Medicina Estética “A genética, a inteligência artificial, a bioestimulação e a medicina regenerativa estão a transformar a forma como envelhecemos” By Revista Spot | Junho 19, 2025 Junho 25, 2025 Share Tweet Share Pin Email A genética, a inteligência artificial, a bioestimulação e a medicina regenerativa estão a transformar a forma como envelhecemos. Hoje, a Medicina Estética já não procura apenas suavizar rugas ou restaurar volumes, mas escutar o corpo como um todo. André Pereira Lourenço, médico especialista em Medicina Estética, defende que cada intervenção deve começar com uma escuta atenta. A pele pode contar uma história, mas o foco está no todo: nos níveis hormonais, na qualidade do sono, na saúde intestinal, na gestão do stress e nos ritmos da vida. Nesta entrevista, mergulhamos na medicina estética do futuro, que já é presente. Um campo onde dados, ciência de precisão e abordagens integrativas se unem para promover um envelhecimento saudável, genuíno e sustentável. Um novo paradigma onde a beleza não se impõe, mas surge de forma natural e progressiva, como expressão de saúde, bem-estar e verdade interior. A Medicina Estética passou a abraçar uma abordagem mais integrativa, que alia ciência, prevenção e bem-estar. Como tem vivido esta mudança na prática clínica, e de que forma a saúde global do paciente passou a ser parte essencial da intervenção estética? Na verdade, não vivi essa mudança como uma transição, porque sempre trabalhei a Medicina Estética com essa visão mais ampla e integrativa. Desde o início da minha prática, a minha abordagem foi centrada na promoção de um envelhecimento natural, saudável e respeitador da individualidade de cada pessoa. Nunca segui cegamente tendências, aliás, nem sou fã da palavra “tendência” quando falamos de medicina, porque tendência e ciência raramente andam de mãos dadas. As tendências são passageiras, muitas vezes baseadas em modas momentâneas, enquanto a ciência se fundamenta em evidência, dados concretos e investigação contínua. Felizmente, hoje a Medicina Estética tem vindo a evoluir nesse sentido, deixando de lado intervenções padronizadas e excessivamente artificiais, para valorizar a prevenção, a harmonia facial e corporal, o equilíbrio funcional e até o bem-estar emocional. Já não falamos apenas de tratar rugas ou volumes, mas sim de promover saúde, autoestima e qualidade de vida. E isso, para mim, sempre fez parte da essência da prática clínica. A consulta de avaliação é muitas vezes descrita como um momento-chave na medicina estética. Como gere as expectativas de quem chega com ideias formadas pelas redes sociais? E de que forma comunica a importância de um plano de tratamento individualizado e sustentado em evidência científica? Sem dúvida, a consulta de avaliação é um dos momentos mais críticos de todo o processo. Mais do que avaliar o rosto ou o corpo, é um encontro com a história, os desejos e as inseguranças daquela pessoa. E hoje, esse momento tornou-se ainda mais desafiante porque, muitas vezes, o primeiro passo é desconstruir ideias erradas ou distorcidas que vêm das redes sociais. Vivemos numa era em que a estética é muito exposta, mas nem sempre de forma responsável. Circulam nas redes sociais imagens manipuladas, resultados irreais, procedimentos sem contexto clínico, e tudo isto contribui para criar expectativas completamente desalinhadas com a realidade e com a segurança do paciente. Por isso, o papel do profissional nesta primeira consulta vai muito além da técnica. Exige escuta ativa, empatia e comunicação clara. É fundamental explicar que não existe uma solução única ou universal, e que cada plano de tratamento deve ser desenhado com base na anatomia, na história clínica, nos objetivos reais e, claro, na evidência científica. Só assim conseguimos construir confiança, alinhar expectativas e garantir resultados sustentáveis, seguros e verdadeiramente satisfatórios. O plano não termina nesta primeira consulta, pelo contrário, é o início de um caminho que se revê, ajusta e acompanha ao longo do tempo. Tem destacado o impacto da menopausa