa, mas também gratificante. Cada apresentação é um reflexo do esforço coletivo, onde alunos de diferentes idades e áreas se unem para criar algo belo. Cada um deles tem a oportunidade de brilhar e de mostrar ao mundo a sua arte. É fascinante ver como a música tem o poder de unir pessoas e de transformar vidas, mesmo aquelas que enfrentam desafios.

Por fim, reafirmo que nunca é tarde para começar. A arte é um espaço inclusivo, onde todos podem encontrar o seu lugar. Este projeto é um testemunho da força da música, da dança e do teatro e da sua capacidade de tocar o coração de cada um. Continuaremos a trabalhar para que a arte seja acessível a todos, pois acreditamos firmemente que a arte é universal, capaz de ultrapassar barreiras e de transformar vidas. E assim, seguimos juntos, lado a lado, como uma verdadeira família de ‘estrelas’.

“A música tornou-se o nosso meio de comunicação” Ana Vale, aluna adulta de piano e coro

“Aos 50 anos, redescobri a magia da música. O meu percurso começou quando o meu filho, que tem um problema genético, revelou uma aptidão natural para o piano. Fui incentivada a acompanhá-lo para que pudesse estudar música, e acabei por completar o quinto grau de piano. No fundo, sempre tive um amor pela música. Na infância, sonhei em ser cantora de ópera, mas, devido às circunstâncias, não segui esse caminho.

Hoje, ao frequentar as aulas na Palco de Estrelas, sinto-me parte de uma comunidade vibrante onde a música é uma linguagem que transcende idades. Aqui, não existem juízos ou pressões; todos estão presentes por amor à arte. O meu filho, que toca piano de forma improvisada, é uma grande inspiração. A música tornou-se o nosso meio de comunicação.

Os espetáculos que a escola promove são momentos preciosos que guardo com carinho. A beleza da música reside na sua capacidade de unir pessoas, independentemente de limitações. Estou grata por esta nova fase da minha vida e pela oportunidade de tocar e cantar num espaço onde a expressão e a criatividade são celebradas.”

“A música é um elo entre mim e os meus alunos” Ana Carolina Correia, professora de saxofone e musicoterapeuta

“A música sempre foi uma parte fundamental da minha vida e, ao longo dos últimos dez anos na Palco de Estrelas, transformei essa paixão numa carreira gratificante. Leciono saxofone e piano e faço musicoterapia. Essa prática permite-me trabalhar com crianças com necessidades especiais, como autismo e dificuldades de aprendizagem, utilizando a música como uma linguagem universal.

O que mais me fascina no meu trabalho é a forma como a música se torna um elo entre mim e os meus alunos. Nas nossas sessões de musicoterapia, crio um ambiente seguro onde as crianças se podem expressar livremente. Para muitas, que não conseguem comunicar verbalmente, tocar instrumentos como o piano oferece uma oportunidade de expressão que ultrapassa as palavras. É incrível ver como a música as ajuda a partilhar emoções, como alegria ou frustração, revelando aspetos das suas personalidades que, de outra forma, permaneceriam ocultos.

Através de atividades como cantar, improvisar e criar canções, não só promovemos o desenvolvimento emocional, mas também competências sociais. As crianças aprendem a colaborar e a reconhecer emoções, tanto as suas como as dos outros. Essas interações transformam-se em pequenas vitórias, como o primeiro toque de uma nota ou a escolha de uma canção, que guardo no coração.

Além da vertente musical, o ambiente da Palco de Estrelas é como uma grande família. A proximidade que construímos entre alunos, pais e professores faz com que todos se sintam parte de algo especial. É gratificante ver como alguns alunos, que começaram a aprender comigo aos cinco anos, agora crescem e se desenvolvem em músicos talentosos, criando laços que vão além da sala de aula. A música não é apenas uma disciplina, é uma ferramenta poderosa de cura e união.”

“Os eventos e espetáculos promovidos pela escola têm sido fundamentais” Rebeca Mazzutti, aluna de canto e piano e Cristina Mazzutti, mãe.