nas consultas de Medicina Estética. Como aborda este tema de forma empática e informada, e de que forma integra soluções que combinam estética, equilíbrio hormonal e qualidade de vida? Felizmente, a menopausa tem vindo a ganhar maior visibilidade e a ser abordada de forma mais aberta e multidisciplinar. Durante muitos anos foi um tema negligenciado, quase um tabu, apesar de ser uma das fases mais desafiantes da vida da mulher, tal como o pós-parto ou a puberdade. E, no entanto, afeta profundamente o bem-estar físico, emocional e social. Na Medicina Estética, é essencial abordar a menopausa com empatia, escuta ativa e uma visão integrativa. O objetivo não é esconder os sinais desta fase, mas sim ajudar cada mulher a atravessá-la com saúde, confiança e naturalidade. O ideal seria iniciar esse trabalho preventivo ainda antes dos primeiros sintomas, nos 30 ou 40 anos, para preparar o organismo e minimizar os impactos das alterações hormonais que inevitavelmente virão. A resposta deve ser global: não basta tratar apenas a pele ou os volumes. É fundamental trabalhar em articulação com outras especialidades médicas, como ginecologia, endocrinologia e nutrição, e também considerar o apoio psicológico. A flutuação hormonal pode influenciar a autoestima, o sono, o peso, a disposição e até a saúde da pele, do cabelo e das mucosas. Quando conseguimos integrar estética, equilíbrio hormonal e estilo de vida com alimentação adequada, exercício físico, gestão do stress e suplementação, quando necessário, os resultados são muito mais duradouros e satisfatórios. Só assim é possível alinhar expectativas com realidade e ajudar a mulher a viver esta etapa com leveza, dignidade e bem-estar. É conhecido por privilegiar resultados naturais e progressivos. Que papel desempenham atualmente os bioestimuladores e a toxina botulínica na busca deste equilíbrio entre intervenções de efeito imediato e estratégias de prevenção a longo prazo? De facto, tanto a toxina botulínica como os bioestimuladores ocupam hoje um lugar central na medicina estética moderna, mas com papéis distintos e complementares. A toxina botulínica, amplamente conhecida e utilizada, é uma das ferramentas com resultados mais rápidos e visíveis. Em cerca de 15 dias atinge o pico de eficácia, proporcionando ao rosto um aspeto mais relaxado, descansado e harmonioso. É muito valorizada pelos pacientes porque oferece um “refresh” imediato ao olhar, sem alterar necessariamente a identidade facial. Já os bioestimuladores atuam de forma diferente. São tratamentos que não oferecem um “efeito flash”, mas sim um investimento na qualidade da pele e na estrutura profunda do rosto a médio e longo prazo. Ao estimular a produção de colagénio e elastina, ajudam a manter a firmeza, densidade e elasticidade da pele ao longo do tempo. Gosto de lhes chamar o “plano de poupança reforma” da medicina estética, porque os seus benefícios vão sendo acumulados e sentidos com o passar dos anos. Explicar isto ao paciente, especialmente ao que está a iniciar o seu percurso na estética, é fundamental. Muitas vezes uso o exemplo da fotografia projetada no futuro: quando olhamos para uma imagem nossa daqui a 3, 5 ou 10 anos e percebemos que o tempo passou de forma suave, sem grandes quebras estruturais ou mudanças abruptas, é aí que vemos o verdadeiro valor dos bioestimuladores. A combinação inteligente destes dois tratamentos, um com ação mais imediata e o outro com impacto cumulativo, permite-nos respeitar o ritmo do envelhecimento natural, mantendo a autenticidade do rosto, promovendo saúde cutânea e garantindo resultados duradouros e elegantes. É exatamente esse o equilíbrio que procuramos: estética com propósito, ciência e naturalidade. Com tantas tecnologias disponíveis — como IPL, radiofrequência, ultrassom macrofocado ou laser CO₂ — como determina a solução mais adequada para cada paciente? E de que forma estas ferramentas podem ser combinadas para otimizar resultados? A escolha da tecnologia ideal começa sempre com uma avaliação cuidada e personalizada. Cada uma destas tecnologias atua em níveis diferentes da pele, com objetivos terapêuticos específicos, por isso a decisão é orientada pelas queixas concretas do paciente e pelo diagnóstico clínico. Por exemplo, o IPL (Luz Intensa Pulsada) atua mais superficialmente, sendo indicado sobretudo para uniformizar o tom da pele, tratar manchas pigmentares, pequenas lesões vasculares, rosácea e alguns tipos de acne. É uma excelente opção para melhorar a luminosidade e o aspeto geral da epiderme. O laser CO₂ fracionado, por outro lado, atua de forma mais profunda, permitindo trabalhar a textura da pele, melhorar cicatrizes, poros dilatados, linhas finas e até remover lesões benignas. É uma ferramenta poderosa para renovar a pele e estimular a produção de colagénio em profundidade. Já o ultrassom macrofocado, como o Ultraformer MPT, é ideal para atuar nas camadas mais profundas, inclusive na fáscia muscular, permitindo tratar flacidez e gordura localizada de forma não invasiva. É particularmente eficaz na redefinição do contorno facial e corporal. Estas tecnologias não são concorrentes, são complementares. Muitas vezes integram-se num plano de tratamento global, desenhado à medida de cada paciente, com sessões programadas de forma estratégica para potenciar os efeitos de cada abordagem. Além da vertente estética, algumas destas tecnologias têm também aplicações médicas relevantes, como o tratamento da rosácea com IPL, ou a remoção de lesões dermatológicas benignas com o laser CO₂, o que reforça a importância de uma avaliação feita por um profissional qualificado. No fundo, o segredo está na combinação inteligente e segura das tecnologias, sempre com base em evidência científica, e com o foco não apenas na estética, mas também na saúde e no bem-estar da pele a longo prazo. O tratamento de condições como a rosácea ou o acne demonstra que a Medicina Estética vai muito além da aparência, com impacto direto na autoestima e na qualidade de vida. Recorda-se de casos em que a intervenção estética teve benefícios terapêuticos e emocionais evidentes? Sem dúvida. Estas condições são bons exemplos de como a Medicina Estética pode ter um impacto profundo não só na pele, mas também no bem-estar emocional dos pacientes. No caso do acne, por exemplo, é muito comum recebermos adolescentes e jovens adultos em fases particularmente vulneráveis da vida. O acne, para além de ser uma inflamação cutânea, tem um enorme peso psicológico, interfere na autoestima, na vida social e até no rendimento escolar, simplesmente porque muitos jovens evitam sair de casa, ir à escola ou participar em atividades em grupo por vergonha da sua aparência. Com um plano de tratamento bem estruturado, que pode incluir luz pulsada, peelings, terapêutica tópica ou oral e ajustes no estilo de vida, vemos mudanças visíveis não só na pele, mas na postura, no olhar e na confiança desses jovens. É realmente transformador. A rosácea é outro exemplo marcante. É uma condição crónica, com sintomas como vermelhidão persistente, pápulas, sensação de calor e hipersensibilidade da pele, o que pode gerar frustração e insegurança. Muitos pacientes descrevem aquela sensação de “a pele denunciar tudo”, ficam vermelhos com calor, stress, alimentação ou até uma simples mudança de temperatura. Ao longo do tratamento, que pode incluir IPL, laser vascular, skincare adequado e estratégias de controlo dos gatilhos, os pacientes não só recuperam o controlo sobre a pele, como ganham tranquilidade e confiança. Voltam a usar maquilhagem se quiserem, a praticar exercício físico, a estar em público sem constrangimentos. Portanto, sim, há inúmeros casos em que os benefícios vão muito além da estética. Quando tratamos a pele com respeito pela individualidade e com base em ciência, estamos também a cuidar da saúde mental e emocional. E isso é, muitas vezes, o maior ganho. A alopecia androgenética tem um impacto físico e psicológico significativo nos pacientes. Como tem evoluído a sua abordagem a esta condição, nomeadamente com técnicas como o PRP e o microneedling? Existe espaço para terapias combinadas que integrem medicina