“A música sempre teve um papel especial na vida da minha filha, Rebeca. Desde que começou a estudar no Palco de Estrelas, há dois anos, percebi a forma como esta escola peculiar a ajudou a florescer. Antes, Rebeca era uma criança tímida, mas a abordagem única dos professores fez com que ela se sentisse em casa, permitindo que a sua música interior ganhasse voz.

É mágico ver como ela se transforma a cada aula de canto e piano, descobrindo novas formas de se expressar. A própria Rebeca admite: “Cantar é como libertar o que está dentro de mim, é divertido e faz-me feliz!” 

Os eventos e espetáculos promovidos pela escola têm sido fundamentais. Cada evento é uma oportunidade para ela se soltar, perder a vergonha e brilhar. A cada performance, sinto a confiança dela a crescer e isso reflete-se não só no palco, mas em todos os aspetos da sua vida.”

“O teatro, a música e o canto coexistem de forma harmoniosa” Cláudio Cacau, professor de teatro

“A Palco de Estrelas tem sido uma parte essencial da minha vida nos últimos cinco anos. Quando entrei nesta escola, fui imediatamente cativado pela diversidade de linguagens artísticas que aqui se cultivam. O teatro, a música e o canto coexistem de forma harmoniosa, criando um ambiente mágico onde as crianças podem explorar a sua criatividade e expressão.

Para mim, o teatro é uma forma de comunicação única, que transcende palavras. Acredito que o teatro deve ser livre, sem restrições, e aqui no Palco de Estrelas isso é evidente. É fundamental que as crianças tenham acesso a essa base, pois a arte do teatro ajuda-as a lidar com as interações sociais, a desenvolver confiança e a expressarem-se de forma autêntica.

Lembro-me claramente do desafio da pandemia, que nos obrigou a reinventar o ensino. Criámos peças, filmes e textos, mantendo a magia do teatro mesmo à distância. Cada momento vivido aqui, desde os ensaios até às apresentações, é um tesouro guardado na minha memória. É uma honra participar da formação de jovens artistas e vê-los florescer a cada dia.”

“Hoje somos pai, filho e avô a frequentar a Palco de Estrelas” Alexandre Mota, aluno adulto de guitarra

“A música sempre foi uma parte essencial da vida da minha família e por isso hoje somos pai, filho e avô a frequentar a Palco de Estrelas. Desde que me mudei para Portugal e trouxe o meu filho, percebi que era o momento certo para retomar o que sempre amei. Comecei a aprender guitarra, uma paixão antiga, e o meu percurso tem sido transformador. 

Ver o meu filho a explorar a música e a desenvolver-se nesta escola tem sido uma experiência maravilhosa. Ele adora as aulas e até pediu para ter aulas aos sábados! A música, que esteve presente em tantas memórias da minha infância — especialmente lembranças do meu avô, que tocava numa banda de jazz — agora regressa novamente ao nosso lar. Aqui, sinto que estamos a criar um legado familiar, onde cada um de nós contribui para a harmonia musical da nossa casa.

A escola promove um ambiente familiar e estimulante, onde alunos de todas as idades se reúnem para aprender e partilhar. O entusiasmo e a alegria de todos são contagiantes. Sinto que esta é uma oportunidade de nos ligarmos, aprendermos e crescermos juntos através da música.”

“A dança é uma forma poderosa de autoconhecimento e aceitação” Catarina Nivalova, professora de dança

“A dança é a minha paixão e o meu propósito. Desde que entrei para a escola em 2020, percebi que este era um espaço especial, onde a coletividade e o companheirismo são essenciais. Cada dia, sou agraciada com a oportunidade de guiar as minhas alunas, de todas as idades, na sua jornada de autoconhecimento. É fascinante observar como, ao longo do tempo, elas se soltam, revelando-se numa dança que vai além do movimento; é uma expressão das suas emoções, uma desconstrução das capas que a sociedade impõe.