regenerativa e mudanças de hábitos de vida? Antes de mais, é fundamental identificar as causas específicas que contribuem para a alopecia androgenética em cada paciente, pois esta avaliação direciona toda a abordagem terapêutica. A alopecia androgenética é, de facto, uma das formas mais comuns de perda capilar, afetando uma grande percentagem da população, tanto homens como mulheres. Relativamente ao PRP (plasma rico em plaquetas), apesar de a evidência científica ainda ser limitada e um pouco controversa nas últimas orientações clínicas, este tratamento tem demonstrado, na prática clínica, melhorias modestas quando usado em combinação com outras terapias. Esta limitação deve-se em parte à escassez de estudos robustos e de grande escala, mas o PRP parece estimular a regeneração folicular e a vascularização do couro cabeludo, o que pode ajudar a retardar a queda e a melhorar a qualidade do cabelo. O microneedling é outra ferramenta valiosa que pode potenciar os efeitos do PRP e de tratamentos tópicos, ao estimular a microcirculação e promover a penetração dos ativos, além de desencadear mecanismos naturais de regeneração da pele e do folículo piloso. No entanto, é essencial que qualquer intervenção clínica esteja integrada num plano global, que inclua mudanças de hábitos: alimentação equilibrada, gestão do stress, sono adequado e abandono de comportamentos prejudiciais e uma rotina terapêutica consistente em casa, que pode incluir medicamentos tópicos ou orais prescritos pelo médico. Os tratamentos realizados em consultório funcionam como um reforço, um estímulo adicional para apoiar e potenciar a terapêutica domiciliar, ajudando a manter o cabelo saudável e a prolongar o tempo antes de recorrer a opções mais invasivas, como o transplante capilar. Por isso, a prevenção e o tratamento precoce são cruciais: quanto mais cedo se intervir com uma abordagem personalizada e multidisciplinar, melhores são as hipóteses de controlar a progressão da alopecia e melhorar a qualidade de vida do paciente. A medicina preventiva está a integrar cada vez mais conhecimentos sobre epigenética, microbioma e marcadores inflamatórios de baixo grau. De que forma estes dados influenciam a personalização dos planos de tratamento na prática clínica atual? De facto, a medicina preventiva tem vindo a evoluir muito com a incorporação de novas áreas científicas, como a epigenética, o estudo do microbioma e a avaliação dos marcadores inflamatórios de baixo grau. Estas dimensões fornecem uma visão mais profunda sobre como fatores genéticos e ambientais interagem para influenciar a saúde e o envelhecimento. Na prática clínica, esta informação permite um maior grau de personalização, ajudando-nos a compreender melhor as vulnerabilidades e necessidades específicas de cada paciente. Por exemplo, o perfil do microbioma pode indicar desequilíbrios que afetam a inflamação sistémica ou local, que por sua vez influenciam condições cutâneas ou metabólicas. Os marcadores inflamatórios de baixo grau são também indicadores importantes para monitorizar processos crónicos que muitas vezes passam despercebidos. Contudo, é importante referir que, apesar do enorme potencial destas áreas, a aplicação clínica ainda está a ser consolidada e deve ser feita com base em evidência robusta e numa abordagem multidisciplinar. Evitar generalizações e focar em dados concretos e individualizados é fundamental para garantir tratamentos eficazes e seguros. Assim, embora haja ainda muito caminho a percorrer, a integração destes conhecimentos representa um passo decisivo para a medicina personalizada, permitindo-nos oferecer intervenções mais ajustadas e, idealmente, resultados mais duradouros e de maior impacto para a qualidade de vida dos pacientes. Tem-se assistido a um aumento da procura por terapias que combinam estética e função, como os biohacks hormonais, o PRP e os peptídeos. Que potencial vê nestas abordagens na sua prática clínica? Na minha prática, observo que tratamentos como o PRP e o uso de peptídeos estão a ganhar destaque, sobretudo porque muitos pacientes procuram soluções que não se baseiem apenas em fármacos convencionais, mas que promovam uma ação mais regenerativa e preventiva, em vez de meramente corretiva. Estas abordagens focam-se na estimulação dos processos naturais de reparação e rejuvenescimento do organismo, tentando otimizar a função celular e hormonal de forma segura e personalizada. Apesar de todo o potencial, ainda considero que, em Portugal, estas terapias estão numa fase inicial de adoção, dirigidas a um público mais informado e específico. Em comparação com outros países, onde já são mais populares e acessíveis, por cá a medicina estética continua, em certa medida, enraizada em práticas mais tradicionais e convencionais. No entanto, acredito que esta tendência irá crescer significativamente nos próximos anos, à medida que aumente a literacia em saúde e estética, e que mais profissionais incorporem estas terapias inovadoras nas suas abordagens integrativas. O futuro passa, sem dúvida, por intervenções cada vez mais personalizadas, que integrem não só a aparência, mas também o equilíbrio funcional e o bem-estar global do paciente. Estudos recentes têm evidenciado o impacto do ritmo circadiano, do sono e da nutrição na regeneração celular e na eficácia dos tratamentos estéticos. Como integra estes fatores na sua prática clínica para potenciar os resultados e garantir a sua durabilidade? Considero que a valorização do sono, do ritmo circadiano e da nutrição saudável deve ser a base de qualquer prática médica, independentemente da especialidade. O sono é uma necessidade fisiológica fundamental, e a sua qualidade influencia diretamente várias funções vitais, incluindo o metabolismo, o sistema imunitário e a regeneração celular, todos determinantes para a saúde da pele e para o processo de envelhecimento. Na prática clínica, procuro abordar sempre estes aspetos com os meus pacientes, promovendo uma visão integrada do cuidado, onde os tratamentos estéticos são complementados por orientações sobre hábitos de vida saudáveis. Explico que, sem um sono reparador e uma alimentação equilibrada, os resultados dos tratamentos podem ser limitados e menos duradouros. Por exemplo, um ritmo circadiano desregulado, causado por má qualidade de sono ou horários irregulares, pode aumentar a inflamação e retardar os processos de reparação tecidular. Já a nutrição adequada fornece os nutrientes essenciais para a síntese de colagénio, hidratação e defesa antioxidante da pele. Assim, ao integrar estas componentes no plano terapêutico, conseguimos não só potenciar os resultados imediatos dos procedimentos, mas também garantir uma manutenção mais eficaz a longo prazo, promovendo um envelhecimento mais saudável e harmonioso. Com a crescente atenção aos processos inflamatórios crónicos e ao stress oxidativo, como articula a suplementação com intervenções não invasivas para modular estes fenómenos no contexto da estética preventiva? Relativamente à suplementação, um dos conselhos que dou sempre aos meus pacientes é que procurem orientação médica especializada antes de iniciarem qualquer regime. Infelizmente, hoje em dia observa-se um aumento significativo da suplementação indiscriminada, muitas vezes sem qualquer avaliação prévia ou indicação clínica concreta. Muitos pacientes seguem modas ou recomendação de profissionais sem formação médica específica, o que pode não só ser ineficaz, como potencialmente prejudicial. A suplementação deve ser encarada com seriedade e rigor, adaptada às necessidades reais de cada pessoa, tendo em conta o seu estado de saúde, estilo de vida, alimentação e eventuais carências identificadas através de análises. No âmbito da estética preventiva, a suplementação pode ser uma ferramenta valiosa para combater o stress oxidativo e a inflamação crónica, dois processos que contribuem para o envelhecimento cutâneo e sistémico. No entanto, esta deve ser combinada com intervenções não invasivas, como tratamentos que estimulem a regeneração celular, a drenagem linfática, e técnicas que reduzam a inflamação local, sempre integradas num plano holístico de