Lembro-me que comecei a lecionar na escola grávida, mas sempre apoiada pela professora Paula desde o início. Esse gesto de confiança marcou a minha trajetória e reforçou a importância das relações humanas neste ambiente. As minhas aulas de dança criativa e oriental são mais do que simples atividades; são momentos de crescimento pessoal e coletivo. É maravilhoso ver crianças tímidas  explorarem o seu corpo e a descobrirem as suas capacidades. Na dança, cada passo é uma afirmação, cada movimento é uma libertação. Sinto-me grata por poder proporcionar às minhas alunas aquilo que os meus professores me proporcionaram. A dança é, sem dúvida, uma forma poderosa de autoconhecimento e aceitação.”

“Mesmo frequentando atualmente a Gulbenkian, decidi continuar na Palco de Estrelas” Diana Rodrigues, aluna de piano

“A música sempre fez parte da minha vida, mas desde que entrei no Palco de Estrelas há quase seis anos, ela ganhou um significado ainda mais profundo. Tenho apenas 12 anos, mas sinto que a música já moldou a minha maneira de ver o mundo. Tocar piano é a minha forma de expressar emoções. Quando estou triste, sento-me ao piano e deixo que as notas reflitam o que sinto. Nos momentos felizes, as melodias que crio são alegres e cheias de vida.

Cada apresentação na escola é um momento especial. Lembro-me da nossa atuação no Minho Center, onde pude sentir a adrenalina de estar no palco, cercada por colegas que partilham a mesma paixão. É incrível ver como todos os instrumentos se juntam, criando uma sinfonia que enche o espaço com sons mágicos.

Além da música, o que mais amo no Palco de Estrelas são as amizades que construí. Cada colega traz algo único, e as relações que formamos aqui são preciosas. A minha professora é uma fonte de inspiração, e mesmo que a música seja desafiadora, é um desafio que me motiva a continuar. Foi por isso que, mesmo frequentando atualmente a Gulbenkian, decidi continuar na Palco de Estrelas.”

“Foi incrível a experiência de tocar para centenas de pessoas” Duarte Rodrigues, aluno adulto de piano

“Frequento a Palco de Estrelas há cerca de seis meses, neste momento, estou a fazer aulas de piano, uma experiência que tem sido verdadeiramente enriquecedora. O que mais aprecio na escola é o ambiente profissional e acolhedor da equipa. Os professores são sempre acessíveis e estão dispostos a ajudar, trazendo materiais externos e adaptando as aulas aos nossos gostos. Como amante de bandas sonoras, tenho a liberdade de poder aprender com músicas que realmente me cativam.

A pequena dimensão da escola permite que as relações humanas floresçam. Adoro chegar um pouco mais cedo das aulas precisamente para conversar com os professores e colegas, é esta experiência autêntica que define a escola.

Um dos momentos mais marcantes do meu percurso foi a apresentação de final de ano, onde tive a coragem de tocar no palco após apenas dois meses de aulas. Apesar do nervosismo, a experiência foi incrível, tocando para mais de 100 pessoas. O apoio que recebi para me preparar foi fundamental e a sensação de atuar em público foi única. Mesmo com a minha inexperiência, consegui tocar uma música e essa memória ficará para sempre comigo.”

“A Palco de Estrelas é um lugar de relações humanas” Tânia Vargas, Mãe dos alunos Alice e Gonçalo Lopes

“A música sempre teve um lugar especial na minha vida. Os meus filhos estão aqui há um ano e, embora o Gonçalo tenha sido diagnosticado com duas doenças raras, isso nunca foi um impedimento para ele. Começou na iniciação musical e agora passou para o saxofone e a alegria que ele sente ao tocar é contagiante. A Alice, mesmo sendo uma menina tímida, adora vir para a escola, e o seu entusiasmo é palpável.

A Palco de Estrelas é muito mais do que formação artística; promove relações humanas e o desenvolvimento de competências essenciais. Quando disse à escola que o Gonçalo usava cadeira de rodas, recebi um apoio incrível, sem barreiras. Os eventos, como a festa de final de ano, são momentos que guardo na memória, onde os meus filhos podem mostrar o que aprenderam.

A música une-nos como família. Para nós, a música é uma linguagem comum que nos torna iguais, e sinto que, juntos, criamos memórias que ficarão para sempre.”

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