promoção da saúde. É fundamental evitar o que se chama prevenção quaternária, ou seja, a prevenção excessiva que pode originar intervenções desnecessárias ou até prejudiciais. A chave está na personalização, no equilíbrio e numa abordagem multidisciplinar, que visa otimizar a saúde e a beleza de forma segura, eficaz e duradoura. Na era da Medicina Preditiva, Preventiva, Personalizada, Participativa e Positiva, que ferramentas utiliza para acompanhar a evolução dos seus pacientes e ajustar continuamente os protocolos terapêuticos? Enquanto médico de família, a medicina preventiva tem sido sempre o alicerce da minha prática clínica, uma base sólida que trabalho desde 2012. Esta abordagem deveria ser fundamental para todos os médicos, independentemente da especialidade, e é especialmente relevante na medicina estética, onde o cuidado individualizado e contínuo faz toda a diferença. Na medicina estética, é essencial incorporar os princípios dos 5Ps, medicina preditiva para antecipar riscos e necessidades; preventiva para evitar o surgimento ou agravamento de condições; personalizada para adaptar tratamentos a cada paciente; participativa, envolvendo o paciente ativamente no seu percurso; e positiva, focada no bem-estar e qualidade de vida. Para acompanhar a evolução dos pacientes, utilizo um conjunto de ferramentas que incluem avaliações clínicas regulares, documentação fotográfica padronizada, questionários de satisfação e de perceção dos resultados, bem como monitorização de parâmetros objetivos sempre que possível. A tecnologia também desempenha um papel importante, por exemplo, software de gestão clínica que permite registar e analisar a evolução de forma estruturada. Esta monitorização contínua permite ajustar os protocolos conforme as necessidades reais de cada paciente, promovendo uma relação de confiança e garantindo que os tratamentos evoluem em sintonia com os objetivos e as respostas individuais. É esta personalização e continuidade que diferencia uma prática de excelência numa área que, infelizmente, ainda pode ser muito massificada e impessoal. Nos meus cursos e formações, sublinho sempre a importância desta abordagem integrada e humanizada, pois acredito que é o caminho para um cuidado médico mais eficaz, ético e sustentável. O futuro aponta para uma crescente integração entre ciência de dados e medicina. De que forma prevê que a inteligência artificial, a genómica funcional e a análise de big data vão transformar a Medicina Estética e Preventiva nos próximos anos? A inteligência artificial (IA) representa, sem dúvida, um dos maiores desafios e simultaneamente uma das maiores oportunidades para a prática clínica atual. Vejo-a como uma ferramenta que, a médio e longo prazo, terá um papel central na medicina estética e preventiva, ajudando-nos a tomar decisões mais informadas, personalizar tratamentos e antecipar riscos de forma mais precisa. É fundamental que encaremos a IA com respeito e consciência, reconhecendo que, embora traga inúmeras vantagens, como a otimização dos diagnósticos, a análise avançada de dados clínicos e a possibilidade de criar planos terapêuticos altamente individualizados, também apresenta desafios éticos e técnicos que devem ser geridos cuidadosamente. Sou bastante otimista quanto ao impacto destas tecnologias nos próximos 5 a 10 anos. Acredito que a conjugação da IA com a genómica funcional e o big data permitirá não só melhorar os resultados clínicos, mas também promover uma medicina cada vez mais preventiva e centrada no paciente. Estas inovações vão transformar a nossa prática, tornando-a mais eficiente, segura e personalizada, e, sem dúvida, serão elementos essenciais para o futuro da medicina estética. Instagram: @drandrelourenco Marcações: https://linktr.ee/drandrelourenco “A massoterapia é mais do que relaxamento: é uma ferramenta poderosa de prevenção, alívio da dor e equilíbrio emocional” “A Medicina Tradicional Chinesa devolve-nos aquilo que perdemos: a arte de parar, escutar e viver em sintonia com a natureza”
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